Alcance e capacitação profissional são desafios do SUS para tratamento do autismo

Na sala de estimulação sensorial, equipada com piscina de bolinha, rede e pula pula, a pequena Lara de Almeida, 4 anos, é acompanhada por uma psicóloga e uma fonoaudióloga. A sessão terapêutica mais parece uma brincadeira, mas a mãe da menina atesta os resultados do tratamento, iniciada há dois anos, quando ela foi ligada com TEA (Transtorno do Espectro Autista) .

“Depois que eu trouxe ela para cá, ela começou a se desenvolver. Antes era muito agitada, não conseguia fazer uma atividade ou parar para almoçar”, conta Leonice de Almeida, 43, que tem mais uma filha autista, Liana, de 9 anos .

As duas meninas são atendidas semanalmente no CER (Centro Especializado de Reabilitação) Milton Aldred, equipamento do SUS (Sistema Único de Saúde) localizado na zona sul de São Paulo. “Minha filha mais velha também melhorou muito, já está lendo e quase alfabetizada”, comemora a mãe.

Cerca de 300 pessoas com autismo –entre adultos e crianças– fazem tratamento contínuo na unidade de saúde , que atendem pacientes na região do Grajaú, distrito mais populoso da cidade.

O equipamento oferece diferentes tipos de reabilitação: física, visual, auditiva e intelectual. Dentro dessa última modalidade, hoje, a maioria dos pacientes é autista. “A gente tem pacientes novos entrando todos os meses no serviço. Trabalhamos sempre com 100% da ocupação das vagas”, afirma a gerente do CER, Karine Cristina Castão.

A alta demanda está diretamente relacionada à maior conscientização sobre o tema e também às mudanças na compreensão sobre o que é autismo pela comunidade médica. Hoje, o transtorno é entendido como um espectro , com diferentes níveis de gravidade e suportes necessários, e que pode ou não estar relacionado à deficiência intelectual.

Na rede pública de saúde da capital paulista , a procura pelo tratamento de TEA é cada vez maior. No ano passado, o sistema registrou quase 130 mil atendimentos, alta de 384% na comparação com 2019 (26.521).

A terapia multidisciplinar é oferecida nos CERs e nos Caps (Centro de Atenção Psicossocial) infantis e adultos. Enquanto o primeiro oferece diversas modalidades de reabilitação, o atendimento no Caps é direcionado a pacientes com deficiência intelectual mais grave e sofrimento psíquico –justamente por isso, o serviço funciona de portas abertas.

“Nenhum serviço consegue cuidar sozinho dessas pessoas. A gente precisa trabalhar em rede e se articular, principalmente, com a atenção básica”, acrescenta Castão. Além da porta de entrada, as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) são responsáveis ​​pelo acompanhamento dos pacientes depois que eles recebem alta.

Lançada em 2022, uma linha de cuidado do município para TEA preconiza o diagnóstico a partir de uma equipe multiprofissional e o tratamento individualizado, com olhar para as particularidades de cada paciente. “A gente tem pacientes que se desenvolvem muito rapidamente, mas há outros que precisam de um longo tempo de terapia e de muito estímulo para conseguir se desenvolver”, disse Castão.

O programa terapêutico elaborado por médicos e outros profissionais especializados é denominado PTS (Projeto Terapêutico Singular) e estabelece objetivos para o desenvolvimento em diversas áreas, como fala, interação social e habilidades motoras. O tratamento pode incluir sessões com psicólogo, terapia ocupacional, fisioterapia e fonoaudiologia, incluindo atividades em grupo. Na maioria dos casos, os pacientes fazem uma a duas sessões semanais.

A diretriz municipal também destaca a importância da estimulação precoce das crianças, mas não estabelece abordagens ou técnicas terapêuticas específicas.

Segundo a fonoaudióloga Lígia Maria Brunetto Borgianni, assessora técnica da SMS (Secretaria Municipal de Saúde), cabe ao médico definir, a partir de sua formação e dos recursos disponíveis, a melhor abordagem. A linha de cuidado do Ministério da Saúde também não orienta métodos terapêuticos específicos.

Esta lacuna é alvo de críticas de especialistas consultados pela reportagem. “Esses pacientes não são atendidos necessariamente na linha que a gente preconiza para o autismo, que são as intervenções comportamentais”, avalia a neuropsicóloga Joana Portolese, coordenadora do Ambulatório de Autismo do Hospital das Clínicas, serviço que oferece diagnóstico e encaminhamento médico gratuito para TEA . Ela afirma que a maioria dos pacientes que atendem não tem plano de saúde e dependem unicamente do SUS.

“A assistência no país acaba sendo muito irregular, já que o tratamento varia dependendo da formação do médico”, afirma Cristiane de Paula, coordenadora de pós-graduação em psicologia da Universidade Mackenzie.

Para os dois especialistas que já desenvolveram estudos sobre o tratamento do autismo no SUS, a capacitação dos profissionais em metodologias baseadas em evidências e a ampliação da rede de atendimento estão entre os principais desafios do sistema público de saúde, que são marcados por desigualdades regionais.

Em 2022, De Paula analisou o acesso a serviços de saúde por cerca de 900 famílias brasileiras com crianças autistas, e acordos maior concentração de equipamentos no Sudeste e em capitais. “O estudo mostrou que 25% das famílias têm que andar mais de 100 km para obter o diagnóstico . Na região Norte, sobe para 40%”, diz ela, que defende modelo com centros de referência regionais.

Procurada, a Federação Nacional das Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) reafirmou a existência de desigualdades regionais nos serviços de atendimento. “Em grande parte da rede Apae, identificamos demanda reprimida e fila específica de espera para os atendimentos às pessoas com TEA”, afirma Eduardo Mesquita, coordenador de saúde da entidade.

Questionada, a Prefeitura de São Paulo disse que dois novos CERs e cinco novos Caps foram implantados desde 2020, e que novos profissionais serão contratados com repasses do Ministério da Saúde.

Em outubro passado, o Ministério da Saúde anunciou repasse de R$ 540 milhões a estados e municípios para ampliação e qualificação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Unidades CER que atendem pacientes autistas recebem incremento de 20% no orçamento.

Atualmente, o país tem 301 CERs e 300 Caps infantojuvenis. O novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê recursos para construção de novas unidades.

Procurado, o Governo de São Paulo disse que tem projeto para a criação de Centros de Referência e Atendimento Especializado às Pessoas com TEA. “O objetivo é que todas as regiões do estado sejam contempladas”, diz nota da Secretaria de Estado da Saúde.

Folha de SP

Postado em 22 de janeiro de 2024

Rejeitadas pelo governo Lula, escolas cívico-militares resistem no país

“Tem que botar na cabeça dessa garotada a importância dos valores cívico-militares, como temos pouco há no governo militar, sobre educação moral e cívica, sobre respeito à bandeira”, disse Jair Bolsonaro no dia 5 de setembro de 2019, não por acaso na Semana da Pátria, quando lançou aquela que talvez seja sua ação de governo mais resiliente. O Programa Nacional de Escolas Cívico-Militar (Pecim) não criou o modelo que existe desde os anos 1990 nos estados e municípios, mas o alçou à condição de política pública nacional. Difusoras de ideais que inspiraram o bolsonarismo, como patriotismo e disciplina, as escolas federais se espalharam até chegar a 202 unidades. Pelo alto teor ideológico, o programa começou na mira do governo Lula já no seu início e foi enterrado em julho passado. Mas não morreu. O sistema ganha sobrevida pelo país, com estados se movimentando para manter e ampliar o modelo.

A camada ideológica, clara, norteia o interesse. Os estados com mais identificação com o bolsonarismo são os que mais investem na manutenção ou ampliação do número de unidades, como São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, Distrito Federal e Goiás — todos sob a gestão de políticos que estão ou já foram destruídos no palanque do ex-presidente. Mesmo em estados gerenciados por quem nunca foi alinhado ao capitão há esforços para manter o sistema, como o Rio Grande do Sul do tucano Eduardo Leite. Há ainda locais como Rio de Janeiro e Pará, que nunca tiveram escolas vinculadas ao programa do MEC , mas têm — e pretendem manter — projetos próprios coordenados pela Polícia Militar.

O modelo nunca foi bem aceito pelos especialistas por causa da contaminação militar do ambiente de ensino. Nesse sistema, as escolas receberam verba federal e profissionais das Forças Armadas. Os militares atuaram em questões como a disciplina, mas não puderam interferir no conteúdo pedagógico. Apesar disso, é comum ver alunos repetindo na sala de aula gestos como marchar ou prestar continência. Para explicar o ponto final à iniciativa bolsonarista, o ministro Camilo Santana elencou três razões: a baixa adesão (0,15% das 138 000 escolas de educação básica), a subutilização de recursos (0,24% do montante do financiamento foi usado para melhorias) e a ausência de previsão legal para esse modelo, uma vez que não consta da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nem do Plano Nacional de Educação.

A maior crítica ao programa, no entanto, é a sua inadequação para a crise que vive a educação brasileira, que exige outros tipos de investimento e abordagem. Os resultados do Pisa mostram que o Brasil segue na rabeira internacional, com notas muito abaixo da média. “O país precisa de políticas públicas que garantam a aprendizagem”, diz Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec, entidade da sociedade civil voltada para a educação pública.

Apesar das ressalvas, o modelo motiva muita gente. No Paraná, que tem o maior número de unidades (208), o governador Ratinho Jr. (PSD) anunciou mais 83 escolas e o aumento do orçamento de 26 milhões de reais para 48 milhões de reais. Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai programa regulamentar próprio para as dezasseis unidades sob esse modelo, além de ampliar o número. Romeu Zema (MG), Ibaneis Rocha (DF), Jorginho Mello (SC) e Ronaldo Caiado (GO) também decidiram acampar como escolas. “Sabemos da eficiência dos colégios. Então, não muda nada”, disse Caiado. A depender da disposição política como ele, a bandeira levantada por Bolsonaro vai seguir sendo tremulada.

VEJA

Postado em 22 de janeiro de 2024

Veto a caixas com música nas praias se alastra pelo país e divide banhistas

Popularizadas por serem simples de levar e com uma potência surpreendente para o tamanho, as caixinhas de som usadas por banhistas vêm provocando uma divisão nas praias do país. Os incômodos a quem não pediu para ouvir a música do vizinho areia de levaram à sua crescente chamada. Desde 2018, pelo menos 23 cidades em dez estados vetaram o aparelho, mas os mutirões de apreensão do equipamento por guardas municipais ao longo da costa brasileira mostram que a caixinha não vai ser abandonada apenas em respeito às normas.

Também presente no Nordeste, o movimento anticaixinha ganhou força no Sudeste e no Sul. Desde o começo de 2024, por exemplo, retirar fiscaisam 38 equipamentos nas areias do Guarujá, um dos principais pontos do litoral paulista — quem é flagrado pode ser multado em mais de R$ 1 mil. Um balanço divulgado pela prefeitura na última quinta-feira registrou ainda 484 advertências.

Já no litoral Sul do Espírito Santo, a Guarda Municipal de Marataízes levou 19 caixinhas de banhistas apenas na primeira semana de 2024. A capital do estado, Vitória, foi uma das primeiras cidades a proibir o uso de aparelhos no país, por meio de decreto publicado em 2018 que também veda o uso do som no modo alto-falante em veículos automotores. Entre outras cidades do Espírito Santo com proibições, está Serra, em que a tempestade é de R$ 5 mil.

No Rio, onde a restrição foi iniciada em janeiro de 2022, 48 equipamentos foram coletados em todo o ano passado. Quem se recusa a desligar ou som pode ser multado em um valor entre R$ 522 e R$ 5.221.

Os defensores da medida querem que ela se estenda a outras fontes de som, como quiosques. Mas aqueles que se habituaram à música na areia criticaram a restrição da restrição, mesmo admitindo que às vezes falta tino no volume.

— É ótimo ter uma música para animar. Eu acho que posso usar, sim, é só cada um se valer do bom senso. Mas esse é o problema: tem gente que abusa — afirma a publicitária Larissa Barreto, de 33 anos, que costuma ir a Búzios e Cabo Frio, onde as caixinhas são proibidas.

— Ninguém é obrigado a ouvir o que o outro quer — diz a profissional de mídia social Ana Luísa Rodrigues de Souza Antonioli, de 23 anos, que teve dor de cabeça com as caixas de som e a música dos quiosques em Canasvieiras, em Florianópolis.

Na capital catarinense, a Câmara Municipal arquivou em novembro um projeto de lei que vetava o equipamento por entender que havia uma “evidente inconstitucionalidade material” e falta de critérios bem definidos, acompanhando o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

Favorável às proibições, o professor de Engenharia Mecânica da Coppe-UFRJ Fernando Castro defende que a Restrição não deve se limitar às caixinhas:

— Tem que ser aplicado tanto a frequentadores quanto a quiosques e outros estabelecimentos na orla — afirma Castro, lembrando que a contenção da propagação do som é impossível no ambiente aberto da praia.

O contra-ataque das caixas de som vem na forma de novas formas de uso. No começo do mês, uma mulher foi criticada por cantar músicas de karaokê na praia de Florianópolis. Nos jornais locais, o subinspetor da Guarda Municipal Ricardo Pestana teve de lembrar que “não é justo ou plausível importar que todos ao seu redor escutem seu gosto musical” e recomendou fones de ouvido.

‘Sociedade mais regrada’
A polícia é vista com preocupação pelo antropólogo social Bernardo Conde, da PUC-RJ, que relaciona a falta de trilha sonora nas praias ao individualismo que diz estar mais presente entre frequentadores de maior renda. O resultado, aponta, pode ser a redução de interação social no espaço público.

— As camadas mais ricas tendem a caminhar mais para esse modelo individualista, enquanto as de menor renda, periferias e as zonas rurais ainda são muito marcadas pelas relações pessoais e pela proximidade, onde as coisas são negociadas sem o intermediário de tantas regras — afirma. — Há uma tendência de desaparecimento das caixas de som porque, à medida que a gente constrói uma sociedade mais regrada, em que os espaços vão sendo respeitados, essas ferramentas vão sumindo gradativamente.

O físico Paulo Henrique Castro, de 29 anos, que usa caixinhas nas praias da Zona Oeste do Rio “respeitando o bom senso”, lamenta:

— Se você frequenta o subúrbio, o que mais vai ver são casas e bares com som alto. Na Zona Sul não há tanto esse hábito de música e barulho. No fim das contas, é uma medida que acaba afetando basicamente só o pobre, porque toma como parâmetro o comportamento dessas classes mais altas.

O GLOBO

Postado em 22 de janeiro de 2024

Manter segredos pode trazer alegria e bem-estar, mostra nova pesquisa

Numa era em que não há freios para o que se expõe sob os holofotes das redes, segredos se revelaram artigos raros. Ter um clique em uma vitrine virtual de amplo alcance, afinal, acaba funcionando como um estímulo incontornável para contar tudo a vastas placas, específicos que reconfiguram o próprio conceito de intimidação. É neste ambiente de compartilhamentos a todo que uma nova pesquisa desponta no cenário lembrando: guardar sentimentos, conquistas e novidades para si mesmo tende a produzir um imenso bem, sobretudo quando são positivos, como uma mudança de patamar profissional à vista ou uma relação afetiva que está por se estabelecer. O silêncio aí pode ser a chave para atravessar estas chacoalhadas da vida com mais plenitude, afirmam os especialistas envolvidos na investigação. Postar, nem pensar.

O estudo, conduzido pela Universidade Columbia, em Nova York, e recém-publicado no periódico científico The Journal of Personality and Social Psychology , reuniu quase 3 000 pessoas de diferentes idades, distinguindo aquelas que, diante de uma boa nova, divulgaram o fato das que o preservam para si. Conclusão: a turma que costuma manter segredo apresenta níveis mais elevados de satisfação diante de suas realizações. “Quando a pessoa não passa a história futura, ainda que por um tempo, ela consegue absorver-la melhor, fazer uma reflexão e extrair dela mais prazer, sem interferências”, analisou a VEJA Michael Slepian, professor de psicologia que coordenou a pesquisa, autor do livro O Segredo dos Segredos .

No momento em que o período de descrição é rompido, o que em muitos casos ocorre, os efeitos do compartilhamento (para usar o vocabulário da vez) são mais intensos, diz Slepian. Isso vale, inclusive, para assuntos bem terrenos. “Decidi fechar a compra de um apartamento, segurai aquilo para mim, saboreei a ideia e, ao falar aos outros, foi bom demais dividir este passo”, relata a especialista em marketing Beatriz Trindade, 30 anos.

Como tudo o que é excessivo, trancar-se e não repartir nada com ninguém — nem uma angústia profunda com um amigo em quem se deposita a maior confiança — pode trazer desdobramentos indesejáveis. Muitos estudos já foram feitos sobre as consequências do confinamento em si mesmo, muitas vezes motivados por medo, culpa ou vergonha de causar algo ruim à sociedade. “Ao guardar um segredo que a atormenta, a pessoa acaba ruminando aquele pensamento e às vezes amplifica perigosamente o incômodo”, observa o psicólogo Vicente Cassepp-Borges, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ao fechar-se dispensando um olhar de fora, capaz de pesar os fatos com a vantagem de mantê-los uma distância, corre-se o risco de uma exaustão física e psicológica, segundo outro levantamento da Universidade Columbia, que alerta: transtornos como ansiedade e A depressão pode brotar em situações nas quais um segredo doloroso é desligar as sete chaves.

No território das boas notícias, em que um como nas redes funciona como um selo de aprovação, a exposição da intimidade, as realizações e vitórias predominam, num ciclo em que é preciso ter a cada dia o que contar — um outro extremo, em que o espaço para informações não compartilhadas encolhe. “Nestes tempos, as pessoas têm necessidade não só de vencer, mas de mostrar isso, para colher aplausos que são tão importantes quanto o próprio acontecimento, sem lugar para segredos”, avalia o antropólogo Bernardo Conde, da PUC-Rio. Uma armadilha contida aí é a comparação com o posto do vizinho. Uma pesquisa da Universidade Humboldt, em Berlim, constatou que o principal sentimento despertado pela assidua navegação nas redes sociais é a inveja — caso de um em cada três entrevistados, que assumem almejar a conquista alheia nos campos profissionais e amorosos. Dentre o grupo dos que contam tudo e mais um pouco, 20% reclamam-se de ser pouco notados, mesmo com tamanha exposição.

Guardar segredos, além de raridade, é também um hercúleo desafio humano que extrapola todos os tempos. O próprio Sigmund Freud (1856-1939), pai da psicanálise, dizia: “Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, fala as pontas dos dedos”. De alguma forma, portanto, os indivíduos entregam os acontecimentos que lhes ocupam a mente e sacodem suas emoções, ainda que sejam apenas pistas do que se passa no mundo interior. Recentemente, Fernando Fernandes, 24 anos, que trabalha no ramo de hotelaria, não deu nenhuma dica de que estava prestes a avançar na carreira. Não queria gerar expectativas nem tampouco deixar de vivenciar a alegria antes de dividi-la. “Achei muito bons aqueles dias que passei sozinho”, diz o jovem. “Quanto mais a pessoa está preenchida com sua conquista, menos ela precisa contá-la”, enfatiza Bernardo Conde. Certamente que nesta era de smartphones em punho, que a tudo flagram e postam, manter discrição e silêncio exige esforço extra. Mais do que nunca, vale revisitar as sábias palavras de Sêneca (4 aC-65 dC), o filósofo estoico dos tempos romanos: “Se queres teus segredos guardados, guarda-os você mesmo.”

VEJA

Postado em 22 de janeiro de 2024

Agora é crime: cyberbullying alarma o Brasil, 2º país no mundo em casos

O Brasil está entre os líderes mundiais no uso da internet e nas interações por meio das redes sociais. São 181,8 milhões de pessoas (84% da população) conectadas diariamente à rede mundial de computadores, numa média de oito horas por dia. Nesse universo, 152,4 milhões (70%) possuem conta em alguma rede social, conforme dados de 2023 da DataReportal. Essas ferramentas ajudam a conectar familiares, aproximar amigos, acelerar a troca de informações e fomentar novas relações pessoais e profissionais. Ao mesmo tempo, o mau uso delas produziu um gravíssimo efeito colateral, tendo como vítimas principalmente jovens e adolescentes. Com o advento desses canais e de sua propagação na sociedade, a prática do bullying, antes limitada a ambientes físicos, se estendeu ao plano virtual. O alcance dos ataques desse tipo ganhou uma nova dimensão e, por consequência, os conflitos se multiplicaram. Assim, a difusão atingiu a velocidade da luz e o Brasil passou a ocupar um espaço negativo em outro ranking do universo digital: é o segundo país no mundo com maior incidência de episódios de cyberbullying.

Há muito tempo vem se debatendo medidas mais efetivas para tentar conter o problema e, na última segunda, 15, houve um avanço importante. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei aprovada em dezembro no Congresso que inclui o bullying e o cyberbullying no rol dos crimes previstos no Código Penal. A pena em caso de denúncias de bullying é de multa, mas é agravada para dois a quatro anos de prisão, mais multa, em caso de cyberbullying. É uma proteção mais pesada do que para o crime de furto, por exemplo. A nova medida não coloca sob a mira da Justiça apenas o responsável pelo ataque. “Administradores de grupos, de comunidades e de redes sociais passam também a responder pessoalmente e criminalmente pelos atos de comprometimento pelos integrantes”, diz a advogada Ana Paula de Moraes, especialista em direito digital.

O cerco legal ao cyberbullying entra em vigor no Brasil após casos rumores de pessoas que tomaram atitudes extremas depois de serem vítimas de violentos e sucessivos ataques nas redes sociais, de fake news a montagens de fotos criadas com o propósito de humilhá-las. A multiplicação do problema foi quantificada pelas pesquisadoras da Unicamp Telma Vinha e Cléo Garcia, em um estudo para a associação sem fins lucrativos Dados para um Debate Democrático na Educação. Segundo o levantamento, registraram-se no Brasil 36 episódios de ataques com armas dentro de escolas desde 2001. A maioria (21) ocorreu nos anos de 2022 e 2023. Um dos mais recentes foi o caso de um estudante de 16 anos que entrou armado na Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo, em outubro passado, e atirou a esmo, matando um colega e ferindo outras três. Em depoimento à polícia, alunos disseram que o assassino sofria bullying, tanto na escola quanto nas redes sociais.

Os jovens e adolescentes estão entre os principais causadores e vítimas de cyberbullying por uma série de razões. A superexposição de intimidação em redes como Instagram e TikTok transformou esses veículos em plataformas para lustrar a imagem pessoal e testar a capacidade de cada um de fazer parte e de ser admirado por uma determinada comunidade, algo especialmente importante nessa fase da vida. Assim, qualquer comentário negativo pode provocar uma sensação de isolamento social e ter um efeito explosivo sobre a autoestima. Ao mesmo tempo, um tipo de comportamento irresponsável explica a prevenção de ataques. Para os integrantes da geração de nativos digitais, muitas vezes o compartilhamento de materiais de internet é feito sem nenhum filtro ou sorteio, pois eles compartilham o mundo virtual um campo no qual esse tipo de atitude não terá consequências na vida real. “O grupo de maior risco para efeitos negativos de redes sociais, causando sintomas como depressão, é o de meninas entre 10 e 20 anos de idade”, afirma Tiago Pianca, psiquiatra da infância e adolescência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Não é possível afirmar que o cyberbullying seja o agente causador direto de transtornos mentais nos jovens, uma vez que eles são multifatoriais, mas é fato que as vítimas que já possuem vulnerabilidades preexistentes são atingidas mais profundamente por ele — não raro, com consequências trágicas. Foi o que ocorreu com a estudante mineira Jéssica Canedo, de 22 anos, em dezembro passado. Ela foi alvo de intensa campanha de difusão nas redes sociais depois que perfis apresentados noticiosos apontaram a jovem como um affair do humorista Whindersson Nunes, algo que foi negado por ambos. Jéssica chegou a publicar uma extensa mensagem em seu perfil explicando a situação, mas o apelo também foi alvo de ataques. Um estudante, segundo a família, “não resistiu à depressão e ao tanto ódio”. Resultado: tirei a própria vida ingerindo medicamentos. O caso de Jéssica é semelhante ao de Lucas Santos, que se suicidou em agosto de 2021, aos 16 anos, após ser alvo de campanha difamatória na internet desencadeada pela publicação de um vídeo com amigos. No final daquele mês, o governo da Paraíba deu o nome de Lucas Santos ao programa estadual de combate ao cyberbullying.

Um dos primeiros estudos a alertar para a relação direta entre esse tipo de ataque virtual e o aumento de casos de suicídio foi feito na Inglaterra em 2017. Segundo o levantamento, as vítimas de bullying tinham 8,4 vezes mais probabilidade de desenvolver ideias suicidas. Quando esses ataques são feitos no meio digital, esse índice sobe para 11,5. “Não há dúvida de que o bullying grave é uma das causas mais frequentes de suicídio de jovens e a principal causa de ataques em escolas, em qualquer época e em qualquer país”, afirma o pediatra Daniel Becker. O professor do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, Desenvolvimento e Personalidade do Instituto de Psicologia da USP, Antonio Serafim observa que a escola e os pais precisam ficar atentos porque o cyberbullying provoca situações que nem sempre são facilmente perceptíveis. É algo que ocorre de forma silenciosa e gradativa e, em geral, mina o poder de defesa da vítima, atrapalhando sua capacidade cognitiva e produzindo disfunções emocionais. Nos casos mais graves, a vítima passa a buscar o isolamento e fica ruminando o sentimento, o que pode levar a pensamentos distorcidos, catastróficos e destrutivos. “Sem uma rede de proteção, o risco aumenta sensivelmente”, alerta o estudioso.

Não por acaso, há um consenso entre especialistas de que é preciso tornar menos precoce o acesso de menores aos meios digitais. “Não adianta a escola criar regras se os pais começarem a priorizar o celular na educação”, afirma o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo, José Antonio Antiório. No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o vício em telas na Classificação Internacional de Doenças (CID), ao lado da adição a drogas. Diversos apontam que a exposição excessiva ao ambiente virtual causa problemas de comportamento, de sono, de desvios na formação de valores, na relação interpessoal, na capacidade de assimilação de episódios violentos e na maneira como uma pessoa se vê e aos outros. A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que os pais proíbam o acesso de seus filhos a celulares até os 2 anos de idade e imponham limite de duas horas de uso até os 18 anos, sempre sob supervisão. Um número crescente de psicólogos e educadores defende hoje que o celular deveria ser proibido nas escolas, inclusive nos recreios, e em casa, para crianças de até 12 anos. “É um desafio que os pais não necessariamente se identifiquem como tal, mesmo porque muitos dos adultos também se comportam de maneira infantil nas redes”, afirma a pediatra e psicanalista de crianças e adolescentes Luci Pfeiffer. Ela compara o ambiente na internet à rua: “Você deixaria sua criança pequena na rua até tarde da noite, falando com estranhos? A internet é uma rua com bilhões de estranhos”.

Não bastassem os problemas trazidos pelas redes, há riscos também embutidos em plataformas de jogos on-line e em aplicativos de trocas de mensagens. “As funcionalidades oferecidas pelo avanço de tecnologias trazem benefícios, mas também abrem mais espaços seguros para o seu uso por agentes maliciosos”, alerta Michele Prado, pesquisadora de radicalização, extremismo e terrorismo on-line do Monitor do Debate Político no Meio Digital (USP). ) e da Iniciativa de Mudança Social (Belfast). Para se ter uma ideia, uma pesquisa mundial com 14 mil adolescentes e jovens mulheres revelou que 58% delas já sofreram assédio pela internet. No Brasil, o índice chegou a 77%.

Como se vê, não faltam motivos para a criação de novas ferramentas legais para tentar conter o estrago. A recente modernização da legislação brasileira segue uma tendência apontada por outros países. Em outubro, Estados Unidos, China e Inglaterra deram passos importantes para promover maior proteção aos usuários de redes sociais. Entre as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, está que obriga as plataformas a melhorar mecanismos de alerta precoce, detecção e resposta ao cyberbullying. No território americano, quarenta estados entraram com processo contra a Meta, controladora de Facebook e Instagram, com a alegação de que as redes “prejudicam a saúde mental dos jovens”. Pressionada, a empresa anunciou regras para promover proteções adicionais a usuários menores de 18 anos. Isso, no entanto, é uma exceção. Em geral, as iniciativas, no Brasil e no exterior, de promoção de maior regulação esbarram na resistência das administradoras das redes. “Não adianta a conduta ser criminalizada se os autores ficarem protegidos. As plataformas têm de colaboração”, defende o advogado especializado em direito digital, Ricardo Vieira de Souza.

Na verdade, ainda é preciso avançar muito nesse campo. Em artigo publicado na internet no dia da inclusão da lei do cyberbullying no Código Penal brasileiro, o frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, conhecido como Frei Betto, pediu o aprimoramento da regulação das redes sociais, de forma a “evitar a ‘fakecracia’ com suas calúnias, perjúrios e difamações impunes e graves consequências à honra das pessoas”, escreveu. No final do ano passado, Frei Betto concedeu em São Paulo a missa de sétimo dia de um garoto que havia acabado de completar 20 anos quando se atirou do 10º andar do prédio onde morava com os pais. Deixou um bilhete atribuído fazendo uma decisão à injustiça de acusação feita por um coletivo feminista de sua faculdade, que havia incluído seu nome numa lista de “abusadores”. O post foi apagado depois de um tempo, mas o estrago psicológico provocado pela divulgação das fake news incomodava o jovem, que não suportava o fardo. As autoridades, os especialistas e a sociedade avançaram na percepção e no combate ao cyberbullying, mas como a lembrada por Frei Betto mostram que é preciso um esforço ainda maior de todos para evitar a reprodução desse tipo de tragédia.

Pesquisadora da USP sobre comportamento extremista na internet e autora de livros sobre o assunto tem sido alvo de cyberbullying tanto de radicais de direita quanto de esquerda.

O cyberbullying é um problema mundial?  Sim. E os impactos na saúde mental e em outros âmbitos, especialmente em relação a crianças e adolescentes, ainda estão sendo treinados. Isso se agravou muito e seus efeitos são vistos principalmente no campo de estudo da radicalização e extremismo online.

Acontece de que forma?  Vai desde o chamado trolling de gênero , os assédios on-line direcionados que definem alvos a partir de critérios de gênero, e que atingem principalmente mulheres e a comunidade trans, ao executado por extremistas que visam desqualificar, humilhar, atingir a honra e a imagem. Há também ataques sem conotação político-ideológica, mais frequentes entre jovens. Tem difamação, ameaças, calúnias, injúrias e até extorsão, chantagem e exploração sexual de menores mediante ameaças de exposição de informações.

Onde os principais problemas?  Os protocolos de segurança das plataformas digitais ainda são muito frágeis diante do cyberbullying. Entre os gamers, eles são quase inexistentes. Quando existem, não há transparência.

A senhora também foi vítima?  Fui e ainda sou. Durante os últimos três anos fui vítima de cyberbullying de um grupo específico de influenciadores digitais da extrema esquerda. Desde antes de lançar meu primeiro livro, sou difamada, lesada, assediada e caluniada de forma recorrente. Fizeram montagens nas quais eu sou retratada como um hipopótamo, apelidos realizados que visaram desqualificar meu trabalho e me difamaram para pesquisadores estrangeiros. Vivo um inferno diariamente. E de grupos de extrema direita também são alvo. No vídeo do MBL, sugeriram que eu seria assassinado, e minha imagem é eventualmente utilizada em seus vídeos no YouTube com a descrição “tarja preta”, por exemplo.

Como reagiu?  Sofri um colapso na saúde mental no ano passado. Foi um ano inteiro de crises de ansiedade e pânico, episódios de ideação suicida, sentimento de impotência e desespero. Minha vida parou durante um ano. Mas, com o auxílio de uma rede de apoio e de um escritório de advocacia, aos poucos fui me recuperando, e neste ano protocolaremos todos os processos nos quais ganhamos no ano passado coletando provas e provas dos crimes.

VEJA

Postado em 22 de janeiro de 2024

Por que as mulheres têm mais dores de cabeça do que os homens? Entenda

As mulheres têm mais dores de cabeça do que os homens. Na verdade, quando os pesquisadores perguntaram aos participantes de uma pesquisa nacional recente se eles haviam sido “um pouco”, “muito”, “em algum ponto intermediário” ou “nada” incomodados por uma dor de cabeça ou enxaqueca nos últimos três meses, as mulheres tiveram quase três vezes mais probabilidade de relatarem uma dor “muito” incômoda.
Embora provavelmente haja muitos fatores, a pesquisa sugere que uma razão clara para a discrepância de gênero são os hormônios. No entanto, isso não explica todas as dores de cabeça, especialmente alguns tipos que afetam mais os homens do que as mulheres. Aqui está o que se sabe.

Mulheres e enxaqueca
Um dos principais tipos de dor de cabeça é a enxaqueca. É caracterizada por latejamentos moderados a graves, geralmente em um lado da cabeça, e é uma das causas mais comuns de incapacidade entre mulheres de 15 a 49 anos. Essas dores podem durar de 4 a 72 horas.

Antes da puberdade, meninos e meninas têm a mesma probabilidade de sofrer de enxaquecas, disse a Dra. Anne MacGregor, especialista em dores de cabeça da Barts e da Escola de Medicina e Odontologia de Londres, na Grã-Bretanha. Mas quando chega a puberdade, as enxaquecas tornam-se muito mais comuns entre mulheres e meninas.

— As mulheres têm duas a três vezes mais probabilidade de sofrer de enxaqueca do que os homens — afirmou a Dra. Jelena Pavlovic, neurologista do Albert Einstein College of Medicine, na cidade de Nova York. — E esse tipo de dor de cabeça geralmente atinge mais as mulheres na faixa dos 30 anos. Um período especialmente exigente na vida, quando as consequências dos dias perdidos devido a dores debilitantes podem ser tremendas.

Uma possível razão para esta discrepância é porque as mulheres tendem a relatar ter mais estresse, seja por obrigações “profissionais, sociais ou familiares”, disse Colleen M. LaHendro, enfermeira certificada em neurologia no Northwestern Medicine Lake Forest Hospital.

As mulheres também tendem a ter mais dificuldade para dormir do que os homens, e a fadiga pode causar essas dores de cabeça.

O papel do estrogênio
Algumas enxaquecas são desencadeadas por hormônios – em particular, mudanças repentinas nos níveis de estrogênio, que é produzido principalmente pelos ovários.

Estudos científicos demonstraram que o estrogênio desempenha um papel importante no desenvolvimento de enxaquecas, que, entre a puberdade e a menopausa, são muito mais comuns em mulheres do que em homens.

— Para mais de metade das mulheres com enxaqueca, o início e o momento da enxaqueca estão relacionados com o fluxo hormonal do seu ciclo menstrual — disse o Dr. Pavlovic.

Muitas mulheres, por exemplo, apresentam enxaquecas antes e durante a menstruação, logo após a queda dos níveis de estrogênio. A pesquisa do Dr. Pavlovic descobriu que as pacientes que têm enxaquecas tendem a sofrer quedas de estrogênio mais acentuadas do que as mulheres que não têm.

Não está claro exatamente por que as flutuações do estrogênio desencadeiam enxaquecas, disse o Dr. MacGregor. O estrogênio faz coisas importantes dentro do cérebro, portanto as alterações hormonais também devem desencadear uma série de eventos que culminam na enxaqueca.

— As mulheres também podem experimentar mudanças na frequência da enxaqueca durante a gravidez, quando os níveis de estrogênio tendem a subir e descer — disse LaHendro.

As dores de cabeça da enxaqueca também tendem a piorar durante a perimenopausa, novamente porque o estrogênio flutua, disse LaHendro. Mas assim que a menopausa se instala, os níveis hormonais estabilizam e muitas mulheres descobrem que as enxaquecas se tornam menos frequentes.

Outras dores de cabeça e causas
Além das enxaquecas, as mulheres têm cerca de 1,5 vezes mais probabilidade que os homens de sentir dores de cabeça tensionais, que são leves a moderadas e afetam ambos os lados da cabeça, disse LaHendro. Essas dores de cabeça são desconfortáveis, mas normalmente não são debilitantes e podem parecer como se houvesse uma faixa apertada na cabeça.

Não está claro por que as dores tensionais são mais comuns em mulheres, mas o estresse pode desempenhar um papel. Alguns estudos sugerem que estas dores de cabeça são mais frequentes nos dias que antecedem a menstruação, sugerindo que o estrogênio pode estar novamente envolvido. Mas outros estudos não encontram evidências de que a culpa seja dos hormônios.

Por outro lado, os homens são mais propensos a desenvolver a Síndrome de Cluster, um quadro raro, mas extremamente doloroso, que afetam apenas um lado da cabeça e geralmente surgem diariamente ou quase diariamente ao longo de várias semanas ou meses, afirmou o Dr. MacGregor.

De acordo com ele, não está claro por que os homens têm maior probabilidade de sofrer da doença, mas pesquisas sugerem que essas dores são mais comuns em pessoas que fumam ou bebem muito, e os homens tendem a consumir mais essas drogas do que as mulheres.

— Se você sentir dores de cabeça frequentes, mantenha um diário e observe os padrões — sugeriu o Dr. MacGregor. — Além do estresse, do sono e dos hormônios, considere outros possíveis gatilhos, como desidratação, mudanças climáticas, medicamentos e álcool.

A National Headache Foundation sugere documentar quando cada dor de cabeça começou e terminou, sua intensidade, seus sintomas anteriores, seus possíveis gatilhos e qualquer medicamento tomado para aliviá-la. Um médico pode, então, adaptar os tratamentos com base nas informações registradas.

A boa notícia é que, quando se trata de controlar dores de cabeça, disse LaHendro, “existem mais opções de tratamento agora do que nunca”.

Folha PE

Postado em 22 de janeiro de 2024

Debate sobre isenção fiscal reaproxima evangélicos e governo Lula

O ano de 2024 começou com aproximação entre parlamentares da bancada evangélica e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde a campanha eleitoral de 2022, Lula tem tentado conquistar este grupo, que, conforme mostram as pesquisas eleitorais do último pleito, não representa parte expressiva do eleitorado do petista.
Neste ano, no entanto, a bancada evangélica tem tentado construir diálogo com o governo em meio a debates polêmicos. Um ato da Receita Federal publicado no Diário Oficial da União (DOU) na última semana gerou forte reação da bancada evangélica do Congresso Nacional e forçou essa aproximação.

O texto suspende a isenção fiscal para líderes religiosos, como pastores, concedida em agosto de 2022, às vésperas da eleição presidencial, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Parlamentares da bancada se reuniram na sexta-feira (19/1) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes do Fisco. Haddad anunciou, depois do encontro, a criação de um grupo de trabalho junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) para discutir o tema.

Em um primeiro momento, a Frente Parlamentar Evangélica reagiu efusivamente. Em nota publicada na noite de quarta-feira (17/1), a chamada “bancada da bíblia” afirmou que “são ações como essa que, cada vez mais, afastam a população cristã do governo federal”. O grupo chamou a medida de um “ataque explícito” ao segmento religioso.

Já na reunião com Haddad, o tom foi conciliatório. O deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) explicou, após a agenda: “Há um protocolo do TCU que ainda não está concluso, mas esse protocolo coloca uma série de fatores, entre eles a forma de tramitação e clareza do ato regulatório. Por conta dessa orientação, provocou a suspensão. Nós vamos construir junto com a FPE uma comissão onde serão discutidos vários pontos, várias frentes que vamos restabelecer. Nesse diálogo a gente espera que ao final seja com o desdobramento positivo de clareza sobre a regulamentação”.

O deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), também presente no encontro, afirmou que “não há nenhuma perseguição do governo em relação a lei”, e destacou que o ministro Fernando Haddad tem mostrado disposição em conversar com os parlamentares sobre o assunto.

Silas permanece na presidência da FPE até o início de fevereiro, mês em que o Legislativo retoma as atividades após o recesso. A partir do mês que vem, quem assume a presidência é o deputado Eli Borges (PL-TO).

PEC da Imunidade Tributária a Igrejas
Outro tema que deve ser alvo de debates entre o governo e evangélicos em 2024 é a proposta de emenda à Constituição (PEC) 5/23, de autoria do deputado Marcelo Crivella. Alvo de discussões, a PEC prevê a isenção de impostos de templos religiosos para a aquisição de bens “e serviços necessários à formação do patrimônio, à geração de renda e à prestação de serviços” e também de partidos políticos.

O texto foi aprovado na Comissão de Constituiçãoe Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados em setembro do ano passado, e contou com apoio de diversos partidos de esquerda — incluindo o PT de Lula.

Sob a relatoria da deputada Daniela do Waguinho (União-RJ), a PEC recebeu parecer favorável à aprovação. Agora, o texto será encaminhado para uma comissão especial e, se aprovado, seguirá para o plenário.

Segundo interlocutores da bancada evangélica, o tema será uma das prioridades dos parlamentares em 2024. Na sexta-feira, após o encontro com Haddad, Crivella também afirmou que tem conversado sobre o assunto com representantes do governo. De acordo com o parlamentar, a recepção tem sido favorável.

“Essa é a PEC 5, que consolida a imunidade dos templos religiosos. O governo tem interesse de que as igrejas se desenvolvam. O ministro Haddad e o governo são favoráveis à PEC”, afirmou.

Metrópoles

Postado em 21 de janeiro de 2024

Justiça condena Braskem a indenizar mais 3 mil famílias afetadas pela mineração em Maceió

A Justiça condenou nesta sexta-feira (19) a Braskem a pagar indenização para mais 3 mil famílias afetadas pela mineração de sal gema realizada pela empresa em Maceió, que levou à desocupação de mais de 14 mil imóveis em cinco bairros.
Na decisão, o juiz André Granja, da 3ª Vara Federal, determinou que a Braskem pague R$ 12.500 para cada proprietário de imóvel nos Flexais, no Bebedouro, bairro vizinho ao Mutange, onde uma mina da Braskem colapsou em dezembro de 2023.

Para quem exercia atividade comercial ou profissional dentro da residência, a indenização é de R$ 15 mil.

A decisão atende à Ação Civil Pública movida pela Defensoria Pública Estadual (DPE-AL) que pediu realocação e indenização para os moradores dos Flexais.

O defensor público Ricardo Melro afirmou que vai recorrer da decisão para garantir indenização individualizada e mais valorizada.

“Ainda falta decidir sobre a realocação. Decisão esta que será tomada após perícia. Quanto à indenização, penso que deve ser individualizada e mais valorizada. De toda forma, a decisão do juiz federal André Granja acolheu em parte nossos pleitos e é um sopro de esperança”, disse Ricardo Melro.

Membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e da Corregedoria Nacional de Justiça chegaram a Maceió na quarta (17) para acompanhar o caso Braskem.

O CNJ foi informado pelo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) durante reunião em Maceió que 1.099 processos relacionais ao caso tramitam na Justiça Estadual.

Nesta sexta, a comitiva do Observatório de Causas de Grande Repercussão (OCGR) se reuniu com representantes da Braskem e visitou bairros atingidos pela mineração.

Entenda o afundamento do solo em Maceió
A mineração em Maceió começou na década de 1970, com a Salgema Indústrias Químicas S/A, que depois passou a se chamar Braskem. A extração de sal-gema, minério utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC, tinha autorização do poder público.


Em fevereiro de 2018, surgiram as primeiras grandes rachaduras no bairro do Pinheiro, uma delas com 280 metros de extensão. No mês seguinte, um tremor de magnitude 2,5 agravou as rachaduras e crateras no solo, provocando danos irreversíveis nos imóveis.


Já no início de 2019, o piso de um apartamento no Pinheiro afundou de repente e assustou os moradores. Novos buracos surgiram e a Defesa Civil Municipal precisou evacuar um prédio e interditar uma rua por questões de segurança.


Meses depois, moradores do Mutange e do Bebedouro, bairros vizinhos, também relatarm o surgimento de diversas rachaduras. Em algumas casas, o piso cedeu e as paredes apresentam grandes fissuras.
Em maio de 2019, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão ligado ao governo federal, confirmou que a extração de sal-gema feita pela Braskem provocou a instabilidade no solo.


Só então foram emitidas as primeiras ordens de evacuação para moradores do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. Com o problema se agravando, a ordem também foi ampliada para parte do Bom Parto e do Farol.


Foi somente em novembro de 2019 que a Braskem anunciou a decisão de fechar definitivamente poços de extração de sal-gema em Maceió.


A partir dessa decisão, um trabalho foi iniciado pela Braskem para fechamento e estabilização de 35 minas com profundidade média de 886 metros na região do Mutange e de Bebedouro. Segundo especialistas, esse trabalho levaria ao menos 10 anos para estabilizar o solo na região.


Desde então, mais de 14 mil imóveis precisaram ser desocupados, afetando cerca de 60 mil pessoas e transformando áreas antes habitadas em bairros fantasmas.


Um Programa de Compensação Financeira foi criado ainda no final de 2019 pela Braskem para indenizar os proprietários dos imóveis que tiveram que ser desocupados. Os moradores da região que discordavam dos valores oferecidos movem ação na Justiça contra a mineradora.


Em janeiro de 2022, já com grande parte dos bairros afetados desocupados, foi iniciada a demolição de 2 mil imóveis localizados na encosta do Mutange, a primeira etapa de um projeto de demolições em uma área com cerca de 200 mil m².


Após indenizar a maior parte dos proprietários dos imóveis das áreas desocupadas, a Braskem firmou acordo, em janeiro de 2023, para ressarcir a Prefeitura de Maceió em R$ 1,7 bilhão em em razão dos prejuízos causados à capital com o afundamento do solo.


Ao longo do ano de 2023, moradores do Bom Parto que ainda vivem na borda da área de risco realizaram diversos protestos cobrando inclusão no Programa de Compensação Financeira da Braskem, mas a Defesa Civil Municipal afirmava que não havia risco para essas moradias.


Contudo, após 5 tremores de terra somente no mês de novembro, a Defesa Civil de Maceió alertou para o “risco de colapso em uma das minas” próximo da lagoa Mundaú e os moradores do Bom Parto foram obrigados a sair de casa às pressas sob ordem da Justiça Federal, que autorizou até uso da força policial caso as pessoas resistam a deixar o local.


O Hospital Santório, localizado no Pinheiro, transferiu todos os seus pacientes para outras unidades de sáude, mesmo sem ordem para evacuação.


A gravidade da situação levou a Prefeitura de Maceió a decretar situação de emergência, que foi reconhecida pelo governo federal.


Em dezembro de 2023, parte de uma das 35 minas que a empresa mantinha para extração de sal-gema se rompeu sob a lagoa Mundaú, no Mutange, abrindo uma cratera que comporta o mesmo volume de água de 11 piscinas olímpicas. A região segue isolada e sob constante monitoramento.


No dia 17 de janeiro, membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e da Corregedoria Nacional de Justiça chegaram a Maceió para acompanhar o caso Braskem. A comitiva teve reuniões com diversas autoridades, vítimas da mineração, representantes da mineradora e visitou bairros atingidos pelo afundamento do solo.

G1

Postado em 21 de janeiro de 2024

Casos de violência contra jornalistas têm queda de 51% em 2023

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgará na próxima quinta-feira (25) um relatório completo sobre os casos de violência contra jornalistas e de ataques à liberdade de imprensa no Brasil, em 2023.

De acordo com dados preliminares divulgados pela entidade, os registros de violência contra os profissionais de imprensa no ano passado tiveram queda significativa. Em 2023, foram 181 casos, contra 376 registrados em 2022. A diminuição foi de 51,86%.

No entanto, o número registrado no ano passado foi 34,07% maior em relação aos 135 casos contabilizados em 2018, antes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na avaliação da presidente da Fenaj, Samira de Castro, a queda dos episódios de violência contra os profissionais de imprensa em 2023 tem relação com a diminuição das ações de descredibilização da imprensa pelo ex-presidente.

“Podemos comemorar a queda nos números da violência em 2023. Mas temos de continuar em alerta e mobilizados, porque as cifras continuam muito elevadas”, comentou Samira.

O relatório completo dos casos de violência contra jornalistas conterá dados sobre as categorias profissionais, gênero, estado e tipo de mídia.

EBC

Postado em 21 de janeiro de 2024

Governo da Argentina cancela benefícios sociais de mais de 27 mil pessoas

O governo de Javier Milei anunciou neste sábado (20) que cancelou benefícios sociais de mais de 27 mil pessoas por irregularidades em programas relacionados à empregabilidade.
Segundo anunciou o Ministério do Capital Humano, foram detectados 27.208 planos do “Potenciar Trabajo” e 12 planos do “Potenciar Empleo” com “incompatibilidades”.

Houve verificação de todos os titulares dos programas, analisando se cumpriam os requisitos necessários para receberem os benefícios. Ainda de acordo com a pasta, serão economizados mais de 2 bilhões de pesos.

Algumas das incompatibilidades detectadas foram relacionadas a trabalhadores autônomos, residentes no exterior e falecidos.

Mais de 31 mil pessoas perderam benefícios desde o início do novo governo, segundo informou o jornal Lá Nación. Outros 150 mil beneficiários que viajaram ao exterior serão analisados, de acordo com o periódico.

Segundo o governo, o “Potenciar Trabajo” tem como objetivo “contribuir para a melhoria do emprego e a geração de novas propostas produtivas através do desenvolvimento de projetos socioprodutivos, sociocomunitários, sociolaborais e de conclusão educacional”.

CNN

Postado em 21 de janeiro de 2024

Um LGBTQIA+ é morto a cada 34 horas, diz relatório de Grupo Gay da Bahia

O Grupo Gay da Bahia divulgou relatório de mortes violentas no Brasil em 2022. De acordo com o levantamento, 256 LGBTQIA+ foram vítimas de morte violenta: 242 homicídios (94,5%) e 14 suicídios (5,4%). O Brasil continua sendo o país onde mais LGBTQIA+ são assassinados no mundo: uma morte a cada 34 horas.
A pequenina Timom (MA), com população de 161.721, é o município brasileiro mais inóspito para um LGBT, 62 vezes mais perigoso que São Paulo. O estado mais “gayfriendly” é o Rio Grande do Sul e o mais homofóbico, Amapá, com quatro veze mais mortes violentas de LGBT que média nacional. Minas ocupa o quarto lugar no ranking nacional.

Há 43 anos, os dados são coletados e analisados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), que se baseia em notícias publicadas nos meios de comunicação.

De acordo com o GGB, as autoridades policiais alcançaram êxito na elucidação de apenas 35,9% desses casos.”O Estado insiste em não monitorar a violência homotransfóbica e o resultado não poderia ser outro, a subnotificação: esses números representam apenas a ponta de um enorme iceberg de ódio e sangue”, pontua o GGB.

Cultura de ódio
Os registros documentaram entre 1963 e 2022 a morte violenta de 6.977 LGBT em todo o país. Tomando como amostra os cinco últimos governos, foram mortos anualmente uma média de 127 LGBT nos oito anos da presidência de Fernando Henrique Cardoso, 163 nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, 360 nos governos Dilma Rousseff e MichelTemer, e 251 nos quatro anos de Bolsonaro, perfazendo um total de 1.122 mortes.

“Os dados revelam que apesar do Capitão Bolsonaro ter sido o presidente mais homofóbico da história republicana, a violência letal contra LGBT diminuiu 30% em relação a seus antecessores Dilma-Temer. A única explicação para essa contraditória redução de mortes remete-nos necessariamente à maior reclusão da população LGBT durante a pandemia da COVID-19 e ao temor disseminado entre os LGBT pelo persistente discurso de ódio governamental, evitando locais e situações de maior risco”, analisa o GGB.

Mortes por região
O Nordeste é a região mais insegura para LGBT, com 43,3% das mortes (111). A Bahia assume a primeira posição no ranking com 27 mortes (10,5%), seguido de Pernambuco na terceira posição e do Maranhão na quinta.

O Sudeste ocupa o segundo lugar, com 63 mortes (24,6%), demonstrando que as melhores condições socioeconômicas desta região não implicam necessariamente em maior respeito aos direitos humanos e cidadania das minorias sexuais.

O Norte vem em terceiro lugar, com 14% (36 mortes), o Centro Oeste com 31 ocorrências (12,1%).

O Sul é a região menos perigosa, com 15 casos (5,8%). Sul e Sudeste têm as menores taxas, liderado pelo Sul, com uma morte a cada 2 milhões de habitantes.

A Bahia aparece no topo do ranking com 27 mortes violentas de LGBT (10,5%), São Paulo em segundo lugar, 25 (9,7%), em terceiro Pernambuco 20 casos (7,8%), em quarto Minas Gerais com 18 (7,0%) e no quinto lugar, Maranhão e Pará (5,8%), com 15 mortes.

Rio de Janeiro que no relatório anterior ocupava o terceiro lugar, com 27 casos, em 2022 foi o nono classificado, com 12 mortes. “A oscilação anual a mais ou a menos destes números não permite conclusões sociológicas evidentes, já que não se observaram mudanças cruciais na segurança pública desse Estado que justificasse menor número de sinistros”, diz o GGB.

Os estados onde ocorreram menor número de óbitos (2 casos, 0,7%) foram Roraima e Rondônia na região Norte, assim como no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na região Sul. Acre e Tocantins, que em 2021 tiveram uma morte cada um, não notificaram nos meios de comunicação nenhum assassinato de LGBT em 2022.

Perfil das vítimas
De acordo com o levantamento, os gays continuam sendo o segmento mais vitimado por mortes violentas em termos absolutos, embora as “trans”, que representam por volta de um milhão de pessoas, proporcionalmente correm 19% a mais de risco de crimes letais que os homossexuais. Entre as vítimas, também estão dois heterossexuais que foram confundidos com gays.

Quanto à idade das vítimas, predomina a faixa etária dos 18 aos 29 anos (43,7%), o mais jovem com 13 e o mais idoso, com 81 anos.

As travestis, transexuais e transgêneros são assassinadas antes de completar 40 anos: do total de 110 vítimas trans, 83% morreram entre os 15 e 39 anos.

No tocante à cor, característica demográfica raramente indicada nas reportagens, obrigando-nos a classificá-las a partir de suas fotos publicadas pela mídia, 120 das vítimas foram identificadas como pardas (46,8%) e pretas (14,8%), 37,1% brancas e 1% indígenas.

Estado de Minas

Postado em 21 de janeiro de 2024

Covid: imunidade evoluiu para combater novas variantes, diz estudo

Um estudo feito na Coreia do Sul mostra evidências de que as respostas imunológicas humanas evoluem para combater as novas variantes do coronavírus.
Segundo pesquisadores do Centro de Imunologia Viral do Instituto de Pesquisa de Vírus, pessoas infectadas pela Ômicron adquirem uma imunidade aprimorada contra as novas versões dela, sendo pouco provável o desenvolvimento de sintomas graves com infecções causadas por futuras variantes emergentes.

Em estudo publicado na revista Science Immunology, em 12 de janeiro, os cientistas afirmam que as células T de memória que se formam após a infecção pela variante Ômicron respondem melhor contra as cepas subsequentes do vírus.

“Esta descoberta nos dá perspectivas na nova era da endemia da Covid. Pode-se entender que, em resposta ao surgimento constante de novas variantes de vírus, nossos corpos também se adaptaram para combater as futuras cepas dele”, explica o pesquisador Jung Min Kyung, líder da pesquisa.

O surgimento da variante Ômicron, no fim de 2021, mudou o rumo da pandemia. As novas mutações encontradas nela possibilitaram o aumento da transmissibilidade do vírus, tornando-o rapidamente dominante em todo o mundo. Desde então, convivemos apenas com subvariantes descendentes dela (passando pela BA.1 e BA2, BA.4/BA.5, BQ.1, XBB e, mais recentemente, a JN.1).

As características do vírus se tornaram tão distintas, que alguns cientistas o chamam de Sars-CoV-3 e defendem a ideia de a pandemia ser dividida em dois momentos: pré e pós surgimento da variante Ômicron.

Proteção contra variante Ômicron
Depois de ser infectado ou vacinado, o corpo cria anticorpos neutralizantes e células T de memória contra o vírus. O anticorpo neutralizante evita que as células hospedeiras sejam infectadas quando entram em contato com o vírus. As células T de memória procuram e destroem as células infectadas, evitando que a infecção viral evolua para uma doença grave.

A maioria dos estudos sobre a Covid-19 foca suas atenções, principalmente na eficácia da vacina ou nos anticorpos neutralizantes.

Para estudar as células T, a equipe do professor Shin Eui-Cheol avaliou amostras de sangue de pacientes que sofreram infecção pela suvariante BA.2 no início de 2022.

Os resultados mostraram que as células T de memória desses pacientes apresentaram resposta aumentada não apenas contra a cepa BA.2, mas também contra as cepas BA.4 e BA.5, que surgiram depois.

Os pesquisadores descobriram que, ao sofrer uma infecção pela variante Ômicron, o sistema imunitário do paciente foi fortalecido para combater futuras cepas do mesmo vírus.

Uma parte específica da proteína spike — responsável pela ligação do vírus com as células humanas — seria a principal causa do aumento das células T de memória.

Metropoles

Postado em 21 de janeiro de 2024

Pandemia piorou indicadores de atividade física, obesidade e morbidade por doenças crônicas

Estudo realizado por pesquisadores da UFMG, com aproximadamente 54 mil pessoas, concluiu que a pandemia de covid-19 deixou consequências como a redução da prevalência da prática de atividade física e a piora nos indicadores de excesso de peso, obesidade, diabetes e hipertensão no Brasil. Além disso, provocou redução das coberturas de exames preventivos de mamografia e citologia do colo de útero.

Essas conclusões constam de artigo publicado na mais recente edição da revista Ciência & Saúde Coletiva. Participaram do estudo adultos de 18 anos ou mais, residentes das capitais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. “É uma série histórica do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) que cobre o período de 2006 a 2021. A pesquisa mostrou que ações de promoção à saúde são prioritárias nesse contexto”, ressalta a professora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem da UFMG, primeira autora do estudo.

Influência do trabalho remoto
A prática de atividade física no tempo livre diminuiu de 39%, em 2019, para 36,7%, em 2021. Já a prevalência de atividade física no deslocamento passou de 14,2% para 10,4% no período.

“Os níveis de deslocamento mantiveram-se baixos após a pandemia, possivelmente por persistirem os trabalhos a distância, em home office, mas também pelo aumento do desemprego”, observou Deborah Malta.

A prevalência de adultos com volume insuficiente de atividade física aumentou na população total de 44,8% para 48,2%. A inatividade absoluta subiu de 13,9% para 15,8%. “O distanciamento desencadeou a redução das interações sociais e fez com que a população aumentasse o tempo em frente às telas, já que o uso de aparelhos figura como uma opção de lazer e como alternativa de trabalho remoto. A redução da atividade física e o aumento de comportamentos sedentários afetam negativamente a qualidade de vida e a saúde, provocando efeitos prejudiciais à saúde cardiovascular e mental e aumentando as chances de mortes prematuras e evitáveis”, pontua a professora.

Em relação ao excesso de peso, o aumento foi de 55,4% para 57,2%. A obesidade, que acometia 20,3% dos entrevistados, em 2019, alcançou 22,4% no biênio 2021-2022. A prevalência autorreferida de hipertensão na população total passou de 24,5% para 26,3%, e a de diabetes subiu de 7,5% para 9,1%.

O estudo revelou, ainda, que houve retrocesso na realização de exames de detecção precoce de câncer em mulheres.

As medidas de distanciamento social adotadas no enfrentamento à pandemia resultaram em aumento dos sentimentos de solidão, tristeza, estresse e ansiedade, piora no estilo de vida, crescimento do consumo de bebidas alcoólicas, cigarros e de alimentos não saudáveis.

O artigo também é assinado pela residente pós-doutoral da Faculdade de Medicina da UFMG Crizian Saar Gomes, pelo mestrando Elton Junio Sady Prates e pela residente pós-doutoral Regina Tomie Ivata Bernal, ambos da Escola de Enfermagem.

UFMG

Postado em 20 de janeiro de 2024

Prestes a fazer 65 anos, Zeca Pagodinho reflete sobre vida e relembra que os pais morreram “velho e bebendo”: “Só vivo”

A vida levou Jessé Gomes da Silva Filho até onde ele jamais imaginou. O jovem compositor magérrimo que há 40 anos e quatro meses teve que ser empurrado para cima de um palco (no Asa Branca, extinta casa da Lapa carioca) para cantar ao lado de Beth Carvalho, é hoje cantor, ídolo popular e símbolo de brasilidade e alegria.

Consagrado nacionalmente como unanimidade – imune até mesmo às recentes polarizações políticas -, em 4 de fevereiro, Zeca Pagodinho vai comemorar 65 anos no palco, no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, com um show histórico coligado de convidados especiais: Alcione, Jorge Aragão, Xande de Pilares, Diogo Nogueira, Seu Jorge, Marcelo D2 e ​​Djonga. Em 22 de junho, ele inicia uma turnê nacional se apresentando no Espaço Unimed (antigo Espaço das Américas), em São Paulo
“65 anos… Pesado, hein?”, comenta o sambista, no começo da segunda entrevista do dia, em seu bar (Bar do Zeca Pagodinho) no shopping Vogue Square, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Numa quarta-feira em que as tarifas cariocas registraram sensação térmica de 59,5ºC, até mesmo o humor de Zeca Pagodinho pode ser afetado. Mas não por muito tempo. Como ele lembra, seu pai, Jessé da Silva, morreu aos 87 anos, em 2015, e sua mãe, Irinéia da Silva, dona Néia, no ano passado, aos 92 anos, dormindo. “Velhos e bebendo”, pontua Zeca.

Diabético e com exames em dia, saúde sob controle, ele desconversa ao falar do tamanho de sua bandejinha de remédios no café da manhã, mas aproxima o celular do braço para mostrar que costuma dar um confere na glicemia. “Problemas de saúde em todo o mundo têm. Eu não quero saber de porr* não, não. Só vivo.”

Por essas e outras é que a turnê Zeca Pagodinho 40 anos prevê datas espaçadas por Florianópolis, Campinas, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Salvador e Recife. Com cuidado para o artista não demorar muito do avô.

Eu quero viver, cara. Vou pra seis netos este ano. Tenho quatro, vou para mais dois. Eu quero ficar com eles, quero viver a minha vida.

Zeca Pagodinho

Vô Zeca curte brincar com os netos, seja na cobertura onde mora, na Barra da Tijuca, em que recentemente reformou uma piscina, ou em seu refúgio, o sítio em Xerém, distrito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. “Adoro botar o colchonete na sala e ficar deitado com os pequenos. Brincando, vendo televisão. Minha onda é essa.”

Recentemente, Zeca participou da animação Mundo Bita , a convite intermediado pelo bandolinista Hamilton de Holanda. “Eu gravei, levei meu neto e achei legal, mas não assisto a esse desenho. Prefiro Tom & Jerry , Pica-pau . Pô, queria tanto que voltasse o Chaves …”, comenta.

“É só dizer que não tenho nada que fazer aqui no Rio (em compromissos profissionais), que vou embora para Xerém. É um lugar bom, as pessoas são humildes. Xerém me lembra muito aquela música de Chico Buarque, Gente Humilde – tema do violinista Garoto (1915-1955) letrada postumamente por Vinicius de Moraes, com contribuição de Chico -, todo mundo se ajuda”, diz.

“A gente tem que ajudar os outros, senão não tem graça a vida. Na outra semana, meu filho ligou e disse: ‘Um cara mandou 50 cestas aí de comida… E eu: ‘Pra quê, cara?!’. Não deu outra, veio a chuva no fim de semana agora, uma porrada de gente perdeu coisas”, completa.

Em 2013, durante uma enchente, Zeca teve uma atuação famosa na assistência à população local. Mas as chuvas fortes que mataram 12 pessoas na região metropolitana do Rio na semana passada não afetaram tanto o distrito. “Fizeram uma obra bem bacana lá, Xerém hoje é um luxo, comparado com o que era.” O calor, porém, piorou.

“É o cachorro. Antigamente, tinha mais mato, era rua de lama, agora é tudo asfalto. Tem condomínio para caramba. Progresso, né? Em dias como o de hoje, eu fico só no ar condicionado”. Carregando garrafinha de água mineral para se hidratar? “Não, o que é isso!? Lá é água da bica. Xerém é outro papo. Não dá pra ficar sem ir lá”, diz Zeca.

A vida de Zeca na Barra da Tijuca tem elementos do personagem do sucesso Burguesinha , de Seu Jorge. “Aqui no Rio está a minha música, a gravadora, o meu salão… Minha mulher fala que eu faço uma unha por dia. Faço mão e pé. Cabelo. Eu sou f*da, rapaz! Não fico três dias sem ir lá… Tem uma foto minha lá, tipo funcionário do mês.”

No meio da entrevista, ele faz uma ligação e se derrete ao telefone: “Amor da minha vida, amanhã eu sou o primeiro: pé, mão, esfoliação, pra tu bater a tua meta. Depois a gente vai almoçar e tomar um vinho. Depois você vai voltar pra trabalhar tirando bife da mão de todo mundo (risos)”.

Artista x Compositor
Zeca Pagodinho sabe brincar. Chame um funcionário do bar e peça que ele cante. Josué Corán, venezuelano, 28 anos, canta Deixa a vida me levar (Serginho Meriti e Eri do Cais) com forte sotaque espanhol e, atendendo a mais pedidos do patrão, dá uma “sambadita”. “Bota na entrevista, temos que fazer uma campanha pra ele conseguir trazer a mãe dele lá da Venezuela”, pede o cantor.

Ele costuma dizer que “o artista engoliu o compositor”. Mas a fonte não é seca. Acabou de mandar uma música para Alcione, e tem pego letras antigas e enviada para parceiros como Moacyr Luz. “Mas tem dia que eu não quero nem falar de compositor. Você entra no táxi e o cara vem com ‘deixa a vida me levar, vida leva eu’. Ah, mermão, pelamor de Deus, bota Waldick Soriano, bota qualquer coisa.”

Para quem é tido e amado nacionalmente como símbolo da simpatia e do bom humor, o assédio dos fãs e pedidos para tirar selfies podem ser um desafio. “Eu sou simpático mesmo. Mas não para chato e gente abusada. As pessoas perderam a noção, querem tirar foto até com defunto. Fui no velório do meu cavaquinista, Paulinho Galeto, e queria que eu estivesse na capela ao lado, porque o defunto era meu fã… Não, não vou não”.

Fui visitar meu pai na UTI, a mulher pediu pra tirar uma foto comigo e falou: ‘Dá um sorriso’. Eu disse: ‘tô numa UTI, né? Você está rindo de quê?’ Tem um bocado de gente que se incomoda com isso, mas não fala com medo de ser criticado depois.

Zeca Pagodinho

Para Zeca, a pandemia afetou o espírito do brasileiro: “Perdi alguns amigos. Muita gente ficou com medo de tudo. Mais cansada…”. A polarização da sociedade, a ruptura entre familiares por causa de diferenças políticas, também o deixa inconformado. “Tenho amigos que acabaram uma amizade por causa disso. Coisa babaca, né? Cada um é o que é…”.

Eu não falo de política e na minha casa não se pode falar (de política). Mando logo um ‘vamos parar esse assunto!’. O assunto aqui é beber, cantar samba, contar história.

Zeca Pagodinho

No clã do Zeca, a religião também não gera discussão. “Minha mulher é evangélica, eu sou macumbeiro. Vou na igreja com ela, sou católico também. Sou de Deus. E de vez em quando tenho que ir lá nos mais velhos, fazer umas coisinhas.”

Zeca tem seus momentos místicos, mas garante que não tem medo de morrer. “Tenho pena! Gosto tanto desse mundo! Gosto tanto das bebidas, das músicas, da vida, da alegria! Fico olhando essas imagens aqui do bar, quanta coisa boa já passei. Não é por acaso que, por onde passo, tem gente sorrindo”.

Em plena forma
Zeca está chegando aos 65 anos “em plena forma”, segundo Paulão Sete Cordas, diretor musical de sua banda. “Ele está bem animado. E motivado, que é o mais importante. O Zeca sempre sabe se ajeitar, mesmo quando surgem situações adversárias”, comenta o músico, lembrando a gravação do Acústico MTV 2 — Gafieira , em 2006, filmado em meio a uma crise de coluna que obrigou o cantor a ser operado logo em seguida.

Há 36 anos com Zeca – ele e os percussionistas Marcos Esguleba e Ura o acompanham desde os primórdios -, Paulão só não tocou no primeiro disco em que ele participou, a coletânea pau-de-sebo Raça Brasileira , de 1985, que também apresentou ao Brasil Jovelina Pérola Negra, Elaine Machado, Pedrinho da Flor e Mauro Diniz.

“Só fiquei fora desse porque tinha acertado de fazer, ao lado de Mauro Diniz, a direção musical de um show do Monarco com o Carlinhos Vergueiro em São Paulo. Como o Mauro foi convidado para fazer a discoteca também, alguém teria que levar contato do Monarco em São Paulo”, lembra Paulão.

Ele conta que ainda está “trocando figurinhas” com Pretinho da Serrinha para acertar o repertório final da turnê de Zeca, que deve incluir 26 músicas. “Estamos falando de sambas com imenso valor afetivo. É muito difícil escolher entre tantas coisas bacanas, de tantos álbuns, sem ter que recorrer a medleys.”

Entre as canções resgatadas devem ser clássicos que Zeca não canta há muito tempo, como Pisa como eu pisei (de Beto Sem Braço e Aluísio Machado, gravado em Jeito Moleque, de 1988) e pérolas divertidas e cultuadas pelos fãs como Vacilão (do álbum Água da Minha Sede ), de Zé Roberto, e Exaustino (Roberto Lopes, Canário e Nilo Penetra).

O maestro Rildo Hora, nome fundamental da carreira de Zeca, vai participar como instrumentista, para reviver Judia de Mim (de Wilson Moreira e Zeca), no disco de estreia do cantor, Zeca Pagodinho , de 1986.

Os ensaios começam na segunda-feira, 22 de janeiro, no estúdio da Companhia dos Técnicos, no Rio de Janeiro, e surpresas podem surgir também nos arranjos. “No ensaio todo mundo dá palpite. Quando vai tocar de novo, já surge alguma coisa, e a gente aproveita as ideias”, conta Paulão.

Dados da turnê 40 anos
02/04 – Rio de Janeiro/RJ – Estádio Nilton Santos – Engenhão (gravação de DVD)
22/06 – São Paulo/SP
13/07 – Florianópolis/SC
27/07 – Campinas/SP
24/08 – Curitiba/PR
31/08 – Porto Alegre/RS
14/09 – Brasília/DF
10/05 – Salvador/BA
30/11 – Recife/PE
12/06 a 12/09 – Navio Zeca Pagodinho – 40 Anos

Estadão

Postado em 20 de janeiro de 2024

Geoparque Seridó: Programa garante R$ 2,5 milhões para turismo na região

Com investimentos iniciais de R$ 2,5 milhões, o Governo do RN, em parceria com o Sebrae, lançou nesta sexta-feira (19) o Programa de Fortalecimento do Turismo no Território do Seridó Geoparque Mundial da Unesco. A solenidade foi realizada no Auditório da Governadoria com a presença do presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, e dos prefeitos dos seis municípios onde o parque está inserido numa área de 2.800 quilômetros quadrados.

Com objetivo impulsionar o turismo na região, promovendo o desenvolvimento econômico local e criando oportunidades de emprego e renda para o Seridó, o programa está em sintonia com a política do governo do Estado de interiorização do turismo e alinhado ao propósito do Sebrae/RN de transformar os pequenos negócios em protagonistas do desenvolvimento regional.

“Hoje é um dia para celebrar. Esse projeto vinha sendo sonhado há muito tempo, e em 2022 comemoramos essa conquista extraordinária que foi inserir o Seridó na lista de geoparques da Unesco. Mesmo em meio às dificuldades daquele ano (início da pandemia da Covid) nunca nos faltaram sensibilidade, foco, determinação e planejamento. O conceito de geoparques é o de um mundo com sustentabilidade, com inclusão social”, observou a governadora Fátima Bezerra, destacando a parceria com o Sebrae e a participação dos prefeitos na luta pela viabilidade do projeto.

Fátima aproveitou a presença de prefeitos ou de representantes de municípios envolvidos no projeto do geoparque – Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas -, para anunciar a pavimentação do trecho da estrada que interliga os municípios de São Tomé e Cerro Corá.

O presidente nacional do Sebrae, Décimo Lima, disse que o órgão envidará esforços para ampliar os investimentos no geoparque. “Há algo que precisa tornar-se visível nesse projeto que é a melhoria da qualidade de vida de 100 mil pessoas que ali moram. Estou muito feliz em estar aqui para fazer essa entrega, em valor que podemos deduzir que é simbólico, mas podem ter certeza: vamos iniciar um processo com mais intensidade para que essa região linda, governada por esses prefeitos valentes. Estamos aqui para abraçar o Geoparque do Seridó e adotar medidas para impulsionar o desenvolvimento da economia local.”

Ex-titular da Secretaria Extraordinária para Gestão de Projetos e Metas de Governo e de Relações Institucionais (SEGRI/RN), o agora deputado federal Fernando Mineiro, lembrou que o geoparque faz parte de um conjunto de ações governamentais para fortalecer a economia do RN, e anunciou que destinará emendas de sua cota parlamentar para reforçar o turismo comunitário no Seridó, região que tem a maior concentração de áreas quilombolas do Estado.

A Secretaria de Estado do Turismo do Rio Grande do Norte (Setur) estima em aproximadamente 10 mil o número de pessoas que visitam anualmente o parque, mesmo o equipamento não estando totalmente concluído. “É o geoparque já despertando e incentivando atividades de artesanato, da gastronomia. Imagine quando ele estiver consolidado”, reforçou a governadora.

A Setur investiu R$ 190 mil, recursos de fontes próprias, para a execução do projeto básico de sinalização turística, um dos pré-requisitos para reconhecimento pela Unesco. “Ha um compromisso do governo do Estado de fortalecimento desse equipamento turístico. Somos o segundo Geoparque do Brasil a ser reconhecido pela Unesco e sempre estivemos juntos ao território – Setur e Emprotur – para fortalecer e fazer com que ele seja um produto de transformação da região”, disse a secretária de Turismo, Solange Portela.

Parceria com o Sebrae no Geoparque Seridó é destaque
A presidente da Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur), Roberta Duarte, destacou a parceira do Sebrae com o governo do Estado para o desenvolvimento do turismo no RN: “O Sebrae está entrando conosco na programação cultural dos eventos internacionais. Coincidentemente, o Seridó Geoparque estará participando, juntamente com os demais geoparques de língua latina, de uma promoção na Espanha. Então, casou bem o dia de hoje com a promoção que estaremos desenvolvendo na próxima semana em Madri.”

De acordo com Janaína Medeiros, diretora executiva do Consórcio Público Intermunicipal do Geoparque Seridó, o lançamento da 1° fase do projeto vem sendo planejado e organizado desde o ano passado. “Isso representa desenvolvimento socioeconômico de um povo do sertão, sertão do chão rachado, mas que basta um pingo de chuva para, em três dias, mostrar a força e a beleza da Caatinga. Este momento, hoje, é a concretização de um sonho”, comemorou.

O Geoparque Seridó representa um importante marco para o turismo sustentável no Rio Grande do Norte e principalmente para o Brasil, destacando-se como uma área geográfica única e unificada, comprometida com a proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Com a sinalização em andamento e os esforços contínuos de promoção e desenvolvimento, o Seridó Geoparque Mundial da UNESCO está preparado para se tornar um destino turístico de referência no cenário nacional e internacional.

O reconhecimento internacional da Unesco, concedido em abril de 2022, posicionou o Seridó como o segundo geoparque brasileiro a receber tal distinção. Abrangendo uma área de 2.800 km² no semiárido nordestino, o Geoparque engloba seis municípios e possui uma rica diversidade geológica, além de manter viva a memória cultural por meio de práticas tradicionais, museus e centros culturais.

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Postado em 20 de janeiro de 2024