Moraes defende cassação de políticos que usarem IA para desinformação

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), defendeu na manhã desta segunda-feira, 4, a cassação de políticos e candidatos às eleições municipais do ano que vem que utilizarem inteligência artificial (IA) para produzir e disseminar desinformação.Segundo Moraes, em seminário promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, o uso da IA no contexto político pode ampliar o alcance e o convencimento de eleitores por meio da desinformação. Por isso, a aplicação de punições, como cassação de candidaturas e de mandatos, seria importante para combater o problema nos próximos processos eleitorais. O ministro ainda voltou a dizer que as big techs – que administram as plataformas de redes sociais – devem ser submetidas a regulação.

Para ele, a “utilização maléfica” das plataformas – agravada pela evolução e popularização da inteligência artificial – é feita por regimes autoritários de extrema-direita. “A possibilidade desse ingrediente novo, a IA para otimizar a desinformação, isso tem uma causa e uma finalidade. Os instrumentos vão se aperfeiçoando. A utilização maléfica tem uma finalidade, que é sempre a mesma, atacar a democracia, corroer os pilares das democracia ocidentais para manutenção no poder ou conquista de poder de regimes autoritários e de regimes de extrema direita”, afirmou.

O ministro diz ainda que houve uma “overdose de desinformação” nas eleições de 2018, 2020 e 2022, e que o Judiciário aprendeu a lidar melhor com o problema no decorrer dos três pleitos. “Fomos aprendendo. Tivemos a humildade necessária para verificar que fomos surpreendidos em 2018?, disse.

Moraes avalia que, em 2022, houve “um sucesso maior”, mas considera que é necessário “se preparar para uma nova etapa no combate a desinformação”.

Como mostrou o Estadão, a inteligência artificial já é uma realidade entre as equipes de comunicação de políticos e de pré-candidatos às eleições municipais do ano que vem.

O ministro Floriano Azevedo Marques Neto, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou ao Estadão que uma das principais preocupações da Corte em relação ao uso de inteligência artificial é a criação de imagens e áudios falsos, prática conhecida como deepfake. Essa tecnologia permite a produção de vídeos fraudulentos, nos quais pessoas são retratadas realizando ações que nunca ocorreram. Além disso, é possível criar fotos de situações fictícias e até mesmo replicar a voz de alguém para proferir palavras que nunca foram ditas.

Ao analisar o aumento da propagação de desinformação, Moraes diz que “politicos e teoricos de extrema-direita capturaram as redes sociais e passaram a manipular a desinformação com as ferramentas que antes eram utilizadas apenas para uma finalidade comercial”.

O seminário “Inteligência Artificial, Desinformação e Democracia” contou com a participação do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luis Felipe Salomão, corregedor-nacional de Justiça, do ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, atual presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNIF), da secretária-geral da Advocacia-Geral da União (AGU), Clarice Calixto, e do presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jean Lima.

Segundo Salomão, Judiciário, Legislativo e as plataformas de redes sociais devem atuar em conjunto para combater a desinformação, mas isso demanda de regulação das redes. “Há uma certa comodidade das plataformas sob a tese de que elas só retiram conteúdos com decisões judiciais. Há muitos países que já regularam essa forma de atuação e que permitem que essas companhias possam ter a sua parcela de responsabilidade”. avaliou.

Para ele, o processo de regulação deveria partir, preferencialmente, do Congresso Nacional, no entanto, afirmou que “a matéria já passou do tempo de regular”. “O que acaba acontecendo é que o Supremo vai ter que se pronunciar”, acrescentou o ministro.

O tema está em discussão no Congresso por meio do PL 2630, o chamado PL das Fake News, e em ações no STF que questionam a amplitude do Marco Civil da Internet. O projeto de lei prevê novas diretrizes para as redes sociais em relação a crianças e adolescentes, veiculação de notícias, divulgação de conteúdo falso e impulsionamento de propaganda eleitoral e de conteúdos políticos.

Como mostrou o Estadão, as empresas Google e Meta – controladora do Facebook, WhatsApp e Instagram – lideraram uma operação de pressão e lobby para derrubar o PL das Fake News, da pauta do Congresso brasileiro. Durante 14 dias, as big techs atuaram fortemente para deputados se posicionarem contra a proposta, com ameaças de retirar conteúdo das redes sociais e disseminação de uma campanha de ataques às contas deles na internet.

Correio Braziliense

Postado em 5 de dezembro de 2023

Putin será convidado para cúpula do G20 no Brasil, mas sabe o que pode acontecer se vier, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (4) que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, será convidado para a cúpula do G20, que acontecerá no ano que vem no Rio de Janeiro.

Entretanto, o chefe de Estado brasileiro advertiu que o russo terá que “aferir as consequências” de vir ao país, uma vez que o Brasil é signatário do Tribunal Penal Internacional (TPI) e tem responsabilidades.

“Se Putin vier à reunião do G20 no Brasil, ele sabe o que pode acontecer”, ponderou Lula em entrevista coletiva em Berlim ao lado do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.

O Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão em março contra Putin, acusando-o de ser responsável por crime de guerra pela deportação ilegal de pelo menos 100 crianças da Ucrânia, depois que a Rússia invadiu o país vizinho.

A medida obriga os 123 Estados-membros do tribunal a prender Putin e transferi-lo para Haia para julgamento se ele pisar em seus territórios.

CNN

Postado em 5 de dezembro de 2023

Tiroteio no Senado: há 60 anos, pai de Collor matou colega no plenário e saiu impune

Arnon de Mello (PDC-AL) estava tenso antes de usar o microfone do Senado Federal naquele 4 de dezembro de 1963: se decidisse mesmo discursar, o faria sob jura de morte. Horas antes do início da sessão, num telefonema anônimo, havia sido informado de que o senador Silvestre Péricles (PTB-AL), na sala do café do Senado, apregoava que, se Arnon falasse naquele dia, “encheria sua boca de balas”

A rixa entre os dois não só era conhecida como assombrava aquela legislatura do Senado Federal. Silvestre Péricles de Góis Monteiro e Arnon de Mello eram arquirrivais na política alagoana há mais de uma década. Tudo havia começado em 1950, quando a família Góis Monteiro, que dominava a política local, se encontrava rachada. Ismar, irmão de Silvestre Péricles, decidiu apoiar Arnon de Mello para o governo estadual, esnobando a candidatura indicada pelo grupo do irmão. Desde então, ano a ano, a rivalidade entre Mello e Góis Monteiro escalava para níveis cada vez mais tensos.

Na manhã do dia 4, a ameaça de Silvestre Péricles foi correndo à boca pequena e chegou aos ouvidos do senador paulista Lino de Matos (PTN), que se espantou com o teor da expressão e foi confirmá-la com o próprio Góis Monteiro. Ao questioná-lo se aquilo era verdade, um furioso Silvestre Péricles garantiu a Matos que, sim, encheria de balas a boca de Arnon de Mello se o desafeto tomasse a palavra. Lino de Matos achou melhor avisar o presidente do Senado, o colega de São Paulo Auro de Moura Andrade (PSD).

Moura Andrade já havia tomado medidas de segurança excepcionais para aquele dia, em face dos boatos de que capangas alagoanos estariam no Congresso Nacional para ajudar seus clãs se o conflito chegasse às vias de fato. Além de uma revista mais rigorosa para acessar a galeria do público, guardas à paisana estavam espalhados pelo recinto. Com o recado de Lino de Matos, porém, Auro achou melhor emitir um aviso incomum antes de ceder a palavra a Arnon de Mello, o primeiro a falar naquela sessão.

“A presidência precisa declarar que manterá a ordem e o respeito indispensáveis no Senado, nos limites máximos de sua força”, afirmou Moura Andrade. Em seguida, passava a considerar que algum ilícito estivesse prestes a acontecer. “Se houver qualquer delito, será imediatamente aberto inquérito e lavrado o auto de flagrante”, completou o presidente do Congresso. “Isto é provocação”, confessou Góis Monteiro ao colega José Kairala (PSD-AC), um jovem e simpático senador em exercício que, em resposta, lhe pediu calma.

Arnon tomou a palavra às 15 horas e 3 minutos. “Presidente”, disse Mello, “permita que eu faça o meu discurso olhando na direção do senador Silvestre Péricles de Góis Monteiro, que ameaçou me matar, hoje, ao começar o meu discurso…” Neste momento, interrompeu a fala. Notou que Silvestre Péricles vinha rumando ao seu encontro com o braço direito erguido, o dedo em riste e a garganta saltada pelos sucessivos gritos de “crápula”. Arnon sacou o revólver e, mirando o desafeto, disparou duas vezes.

Estava instalado o tumulto. Góis Monteiro agachou rapidamente e saiu ileso. Enquanto os guardas do Senado tentavam imobilizar Arnon, ele acabou atirando pela terceira vez. Silvestre Péricles, escorado entre as cadeiras da bancada, sacou o revólver e seguiu ao encontro de Mello. Achou um ângulo, mirou no desafeto e estava prestes a atirar. Era só apertar o gatilho, pois o mecanismo do revólver já estava acionado.

Subitamente, surge o senador João Agripino (UDN-PB), que se joga em cima de Góis Monteiro e, empunhando a arma do alagoano, trava o percursor do revólver com o dedo, impedindo o disparo. Agora, ambos estavam imobilizados e o susto parecia ter passado. Mas havia um ferido: José Kairala, que estava a poucos metros de Silvestre Péricles, foi atingido no primeiro tiro.

Vítima era senador por acaso naquele dia
Kairala José Kairala tinha 39 anos e estava em exercício do mandato por acaso. Nasceu em Manaus, mas se mudou com 1 ano de idade para Brasiléia, na fronteira do Acre com a Bolívia, onde foi comerciante e prefeito. Era o suplente de José Guiomard (PSD-AC), que estava licenciado para tratar uma pneumonia.

Havia assumido a cadeira no Senado em 4 de julho daquele ano e estava empolgado com a oportunidade. De acordo com o senador Adalberto Sena (PTB-AC), Guiomard pretendia reassumir o mandato no mês anterior à tragédia, mas, a pedido do próprio Kairala, concordou em adiar o retorno ao Congresso.

A licença de José Guiomard expirou no dia 3 de dezembro. Anos depois, em seu livro de memórias, Auro de Moura Andrade afirmou que, naquela terça-feira, José Kairala o procurou em seu gabinete e pediu permissão para comparecer à sessão do dia seguinte. Alegou que o titular só chegaria em Brasília no dia 5 e, além de tudo, gostaria que a família estivesse presente para acompanhar seu último dia como senador. Auro permitiu que Kairala estivesse no plenário, desde que não tomasse a palavra nem votasse na ordem do dia.

Após o tiro, o suplente foi levado às pressas para o Hospital Distrital de Brasília, que fica a cinco quilômetros do Congresso Nacional. Os detalhes quanto ao translado são incertos. Numa versão, é dito que o transporte foi feito na ambulância do Senado; em outra fonte, a corrida ao hospital teria sido no carro nº 80 do Senado Federal, da liderança do Partido Trabalhista Brasileiro.

Kairala veio a óbito às 20 horas e 5 minutos, na sexta parada cardíaca e após sucessivas transfusões. O estoque de plasma do hospital foi esgotado e mais de 15 litros de sangue foram utilizados no processo. Durante a tarde, diversos parlamentares haviam se prontificado a doar sangue na tentativa de salvar o colega, que deixou três filhos pequenos e uma viúva grávida de 7 meses.

Tragédia anunciada diante dos ânimos exaltados
“Era uma tragédia anunciada”, diz Thayná Alexandre, pesquisadora e mestre em História pela Universidade Federal do Alagoas (UFAL), sobre o tiroteio em pleno Senado. Thayná é autora de uma dissertação de mestrado sobre a trajetória política de Arnon de Mello e explica que o encontro dos arquirrivais alagoanos no Senado Federal causava apreensão desde o início da legislatura. “Todo mundo já esperava que alguma coisa fosse acontecer entre o Silvestre Péricles e o Arnon de Mello. Eram duas figuras que já vinham trocando ameaças há muito tempo, um dizendo pro outro que partiria para as vias de fato”, afirma a pesquisadora.

O clima para o início da legislatura era o pior possível. Em 1962, enquanto ainda era candidato ao Senado, Arnon foi ameaçado por Silvestre Péricles. Se fosse eleito, segundo Góis Monteiro, “levaria um tiro na cara” no dia da posse. Venceu as eleições e, em janeiro de 1963, encaminhou um telegrama ao presidente do Senado rechaçando as bravatas. Silvestre Péricles estava no Plenário neste momento. “Então o Arnon pensa que eu sou bicho-papão? Não sou nada disso”, reagiu o senador. E, empunhando um livro de poesias que havia acabado de lançar, virou-se para um repórter e disse: “Eu sou o poeta do amor e da saudade!”.

Poeta ou não, o serviço de segurança do Senado foi reforçado. Apesar da apreensão, Arnon e Silvestre Péricles não chegaram às vias de fato e a posse ocorreu sem maiores incidentes.

Tempo e convivência não resolveram o conflito
Dias depois da posse, ao jornal carioca Diário da Noite, o presidente Auro de Moura Andrade orgulhou-se de ter adotado “as mais rigorosas providências” para evitar o “conflito armado que se anunciava” entre os dois desafetos. Estava esperançoso: disse que, com o devido tempo e convivência, os alagoanos se resolveriam.

Moura Andrade, no entanto, foi desmentido ao longo do ano. Se era questão de convivência, não adiantou: cinco poltronas separavam Arnon de Silvestre, mas a rixa não esfriou. Nem o tempo adiantou: em agosto, Arnon foi nomeado para representar o Brasil em conferências internacionais entre parlamentares. Passou um bom período fora do País e Silvestre Péricles aproveitou a ausência do rival para carregar ainda mais suas bravatas.

Antecedentes imediatos incluíram representação no exterior
Segundo o senador Milton Campos (UDN-MG), proeminente político da época e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), teria sido a nomeação de Arnon para representar o Brasil no estrangeiro o motivo do acirramento dos ânimos de Silvestre para com Arnon. Campos deu esse palpite no depoimento que prestou à Justiça, no qual relembrou um antecedente imediato à tragédia: o embate de Góis Monteiro com a CCJ.

Se era mesmo o “poeta do amor e da saudade”, Silvestre se valia repetidas vezes de palavras de baixo calão. Havia uma cláusula no Regimento Interno do Senado Federal que proibia a transcrição de palavras impróprias para o Diário Oficial, mas Góis Monteiro as utilizava na tribuna e fazia questão de vê-las publicadas. Para emplacar as ofensas, chegou a entrar em conflito com a CCJ, mas foi voz vencida e, hoje, não se sabe o que ele teria dito contra Arnon.

Episódio gerou proibição de porte de arma no Senado
O homicídio em pleno Congresso Nacional chocou a opinião pública. O Senado reagiu com a aprovação imediata de duas resoluções. A primeira delas, votada no dia seguinte ao crime, proibia o porte de arma nas dependências do Senado. Quando Arnon de Mello pediu para falar na direção do senador Góis Monteiro, não era mera provocação: no Regimento Interno, proibia-se que um senador discursasse na direção de um colega. O porte de arma, por sua vez, era permitido até ali.

Em 8 de dezembro, foi aprovada uma resolução que lavrou o flagrante do homicídio, levando os senadores envolvidos à prisão. Nas horas que antecederam a aprovação do projeto, líderes do Senado discutiam intensamente sobre a cassação ou não dos mandatos de Arnon e Silvestre Péricles. Predominou o entendimento de que a eventual perda dos cargos seria uma decisão da Justiça.

Por fim, um projeto de resolução apresentado em 1963 previa o pagamento, às custas do Senado Federal, da escola primária e secundária dos filhos do senador Kairala. Essa medida, no entanto, ficou quase dois anos parada, sendo aprovada apenas em novembro de 1965.

Prisões, inquérito e júri
Arnon e Silvestre Péricles permaneceram presos em locais separados. Arnon ficou detido na Base Aérea de Brasília; Silvestre Péricles, no Batalhão de Guardas Presidencial. Segundo reportagens da época, nos dias em que esteve preso, Góis Monteiro não se separava de seu revólver calibre 38, incomodando os guardas do Batalhão. E o senador continuou com as bravatas, dizendo que, ao sair da prisão, mataria o juiz. “Tratarei urgentemente de meu testamento”, reagiu com bom humor Waldir Meuren, responsável pelo processo na Primeira Vara Criminal de Brasília.

Nas primeiras semanas de 1964, 18 testemunhas foram ouvidas: 8 apontadas pelo Ministério Público (MP), 8 por Arnon e 2 por Silvestre Péricles. Em 26 de fevereiro de 1964, o MP emitiu seu parecer por meio do promotor Sepúlveda Pertence. Nos anos seguintes, ele viria a ser um dos maiores juristas da história do País e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante 27 anos, Sepúlveda Pertence dividiu o plenário do STF com o ministro Marco Aurélio Mello, sobrinho de Arnon.

Pertence solicitou a pronúncia dos dois denunciados. No jargão jurídico, a pronúncia é um aval para que os acusados sejam levados a júri popular. Segundo o promotor, Arnon deveria ser processado pois, de forma inconteste, havia saído de sua arma o disparo que vitimou o senador Kairala. Silvestre Péricles, por sua vez, deveria ser pronunciado por tentativa de homicídio, pois estava prestes a atirar no desafeto e só não o fez pela súbita intervenção de João Agripino.

Caso virou e garantiu a impunidade dos dois envolvidos
Em 17 de abril de 1964, o juiz sumariante Djalmani Castelo Branco deu sua sentença: Silvestre Péricles foi impronunciado; Arnon de Mello, por sua vez, foi pronunciado e iria ao júri popular. Góis Monteiro, de fato, estava prestes a alvejar Arnon, mas, no entendimento do juiz, não poderia ser julgado por tentativa de homicídio pois não chegou a apertar o gatilho. A Silvestre Péricles, Djalmani atribuiu apenas uma responsabilidade moral pelo incidente. Na avaliação de Castelo Branco, Arnon havia incorrido na prática de homicídio por aberratio ictus, isto é, “erro na execução”. Mello não acertou o alvo que pretendia, mas deveria responder como se tivesse praticado o crime contra a pessoa visada.

Dias depois, contudo, a defesa de Arnon interpôs recurso e obteve vitórias decisivas. Em 16 de junho, o promotor Milton Sebastião Barbosa acatou uma alegação dos advogados que mudava a natureza do homicídio de doloso para culposo. O tribunal do júri só pode julgar crimes dolosos. Para completar, em 29 de junho de 1964, o réu foi absolvido por unanimidade, prevalecendo a tese de que havia agido em legítima defesa.

Volta ao Senado com calma, bom humor e cumprimentos
Arnon foi solto horas depois da absolvição e, no dia seguinte, voltou ao Senado Federal. No retorno ao Congresso, foi noticiado que recebeu “efusivos cumprimentos” dos colegas. Silvestre Péricles já estava solto desde a impronúncia e retornou ao Senado em 7 de julho. Estava abatido por uma recente cirurgia, mas aparentava calma e bom humor.

Parecia que nada havia acontecido meses antes, ao que José Guiomard, o titular da cadeira que Kairala ocupou, protestou publicamente. Tomou a palavra para reclamar da morte esquecida do colega. “Alguém ignora que aqui dentro foi ferido de morte um ilustre homem público? Acho que ninguém. Morreu de colapso? Certo que não. O que houve foi bala”, provocou Guiomard. “Mas até hoje não se aponta ninguém culpado, pois a Justiça impronunciou, absolveu todo mundo – o único condenado, condenado à morte, foi José Kairala”.

Sem condenados e sem indenização à família da vítima
Com a impronúncia de Silvestre e a absolvição de Arnon por legítima defesa, não restaram imputáveis para o pagamento de indenizações à viúva e aos quatro órfãos. Em 1988, a revista Veja localizou a família do senador assassinado e revelou as dificuldades financeiras da viúva para criar os quatro filhos. “A rixa entre duas pessoas que nada tinham a ver com minha família e a irresponsabilidade de dois políticos em entrar armados no Congresso Nacional me transformaram de mulher de senador em lavadeira e babá”, reclamou a viúva de Kairala à revista. “Para não ver meus filhos passarem fome, arregacei as mangas e fui para o tanque lavar roupas para os outros”.

Ela chegou a processar Arnon de Mello e a União para o pagamento da pensão. Absolvido na Justiça de Brasília, Arnon se eximiu de qualquer custeio. A União também não quis indenizar a família. A viúva recorreu e, no trâmite das instâncias superiores, perdeu qualquer pagamento de vista.

Com golpe, país mudou enquanto eles estiveram detidos
Arnon e Silvestre Péricles retornaram da reclusão em um mundo político completamente diferente do que haviam vivido até dezembro de 1963. Da cadeia, os alagoanos assistiram às transformações políticas e sociais do período: Arnon era entusiasta do golpe militar; Silvestre Péricles, apoiador das reformas de base. João Goulart havia sido deposto em 1 de abril e o País, agora, vivia os primeiros meses do que viria a ser o maior regime de exceção de toda a sua história.

Góis Monteiro permaneceu no Senado até 1967. Em 1966, perdeu a recondução para Teotônio Vilela e se aposentou da vida pública. Além de senador, havia sido deputado federal, governador de Alagoas e ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). O poeta do amor e da saudade morreu em 1972.

Arnon de Mello foi senador até morrer, em 1983. Durante o período em que esteve detido, os filhos mais velhos estiveram ao seu lado, ocupando-se da sua correspondência. Os filhos mais jovens – Pedro, futuro delator, e Fernando, futuro presidente do Brasil – permaneceram no Rio de Janeiro.

Caminhos cruzados com o médico que atendeu a vítima
Na época do tiroteio, Fernando Collor ainda era um adolescente e estudava no colégio carioca São José. Anos depois, seguiria os passos do pai, trilhando um caminho além: foi eleito prefeito de Maceió, deputado federal, governador de Alagoas e, em 1990, chegou ao Palácio do Planalto. Também viria a ser senador por dois mandatos, entre 2007 e 2023.

Em 1992, seu último ano na presidência, houve uma dança das cadeiras no Ministério da Saúde. Em 11 meses, quatro ministros assumiram a pasta. O penúltimo deles foi o cardiologista Adib Jatene, conhecido em Brasília por ser o cirurgião dos mais importantes políticos do País. Quanto a Fernando Collor, porém, havia tido pouco contato. O ministro alegou que, antes da nomeação, tinha se encontrado com o então presidente apenas quatro vezes.

Apesar do contato restrito, há de se dizer que Jatene, na verdade, já havia cruzado com o destino da família Collor três décadas antes. Na tarde de 4 de dezembro de 1963, no Hospital Distrital de Brasília, foi Adib Jatene quem atendeu o senador José Kairala, ferido à bala por Arnon de Mello, pai de Fernando.

Estadão

Postado em 5 de dezembro de 2023

Velocidade no afundamento de mina volta a subir em Maceió, após dias em queda

Depois de dias em queda, novo balanço da Defesa Civil de Maceió mostra que velocidade de afundamento de mina da Braskem na cidade volta a subir. Segundo o órgão, a região cai agora 0,26 cm por hora — 0,01 a mais que o registrado no relatório divulgado na manhã desta segunda-feira. O ritmo vinha desacelerando desde o dia 21 de novembro, e a região já afundou 1,8 metro.

A localidade e as imediações da mina de número 18 seguem em alerta máximo em função do risco iminente de colapso, segundo o coordenador-geral de Defesa Civil de Maceió afirmou ao GLOBO neste domingo. A Braskem disse, nesta segunda-feira, que cinco das 35 minas de sal-gema foram preenchidas com areia, uma das estratégias para o fechamento total dos poços, seguindo plano apresentado e aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). O órgão recomendou que nove cavidades sejam totalmente preenchidas.

De acordo com a Braskem, em nota, outras três minas estão com os trabalhos em andamento e uma está “pressurizada, indicando não ser mais necessário o preenchimento com areia. Além dessas, em outras cinco cavidades foi confirmado o status de autopreenchimento”. O plano, que está 70% concluído de acordo com a mineradora, deve ser concluído em meados de 2025.

O Globo

Postado em 5 de dezembro de 2023

Cedae faz manutenção preventiva do Guandu nesta terça; retomada da distribuição de água pode levar até 72 horas

Depois de três adiamentos, a Cedae vai realizar a manutenção preventiva do Sistema Guandu das 4h desta terça-feira até as 4h de quarta. Composto pela Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu e dois subsistemas de água tratada, Marapicu e Lameirão, o sistema é responsável pelo abastecimento de mais de 10 milhões de pessoas no município do Rio e na Baixada Fluminense. A normalização da distribuição de água nos bairros da capital fluminense será feita de forma gradual a depender da localidade, e pode até 72 horas em pontas de rede e regiões elevadas.
Durante o serviço, a produção de água vai ficar interrompida, afetando o abastecimento para o município do Rio e da Baixada Fluminense. A operação do sistema será retomada gradativamente logo após a conclusão da manutenção.

Em Belford Roxo, Duque de Caxias, Mesquita, Nova Iguaçu, Nilópolis, Queimados e São João de Meriti, a concessionária Águas do Rio decidiu antecipar para as 22h desta segunda-feira, o período de início da suspensão do fornecimento de água. A medida permitirá a execução de 18 serviços — seis deles em tubulações de grande porte e que, por isso, levam mais tempo para serem concluídos.

— Os serviços que vamos executar são complexos, e alguns deles dependem que as tubulações de grande porte estejam secas. Essa janela da manutenção preventiva nos dará essa oportunidade. No Centro de Nova Iguaçu, por exemplo, aproveitaremos para substituir trecho deteriorado de adutora com um metro de diâmetro, trabalho que não teria como ser feito em um dia comum sem gerar impactos aos nossos clientes — explica o diretor de Operações da concessionária, Josélio Alves Raymundo.

A Iguá, responsável por atender 1,2 milhão de pessoas em 18 bairros da Zona Oeste, e nos municípios de Miguel Pereira e Paty do Alferes, informou que deve reforçar a sua equipe de atendimento e que vai priorizar o abastecimento aos serviços essenciais, tais como unidades de saúde e ensino.

Os reparos são parte da preparação para o verão. É recomendado que a população economize água para o período, adiando tarefas não essenciais.

– Quanto mais próximo do verão fizermos a paralisação, mais garantia teremos de passar pelo período mais quente do ano com a estação performando sem intercorrências, ou seja, produzindo em sua capacidade total. Caso fizéssemos esta paralisação no inverno, teria uma janela de seis meses para surgir um problema na estação. E, se fosse necessário parar a estação para corrigi-lo, só conseguiríamos fazer depois do verão, e a operação ficaria comprometida, podendo causar redução na produção de água logo no período em que há maior demanda – explica Daniel Okumura, diretor de Saneamento e Grande Operação da Cedae.

A manutenção aconteceria no dia 16/11, mas foi adiada três vezes. A primeira, por conta da forte onda de calor que atingiu o Rio, a segunda, por causa dos apagões em diversos bairros da cidade e a terceira, pelo rompimento de uma adutora da Águas do Rio em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Nesta terça-feira, os técnicos farão inspeções e correções para reforçar a eficiência do sistema, como instalação de equipamentos, reparos gerais, ajustes eletromecânicos, revisão de peças e limpeza das estruturas que não podem ser acessadas durante a operação normal.

Manutenção do sistema de distribuição
Durante a manutenção do Guandu, a Rio+Saneamento vai fazer algumas intervenções em pontos estratégicos de estações de bombeamento e redes de distribuição. A concessionária é concessionária responsável pela distribuição na Área de Planejamento 5 (AP5), que atende 1,8 milhão de habitantes de 24 bairros da Zona Oeste do Rio.

Entre as ações, está a instalação de válvulas automatizadas em tubulações, o que permitirá a operação à distância e em tempo real por meio do Centro de Controle Operacional (CCO) da concessionária, sem a necessidade de interferência manual. A tecnologia também diminui os impactos causados em eventuais manutenções, como interrupções no fornecimento de água à população. Além disso, a automação das tubulações confere um maior controle da pressão da água dentro das tubulações, reduzindo perdas de água.

As melhorias também incluem substituições, instalações e avaliações de componentes da Nova Elevatória do Lameirão, responsável pelo abastecimento da adutora Veiga Brito (túnel canal), dos bairros de Senador Camará e Santíssimo, além de partes de Campo Grande, Guaratiba e Ilha de Guaratiba. Instalação de válvulas e substituições de registros e ventosas também estão programados para ocorrer em pontos de Realengo, Santa Cruz, Santíssimo e Campo Grande.

A Águas do Rio também realizará melhorias em tubulações das redes de distribuição, na Baixada Fluminense e na capital, além de ações voltadas para aumentar a eficiência operacional de sistemas de bombeamento de água, como reparos e substituições de motores e equipamentos elétricos.

A orientação da concessionária é que os clientes mantenham cisternas e caixas d’águas abastecidas, reservando água para atividades prioritárias e adiando atividades não essenciais até a regularização do fornecimento. A Águas do Rio disponibilizou o telefone 0800 195 0 195, para ligações gratuitas e mensagens via WhatsApp.

O GLOBO

Postado em 5 de dezembro de 2023

‘Ducha interna’: a bebida viral do TikTok que promete purificar o corpo e eliminar toxinas

Em meio a uma crescente tendência social de ter hábitos saudáveis, cada vez mais pessoas reconhecem a importância de cuidar da saúde e do bem-estar por meio da alimentação. Hoje, os alimentos naturais e orgânicos são priorizados e os alimentos ultraprocessados, ​​com aditivos artificiais, são limitados. Há uma mudança de pensamento em relação ao autocuidado e à consciência de como as escolhas alimentares impactam a saúde.

Muitas dessas mudanças podem ser percebidas nas redes sociais. Nos últimos tempos, o TikTok tornou-se uma “bíblia online”, onde tudo o que revela ou mostra é considerado “palavra sagrada” pelos seus usuários. Beber vinagre de maçã com o estômago vazio, água com clorofila para reduzir o inchaço ou comer pólen de abelha para aumentar a imunidade são apenas algumas das milhares de recomendações feitas pelos Tiktokers que prometem saúde.

A última recomendação viral que surgiu e que ainda circula nesta rede social é a hashtag #internalshower, que conta com mais de 120 milhões de visualizações. Os vídeos que podem ser encontrados nesta busca focam em uma bebida que, segundo os influenciadores, “faz milagres no corpo”: água com limão e sementes de chia. Os conteúdos variam, desde pessoas que experimentam este líquido e destacam como ele alivia os sintomas de problemas digestivos (incluindo inchaço e prisão de ventre), até nutricionistas e profissionais registrados que avaliam a eficácia.

Esta bebida desintoxicante foi divulgada por Daryl Gioffre, um famoso nutricionista e autor de best-sellers que visam alcançar uma saúde digestiva ideal, como “Get Off Your Acid” e “Get Off Your Sugar”. Nas palavras de Gioffre, essa bebida que simula “uma ducha interna” é composta por 2 colheres de sopa de sementes de chia, um copo de água, o suco de 1 rodela de limão e 1/8 colher de chá de sal. Os ingredientes devem ser misturados e deixados a descansar por cinco minutos ou até que as sementes de chia comecem a formar um gel/gota protetora ao seu redor.

A grande questão que surge desta moda é: de onde veio esta crença e quão eficaz é beber esta poção para curar o corpo?

“Ajudou-me a combater a prisão de ventre e a reduzir o inchaço”; “Desde que tomei tenho menos fome, consigo passar horas sem precisar comer”; “Parece que eles estão limpando você por dentro.” Esses são alguns dos comentários que mais se destacam entre as avaliações feitas pelos usuários online.

🔎Sob a lupa
A crescente popularidade da água potável com sementes de limão e chia se deve, em grande parte, aos inúmeros benefícios à saúde oferecidos pelos ingredientes separados do “chuveiro interno”. Se esta bebida for analisada detalhadamente, seus componentes estão associados à saúde. Hidratação, propriedades antioxidantes, vitamina C, fibras e ômega-3 são parte dos benefícios que estão relacionados à água, limão e sementes de chia. Porém, o que os profissionais dizem sobre essa bebida?

— É uma boa forma de transportar a chia, pois muitas pessoas têm dificuldade em incorporá-la à alimentação. O problema que ocorre com essas tendências é que muitas vezes nas redes sociais são atribuídos efeitos mágicos a determinados alimentos ou bebidas, prometendo rápida perda de peso ou eliminação imediata de toxinas quando, na verdade, nenhum alimento ou bebida fará com que isso aconteça — alerta o nutricionista Rocío Tordini.

O profissional diz também que devemos ter cuidado com as tendências alimentares que circulam nas redes sociais e não acreditar que existam alimentos ou substâncias mágicas, embora que beber água com limão e sementes de chia ofereça diversos benefícios à saúde.

  1. Chia
    Primeiramente, dona Tordini destaca que a bebida proporciona saciedade graças ao teor de fibras das sementes de chia, o que torna o processo de esvaziamento gástrico mais lento. Uma investigação publicada na revista internacional Molecules e chamada “Sementes de Chia: Uma revisão abrangente sobre seus benefícios nutricionais e para a saúde”, avaliou os benefícios nutricionais da chia e os profissionais responsáveis ​​concordaram que este alimento é uma excelente fonte de fibras, proteínas e ômega -3 ácidos graxos. Ao observar os participantes da amostra após consumirem as sementes, os pesquisadores perceberam que vários aspectos do corpo melhoraram, entre eles: saúde cardiovascular, níveis de açúcar no sangue e melhor digestão.

De acordo com o exposto, Tordini destaca que o consumo de sementes de chia pode reduzir o colesterol e os triglicerídeos devido ao alto teor de ômega 3 e fibras que possuem. “Também previnem a constipação, pois a fibra das sementes tem a capacidade de reter água e acelerar o trânsito gastrointestinal”, revela. Da mesma forma, explica que este último colabora com a redução do tempo de contato das substâncias cancerígenas com a mucosa do cólon.

  1. Limão
    Em relação ao limão, durante séculos esta fruta cítrica foi usada para tratar o escorbuto – uma condição que pode se desenvolver devido à falta de vitamina C. A pesquisa, entitulada ‘Vitamina C e Função Imunológica’, sustenta que esta vitamina presente nas frutas cítricas é necessária para que o sistema imunológico gere e mantenha uma resposta adequada contra infecções ou ameaças.

— Fornece antioxidantes que previnem os danos dos radicais livres e fortalecem o sistema imunológico. Esse benefício também está relacionado aos polifenóis – grupo de substâncias presentes nas plantas com alta capacidade antioxidante – que a chia fornece — afirma Tordini.

Ao mesmo tempo, ele enfatiza a importância de consumir alimentos antioxidantes por meio da dieta para evitar as consequências dos poluentes ambientais que causam estresse oxidativo – condição que ocorre quando há muitas moléculas instáveis ​​no corpo – como produtos químicos derivados da fumaça do cigarro.

Além disso, embora muitos dos comentários e críticas daqueles que experimentaram esta bebida afirmem que o seu consumo foi “um antes e um depois” nos seus intestinos, esta pode ser uma reação subjetiva. No entanto, um estudo publicado na revista Scientific Report descobriu que o consumo prolongado de polifenóis de limão previne alterações intestinais relacionadas ao envelhecimento.

— Esses efeitos na saúde não são provenientes exclusivamente da bebida, mas também podem ser obtidos através do consumo de outros alimentos fontes de fibras, vitamina C e antioxidantes, como frutas, vegetais e outras sementes, como girassol, linhaça ou gergelim — conclui Tordini.

O GLOBO

Postado em 5 de dezembro de 2023

MPF diz que pedido de desculpas do Banco do Brasil sobre papel na escravidão não é suficiente

O Ministério Público Federal (MPF) considerou insuficiente o pedido de desculpas do Banco do Brasil (BB) na reparação do dano pela participação do banco na escravidão. Embora o MPF considere a iniciativa do banco um avanço diante do silêncio histórico da instituição, avalia que são necessárias medidas complementares.
“Se, por um lado, é inadmissível que convivamos com o apagamento e o silêncio ante essa tragédia histórica, mostra-se fundamental, por outro, que não nos limitemos a um mero pedido de desculpas, por melhores que sejam as intenções”, cita o MPF em um trecho do parecer.

O despacho é assinado pelos procuradores regionais dos direitos do cidadão Julio José Araujo Junior, Jaime Mitropoulos e Aline Mancino da Luz Caixeta. Eles analisaram os desdobramentos do inquérito civil para apurar o envolvimento do BB no tráfico de pessoas negras escravizadas no século 19. Pesquisas sustentam que o capital do banco foi formado, em parte, com recursos de traficantes de escravizados.

Para o MPF, a iniciativa do banco ainda não atende ao propósito da reparação, pois é limitada no tempo e não enfrenta problemas estruturais.

Os procuradores sugerem a criação de uma plataforma de pesquisas sobre o tema, o financiamento de projetos que resgatem a história relacionada à escravidão e de produção de material didático para ampla divulgação. Para o MPF, a reparação envolve uma constante reflexão do BB, como, por exemplo, permear os processos de recrutamento, treinamento, orientação e posições de liderança.

Para colher sugestões da sociedade, o MPF abriu um processo de consulta pública sobre o tema por 60 dias. O MPF deu prazo de 20 dias para que o BB possa se manifestar.

Procurado, o BB informou em nota que já vem implementando medidas pela igualdade racial:

“O BB já vem debatendo com entidades públicas e privadas e movimentos negros, em especial por intermédio do Ministério da Igualdade Racial, e implementando um amplo conjunto de medidas concretas pela igualdade racial, de gênero e em prol da diversidade.”,

O GLOBO

Postado em 5 de dezembro de 2023

Vereador de Caruaru viraliza ao relatar na tribuna ‘perrengue’ em compromisso político: ‘me cagando’

Um vereador de Caruaru, no Interior de Pernambuco, viralizou nas redes sociais após contar que passou por uma dor de barriga durante um compromisso político. No plenário da Câmara Municipal, na última sexta-feira (1º), o representante compartilhou o “perrengue” com os demais colegas para “quebrar o gelo”.
Em vídeo, Nelson Diniz (Cidadania) relatou que precisou ir à localidade do Sítio Juá, na zona rural do município, onde viveu momentos inusitados. A sessão solene concedia o título de cidadão de Caruaru a Diogo de Carvalho Bezerra e ao próprio parlamentar.

“Parei próximo a Polícia Rodoviária Federal e disse: para, para, para! Estou já me cagando e corri. Fui pra dentro dos matos. Quando arreio as calças e faço assim (se abaixou), pois num tinha um velho, que disse: eu cheguei primeiro, viu”, disse.

O parlamentar contou que uma mulher queria tirar uma foto do momento para compartilhar nas redes sociais. Nelson ainda disse que um idoso utilizava o local e precisou buscar outro banheiro improvisado.

“Eu fiz assim, ele ainda deu uma risada pra mim. Eu disse, o senhor tem razão. Saí correndo. O cara quando nasce é assim para o sofrimento. Mas eu já tô acostumado. Fiz lá meu trabalho direitinho”, disse.

Diário do Nordeste

Postado em 5 de dezembro de 2023

Goleiro Bruno vira coach: vai trabalhar a mente dos clientes

O goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato da modelo Eliza Samudio em 2010, agora tem outra atividade: é coach esportivo, responsável por trabalhar a mente de profissionais de alto rendimento e equipes, com ênfase na disciplina.

Ele mesmo, com a ajuda de amigos, vem divulgando a novidade por meio das redes sociais. Bruno chegou a fazer um curso intensivo online para adquirir a habilidade.

Depois de ter migrado para o regime semiaberto em 2019, Bruno ainda se mantém no futebol, atuando como goleiro amador em eventos por cidades do Estado do Rio.

Em junho de 2010, quando jogava pelo Flamengo e tinha seu nome cotado para a Seleção brasileira, Bruno foi declarado suspeito pela Polícia Civil de Minas Gerais pelo desaparecimento de Eliza, com quem teve um filho.

Em março de 2013, sua condenação foi anunciada pela Justiça de Minas por homicídio triplamente qualificado, cárcere privado, sequestro e ocultação de cadáver.

TERRA

Postado em 5 de dezembro de 2023

Natal supera Nova York e é o segundo destino mais procurado para festas de fim de ano

Destinos litorâneos nacionais, como Porto de Galinhas e Natal, estão entre os primeiros lugares no roteiro dos brasileiros para comemorar o Natal e o Ano Novo. É o que aponta um levantamento realizado pela agência online de turismo, ViajaNet, que apurou o volume de pacotes (passagens e hotéis) para os dias 23 de dezembro a 1 de janeiro de 2024.

A pesquisa revelou que a procura por locais de veraneio representa 60% das preferências dos passageiros para as datas comemorativas de fim de ano. Na lista, o litoral nacional não fica para trás, com quatro destinos. Por sua vez, nas viagens para o exterior, os turistas preferem visitar locais mais próximos ao Brasil. Localidades perto do mar também aparecem como prioridades, mas quem se destaca é o frio norte-americano.

De acordo com a CMO do ViajaNet, Daniely de Oliveira, a preferência pelo litoral brasileiro é típica da época, mas a inclinação é para viagens que cabem no bolso. “Esse ano, os voos domésticos bateram recorde em volume de transporte de passageiros desde 2015. As pessoas querem conhecer o próprio país, comprando com antecedência e pesquisando ofertas. E esse movimento também impacta o setor hoteleiro, porque, além da passagem, o consumidor está interessado na hospedagem mais vantajosa”, diz.

As praias nordestinas conquistam o primeiro e segundo lugar na lista para passar as férias do final do ano. Porto de Galinhas, em Pernambuco, e Natal, capital do Rio Grande do Norte, representam juntas 16% do volume de vendas dos pacotes turísticos. Já com 5% das buscas, a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, se situa em terceiro lugar, com Gramado, em quarto lugar, também com o mesmo percentual da metrópole americana, ambos os destinos para quem quer fugir do calor.

Rio de Janeiro, Punta Cana, na República Dominicana, e Riviera Maya, no México, alcançam no ranking 5% das vendas dos bilhetes aéreos e hospedagens, cada uma. E mais tarde na lista, aparece Ilhéus (4%), na Bahia, município com a maior extensão litorânea do estado baiano. Em seguida, representando a América do Sul, Buenos Aires, capital da Argentina, se localiza na sétima posição com 4%. Não muito distante dos argentinos, Foz do Iguaçu, no Paraná, ocupa o décimo lugar.

96FM

Postado em 5 de dezembro de 2023

Cantor Alexandre Pires é alvo de operação da PF contra garimpo ilegal

O cantor Alexandre Pires é alvo de investigação da Polícia Federal, suspeito de integrar um esquema de garimpo ilegal em Terras Indígenas Yanomami (TIY). Ao todo, a organização teria movimentado R$ 250 milhões.

A notícia é do Metrópoles. A Operação Disco de Ouro, da Polícia Federal, foi deflagrada na manhã desta segunda-feira (4). A PF cumpriu mandado de busca e apreensão no cruzeiro do cantor, em Santos. A operação tem o objetivo de desarticular um esquema de financiamento e logística do garimpo ilegal.

A organização teria contado com o envolvimento de Matheus Possebon, um famoso empresário do ramo musical, de expressão nacional. Segundo a investigação, ele seria um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes. Alexandre Pires teria recebido ao menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada.

As equipes cumpriram dois mandados de prisão, bem como seis de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima, em Boa Vista (RR), Mucajaí (RR), São Paulo (SP), Santos (SP), Santarém (PA), Uberlândia (MG) e Itapema (SC). A Justiça determinou, ainda, o sequestro de mais de R$ 130 milhões em bens dos suspeitos.

96fm

Postado em 4 de dezembro de 2023

Governadora anuncia como será pago o 13º dos servidores estaduais

A governadora Fátima Bezerra (PT) anunciou no X (antigo Twitter) como será feito o pagamento do 13º salário de 2023.

O pagamento será em quatro datas, e não três como chegou a ser dito pelo secretário estadual da fazenda Cadu Xavier, começando a partir da próxima sábado, dia 9, quando será pago o valor integral para quem ganha até R$ 7 mil líquido (exceto carreira do magistério e órgãos com arrecadação própria que receberam adiantamento em junho), receberão o décimo terceiro integralmente em suas contas. Serão 66.386 servidores entre ativos e pensionistas.

No dia 20 de dezembro, os servidores ativos de órgãos com arrecadação própria como: Arsep, Ipem, Jucern, Detran e Idema, que tiveram o adiantamento de 30% em junho, receberão o complemento.

No dia 30 de dezembro, recebem complemento os servidores ativos da carreira do magistério, que receberam adiantamento em junho. São 21.240 servidores que recebem o valor integral.

Em Janeiro, no dia 10, haverá o complemento do 13⁰ dos demais servidores. Empregados públicos (celetistas) receberam 50% de adiantamento no dia 30 de novembro e no próximo dia 20 de dezembro haverá o complemento.

“É com muita felicidade que faço este anúncio, cumprindo com a palavra de pagar nossos servidores em tempo hábil. São trabalhadores e trabalhadoras que se dedicaram o ano inteiro para um Rio Grande do Norte melhor para a população”, disse a governadora Fátima Bezerra.

Ao todo, serão pagos R$ 713 milhões (excluído IR e Previdência) para os servidores. Serão utilizados R$ 286 milhões de recursos extraordinários oriundos do Governo Federal (40% do total) para quitar o 13⁰.

Blog do Barreto

Postado em 4 de dezembro de 2023

Em disputa polarizada, ‘penetras’ esquentam briga eleitoral de São Paulo

Desde que começaram as primeiras movimentações no xadrez político para ocupar a cadeira da maior cidade do país, o eleitorado paulistano se viu confrontado com um cenário que indicava uma disputa entre dois nomes, um à direita, outro à esquerda, em um desenho semelhante à polarização que permeia o cenário nacional. De um lado, Guilherme Boulos (PSOL), deputado mais votado no estado, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, por ora, líder nas pesquisas. Seu principal rival é o atual dono da cadeira, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que vem tentando costurar um amplo leque de alianças, com partidos como PSD, Progressistas e Republicanos — além, claro, do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem espera contar com o apoio em 2024. Além de ser a mais importante eleição municipal do país, a disputa chama atenção por se apresentar como uma espécie de tira-teima das forças que continuam monopolizando a cena política do país, depois de duelarem no último pleito presidencial.

Nas últimas semanas, no entanto, dois outros nomes vêm ganhando espaço no ringue da campanha. Um dos “azarões” é Tabata Amaral, uma deputada do PSB de 30 anos que pode roubar votos à esquerda, atrapalhando a vida de Boulos, mas tem chance também de conquistar parte do eleitorado do centro. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, que é do PSB, promete subir no palanque, independentemente de seu chefe, Lula, estar ao lado de Boulos. Outro integrante do partido, o ministro Márcio França, é um dos principais entusiastas da candidatura de Tabata. A jovem parlamentar tem conversado com PDT, Podemos, Avante e até PSDB, sendo que este último era tido como apoio certo de Nunes. Nas últimas semanas, ela convidou José Luiz Datena para figurar como vice de chapa, embora ninguém acredite mais na real disposição de o apresentador entrar na política. Aliados avaliam que Tabata tem como trunfos a baixa rejeição, a ficha-limpa e a capacidade de penetrar nas bolhas da direita e da esquerda. “São Paulo está um caos, tem bilhões em caixa que não foram usados com inteligência. Precisa tornar-se uma ‘grande cidade’ na educação e nas oportunidades”, afirma ela.

Enquanto isso, turbulências à direita abriram espaço para uma candidatura concorrente à de Ricardo Nunes. O movimento é insuflado pelo bolsonarismo-raiz, que anda muito insatisfeito com o prefeito e com o governador do estado, Tarcísio de Freitas. Na percepção desse grupo, ambos querem os votos do eleitorado cativo do ex-presidente, mas se recusam a abraçar integralmente as pautas mais radicais. Eles tentaram mostrar força em um ato na Avenida Paulista no último dia 26, que contou com a presença do “prefeiturável” que está sendo adotado pela turma, Ricardo Salles. O ex-­ministro e atual deputado do PL procura agora uma legenda para se lançar, pois o partido deve seguir ao lado de Nunes — o cacique da sigla, Valdemar Costa Neto, declarou que aceita liberar Salles para outra agremiação. “Estou conversando com quatro partidos, mas não quero fechar a porta para o PL”, diz Salles, confiando ainda numa reviravolta. Além da legenda, outra incógnita é o apoio de Jair Bolsonaro. Nos bastidores, o ex-presidente tem dado sinais de que não irá declarar apoio a nenhum candidato, embora veja com simpatia as ambições do seu ex-ministro.

A presença de Tabata e Salles certamente vai tornar o pleito ainda mais disputado. Apesar das críticas dos rivais, Nunes vem crescendo nas pesquisas e, com o caixa cheio da prefeitura, tem cacife para chegar mais longe, à base de transformar a cidade num canteiro de obras. Boulos, por sua vez, dependerá muito de como estará a popularidade de Lula no próximo ano. Sinais emitidos pelas últimas pesquisas preocupam o Palácio do Planalto, pois indicam uma leve tendência de alta na desaprovação ao presidente. Para além do atual equilíbrio de forças, a disputa paulistana tem um histórico de imprevisibilidade. De um pleito para outro, o eleitorado muda radicalmente de lado. Em 2016, por exemplo, disputando a reeleição, Fernando Haddad (PT) nem sequer chegou ao segundo turno contra o estreante João Doria (PSDB).

Segundo especialistas, o desempenho de Lula, Bolsonaro, Tarcísio e Alckmin perto da eleição será importante. “O conhecimento da cidade tem peso grande, mas os padrinhos têm peso muito maior”, diz Murilo Hidalgo, presidente do Paraná Pesquisas. Outro fator pode ser um eventual fastio com a polarização dos últimos anos, o que pode beneficiar uma candidatura alternativa. É isso o que alimenta os sonhos dos penetras Tabata e Salles neste momento.

VEJA

Postado em 4 de dezembro de 2023