Manifestantes participam de um ato neste domingo (26), em frente ao Masp, em São Paulo, para homenagear Cleriston Pereira da Cunha. Ele era réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por participar dos atos de 8 de Janeiro. Cleriston morreu no último dia 20, no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. A causa da morte foi de mal súbito. Ele estava preso há 80 dias, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) já havia se manifestado a favor da soltura por conta do estado de saúde do réu.
O protesto foi convocado pelo pastor Sílas Malafaia e contou com a participação de Carla Zambelli (PL-SP), Ricardo Salles (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF), Nikolas Ferreira (PL-MG), entre outros.
Personalidades políticas da direita e representantes religiosos fizeram críticas ao presidente Lula e ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator dos casos relacionados ao 8 de Janeiro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não compareceu à manifestação.
A Polícia Militar informou à CNN que a manifestação iniciou às 10h10 na Avenida do Estado e se deslocou para a região da Avenida Paulista.
Em nota, a Secretária de Segurança Pública (SSP), falou que a PM iria, “acompanhar a manifestação a fim de garantir o direito constitucional e evitar quebra da ordem”.
A PM não divulgou o número oficial de manifestantes.
O Brasil recebeu 410 mil turistas internacionais em outubro. O número se equipara ao período que antecedeu a pandemia de Covid-19, quando, em outubro de 2019, 413 mil estrangeiros entraram no país. Se comparado ao período de janeiro a outubro de 2022, a entrada de estrangeiros foi 74% maior em 2023, registrando 4,78 milhões de visitantes de outros países.
De acordo com o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, a perspectiva é de que esse número se aproxime dos 6 milhões até o fim do ano.
“A gente está em um momento muito positivo no setor do turismo. Certamente, vamos nos aproximar dos patamares históricos de pré-pandemia. Em relação a rendimentos, nós vamos terminar o ano provavelmente com um recorde histórico. De janeiro a setembro deste ano, os turistas internacionais injetaram mais de R$ 24,6 bilhões na nossa economia. Esses números só comprovam o potencial do turismo”, afirma.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, ressalta que as ações implantadas pelo governo estão atraindo mais estrangeiros.
“Claramente temos melhoria no ambiente econômico, com alta na previsão do PIB e redução de juros; no social, com a garantia de direitos, como o bolsa família, e no compromisso com a sustentabilidade e meio-ambiente. Isso tudo impacta na imagem do Brasil lá fora. Temos muito a oferecer e o mundo está acordando para isso”, comemora.
Entre os principais visitantes estrangeiros que estiveram no Brasil em 2023 estão os argentinos, com 1,51 milhão; os americanos vêm em seguida, com pouco mais de 483 mil visitantes; seguidos pelos chilenos e paraguaios, ambos com pouco mais de 311 mil turistas.
São Paulo — Uma criança de dois anos foi encontrada por policiais militares trancada dentro de um carro estacionado em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, na madrugada de quinta-feira (23/11). Os pais foram localizados em um bar das proximidades e levados à delegacia. A Polícia Militar informou que o carro em que estava o menino foi encontrado na Estrada de Constantinopla, no Jardim Marina, entre Embu das Artes e Taboão da Serra. O veículo estava com os vidros fechados e a criança estava dormindo.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os policiais abriram o carro e retiraram o menino. Em seguida, encontraram os pais da criança, uma mulher de 18 anos e um homem de 25, em um bar e tabacaria das redondezas.
O casal estaria separado. Segundo a polícia, o pai trabalha no local e disse não saber que o filho estava dormindo no carro. Já a mãe disse aos policiais que a criança estava no veículo pois não tinha com quem deixá-la e queria “curtir a noite”
De acordo com a SSP, os pais foram levados para a delegacia e o Conselho Tutelar foi acionado. O caso foi registrado como abandono de incapaz na Delegacia de Polícia de Embu das Artes. A criança ficou aos cuidados da avó paterna. Metrópoles
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, enviou uma carta para Luiz Inácio Lula da Silva, convidando o colega brasileiro para a sua posse. No documento, ele também deseja que o tempo em comum de ambos como presidentes seja de “construção de laços” A CNN teve acesso à carta que foi entregue hoje pela futura chanceler argentina, Diana Mondino, ao ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira em visita surpresa. “Estimado presidente, te faço chegar a presente mensagem, portador de meus cordiais cumprimentos, para transmitir o convite que me acompanhe, no próximo dia 10 de dezembro, nos atos que aqui terão lugar por motivo de minha ascensão ao mandato presidencial”, diz o documento.
“Sei que o senhor conhece e valoriza cabalmente o que significa esse momento de transição para a memória histórica da Argentina, seu povo, e naturalmente, para mim e minha equipe”, continua a carta.
Ao final, Milei deseja que seu tempo em comum com Lula como presidentes “seja frutífero e de construção de laços”, diz que espera encontrar o presidente brasileiro “em breve” e que envia seus cumprimentos “com estima e respeito”.
Segundo apurou a CNN, é pouco provável que Lula vá na posse, mas um telefonema para Milei está sendo avaliado depois da visita da futura chanceler e da chegada dessa carta.
Milei falou pessoalmente com o ex-presidente Jair Bolsonaro por telefone e o convidou para a posse, o que provocou mal-estar no Planalto. Bolsonaro prepara uma comitiva para a posse do presidente argentino, acompanhado de governadores e parlamentares.
Tom Hand passou de “aliviado” por imaginar que sua filha Emily tinha morrido rapidamente depois que ela desapareceu durante o ataque de 7 de outubro por homens armados do Hamas ao sul de Israel para pensamentos angustiantes sobre ela passar seu nono aniversário como refém em um túnel em Gaza. Emily estava dormindo na casa de uma amiga em Be’eri, um dos kibutzim ao redor da Faixa de Gaza que foram alvos do Hamas em um ataque que começou no início da manhã e terminou horas depois, com 1.200 pessoas mortas e cerca de 240 feitas reféns, segundo a contagem de Israel — no dia mais mortal dos seus 75 anos de história.
“Chegaram informações não oficiais de que ela foi encontrada morta no kibutz”, disse Hand, que agora vive em um hotel no Mar Morto com outras pessoas retiradas de Be’eri. “Fiquei aliviado. Fiquei aliviado por ela estar morta e tudo ter acabado, teria sido bem rápido.”
Mais de 100 pessoas foram mortas em Be’eri em mais de 24 horas. Muitos foram baleados com suas famílias ou encontrados mortos com as mãos amarradas. Equipes de resgate disseram que alguns foram queimados vivos. Hand estava em casa, e os homens armados nunca chegaram à sua casa.
“Você tenta imaginar o melhor, você sabe. Você espera que tenha sido rápido”, disse Hand. “Pensamento louco para um pai dizer, mas, sim, foi um alívio pensar que ela não estava em Gaza.”
Imigrante irlandês de 64 anos que veio para Be’eri em 1992 como um voluntário de 32 anos, Hand trabalhou como impressor no kibutz, onde conheceu a mãe de Emily, Liat.
Liat morreu quando Emily tinha apenas 2 anos e meio de idade, mas a família permaneceu no kibutz onde a primeira esposa de Hand, Narkis, também morava. Ela foi morta em 7 de outubro.
Durante semanas, Hand acreditou que Emily também havia morrido no ataque, antes de ser informado pelo Exército que seu corpo não havia sido encontrado. Então ele soube que ela havia sido sequestrada e provavelmente mantida em uma rede de túneis construídos pelo Hamas.
“Então agora eu sei que ela está em Gaza e está viva. Ela vai completar 9 anos nos túneis”, disse ele. “Ela nem saberá que é aniversário dela. Ela não terá ideia de noite, dia ou hora.”
“Não haverá festa de aniversário, nem bolo de aniversário, nem amigos por perto. Mas você sabe, sim. Agora esperamos, agora oramos.”
Desde o ataque de 7 de outubro, Israel tem atacado a Faixa de Gaza em uma campanha de bombardeios, que as autoridades de Gaza dizem ter matado mais de 11.000 pessoas, e uma operação terrestre para destruir o Hamas. O governo e as forças militares prometeram trazer de volta o maior número possível de reféns.
Agora que Hand descobriu que Emily estava viva, ele disse que foi forçado a uma mudança mental completa para pensar: “OK, vamos recuperá-la, vamos recuperá-la. Recuperar todos.”
“Vou me certificar de levá-la ao próximo show da Beyoncé. Levá-la para a Disney World, vou gastar todo o meu dinheiro, cada centavo que tenho para dar a ela diversão para compensar tudo o que ela perdeu e tudo o que ela está passando”, disse ele, lutando contra as lágrimas. “Vou dar o mundo a ela.”
Imagens da agência Reuters capturaram o momento em que a lava quente desceu das encostas cobertas de neve do Monte Etna, vulcão localizado na Sicília, entre as províncias de Messina e Catânia, na noite de sexta-feira (24). O fluxo de lava intenso vindo de uma cratera sudeste do vulcão mais alto e ativo da Europa, iluminou o céu noturno no horizonte da região.
O Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia do Observatório do Etna emitiu um alerta de voo, informou a agência de notícias italiana Ansa, acrescentando que o Aeroporto Internacional Vincenzo Bellini, em Catânia, não foi afetado pela atividade vulcânica.
Em seu encontro de cerca de três horas com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, neste domingo, em Brasília, a chanceler do futuro Gabinete argentino, Diana Mondino, entregou uma carta do presidente eleito Javier Milei ao brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, na qual o argentino diz que os dois países são amigos, irmãos e estarão sempre juntos. No texto, confirmou Mondino em entrevista exclusiva ao GLOBO, Milei convida informalmente — já que convite formal deve ser enviado pela chancelaria argentina — Lula para ir à sua posse, em 10 de dezembro.
— Para nós seria um prazer e uma honra contar com a presença do presidente brasileiro. Os convites formais serão enviados pelo atual governo entre segunda e terça — confirmou a futura chanceler.
Mondino queixou-se pelo que chamou de “circo” sobre o que ela considera supostas opiniões negativas de Milei sobre Lula e sobre o Brasil. Segundo a futura chanceler argentina, “Milei nunca disse nada do que disseram que ele disse”.
— Perdi muito tempo explicando que não era nada do que diziam, que o Brasil é o principal sócio da Argentina e que não vamos romper nada, armaram um circo — afirmou.
Durante a campanha eleitoral, quando foi perguntado pelo Brasil, o presidente eleito respondeu, em algumas oportunidades, que não se relacionaria com governos comunistas. A reposta de Milei foi sempre a mesma: a relação poderá ser entre empresas, mas não entre Estados. A mesma posição era levantada quando a pergunta era sobre China. No entanto, após vencer as eleições com mais de 55% dos votos, o presidente eleito buscou aproximar dos dois países.
— Criaram uma imagem errada, se você revisar as declarações de Milei verá que ele nunca disse nada agressivo [sobre Lula ou o Brasil]. Milei será um grande presidente da Argentina — assegurou Mondino. — Milei nunca foi o monstro que inventaram.
Também participaram do encontro em Brasília o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, e do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli. A futura chanceler confirmou que, “como todos os argentinos que estão fazendo um bom trabalho” no exterior, Scioli foi convidado pelo governo eleito para continuar no posto.
No caso de Lula, houve uma entrevista que gerou bastante polêmica, concedida por Milei ao entrevistador peruano Jaime Bayly. Na conversa, o presidente eleito argentino volta a chamar Lula de comunista, e diante de uma pergunta de Bayly sobre a prisão do presidente brasileiro, o então candidato concorda quando o jornalista peruano afirma que Lula é “um grande corrupto”, e acrescenta: “Obvio, por isso esteve preso”.
O encontro de Mondino com o chanceler brasileiro foi longo, e terminou com um almoço no Itamaraty. A agenda de temas, acrescentou a argentina, inclui o acordo entre Mercosul e União Europeia, que está em fase final de negociação, entre outros.
— Demos nosso apoio ao acordo com a UE, sem ressalvas. A troca de presidentes na Argentina não será um impedimento — frisou a futura chanceler do governo Milei, que é economista e sempre trabalhou no setor privado, em bancos, empresas e fundos de investimento.
Mondino e Vieira também conversaram sobre a cooperação entre os dois países em matéria energética, e sobre as negociações do Mercosul com Cingapura e com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta).
A proximidade do público evangélico com as pautas conservadoras continua garantindo a pastores alinhados a Jair Bolsonaro o predomínio nas redes sociais. Passados 11 meses de governo de Luiz Inácio Lula da Lula (PT), no entanto, líderes religiosos afinados à esquerda começaram a ganhar espaços de maior relevância na disputa pelo “púlpito digital”. Segundo um levantamento da Quaest, entre os 12 pastores mais influentes, nove apoiaram Bolsonaro. Mas, pela primeira vez, três nomes que se autointitulam “progressistas” aparecem com maior relevância digital; todos com mais de um milhão de seguidores. Quem lidera essa vertente é o deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) que, desde que assumiu seu mandato na Câmara, tem se dedicado a repostar suas falas sobre a comunidade evangélica. Em mais de uma ocasião, o parlamentar conseguiu viralizar com essa estratégia.
Em outubro, por exemplo, a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara aprovou um projeto de lei que proíbe o casamento homoafetivo. Integrante deste colegiado, o pastor discursou:
— Para a sociedade nós ganhamos essa pauta, ampla mobilidade da sociedade civil, inclusive de religiosos. O que vai ficar registrado aqui é que um grupo extremista, antirrepublicano, se esforça bastante para tirar direitos das pessoas.
Sem cargos políticos, aparecem na lista os pastores Caio Fábio (Igreja Presbiteriana) e o cantor gospel Kleber Lucas (Batista); este cantou na cerimônia da posse de Lula, no dia 1º de janeiro. Outros dois pastores considerados progressistas também foram identificados pela Quaest como influentes: Hermes Fernandes (Reina) e Ariovaldo Ramos (Comunidade Cristã Renovada), com, respectivamente, 205 mil e 122 mil seguidores.
Entre esses quatro líderes, três declararam apoio à campanha do presidente Lula no ano passado. A exceção é Hermes Fernandes que, apesar de defender pautas da esquerda como os direitos LGBTQIAP+ e a descriminalização do aborto, e ser amigo da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não chegou a citar o então candidato nas suas redes.
No entanto, as bandeiras associadas à plataforma de governo foram o suficiente para que o pastor fosse rotulado como petista e sofresse ameaças, motivo que o levou a deixar o país durante o período eleitoral.
— É o tipo de coisa que temos que estar disposto a enfrentar, o ódio engaja. Como viemos na contramão, falando de amor, de acolhimento, tocando em pautas sensíveis, identitárias, acabam acirrando os ânimos. No início isso me afetava, mas fui criando uma crosta e hoje ser chamado de herege, falso profeta, não me incomoda mais — diz.
Falas conservadoras Com engajamento em suas redes que muitas vezes ultrapassa um milhão de pessoas, o pastor tem o costume de retrucar falas de líderes conservadores, como Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e André Valadão, da Igreja Lagoinha, ou parlamentares evangélicos, como Nikolas Ferreira (PL-MG).
Em suas postagens, Fernandes divulga o que foi dito por essas personalidades. De acordo com ele, a estratégia consiste em mostrar o “quão ridículo” são esses posicionamentos para que os apoiadores possam “repensá-los”.
Em algumas ocasiões, o líder religioso rebateu, inclusive, esses argumentos no púlpito. Em maio deste ano, o pastor viralizou ao chamar Valadão de “mensageiro do Satanás” durante um culto. Neste mesmo sermão, defendeu o casamento homoafetivo.
Bolsonarismo é maioria Enquanto as lideranças de esquerda tentam ganhar protagonismo, os pastores ligados a Bolsonaro seguem mobilizando a maior parte do segmento nas redes. Este é o caso de nomes conhecidos das vertentes neopentecostais como Silas Malafaia e o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Bispo Edir Macedo.
Malafaia afirma que migrou para as redes sociais assim que percebeu o processo de perda de audiência da televisão. Sobre o conteúdo político que publica, incluindo vídeos criticando o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Lula, o pastor alega apenas usar o canal para “exercer sua cidadania”:
— Sou um dos pouquíssimos que coloco a cara e falo. Nós, evangélicos, não podemos ser massa de manobra e temos que ter as nossas convicções. Se marxismo vale, a teologia vale muito mais.
Ao contrário dos vídeos de Malafaia, outros pastores influencers apostam conteúdos mais religiosos que, em muitas ocasiões, traz um cunho político “nas entrelinhas”. Deive Leonardo, da Igreja Reviver, soma 35 milhões de seguidores e inclui, entre suas pregações, mensagens de apoio à família, pátria e liberdade.
— Esse campo conservador se articula politicamente desde antes do Bolsonaro. No Lula 1, Macedo, bispo Rodrigues, todos esses atores estavam apoiando o governo. Essa articulação não é nova, mas o que era um campo pragmático se bolsonarizou por uma oportunidade de maior influência — avalia Flávio Conrado, pós-doutor em Antropologia pela Universidade de Montreal e ex-secretário executivo da Aliança de Batistas do Brasil.
Na visão de Conrado, contudo, a maior projeção de pastores de esquerda não tem correlação com o governo, já que passados 11 meses, Lula não fez aceno concreto ao segmento. No início do mandato, havia uma plano de criar uma subsecretaria ligada aos evangélicos, mas ele não vingou.
O presidente Lula (PT) decidiu indicar o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), para uma cadeira no STF (Supremo Tribunal Federal) e Paulo Gonet para o comando da PGR (Procuradoria Geral da República). O anúncio deve ser feito nesta segunda-feira (27), antes do embarque do petista para Arábia Saudita.
As escolhas foram confirmadas pelo presidente a aliados neste domingo (26). A equipe de Lula calcula que os nomes sejam aprovados no Senado antes do recesso parlamentar, com início em 23 de dezembro.
A decisão foi tomada após uma demora inédita de Lula para indicar os nomes, deixando os cargos vagos por mais de 50 dias.
Dino era considerado favorito ao posto desde outubro, quando Rosa Weber se aposentou do Supremo.
O presidente dizia a aliados que seria interessante indicar alguém da estatura do ministro para fazer um embate político no STF. A avaliação é que, com a bagagem jurídica que tem, Dino é capaz de ser um magistrado influente na corte.
Dino, 55, nasceu em São Luís e foi juiz federal antes de iniciar uma carreira na política. Foi secretário‐geral do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), presidente da Associação dos Juízes Federais e assessor da presidência do Supremo Tribunal Federal.
Foi deputado federal, presidiu a Embratur no governo Dilma Rousseff (PT) e governou o Maranhão por dois mandatos (2015-2022). Em 2022, foi eleito senador, cargo do qual se licenciou para comandar o Ministério da Justiça.
Apesar do favoritismo de Dino, alguns aliados de Lula defendiam que ele nomeasse o advogado-geral da União, Jorge Messias, por ser mais próximo do PT.
Pessoas próximas do presidente chegaram a dizer que Dino estava enfraquecido pela postura do Ministério da Justiça em razão das crises de segurança enfrentadas por alguns estados, como Bahia e Rio de Janeiro.
O titular da Justiça também protagonizou diversos embates com parlamentares dentro do Congresso Nacional e nas redes sociais.
O último episódio que rendeu críticas ao ministro foi a revelação de que a esposa de um homem apontado como líder do Comando Vermelho no Amazonas participou de reuniões com integrantes de sua pasta.
Lula e outros aliados, no entanto, fizeram uma defesa enfática de Dino. O presidente afirmou que ele tem sofrido ataques “absurdos” e “artificialmente plantados”.
Apesar dos desgastes, aliados do presidente no Senado acreditam que o ministro não deve ter problemas para obter os votos necessários para aprovação, tanto na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) como no plenário.
Em relação a Gonet, Lula chegou a ouvi-lo em setembro, quando também teve encontro com o subprocurador Antonio Bigonha, que tem apoio massivo no PT e era apontado como principal favorito.
Após as reuniões, porém, o presidente pediu mais sugestões aos auxiliares por não sair decidido das conversas.
Interlocutores de Lula avisaram a Gonet neste domingo que a indicação deve ser anunciada nesta segunda.
A chefia da PGR está ocupada interinamente desde setembro pela subprocuradora-geral Elizeta Ramos, vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal.
O ex-procurador-geral da República Augusto Aras, que ocupou o cargo por dois mandatos, deixou o posto em 26 de setembro. Aras chegou a tentar articular a própria recondução, mas seu passado, atrelado a Jair Bolsonaro (PL), tirou suas chances.
Gonet é apoiado pelos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do STF, e consta como um dos favoritos desde o início da disputa pela PGR.
O apoio dos dois integrantes do Supremo, segundo avaliações no Planalto e no Congresso, pavimenta a aprovação do nome de Gonet, apesar dos choques recentes entre o tribunal e o Senado.
As sabatinas e votações de Dino para o STF e de Gonet para a PGR devem movimentar a pauta da Casa nas próximas quatro semanas, antes do recesso parlamentar.
O Senado precisa aprovar também indicações de Lula para o Banco Central, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a Defensoria Pública da União.
Integrantes do governo dizem que há um acordo com a cúpula da CCJ e do Senado para que essas votações se esgotem até o fim do ano.
Gonet, 62 anos, ingressou no MPF (Ministério Público Federal) em 1987. Nos anos 1990, criou com Gilmar o IDP (Instituto Brasileiro de Direito Público). O procurador também foi sócio do escritório de advocacia Sergio Bermudes.
O senador Jorge Kajuru, de Goiás, se revoltou com a vitória do ABC sobre o Vila Nova, resultado que acabou com o sonho do time goiano de conquistar o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. Em duelo pela última rodada da Série B, o Alvinegro, rebaixado de forma antecipada, venceu por 3 a 2 no Frasqueirão. Kajuru estava em Natal para acompanhar o Vila e publicou vídeo nas redes sociais com um desabafo em que chama os jogadores do ABC de “canalhas” e “bandidos” (veja abaixo).
Para mim, os jogadores do ABC de Natal são piores do que prostitutas. Muito piores. As prostitutas são mais éticas do que eles. Eles até agora não jogaram nada, deixaram o ABC rebaixado, desmoralizado no Campeonato Brasileiro. O ABC vai agora para a terceira divisão, de repente vai para a Série D. Tomara que vá para a Série Z. Tô cagando para o ABC de Natal – declarou.
O senador, que é jornalista esportivo, disse ainda que cada jogador do ABC teria recebido R$ 200 mil de “mala branca”, como incentivo para vencer o Vila
Tenho 45 anos de carreira no futebol. A maioria da classe é de bandido, é de canalha (…) Vocês (jogadores do ABC) são canalhas, bandidos. Vocês não tiveram dignidade de vestir a camisa do ABC durante o campeonato, rebaixaram o time, e, na última rodada, no último jogo, jogaram como se fosse uma Copa do Mundo porque vocês receberam R$ 200 mil cada um de prêmio para derrotar o Vila Nova e derrotaram. É por isso que tenho nojo do futebol – completou.
Com a vitória do ABC, o Vila ficou com 61 pontos e terminou a Série B na oitava posição. O resultado ajudou o Atlético-GO, rival do Vila, na conquista do acesso à Série A.
Sindicato se manifesta O Sindicato dos Atletas de Futebol Profissional do Estado do Rio Grande do Norte (Safern) repudiou a declaração do senador Jorge Kajuru, que “difama e injuria todos os jogadores do ABC”.
“Certamente que o senador, em disparate, deve ter confundido sua condição de homem público eleito pelo povo do Estado de Goiás com a sua profissão nata de jornalista, onde a emoção, o equilíbrio precisa ser contido para o bem da informação isenta. Atingir a dignidade das pessoas afronta cláusulas pétreas inseridas na Carta de Outubro, notadamente o art. 5º e suas derivações”, aponta a nota.
“Sabendo disto, cumpre-nos o dever de sugerir ao jornalista que se retrate, publicamente e no mesmo tempo e modo, das gravíssimas acusações proferidas contra os profissionais que defenderam bravamente o centenário clube potiguar”.
A Safern destacou ainda que a manifestação será enviada ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco.
Ontem (25), em meio a um clima de engajamento e conscientização, a cidade de Currais Novos sediou o I Festival pelo Fim da Violência contra a Mulher. O evento foi alusivo ao Dia Nacional de Luta pelo Fim da Violência contra a Mulher, uma iniciativa conjunta da Casa de Cultura, do Movimento Feminista Marcha Mundial das Mulheres e do Projeto Feira das Mulheres, com patrocínio da Justiça do RN através das penas pecuniárias. Entrevistamos a vereadora Rayssa, uma das organizadoras do festival que expressou sua satisfação com o evento, destacando a inovação na abordagem do tema na cidade. “O festival foi mais uma forma inovadora para abordar o tema na cidade, conscientizando a população sobre a importância de combater a violência contra a mulher”, declarou ela. Rayssa também ressaltou que o evento teve um papel crucial em promover a autonomia econômica, beneficiando mais de 50 mulheres participantes do Projeto Feira das Mulheres e que só foi possível a realização graças a parceria especialmente com a Casa de cultura popular e a comarca de justiça de Currais Novos. Durante o festival, diversos eventos e atividades foram realizados para envolver a comunidade, incluindo concurso de poesia, apresentações artísticas e exposições culturais. O enfoque na autonomia econômica das mulheres, através do Projeto Feira das Mulheres, proporcionou não apenas conscientização, mas também oportunidades práticas para as participantes. O patrocínio da Justiça do RN, por meio das penas pecuniárias, evidencia o reconhecimento institucional da importância de iniciativas locais no combate à violência de gênero. A ação ainda contou com a parceria do sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, da prefeitura municipal de Currais Novos e do governo do estado do RN. O festival serviu como um catalisador para a mobilização contínua da comunidade em prol do fim da violência contra a mulher.
Bill Gates, o gênio por trás da Microsoft, virou bilionário aos 31 anos. Larry Page, cofundador do Google, entrou para o clube do bilhão aos 30. À frente deles, paira o recordista Mark Zuckerberg, o inventor do Facebook, que viu sua conta bancária alcançar a marca com apenas 23 anos. O Brasil tem notório representante na lista, o discreto paulistano Eduardo Saverin, parceiro de Zuckerberg na criação da rede social, que ingressou aos 25 no time dos ultrarricos. Mas ser bilionário antes dos 30 é algo raro, que quase sempre torna esses privilegiados figuras lendárias no mundo corporativo. Isso por si só seria suficiente para chamar a atenção para Henrique Dubugras e Pedro Franceschi, dois jovens nascidos respectivamente em São Paulo e no Rio de Janeiro que estrearam no ranking dos bilionários da revista americana Forbes em 2022, aos 26 e 25 anos, com fortuna estimada para cada um em 1,5 bilhão de dólares. Esse, contudo, não é o único feito da dupla. A fintech criada por eles, a Brex, é agora uma das sensações do Vale do Silício, a capital mundial das empresas de tecnologia.
Poucas companhias criadas por brasileiros fizeram sucesso tão veloz nos Estados Unidos quanto a Brex, que fornece cartões de crédito corporativos e softwares de gestão de despesas, além de atuar como uma espécie de banco para startups. Fundada em 2017, tornou-se um unicórnio, como são chamadas as empresas avaliadas em pelo menos 1 bilhão de dólares, apenas seis meses depois de seu lançamento. Seu modelo de negócio, centrado em um software avançado de gerenciamento de despesas que ajusta os limites de crédito com base nos saldos de caixa e receita, capturou clientes sedentos por inovação, e a Brex passou a ser referência em serviços financeiros no Vale do Silício.
Tanto é assim que foi eleita pelo canal de televisão CNBC a segunda empresa mais disruptiva dos Estados Unidos, atrás apenas da OpenAI, a inventora da inteligência artificial ChatGPT. Mais recentemente, a Brex recebeu da revista americana Time o título de uma das 100 companhias mais influentes do país. “Uma boa maneira de pensar a Brex é que somos uma mistura de fintech com empresa de software”, disse Dubugras, que ocupa o cargo de CEO da empresa, em entrevista para a publicação.
A trajetória de Dubugras e Franceschi é marcada pelo talento precoce. Dubugras tinha 14 anos quando criou sua primeira companhia, uma desenvolvedora de videogames que fechou depois de receber avisos por violação de patente. Franceschi se tornou, aos 12 anos, a primeira pessoa do mundo a desbloquear o iPhone 3G. Aos 15, ensinou a Siri, o comando de voz da Apple, a falar português. Os rapazes se conheceram em um fórum no Twitter sobre criação de softwares e nasceu daí a ideia de se tornarem sócios. Ainda menores de idade, fundaram a Pagar.me, uma empresa de meios de pagamento on-line que atraiu de largada 1 milhão de reais de um grupo de investidores. Em 2016, a Stone, já consolidada na indústria financeira, comprou a startup da dupla, que decidiu tentar a sorte nos Estados Unidos.
Ambos ingressaram no curso de ciência de computação da Universidade Stanford, na Califórnia, mas largaram as aulas para fundar a Brex. Agora, comandam um negócio avaliado em 12 bilhões de dólares. “Jovens empreendedores escolhem o exterior porque encontram ecossistemas que valorizam a inovação”, diz Felipe Matos, vice-presidente da Associação Brasileira de Startups. Avessos a entrevistas, Dubugras e Franceschi seguem a discrição que caracteriza muitos bilionários. Uma exceção foi o casamento recente de Dubugras, que fechou parte de Fernando de Noronha para sua festa de casamento orçada em 10 milhões de reais. Um troco para quem está no seleto clube do bilhão.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após uma breve pausa na habitual ladainha sobre seu fracasso em conseguir um segundo mandato no Palácio do Planalto, voltou ao ‘samba de uma nota só’ da fraude eleitoral e falou novamente que o resultado da disputa do ano passado, quando perdeu para Lula, não foi lícito. A declaração repetitiva e exaustiva aconteceu durante um evento do PL Mulher na tarde de sábado (26), na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
“Ninguém entende o que aconteceu em outubro do ano passado. Se eu sou o ex mais querido do Brasil, não sou ex por causa do povo. A grande maioria do povo está conosco. Isso que aconteceu, dispenso palavras. Vocês bem sabem quem interferiu e quem decidiu nas eleições. Repito, quem decidiu não foi o povo. O povo não foi respeitado. Mas vamos considerar o ano passado uma página virada”, resmungou o líder da extrema direita tirado do cargo pelo voto popular e que ainda tentou um golpe de Estado com o apoio das Forças Armadas.
Por seus crimes nesta esfera, Bolsonaro já conseguiu duas condenações à inelegibilidade por oito anos no Tribunal Superior Eleitoral, mas pelo jeito isso não vai fazê-lo parar de falar as bobagens e de fazer os ataques às cortes superiores do Judiciário nacional.
“Os fatos dessa semana, ocorridos entre dois poderes em Brasília, bem demonstram o quão podre é este sistema, por quanto tempo esse sistema dominou o nosso Brasil”, falou o ex-presidente, referindo-se ao conflito entre o Senado e o Supremo Tribunal Federal após a aprovação na Casa da PEC que tirará poderes dos ministros do STF e de outros tribunais.
Se os olhos são a janela da alma, o histórico de pesquisa do Google é uma janela para o que? Nossos joanetes e furúnculos? Um vislumbre das pesquisas recentes do meu namorado fez com que nosso relacionamento já precário desabasse. Esta é uma história de advertência tanto para o coração quanto para o navegador. Fui à casa do meu namorado no final de uma manhã de sábado. O plano era trabalhar em um quebra-cabeça que vínhamos montando durante meses, com pouco progresso. O quebra-cabeça não era a típica pintura de Monet ou uma paisagem de cartão postal, mas um gradiente de cores, em transição do vermelho para o laranja. Meu namorado, um designer 3D que usava camisas com estampas engraçadas, pertencia ao público-alvo deste jogo.
Como era de se esperar, o quebra-cabeça do gradiente de cores foi desafiador. Até mesmo a montagem das bordas externas provou ser uma tarefa além do nosso nível de habilidade. Com um de seus podcasts ligado, segurávamos peças sob a luz de uma luminária, questionando nossa capacidade de discernir entre tons. Eu me peguei pensando sobre a natureza da cor em si. O que era vermelho? O que era laranja? Onde um parou e o outro começou?
O quebra-cabeça era uma metáfora adequada para nosso relacionamento, pois eu nunca soube o que éramos ou como ir além. Com uma sensação de condenação, eu olhava para as peças de nossa conexão tensa, girando-as 90 graus, desejando que se encaixassem de maneiras que não cabiam.
Só descobri que ele me considerava sua namorada de maneira indireta. Ele tinha uma política de sempre atender os telefonemas de sua avó, o que desde cedo me encantou nele.
“Como está sua namorada?” Eu a ouvi perguntar.
Coloquei a mão no peito e engasguei. Se eu tivesse perguntado diretamente a ele sobre nosso relacionamento, ele provavelmente teria mudado de assunto e depois me evitado por dias. Ele ficou feliz em usar a ideia de compromisso para parecer mais bem organizado para sua família, mas não se importou em me contar sobre isso.
Um dia depois de perguntar a ele: “O que somos?” não nos falamos por um mês. Eu saía com outros homens, mas sempre me sentia mais interessada em sair com ele, mesmo que nossa relação fosse frustrantemente indefinida. Em vez de interpretar isso como um sinal de desinteresse, racionalizava.
Ele teve experiências de infância envolvendo abandono que o deixaram assustado com relacionamentos. Embora eu simpatizasse, isso não desculpava o fato de que ele, um homem de quase 30 anos, não pudesse conversar sobre sexo ou sentimentos mantendo contato visual. Para mim, ele era um quebra-cabeça. Embora, assim como o gradiente de cor, ele fosse extraordinariamente difícil de resolver, eu estava determinada a decifrar.
Depois de uma hora olhando peças vermelhas e laranja soltas, sugeri que consultássemos a internet para obter conselhos. Fomos até sua mesa de pé e ele abriu o Google.
Quando começou a digitar “como resolver um quebra-cabeça”, o que surgiu abaixo do cursor piscante foi uma pesquisa recente, que fez meu coração disparar: “Como terminar com alguém por quem você não se sente atraído”.
Senti como se o mundo tivesse caído sobre a minha cabeça, mas não gritei nem chorei. Ele continuou digitando como se nada tivesse acontecido.
Meu primeiro impulso foi presumir que não se tratava de mim. Talvez ele tenha feito essa pergunta em nome de um amigo? Mas esta foi uma racionalização desesperada.
Ele clicou em um vídeo feito por uma designer gráfica, mas ela estava apenas montando o quebra-cabeça – o dela era do tipo preto e branco – e não explicando como poderíamos fazer isso sozinhos. Esperei e observei em silêncio, passando minhas unhas irregulares sobre minhas coxas nuas, deixando marcas brancas, até que finalmente pedi licença para usar o banheiro.
Quando me levantei, ele acariciou meu braço quase com ternura. Era como se ele estivesse me testando para ver se eu havia notado as evidências contundentes. Esse ato me deixou ainda mais ansiosa para fugir dali. Eu não conseguia decidir diante dele o que fazer a respeito da situação.
O espaço fechado do banheiro me permitiu organizar meus pensamentos e estabelecer a vontade de enfrentá-lo. Eu não continuaria como se isso nunca tivesse acontecido. Não é isso que a mulher que eu queria ser faria. Eu era uma menina crescida, disse a mim mesmo. Eu poderia lidar com qualquer direção que a conversa tomasse.
Mesmo assim, demorei olhando seu banheiro. Lembrei-me da primeira vez que visitei sua casa, quase um ano antes. Ele não deve ter esperado que eu fosse ali, porque ele havia deixado um tubo de base aberto sobre a pia. Meu namorado morava sozinho, então eu sabia que pertencia a ele. Talvez ele tenha usado a base para esconder suas cicatrizes de acne?
Seja qual for o caso, agora não havia maquiagem. Claramente, ele decidiu em algum momento que não valia a pena mascarar suas falhas.
Quando saí do banheiro, tentei voltar para a sala com a cabeça erguida.
“Hey, eu posso perguntar algo a você?” Eu disse, quase muito animada. Ele ainda estava sentado em sua cadeira giratória preta, com os ombros caídos, parecendo indefeso. Sentei-me em seu sofá e contei-lhe o que tinha visto. Ele me parou antes que eu tivesse a chance de perguntar do que se tratava.
“Sim, sim”, disse. “Desculpe, você descobrir dessa maneira.”
Ao ouvir a confirmação do pior, fiquei chocada demais para responder.
Ele passou a se explicar. Estava buscando conselhos sobre se deveria ser honesto sobre sua falta de atração sexual por mim. Ele pretendia terminar comigo no dia anterior, durante nosso passeio no parque, mas acabamos tendo uma conversa tão agradável que ele perdeu a coragem.
Refleti sobre como, quando voltamos da caminhada, preparei o jantar para ele enquanto ele assistia. Ele comentou sobre o quão sexy minhas pernas pareciam. Mais uma vez, as peças do quebra-cabeça não se encaixavam.
A conversa foi estranha e dolorosa para mim, mas também foi excepcionalmente reveladora. Pela maneira como ele falou sobre nosso relacionamento, percebi o quanto ele mantinha escondido de si mesmo e, uma vez revelados esses segredos, o quão profundamente incompatíveis éramos. Eu disse que poderia tê-lo amado e ele começou a chorar.
Recentemente, reli “A Arte de Amar”, de Erich Fromm, e encontrei conforto na ideia de que o amor tinha mais a ver com minha capacidade de dar do que com o valor de outra pessoa em recebê-lo. Ainda preso à ideia de encontrar a “garota dos sonhos”, ele não estava pronto para aceitar isso.
Embora houvesse muitos sinais, não estava claro para mim o quão frágil era nossa parceria até que estivesse em ruínas. “Bem”, eu disse, “acho que devo ir embora agora”. Fiquei orgulhosa de como lidei com a situação, sem levantar a voz nem derramar lágrimas. Coloquei minha bolsa no ombro e olhei em volta para ter certeza de que era tudo o que levaria comigo. Eu não sentiria falta da casa dele, com seu chão não varrido e seus quadros hipster nas paredes.
Ele caminhou até a porta e abriu-a para mim, um raro movimento cavalheiresco para ele. Olhou para mim com o lábio inferior esticado como um garotinho que teve um picolé negado e disse que faríamos uma pausa.
Perplexa, balancei a cabeça e caminhei até meu carro.
Afastei-me sob o sol quente do Novo México.
Pelo que eu sei, o quebra-cabeça gradiente laranja permaneceu inacabado na bancada da cozinha. Mas meu quebra-cabeça pessoal, embora carente de peças e de visão para o produto final, estava finalmente completo.
Todos recorremos à pesquisa do Google quando precisamos de orientação, seja para perguntar quantas gramas tem uma xícara ou como nos livrar de um relacionamento sufocante. Meu namorado, ao buscar uma resposta para seu problema, finalmente me libertou do meu.
Homens do passado eram responsáveis pela caça e as mulheres, pela colheita de alimentos. Isso é o que a maioria das pessoas sabe sobre nossos antepassados primitivos. No entanto, novos estudos apontam que isso não é uma verdade absoluta. Cara Ocobock, professora assistente do Departamento de Antropologia e diretora do Laboratório de Energética Humana da Universidade de Notre Dame, é uma bióloga que estuda fisiologia humana e evidências pré-históricas. Ao longo de sua carreira, ela descobriu que muitas dessas concepções sobre as primeiras mulheres e os homens não eram muito precisas. A reconstrução aceita da evolução humana presumia que os homens eram biologicamente superiores, mas essa interpretação não contava toda a história.
Baseando-se em evidências fisiológicas e arqueológicas, Ocobock e sua parceira de pesquisa, Sarah Lacy, antropóloga com experiência em arqueologia biológica na Universidade de Delaware, publicaram recentemente dois estudos simultaneamente na revista American Anthropologist. A sua investigação conjunta, vinda destes dois ângulos, descobriu que não só as mulheres pré-históricas se dedicavam à prática da caça, como a sua anatomia e biologia femininas as teriam tornado intrinsecamente mais adequadas para isso.
No seu estudo fisiológico, as duas pesquisadoras explicaram que as mulheres pré-históricas eram bastante capazes de realizar a árdua tarefa física de caçar presas e provavelmente eram capazes de caçar com sucesso durante períodos prolongados de tempo. Do ponto de vista metabólico, explicou Ocobock, o corpo feminino é mais adequado para atividades de resistência, destacando o esforço prolongado necessário para conseguir matar o animal.
Dois grandes fatores para esse metabolismo melhorado são os hormônios – neste caso, o estrogênio e a adiponectina, que estão normalmente presentes em quantidades maiores no corpo feminino do que no masculino. Esses dois hormônios desempenham um papel crítico ao permitir que o corpo feminino module a glicose e a gordura, uma função fundamental no desempenho atlético.
O estrogênio, em particular, ajuda a regular o metabolismo da gordura, incentivando o corpo a usar a gordura armazenada como energia antes de esgotar os estoques de carboidratos.
“Como a gordura contém mais calorias do que os carboidratos, é uma queima mais longa e mais lenta”, explicou Ocobock, em comunicado. “O que significa que a mesma energia sustentada pode mantê-lo ativo por mais tempo e retardar a fadiga”.
O estrogênio também protege as células do corpo contra danos durante a exposição ao calor devido à atividade física extrema.
“O estrogênio é realmente o herói anônimo da vida, na minha opinião”, destaca a pesquisadora. “É muito importante para a saúde cardiovascular e metabólica, o desenvolvimento do cérebro e a recuperação de lesões”.
A adiponectina também amplifica o metabolismo da gordura, ao mesmo tempo que poupa o metabolismo dos carboidratos e/ou proteínas, permitindo que o corpo mantenha o curso durante longos períodos, especialmente em grandes distâncias. Desta forma, a adiponectina é capaz de proteger os músculos de lesões e mantê-los em melhores condições para exercícios sustentados, explicou Ocobock.
A própria estrutura do corpo feminino é outro elemento que Ocobock e Lacy consideraram vantajoso em termos de resistência e eficácia para os caçadores pré-históricos. “
Com a estrutura de quadril tipicamente mais larga das mulheres, elas são capazes de girar os quadris, alongando os passos”, detalhou Ocobock. “Quanto mais passos você puder dar, menos isso vai custar para o seu corpo do ponto de vista metabólico, possibilitando chegar mais longe mais rapidamente”.
Ela faz uma comparação com diferentes modalidades esportivas:
“Quando você olha para a fisiologia humana dessa forma, você pode pensar nas mulheres como corredoras de maratona e nos homens como levantadores de peso”.
Vários achados arqueológicos indicam que as mulheres pré-históricas não só partilhavam dos ferimentos resultantes de uma caçada de contato próximo, mas também que era uma atividade muito estimada e valorizada por elas.
“Construímos a caçada Neandertal como um estilo de caça próximo e pessoal, o que significa que os caçadores muitas vezes teriam que ficar por baixo de suas presas para matá-las. Como tal, descobrimos que tanto os homens como as mulheres têm os mesmos ferimentos resultantes quando olhamos para os seus registos fósseis”, detalha a pesquisadora.
Ocobock descreveu essas lesões traumáticas como sendo semelhantes às sofridas em rodeios modernos — lesões na cabeça e no peito onde foram chutados pelo animal, ou nos membros onde foram mordidos ou fraturados. “Encontramos esses padrões e taxas de desgaste igualmente em mulheres e homens”, disse ela. “Então, ambos estavam participando de caçadas de grande porte em estilo de emboscada.”
Em segundo lugar, disse Ocobock, há evidências de primeiras caçadoras no período Holoceno no Peru, onde as mulheres eram enterradas com armas de caça.
“Você não costuma ser enterrado com algo, a menos que seja importante para você ou algo que você usou com frequência em sua vida. Além disso, não temos motivos para acreditar que as mulheres pré-históricas abandonaram a caça enquanto estavam grávidas ou amamentando”, acrescentou Ocobock. “Nem vemos no passado remoto qualquer indicação de que existiu uma divisão sexual estrita do trabalho”.
O resultado final, observou Ocobock, era que “a caça pertencia a todos, não apenas aos homens”, especialmente nas sociedades pré-históricas onde a sobrevivência era uma atividade que exigia a participação de todos.
“Não havia pessoas suficientes vivendo em grupos para se especializarem em diferentes tarefas. Todos tinham que ser generalistas para sobreviver”.