O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) se pronunciou, nesta quarta-feira (17), sobre a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que resultou na cassação de seu mandato. De acordo com ele, o órgão inventou uma “inelegibilidade imaginária” para cassá-lo e que, como consequência, “corruptos estão em festa”. As informações são do jornal O Globo.
“Perdi o mandato porque combati a corrupção. Os corruptos estão em festa”, afirmou o parlamentar ao citar nomes como os dos deputados Aécio Neves, Beto Richa, o ex-deputado Eduardo Cunha e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, investigados na operação Lava-Jato, coordenada por ele.
Segundo Dallagnol, ele é vítima de uma “inversão de valores”, em uma situação que se compara a “um policial que pune um ladrão”.
“Hoje Aécio Neves tem mandato. Hoje Beto Richa tem mandato. Hoje Lula tem mandato. Agora quem combateu a sua corrupção perde o mandato. Nós vivemos no país a inversão de valores, em que o policial é punido por punir corretamente o ladrão”, argumentou. Ele ainda citou que há “muitos poderosos envolvidos nesse esforço” e finalizou dizendo que levou “um tombo”, mas “não vai desistir”.
“Hoje o sistema de corrupção implementa sua vingança. Tem muitos poderosos envolvidos nesse esforço. Grandes políticos, inclusive parlamentares. Um presidente da República condenado por corrupção e descoordenado em uma decisão política do Supremo Tribunal Federal”, disse Deltan.
CASSAÇÃO Nessa terça-feira (16), os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiram cassar o registro de Dallagnol como deputado federal.
O ex-coordenador da Lava Jato cometeu uma “fraude” contra a Lei da Ficha Limpa ao pedir exoneração do Ministério Público Federal (MPF) 11 meses antes das eleições. Ele enfrentava processos internos no MPF que poderiam ocasionar demissão — e, em consequência, a inelegibilidade das eleições.
“Dallagnol antecipou sua exoneração em fraude à lei. Ele se utilizou de subterfúgios para se esquivar de processos administrativos disciplinares (PADs) ou outros casos envolvendo suposta improbidade administrativa e lesão aos cofres públicos. Tudo isso porque a gravidade dos fatos poderia levá-lo à demissão”, afirmou o relator do caso, ministro Benedito Gonçalves.
Embora a decisão deve ser cumprida imediatamente, Deltan ainda poderá apresentar recurso ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas já sem o mandato.
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pastor Itamar Paim (PL) deve assumir a vaga do deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos) na Câmara dos Deputados, decidiu o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná nesta quarta-feira (17).
Defensor “da vida e da família”, como se descreve nas redes sociais, Itamar Paim Pruch é conservador e leva a vida como pastor na Região Metropolitana de Curitiba.
Será a primeira vez que Paim assumirá a posição de deputado federal, após ter sido eleito na sua primeira disputa política em 2022 com pouco mais de 47 mil votos.
O pastor de 46 anos é natural de Paranaguá (PR) e trabalha na 59ª Igreja do Evangelho Quadrangular. Durante as eleições, declarou voto em Bolsonaro e criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais.
O deputado também usa as redes para publicar críticas ao aborto legal e “ideologia de gênero”, e denunciou, em outubro de 2022, uma suposta “censura” da Justiça imposta sobre a rede Jovem Pan. À Justiça Eleitoral, Paim declarou R$ 300 mil em bens.
A vaga de Dallagnol inicialmente ficaria com Luiz Carlos Hauly (Podemos), o segundo mais votado do partido no Paraná. O candidato, contudo, recebeu apenas 11.925 votos, não atingindo a contagem mínima para ser eleito.
Por regra, cada candidato precisa receber 10% ou mais do quociente eleitoral de estado para preencher uma das vagas que o partido tem direito.
Dessa forma, Paim, que teve 47.052, fica com a vaga de Dallagnol. Apesar de ter ficado atrás de outros candidatos não eleitos do Paraná, o deputado foi favorecido pelo quociente eleitoral do Partido Liberal.
Dallagnol cassado O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferiu o registro de candidatura de Dallagnol por unanimidade. Todos os ministros seguiram a posição do relator, ministro Benedito Gonçalves, que considerou que o deputado pediu exoneração do cargo de procurador para evitar uma eventual punição administrativa, que poderia torná-lo inelegível.
A decisão foi baseada na Lei da Ficha Limpa, que determina que são inelegíveis por oito anos os magistrados e membros do Ministério Público que “tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar”.
Nesta quarta, Dallagnol afirmou que a cassação do TSE foi feita a partir de uma “inelegibilidade imaginária”. Cercado de parlamentares da oposição, entre eles Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-chefe da força-tarefa da Lava-Jato afirmou que “corruptos estão em festa” com a decisão.
Deltan Dallagnol esteve à frente da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba até o fim das atividades do grupo. Ele deixou o cargo de procurador no Paraná para se candidatar a deputado federal no ano passado, alcançando a maior votação do estado.
Embora a decisão deva ser cumprida imediatamente, Deltan ainda poderá apresentar recurso ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas já sem mandato.
O pedido de cassação foi apresentado pela federação PT, PCdoB e PV e pelo PMN. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) rejeitou o pedido, mas os partidos recorreram ao TSE.
Uma dieta vegana de mães lactantes não afeta as concentrações de nutrientes essenciais para o desenvolvimento do bebê no leite materno. É o que aponta um novo estudo feito por investigador do Amsterdam University Medical Centers, apresentado na 55ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica, Hepatologia e Nutrição (ESPGHAN).
Pesquisas descobriram que mães veganas em comparação com mães com uma dieta onívora não adotaram diferenças nas concentrações dos nutrientes essenciais vitamina B2 ou carnitina no leite humano, apesar de serem encontradas em concentrações mais altas em produtos de origem animal.
“A dieta materna exerce grande influência na composição nutricional do leite humano, importante para o desenvolvimento infantil. Com o aumento das dietas veganas em todo o mundo, também por mães lactantes, há preocupações sobre a insuficiência nutricional de seu leite. [… ] Portanto, seria importante saber se as concentrações lácteas desses nutrientes são diferentes em mulheres lactantes que consomem uma dieta vegana”, disse Hannah Juncker, pesquisadora principal do estudo, em comunicado.
A vitamina B2 (riboflavina) é um cofator importante para enzimas envolvidas em muitas vias biológicas. Estudos anteriores consideraram que uma escassez significativa de vitamina B2 em bebês pode levar a graves problemas de saúde, como anemia e problemas neurológicos.
A função da carnitina é no metabolismo energético. A restrição do nutriente no bebê pode levar a um baixo nível de açúcar no sangue, bem como à possibilidade de disfunção cardíaca e cerebral.
Este estudo sugere que a influência de uma dieta vegana materna nesses dois nutrientes importantes do leite pode ser menos significativa do que outras pesquisas instruídas anteriormente.
Embora o presente estudo tenha sofrido menores concentrações séricas de carnitina livre e acetil carnitina nas mães que seguiram uma dieta vegana, notavelmente não houve diferença nas concentrações de carnitina no leite humano entre os grupos de estudo.
“Os resultados de nosso estudo sugerem que as concentrações de vitamina B2 e carnitina no leite humano não são influenciadas pelo consumo de uma dieta vegana. Esses resultados sugerem que uma dieta vegana em mães lactantes não é um risco para o desenvolvimento de uma deficiência de vitamina B2 ou carnitina em bebês amamentados.
Cientistas brasileiros descobriram que a própolis é capaz de melhorar a imunidade de pessoas que vivem com o HIV. A resina produzida pelas abelhas modula o sistema imunológico mesmo nos infectados por um vírus cujos alvos são justamente as células de defesa do organismo, revelou o estudo.
— Já se sabia que a própolis é um poderoso anti-inflamatório e tem também ação antioxidante, mas essa é a primeira vez que se mostra que também auxilia quem vive com o HIV — destaca o coordenador do estudo, José Maurício Sforcin, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu.
Sforcin há três décadas estuda as propriedades medicinais da própolis e frisa que o potencial dela na manutenção da saúde é muito maior do que o imaginado. No estudo, os pesquisadores verificaram num grupo de voluntários que a própolis diminuiu significativamente a concentração de malondialdeído.
Essa substância é uma indicadora de estresse oxidativo, isto é, de desequilíbrio no metabolismo das células. São afetadas funções muito básicas que influenciam todo o organismo. O estresse oxidativo leva à perda de defesa contra radicais livres e está associado a uma série de problemas, de câncer a doenças do coração, envelhecimento da pele e perda de funções cognitivas.
O estresse oxidativo é aumentado em pessoas que vivem com o HIV, seja pela própria sobrecarga no sistema natural de defesa seja por efeitos adversos dos remédios que mantém o vírus sob controle.
No estudo, também foi observada melhora direta no combate dos radicais livres, liberados justamente quando há desequilíbrio no metabolismo celular.
— Com isso, acreditamos que a própolis pode ajudar a reduzir a inflamação crônica e contribuir para prevenir o desenvolvimento de comorbidades, como diabetes e câncer, mais frequentes em pessoas que vivem com o HIV do que em não infectados. E, dessa forma, auxiliar a conter o envelhecimento precoce que afeta os portadores do vírus — diz a bióloga Karen Tasca, primeira autora do trabalho, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Publicado na revista científica Biomedicine & Pharmacotherapy, o estudo foi realizado em pessoas que fazem tratamento com antirretrovirais, são assintomáticas e estavam com vírus indetectável há pelo menos três anos. A contagem de linfócitos CD4 (alvos do HIV) delas era semelhante à de não infectados.
Após três meses de uso de cápsulas de 500 mg diários de própolis e sem quaisquer mudanças no nível de atividade física ou alimentação, elas tiveram reduzidos os níveis de marcadores associados à inflamação e ao estresse oxidativo em relação a outro grupo também assintomático, com a mesma contagem de CD4 e uso de antirretrovirais. Ao todo, participaram do estudo 40 pessoas, metade de cada grupo.
Durante o estudo os voluntários não mudaram hábitos alimentares e de atividade física, de modo que nenhum outro fator, além do uso de própolis poderia ter feito diferença nos níveis das substâncias observadas.
Um outro estudo do mesmo grupo já havia indicado que a própolis também aumenta a proliferação de linfócitos CD4.
Uma pessoa infectada pelo HIV que faz uso de antirretrovirais tem hoje uma expectativa de vida boa e seu sistema imunológico atua normalmente na defesa contra patógenos e outras agressões. Porém, envelhece mais depressa. Não na aparência, mas no funcionamento do organismo.
— Em geral, uma pessoa que vive com o HIV, mesmo assintomática e com a carga viral indetectável, é de dez anos a 20 anos fisiologicamente mais velha do que outra da mesma idade cronológica sem o vírus — enfatiza Tasca.
O envelhecimento precoce é resultado tanto da ação do próprio vírus quanto dos antirretrovirais, drogas extremamente eficazes, mas que têm efeitos adversos. O sistema imune de quem tem HIV é constantemente ativado. O resultado é tanto a aceleração da exaustão do sistema imunológico, que ocorre normalmente no envelhecimento, quanto de um estado de inflamação crônica. Como consequência, surgem mais cedo comorbidades associadas ao envelhecimento, como hipertensão, câncer e diabetes.
— Não é raro encontrar uma pessoa de 50 anos com HIV indetectável, mas com uma ou mais comorbidades. Acontece tanto o aumento da frequência quanto o acúmulo de comorbidades. Acreditamos que o uso de própolis pode ser incorporado aos hábitos de quem vive com o HIV — afirma Tasca.
Os preços das frutas mais comercializadas nos principais mercados atacadistas do país no último mês registraram queda em comparação a março. O mamão foi o produto que registrou o maior percentual de redução, registrando uma média negativa de 9,21%. Por outro lado, as hortaliças, em geral, ficaram mais caras sendo o tomate o que apresentou a maior alta com uma elevação média em torno de 34%. É o que mostra o 5 º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado nesta quarta-feira (17) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“A queda dos preços do mamão inverte um comportamento de alta registrada desde novembro do ano passado”, destaca o presidente da Companhia, Edegar Pretto. De acordo com o levantamento, essa baixa é explicada pela maior oferta da variedade formosa, que impactou os preços e também influenciou a redução das cotações praticadas do papaya, além da concorrência com frutas da época como tangerina poncã e caqui, entre outros fatores. “A tendência de queda continua sendo registrada nas primeiras semanas de maio nas Centrais de Abastecimentos (Ceasas) analisadas”, pondera o presidente.
No caso da banana, além da diminuição dos preços, foi registrada queda na comercialização. Esse comportamento de preços mais baixos segue o histórico que mostra tendência de queda nas cotações no primeiro semestre do ano. Cenário semelhante é verificado para laranja, maçã e melancia, com menores preços praticados nos mercados atacadistas e redução também na comercialização registrada.
Em contrapartida, depois de registrar quedas durante todo este ano, os preços do tomate voltaram a subir de forma unânime e significativa. A oferta do produto dentro das Ceasas caiu em torno de 15% em abril, pressionando os preços para cima. Essa redução é explicada pela saída da produção da safra das águas que não foi compensada pela entrada da safra de inverno, que a partir de agora abastecerá as Ceasas.
A transição de safras da batata também influenciou na oferta do tubérculo no atacado, provocando a alta nas cotações, movimento típico para a época do ano. Para a cenoura, continua o movimento ascendente dos preços nas Ceasas. No entanto, o cenário sinaliza para uma inversão no início de maio. O tempo mais firme, sem muitas chuvas, tem facilitado a colheita aumentando os volumes da raiz nos mercados, influenciando em uma queda de preços já verificada nas primeiras semanas deste mês.
Contrariando o comportamento das demais hortaliças, a cebola registrou uma nova queda de preço em abril, porém em menor intensidade que nos meses anteriores. Apesar da oferta do bulbo ter caído 5,8%, ela ainda se mantém em níveis elevados, principal motivo para esta continuidade da queda. Com o bom volume da produção nacional, as importações de cebola no acumulado até abril de 2023 estão bem abaixo das registradas nos dois últimos anos, sendo 30% menor ao de 2022 e 50% inferior ao de 2021, considerando o mesmo período.
Os dados estatísticos do Boletim Prohort da Conab foram levantados em onze Centrais de Abastecimento localizadas em São Paulo/SP, Belo Horizonte/MG, Rio de Janeiro/RJ, Vitória/ES, Curitiba/PR, São José/SC, Goiânia/GO, Brasília/DF, Recife/PE, Fortaleza/CE e Rio Branco/AC.
A Câmara dos Deputados instalou nesta quarta-feira (17) três comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Os congressistas vão investigar as inconsistências contábeis nas Americanas, as apostas esportivas e a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
As CPIs das Americanas e do MST terão 27 titulares e igual número de suplentes, enquanto a outra terá 34 integrantes. Os membros serão designados pelos líderes partidários.
As comissões têm poderes de investigação semelhantes às autoridades judiciais. Podem convocar autoridades, requisitar documentos e quebrar sigilos pelo voto da maioria dos integrantes.
O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou nesta quarta-feira (17) pela condenação do ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) a uma pena de 33 anos, 10 meses e dez dias de prisão.
A manifestação foi feita na ação penal derivada da Operação Lava Jato em que Collor, que também é ex-senador, é acusado de receber propina de um esquema de corrupção na BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras.
Fachin, relator do processo, considerou Collor culpado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O demais ministros do Supremo ainda votarão no processo. O caso foi levado a julgamento porque está próximo à prescrição.
Fachin fixou o regime fechado para o início do cumprimento da pena de Collor. Para o relator, ele não tem direito à substituição por medidas cautelares nem à suspensão condicional da pena.
Segundo a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), Collor teria recebido nesse esquema ao menos R$ 29 milhões de propina entre 2010 e 2014.
De acordo com a Procuradoria, o ex-senador solicitou e aceitou promessa para viabilizar irregularmente um contrato de troca de bandeira de postos de combustível celebrado entre a BR Distribuidora e a empresa DVBR (Derivados do Brasil), com ajuda de outros réus.
Fachin também sugeriu um valor mínimo indenizatório a título de danos morais coletivos de R$ 20 milhões, a serem pagos de forma solidária pelo ex-presidente e os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos.
O primeiro é diretor do Instituto Arnon de Mello e administrador de empresas de Collor; o segundo é apontado como operador do ex-senador. De acordo com a denúncia, os dois ajudaram no esquema.
Fachin também votou pela perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objeto das lavagens em relação ao que os réus foram condenados e a proibição de exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza.
O ministro do STF disse que as diversas práticas de lavagem de dinheiro cometidas por Collor viabilizaram a ocultação e dissimulação da origem ilícita de considerável quantia da corrupção praticada no âmbito da BR Distribuidora.
Fachin afirmou que a culpabilidade do acusado é exacerbada, “pois a filiação a grupo criminoso organizado por parte de quem usualmente é depositário da confiança popular para o exercício do poder enseja juízo de reprovação muito mais intenso do que seria cabível em se tratando de um cidadão comum”.
“O que se extrai do caso em análise é o absoluto desrespeito aos princípios de observância obrigatória pelos exercentes de função pública, sobre os quais não lhes foi outorgado qualquer limite transacional”, disse.
A pena sugerida por Fachin foi maior do que a proposta pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.
Ela pediu a condenação de Collor a 22 anos e oito meses de prisão, em reforço ao entendimento da ex-procuradora Raquel Dodge em 2019.
Lindôra afirmou que as condutas narradas na acusação estão suficientemente provadas nos autos, não apenas por meio das colaborações premiadas, mas em relatórios financeiros.
Ela também citou como base documentos apreendidos ou trazidos pelas partes, termos de declarações e dados bancários e registros de entrada no escritório do doleiro Alberto Youssef.
O doleiro é apontado como operador dos repasses, que, analisados em conjunto, segundo a acusação, não deixam dúvidas sobre a autoria e a materialidade dos crimes praticados.
Collor foi o terceiro senador a virar réu na Lava Jato. A denúncia foi uma das primeiras oferecidas pela PGR no âmbito da operação, em agosto de 2015. Na época, Fachin chegou a rejeitar as acusações de peculato e obstrução de Justiça.
Réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por calúnia contra o ministro Luís Roberto Barroso, o senador Magno Malta (PL-ES) informou ao ministro Alexandre de Moraes nesta terça-feira, 16, que concorda com as condições determinadas por Barroso para encerrar a ação penal, sem necessidade de levar o processo adiante ou o agendamento de uma audiência de conciliação.
A defesa do senador bolsonarista afirma que ele está de acordo em se retratar formalmente, no âmbito do processo, quanto às ofensas à contra o ministro do Supremo. Malta também referendou o pedido de Barroso para que se comprometa a “não mais divulgar informações sabidamente falsas” a respeito do ministro, sob pena de reabertura da ação penal.
A advogada de Magno Malta pediu a homologação da transação penal proposta por Luís Roberto Barroso e o cancelamento da audiência para colher depoimentos do parlamentar e de testemunhas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, prevista inicialmente para a próxima sexta-feira, 19.
Senador caluniou ministro O senador se tornou réu no STF após Luís Roberto Barroso mover contra ele uma queixa-crime, depois de Malta ter atribuído ao ministro agressões contra uma mulher. A fala do senador ocorreu em 11 de junho de 2022, durante um evento conservador no interior de São Paulo. Sem apresentar provas, o ex-parlamentar declarou que o ministro do STF respondia a duas ações no Superior Tribunal de Justiça (STJ) com base na Lei Maria da Penha, referentes às supostas agressões.
Em 2013, então procurador do estado do Rio de Janeiro, Barroso, assim como uma procuradora, um desembargador, dois juízes, uma delegada e um inspetor da Polícia Civil do Rio, foram alvo de uma queixa-crime movida por uma advogada, que lhes atribuía crimes de calúnia, difamação, injúria, violência contra a mulher, formação de quadrilha, prevaricação e advocacia administrativa. A ação, no entanto, foi rejeitada liminarmente e arquivada pela ministra Eliana Calmon, por não haver absolutamente nenhuma prova nem justa causa para seu prosseguimento.
Liz O’Donnell é uma americana de origem irlandesa que desde cedo soube que poderia apostar no próprio talento e força de trabalho para ganhar a vida. Chegou ainda jovem ao posto máximo de sua carreira, como gerente de marketing da empresa americana Double Forte, especializada em relações públicas.
Quando se casou, ficou claro para ela e o marido que, acontecesse o que fosse, a carreira dela era inegociável. Teve dois filhos, hoje já adultos, e os desafios impostos pela maternidade de uma mulher em um mercado competitivo a fizeram pensar que poderia ajudar outras como ela.
Criou, com uma colega de trabalho, a SheStarts, uma plataforma digital com a finalidade de unir mulheres empreendedoras da área de Boston, capital do estado de Massachussetts (EUA), onde morava.
Escreveu um best-seller chamado “Mogul, Mom & Maid: The Balancing Act of the Modern Woman”, lançado em 2013. O título em inglês faz um jogo de palavras que, traduzido para o português, soa bastante antipático, algo como “Magnata, Mãe & Empregada Doméstica: O Ato de Equilíbrio da Mulher Moderna”.
Enquanto dava entrevistas a respeito deste tal equilíbrio, Liz soube, no mesmo dia, que tanto seu pai quanto sua mãe tinham doenças terminais. De uma hora para outra, tudo que ela tinha aprendido, e que viajava o país ensinando, não era mais suficiente.
“No começo eles só precisavam de mim para ajudar com coisas da casa, eu ia ao supermercado para eles nos finais de semana, cortava a grama do quintal, consertava coisas que quebravam na casa”, contou ela, em uma conversa com a Folha por chamada de vídeo.
Conforme a doença dos dois avançava, a presença de Liz foi se tornando mais importante e frequente. “Meu pai parou de dirigir porque estava perdendo a audição e minha mãe porque levou um tombo”, lembra.
“Essa é a fase em que muitas ainda não se dão conta de que passaram a ser cuidadoras dos pais e não estão apenas sendo uma boa filha. Ela vem logo antes de uma outra fase, mais dura, quando você percebe que seus pais não estão tendo o cuidado adequado porque você é muito ocupada para prestar atenção neles”.
No meio dessa tempestade emocional, Liz percebeu que outras pessoas da sua faixa etária, entre 40 e 50 anos, principalmente mulheres, viviam situações familiares semelhantes e ninguém falava sobre isso.
Criou uma comunidade no Facebook chamada Working Daughter (Filha trabalhadora, em português) para trocar informações, dicas de médicos e de como lidar com os pais velhos, além de conversar e até rir de situações inusitadas.
Em 2020, lançou o livro “Working Daughter”, inédito no Brasil, e fez tanto sucesso que passou a trabalhar apenas meio período em sua profissão original. Hoje metade de seu tempo é dedicado ao tema. A comunidade se desvinculou do Facebook e, no ano passado, comemorou nos EUA o primeiro Dia Nacional das Filhas Trabalhadoras, que acontece na terceira quarta-feira de novembro.
Em uma conversa de duas horas por Zoom, Liz deu um recado para mulheres que se tornaram cuidadoras de seus pais: “É quase impossível ser uma boa mãe, uma boa companheira, uma boa profissional e uma boa filha ao mesmo tempo. Ninguém foi treinado para isso.”
Folha – Fiquei muito surpresa quando percebi que seu livro não foi lançado no Brasil, porque, na nossa cultura, é muito comum que as famílias cuidem de seus velhos até o final. Não é muito bem aceito socialmente botar os velhos em casas de repouso, como nos Estados Unidos e na Europa.
Liz O’Donnell – Eu deveria ter procurado as estatísticas do Brasil, lamento não ter feito isso, mas pelo que sei da cultura de vocês devem ser números bastante parecidos com os dos Estados Unidos. Aqui, entre 60 e 70% das pessoas que cuidam de parentes mais velhos são mulheres.
Há um número significativo de homens que assumem essa função, mas decidi focar nas mulheres porque temos mil outras pressões sociais que interferem na nossa vida profissional só porque somos mulheres. E nossas sociedades estão envelhecendo muito rapidamente. Com os avanços recentes na ciência e na medicina, doenças que matavam muito rapidamente acabaram se tornando doenças crônicas, administráveis, portanto todos nós vamos acabar cuidando de velhos doentes.
Folha – Em que momento da sua jornada pessoal como cuidadora de seus pais você percebeu que esse era um tema que precisava ser mais explorado?
Liz O’Donnell – Em geral, há um momento muito específico na vida de todas as pessoas que cuidam de parentes velhos ou doentes que eu batizei de “caregiving creep”, susto de cuidador. Ninguém planeja isso na vida, acaba acontecendo, e uma hora você se dá conta que virou essa pessoa e leva um tremendo susto.
No começo você acha que só está dando uma ajuda, como qualquer bom filho faria, mas essa ajuda começa a ocupar mais e mais tempo e espaço na sua vida e todo o resto começa a colapsar ao seu redor. Você perde dias de trabalho, deixa de fazer as coisas que gosta ou te fazem bem, perde compromissos familiares, deixa o marido em segundo, terceiro, quarto plano e vai ficando irritada e exausta, e não tem nada para se apoiar.
Eu cheguei a esse ponto em um dia que nunca vou esquecer. Foi quando me vi completamente sozinha e despreparada e me senti uma fraude, porque eu estava ao mesmo tempo dando palestras e escrevendo artigos sobre como equilibrar o trabalho e a família.
Folha – O que aconteceu neste dia?
Liz O’Donnell – Minha mãe tinha uma consulta médica, e ela morava a mais ou menos uma hora de distância da minha casa. Então tirei um dia das minhas férias para acompanhá-la. Acordei às 6h da manhã para responder emails de trabalho, porque você tira o dia de folga, mas ninguém mais faz isso, então há demanda. Em seguida preparei o café da manhã, meus filhos saíram para a escola, peguei o carro para ir até a minha mãe. O [site noticioso] Huffington Post me ligou pedindo um artigo, o que achei maravilhoso e aceitei na hora, poderia escrever voltando para casa, mas já comecei a gravar no celular algumas coisas que precisariam estar no artigo enquanto dirigia.
Quando cheguei na casa da minha mãe, ela estava entrando no banho, mas já deveria estar pronta. A gente estava com o tempo contado, e eu, aflita, mas tentando ser gentil, perguntei o que tinha acontecido, e ela me disse “eu não tive forças para me arrumar esta manhã”.
Finalmente chegamos no médico e ele disse que minha mãe estava perdendo peso e me perguntou o que ela comia todos os dias. Eu perguntei, “mãe, o que você tem comido?”, mas ela estava distraída com alguma coisa e não respondeu. Então o médico me disse: “como você não sabe o que ela come? Você não fala com ela todos os dias? Você já deveria ter levado ela para morar com você”.
Eu disse que tinha um emprego e viajava muito a trabalho e senti muita vergonha disso. Depois fiquei com muita raiva de ter sentido vergonha de ser bem-sucedida profissionalmente. Naquela noite eu tinha uma palestra agendada para falar do meu primeiro livro junto com outra autora, muito mais conhecida, que tinha escrito um livro com um tema parecido, mães que trabalham muito. E no final do evento, ao qual eu tinha ido sem nem trocar de roupa, eu pensei que já tinha gente demais falando sobre o equilíbrio da vida profissional e da maternidade, e ninguém para me ajudar a solucionar o problema de ser uma filha trabalhadora.
Folha – Você é filha única?
Liz O’Donnell – Não, tenho duas irmãs mais velhas. Passei muito tempo reclamando do fato desse cuidado ter ficado quase todo nas minhas costas, que mesmo antes de virar a principal cuidadora dos meus pais já tinha a vida mais atribulada, com o trabalho que mais demandava – e que mais produzia dinheiro – entre nós três.
Mas, no fim das contas, eu sou a pessoa da família que gerencia melhor as coisas, sou muito boa com logística e interajo bem com médicos e enfermeiras. As mesmas características que me fizeram ser bem-sucedida profissionalmente foram as que me fizeram virar a principal cuidadora dos meus pais.
Folha – Qual o principal conselho que você dá a quem vira de uma hora para outra a cuidadora principal de pais velhos ou doentes?
Liz O’Donnell – Bem, eu escrevi um livro inteiro sobre isso. O fundamental é aprender a aceitar que sua vida se transformou em algo que você não planejou, mas ainda é a sua vida. Não fique esperando essa fase passar para fazer isso ou aquilo.
Outra coisa importante é lembrar que a perfeição é um conceito supervalorizado e inatingível, então não se julgue muito. Esse trabalho de cuidadora é essencial, lembre-se disso o tempo todo, e aceite ajuda. É quase impossível ser uma boa mãe, uma boa companheira, uma boa profissional e uma boa filha ao mesmo tempo. Ninguém foi treinado para isso. Então, dane-se se não deu tempo de pintar o cabelo, arrumar a cama ou fazer exercício. E, se por um momento da vida você achar que não está sendo uma boa companhia, danem-se os amigos também. Faça o que é mais importante. Já está ótimo.
Raio-X Liz O’Donnell é executiva de uma empresa de relações públicas e autora de “Working Daughter: A Guide to Caring for Your Aging Parents While Earning A Living” (Filha trabalhadora: um guia para cuidar de seus pais idosos enquanto ganha a vida, em português), de 2020, e do best-seller “Mogul, Mom & Maid: The Balancing Act of the Modern Woman” (Magnata, mãe & empregada doméstica: o ato de equilíbrio da mulher moderna, em português), de 2013, ambos inéditos no Brasil. É também criadora de comunidade digital para mulheres que viraram cuidadoras de seus pais e, em 2022, lançou o Dia Nacional da Filha Trabalhadora nos EUA.
O líder supremo da Igreja Mundial do Poder de Deus, Apóstolo Valdemiro Santiago, não figura como presidente da entidade, ao menos formalmente.
Uma pesquisa realizada no site da Receita Federal revela que o presidente registrado é o Bispo Roberto Santana da Silva.
Contrariando a prática de outros líderes religiosos, que costumam registrar o CNPJ da igreja e de qualquer empresa associada em seus próprios nomes, Valdemiro optou por uma alternativa que, em teoria, poderia ser denominada de “laranja”.
Apesar disso, o Fuxico Gospel não conseguiu verificar se Roberto Santana ocupa a presidência da instituição desde a fundação da igreja ou se essa mudança ocorreu após o acúmulo de dívidas.
Recentemente, foram penhorados R$ 900 mil da igreja para o pagamento de dívidas. Agora, se a igreja não pertence a ele, a dívida também não é sua responsabilidade.
Fizemos uma tentativa de contato com a igreja para esclarecer quando ocorreu a alteração jurídica na presidência, porém ainda não recebemos uma resposta.
A Polícia Federal (PF) e a Receita Federal (RFB) deflagraram na manhã desta quarta-feira (17), a Operação Cordyceps, com o objetivo de combater a extração e venda irregular de minérios, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. A ação ocorre simultaneamente nos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba.
Ao todo, 25 policiais federais e 8 auditores estão sendo cumpridos 6 mandados de busca e apreensão expedidos pela 9ª Vara da Justiça Federal/RN, nas cidades de Parelhas/RN, Junco do Seridó/PB e Campina Grande/PB.
A operação apura indícios encontrados durante as investigações de extração e aquisição de minérios sem autorização legal, por parte de pequenos produtores locais, os quais depois de beneficiados são comercializados com empresas nacionais e do exterior.
Os levantamentos também buscam comprovar crime contra a ordem tributária, devido a contabilização irregular dos minérios adquiridos em pequenas propriedades, além de crime ambiental, em razão da extração ocorrer sem autorização dos órgãos competentes.
O nome da operação Cordyceps faz referência a um fungo que se apodera do controle de alguns insetos e os faz agir em seu interesse, uma alusão ao fato dos investigados se utilizarem de pequenos produtores para explorar irregularmente minérios.
A COMISSÃO ESPECIAL ELEITORAL, constituída na forma da Resolução nº 88 e 89/2023, para o processo de escolha, em data unificada, dos membros do Conselho Tutelar do Município de Currais Novos/RN, publica a relação dos candidatos inscritos. I – Inscreveram-se os seguintes cidadãos:
Maxsuel de Araújo Lima;
Kátia Cristina da Silva Macêdo Medeiros;
Arthur Breno de Medeiros;
José Ademir Dantas Adriano;
Ana Cláudia Lima Garcia Nascimento;
Neilson Luiz de Souza;
Rogério Tiago Hipólito Fernandes;
Maria Aparecida Bernardino;
Lucas David Gomes da Silva; 10.Emerson Silva do Nascimento; 11.Maria Lúcia Lima Santos; 12.Noêmia Assunção de Souza; 13.Edivânia Maria Sabino; 14.Joás Diego da Silva Oliveira; 15.Marcos Antônio Bezerra; 16.José Fernandes Dantas Júnior; 17.Walter Wagner dos Santos.
II – O cidadão que tenha conhecimento dos fatos ou circunstâncias que tornem qualquer inscrito impedido ou inapto para a função de Conselheiro Tutelar, à luz dos requisitos fixados na Lei Municipal nº 3.409 DE 02 de janeiro de 2019, e Resolução nº 88 e 89/2023, poderá oferecer impugnação junto à Comissão Especial Eleitoral, no prazo de 07 (sete) dias, contados da publicação deste edital, devidamente instruída com provas. III – As impugnações deverão ser apresentadas por escrito e protocoladas na sede do CMDCA, situado no endereço a Rua Dr. João Dutra de Almeida, 512, bairro JK, Currais Novos/RN, no horário das 08 às 17h00. Currais Novos/RN, 17 de maio de 2023.
Pedro Antoniony Araújo da Silva Presidente da Comissão Especial Eleitora
Uma emenda de autoria do atual ministro da Justiça, Flávio Dino, foi a base da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para indeferir o registro de candidatura do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e, com isso, cassar o mandato do lavajatista.
Em 2010, o então deputado federal pelo PCdoB da Paraíba propôs a inclusão, na Lei da Ficha Limpa, da inelegibilidade os magistrados e membros do Ministério Público que tivessem pedido exoneração ou aposentadoria na pendência de processo administrativo disciplinar.
“Pois é. É da minha autoria, quando deputado federal, a emenda que em 2010 determinou a aplicação da Lei da Ficha Limpa a magistrados e membros do Ministério Público. Mas juro que não viajo no tempo, antes de que disso me acusem”, ironizou Dino, nas redes sociais, após a decisão do TSE.
Antes de deixar o cargo de procurador para se candidatar, Deltan Dallagnol esteve à frente da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba até o fim das atividades do grupo. Após a cassação, o antigo crítico da operação Flávio Dino publicou o texto da emenda de 2010 e compartilhou um meme em que aparece como personagem do filme “De Volta para o Futuro”.
Antes disso, o ministro da Justiça havia citado um trecho bíblico para comentar o julgamento do TSE e dedicado ao presidente Lula, alvo de acusações da Operação Lava-Jato conduzidas por Dallagnol.
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Está em Mateus 5, 6”, destacou o político.
Dallagnol pode recorrer, mas já sem mandato Todos os ministros da Corte eleitoral seguiram a posição do relator, ministro Benedito Gonçalves, que considerou que Deltan pediu exoneração do cargo de procurador para evitar uma eventual punição administrativa, que poderia torná-lo inelegível. A decisão deve ser cumprida imediatamente. Deltan ainda poderá apresentar recurso ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas já sem o mandato.
O advogado de Deltan, Leandro Souza Rosa, afirmou na sessão que Deltan não era alvo de nenhum processo administrativo disciplinar aberto (PAD) no Conselho Nacional de Ministério Público (CNMP) no momento em que pediu exoneração, em novembro de 2021.
Entretanto, Gonçalves considerou que havia outros tipos de procedimentos abertos no CNMP, de caráter preliminar, que poderiam acarretar em PADs, e que por isso ele antecipou sua saída. Eram 15 procedimentos, incluindo nove reclamações disciplinares. Pela legislação eleitoral, ele só precisaria deixar o cargo seis meses antes do pleito, no início de abril de 2022.
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, dissolveu a Assembleia Nacional liderada pela oposição do país nesta quarta-feira (17) e convocou novas eleições presidenciais e legislativas. A medida drástica se dá em meio ao andamento de seu processo de impeachment, motivado por acusações de desvio de dinheiro.
A medida está prevista na Constituição do país, mas nunca tinha sido utilizada antes. Ela permite que o presidente governe por decreto até que novas eleições sejam realizadas, em até seis meses —que podem se estender a oito na prática, pelos ritos eleitorais.
A ferramenta pode ser acionada em três casos: se o Legislativo assumir funções que não lhe correspondam, se obstruir o governo “de forma reiterada e injustificada” ou devido ao uma grave crise política e comoção interna. Lasso cita esse último motivo no decreto publicado nesta manhã.
Adversários políticos do senador e ex-juiz Sergio Moro (União-PR) acreditam que ele pode perder o mandato até o final deste ano, devido a um processo movido pelo PL por suposta prática de Caixa 2. A ação contra Moro tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).
O PL diz que o caso é semelhante ao da ex-senadora Selma Arruda, que teve o mandato cassado, em 2020, por gastos sem a devida contabilização, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Ex-juíza, ela ganhou o apelido “Moro de saias” pelo histórico de decisões em casos de corrupção em Mato Grosso.
A decisão do TSE de cassar o mandato de Deltan Dallagnol nesta terça (16) foi vista pelos inimigos políticos do ex-juiz como uma sinalização de que o caso Moro terá o mesmo desfecho. Há torcida por isso entre os políticos atingidos pela Lava Jato.
“Deltan pode trabalhar no gabinete do Moro. Terá uns seis meses de emprego até a cassação do colega”, provocou o ex-deputado Eduardo Cunha, preso e condenado pela Lava Jato.