Número de mortos em desabamento em Olinda sobe para 6
Sobe para seis o número de mortos do desabamento de um edifício de três andares no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda, região metropolitana do Recife, na noite de quinta-feira (27).
A última vítima foi encontrada na madrugada deste sábado (29), uma mulher de 60 anos sem vida.
Outras cinco pessoas foram retiradas dos escombros com vida, duas com ferimentos graves, de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco.
A corporação foi acionada às 22h08 de quinta-feira, chegando ao local 20 minutos depois.
As causas da tragédia ainda estão sendo investigadas. Em razão do acidente, imóveis que ficam nos arredores do Edifício Leme, que fica na Rua Olegário Mariano, 990, também foram interditados.
A edificação, que tem 32 apartamentos, já havia sido desocupada e condenada para moradia pela Defesa Civil do município desde 2001. No momento do incidente, no entanto, pelo menos 16 pessoas e três cachorros estariam no local.
Entre as vítimas fatais, que não tiveram os nomes revelados, estão uma mulher de 60 anos, um homem de 32 anos e um adolescente de 13 anos, que morava com os pais, que não estavam no prédio no momento do desabamento.
O edifício está localizado em uma área em que outras dezenas de prédios já foram desocupados pela Defesa Civil de Olinda por problemas estruturais.
Entre os feridos resgatados estão dois homens e três mulheres. Os dois homens, um de 45 anos e o de 53, identificado apenas como Ebenezer, estão internados no Hospital da Restauração, na área central do Recife.
Ebenzer era casado com Maria José, uma das vítimas fatais. Ele foi encontrado pelos bombeiros sob os escombros por volta das 8h30 da manhã, depois de passar mais de dez horas soterrado.
Duas mulheres, ambas com 25 anos, foram encaminhadas para a UPA da PE-15, em Olinda, e já tiveram alta. Uma terceira está internada no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, e seu quadro de saúde segue estável, sem gravidade.
Por volta das 19h50, duas mulheres foram encontradas já sem vida no local. Uma última vítima do sexo feminino segue desaparecida. Os bombeiros continuam a procurá-la sob os escombros na noite desta sexta.
Vizinhos do prédio falaram sobre o susto e o medo. O mecânico Saulo Farias, 54 anos, foi uma das primeiras pessoas a chegar ao local, por volta das 22h10. “Eu já estava indo deitar quando ouvi um barulho muito forte e corri para a rua. Quando vi era o prédio caindo. Tinha muita poeira e logo depois a fumaça começou. Chamamos os bombeiros e muita gente se juntou para tentar ajudar porque a gente ouvia as pessoas pedindo socorro. Foi muito assustador”, afirmou.
“A gente sabe que tem outros prédios que podem cair a qualquer momento porque estão com problemas e já haviam até sido condenados e desocupados. O problema é que a prefeitura de Olinda interdita e vai embora. Aí as famílias que não têm para onde ir, voltam.”
Em nota, a Prefeitura de Olinda confirmou que o edifício foi interditado há mais de 20 anos pela Defesa Civil, após uma vistoria conjunta entre Estado, Município e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
De acordo com o coronel do Corpo de Bombeiros Waldyr Oliveira, atual secretário de Defesa Civil de Olinda, a prefeitura não sabia que o edifício havia sido reocupado. No entanto, os relatos de moradores e vizinhos apontam que a reocupação é antiga e que boa parte dos apartamentos foram alugados para outras famílias que não as proprietárias originais.
A região onde a edificação está localizada tem um histórico de prédios com problemas estruturais e desabamentos. Há dezenas de imóveis com rachaduras e outros danos aparentes e muitos, assim como o Leme, já foram condenados por especialistas, mas continuam abrigando famílias inteiras.
“Em seguida, os órgãos exigiram da seguradora do imóvel a demolição do mesmo. A mesma seguradora também é responsável pela vigilância do prédio e deveria proibir a ocupação”, disse. A prefeitura afirma que atua junto à Justiça, a fim de obrigar as seguradoras a executarem as demolições.
“Dezenas de ações foram movidas pela Procuradora do Município. Como exemplo, têm-se os casos dos edifícios Verbena e JK, onde a Caixa Seguradora, responsável pela Guarda e Conservação dos prédios, foi obrigada a demoli-los, realocando eventuais ocupantes”, afirmou o município.
Atualmente, no entanto, de acordo com a prefeitura, existem casos em que a Justiça já determinou a demolição do imóvel, após a ação municipal, porém as seguradoras se recusam a dar cumprimento à ordem judicial, mesmo sendo cobrada multa diária no caso de descumprimento.
“A Prefeitura de Olinda se solidariza com as famílias das vítimas e vai continuar atuando para que os prédios condenados do município sejam totalmente demolidos pelas seguradoras responsáveis.”
A seguradora do edifício que desabou parcialmente é a Caixa Seguradora. Procurada, a empresa ainda não se manifestou. O espaço permanece aberto para manifestação.
Vítimas resgatadas com vida
Vítima de sexo feminino, 25 anos (UPA Olinda);
Vítima de sexo feminino, 25 anos (UPA Olinda);
Vítima de sexo feminino, 30 anos (Hospital Miguel Arraes);
Vítima de sexo masculino, 45 anos (Hospital da Restauração);
Vítima de sexo masculino, 53 anos (Hospital da Restauração);
Seis pessoas não resistiram aos ferimentos:
Rodolfo Henrique Pereira da Silva, 31 anos;
Heverton Benedito dos Santos, 13 anos;
Maria José Barbosa da Silva, 52 anos;
Vítima do sexo feminino, 32 anos;
Vítima do sexo feminino, 16 anos;
Vítima do sexo feminino, 60 anos;
Nas redes sociais, Lupécio Carlos do Nascimento (Solidariedade), prefeito de Olinda, lamentou a tragédia. “Estamos mobilizados para prestar toda assistência para as vítimas”, disse ele. No post, aparece o nome Edifício Lene, mas a prefeitura de Olinda disse que se chama Leme.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), por meio das redes sociais, também disse que o governo prestará todo o apoio necessário ao município. “Os bombeiros já estão atuando na ocorrência e no socorro de possíveis vítimas. Ficaremos atentos ao trabalho”, publicou.
No final da tarde, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) divulgou nota prestando solidariedade às vítimas e se colocando à disposição para “os encaminhamentos necessários”. O MPPE ainda diz que tem atuado nos desdobramentos da tragédia, para a apuração dos fatos e “responsabilização dos implicados” e em relação às medidas emergenciais aos sobreviventes.
CNN