O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se, neste domingo (10), com líderes europeus e reiterou que o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) deve ser equilibrado, permitindo uma agenda comercial ambiciosa entre os blocos. Os encontros ocorreram à margem da Cúpula do G20, em Nova Déli, na Índia.
Lula teve agendas com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel (foto); e com o presidente francês, Emmanuel Macron. Nas conversas, tratou sobre as pendências que travam um desfecho e cobrou clareza em torno da real possibilidade de acordo. Na opinião do presidente, a decisão já está mais no âmbito político do que técnico.
“Lula anunciou que o Mercosul está pronto para concluir o acordo o mais rápido possível e que espera uma postura clara dos europeus”, informou o Palácio do Planalto, em nota. “Para o presidente brasileiro, não faz mais sentido, após 22 anos de tratativas entre os negociadores, seguir numa perspectiva de protelar consensos. Para ele, é o momento de os líderes dos dois lados decidirem politicamente levar o acordo entre os blocos adiante”, diz o comunicado.
O presidente brasileiro reafirmou que o Mercosul não aceita posturas como a carta adicional que a União Europeia fez neste ano, incluindo possibilidades de sanções em função de temas ambientais. O grupo europeu quer estabelecer punição para quem descumprir os termos do Acordo de Paris, o tratado internacional sobre mudanças climáticas adotado em 2015.
Em declarações anteriores, Lula já disse que a proposta é inaceitável, mas, de acordo com o Planalto, ele está confiante em chegar, até o fim do ano, “a um acordo equilibrado e que leve em conta necessidades dos dois lados”. Sob liderança do Brasil, o Mercosul entregou, dias atrás, uma contraproposta ao documento adicional dos europeus.
Para Lula, a proposta também desconsidera as credenciais do Brasil em torno do tema. Aos líderes, ele citou o trabalho do governo federal para reduzir o desmatamento na Amazônia e a iniciativa de reunir autoridades dos oito países da região na Cúpula da Amazônia, em agosto, em Belém.
Aprovado em 2019, após 20 anos de negociações, o acordo Mercosul-UE precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. A negociação envolve 31 países.
Lula também reiterou que o Brasil não abre mão das compras governamentais, por considerar a ferramenta essencial para a reindustrialização do país. A proposta do acordo prevê que fornecedores estrangeiros de bens e serviços possam ser contratados no Brasil e participar de uma série de licitações públicas do país.
Pelas redes sociais, Ursula von der Leyen concordou com a intenção de encontrar um caminho consensual. “A União Europeia valoriza a parceria com o Brasil. Queremos reenergizá-la. E precisamos encontrar um caminho para União Europeia e Mercosul”, escreveu.
Parceria cultural No encontro entre Lula e Macron, os dois líderes concordaram com a reedição, em 2025, de uma parceria para levar representantes da cultura brasileira ao país europeu e destaques do cenário artístico francês para apresentações no Brasil. As ações devem ocorrer em moldes semelhantes ao do Ano do Brasil na França e do Ano da França no Brasil, com programações realizadas nos anos 2000.
Lula e Macron trataram ainda de uma agenda de cooperação em áreas como defesa e meio ambiente. O brasileiro também reforçou o convite a Macron para que faça sua primeira visita oficial ao Brasil e ouviu do europeu que há previsão de que essa oportunidade ocorra no primeiro semestre de 2024.
Brasil e França firmaram uma parceria estratégica em 2006 para promover o diálogo político e as relações econômico-comerciais. Os dois países possuem ainda cooperação nas áreas de defesa, espaço, energia nuclear e desenvolvimento sustentável. A parceria também contempla educação, ciência e tecnologia, temas migratórios e transfronteiriços.
Em 2022, o comércio bilateral movimentou cerca de US$ 8,45 bilhões em mercadorias.
Arábia Saudita Lula também conversou, pela primeira vez, com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Os representantes sauditas indicaram ao presidente Lula que desejam ampliar investimentos no Brasil, principalmente na área de petróleo e gás e também nas fontes verdes, além de retomar uma agenda comercial que ficou parada nos últimos anos.
Também ficou acertado que uma delegação de empresários e autoridades sauditas deve visitar o Brasil em breve para conhecer a carteira de projetos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que estão abertos a investimentos estrangeiros. Essa agenda será discutida pelos ministérios das Relações Exteriores de ambos os países.
“Segundo o presidente Lula, o crescimento dos investimentos sauditas no Brasil é bem-vindo e pode ser importante no processo de transição para uma economia mais sustentável, com destaque para setores de alta tecnologia, como o desenvolvimento de motores híbridos e também em hidrogênio verde”, explicou o Palácio do Planalto, em nota.
As relações comerciais entre os dois países vêm crescendo ano a ano e, em 2022, o volume comercializado chegou a US$ 8,2 bilhões.
Na conversa, o presidente brasileiro também deu as boas-vindas à Arábia Saudita como novo país-membro do Brics. A nação árabe faz parte do grupo de seis novos integrantes oficializados em agosto, juntamente com a Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã. Até então, o bloco de países emergentes era formado apenas por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
As últimas atualizações com relação ao terremoto que atingiu o Marrocos na noite da última sexta-feira (8) apontam que 2.122 pessoas morreram em decorrência da tragédia. O último balanço, divulgado no último domingo (10), também relata que o número de feridos subiu para 2.421.
O tremor de magnitude 6,8 na escala Richter durou cerca de 15 segundos e danificou diversas áreas, desde aldeias nas montanhas do Atlas até a cidade histórica de Marrakech.
Após a tragédia, o Ministério do Interior do país afirmou que as autoridades locais “todos os recursos necessários para intervir e ajudar as zonas afetadas” pelo fenômeno.
O ministério marroquino também disse que as cidades mais atingidas pelo terremoto, além de Marrakech, foram Al Haouz, Azilal, Chichaoua, Ouarzazate e Taroudant.
O tremor ocorreu por volta das 19h30 (horário de Brasília) e aconteceu a uma profundidade de 18,5 km, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Preta Gil recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, na manhã deste domingo, 10. A cantora mostrou em seus stories do Instagram o momento em que anuncia, ao lado da sua equipe médica, a novidade “tão esperada”. “Hora da alta tão esperada. Bora, vamos pra casa”, celebrou ela ao som de Andar com Fé, música de seu pai, Gilberto Gil.
“Muito grata a tudo o que vivi nesses 28 dias aqui no hospital”, acrescentou ao agradecer a equipe médica que ficou ao seu lado, enfermeiros, técnicos e fisioterapeutas. A artista foi internada na capital paulista no dia 16 de agosto para retirada de um tumor no intestino.
O diagnóstico de câncer foi confirmado pela artista em janeiro deste ano. Por meio das suas redes sociais, ela contou que estava com adenocarcinoma, um tipo de câncer que afeta o intestino. Na ocasião, a cantora acalmou os fãs e disse que estava bem. “Conto com a energia de todos para seguir tranquila e confiante”.
Preta ficou internada na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. Em agosto, ela veio para São Paulo para realizar a cirurgia no Hospital Sírio-Libanês. Além de retirar o tumor, a cantora passou por um procedimento extenso e complexo de 14 horas, que exigiu uma histerectomia total abdominal.
A histerectomia consiste na remoção cirúrgica do útero. O Estadão conversou com especialistas na época para entender o motivo da intervenção. A cirurgia foi um sucesso e Preta anunciou, no dia 22 de agosto, que estava “livre de células cancerígenas”.
O dia 11 de setembro é uma data marcante na história moderna, não só para os Estados Unidos, mas para um país muito mais próximo do Brasil, o Chile. Esta segunda-feira (11), marcará meio século da derrubada do presidente Salvador Allende pelo General Augusto Pinochet.
A marcha anual, composta por familiares das vítimas da ditadura, se tornou violenta por pequenos grupos de pessoas que entraram em confronto contra a polícia neste domingo (10).
Os manifestantes jogaram coquetéis molotov contra veículos policiais. As autoridades revidaram com canhões de água e gás lacrimogênio.
Segundo autoridades locais, a La Moneda (sede da presidência chilena), sofreu danos durante as manifestações e teve suas janelas quebradas.
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou o repasse de R$ 741 milhões às regiões atingidas pela passagem de um ciclone no Rio Grande do Sul. Ele e oito ministros desembarcaram neste domingo (10) em Lajeado (RS) para visitar as áreas afetadas pelo ciclone que deixaram pelo menos 43 mortos no estado. Eles são acompanhados pelo governador do estado, Eduardo Leite (PSDB).
Entenda as medidas Entre as medidas anunciadas estão:
R$ 195 milhões do Ministério das Cidades para moradia de moradias.
R$ 185 milhões do Ministério da Integração para ajudar na evacuação dos municípios com foco na “questão urbana”, como pavimentação de ruas, recuperação de estradas e limpeza.
R$ 125 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social e do Ministério do Desenvolvimento Agrário para programas sociais, entre os quais a autorização para o PAA (Plano de Aquisição de Alimentos) comprar produtos e distribuir na região; adiantamento do BPC (Benefício de Prestação Continuada) em um salário mínimo, que poderá ser pago em até 36 vezes sem juros e correções; e o saque do FGTS até o limite de R$ 6.220,00.
R$ 80 milhões do Ministério da Saúde, para interna de hospitais e UBS (Unidades Básicas de Saúde), além de gastos com farmácias e hospitais de campanha.
R$ 16 milhões do Ministério dos Transportes para obras viárias, especialmente a assistência da ponte da BR 116 que passava sobre o Rio das Antas.
R$ 26 milhões em créditos para o Ministério da Defesa, para operações militares e de resgate.
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Então mais uma nova oportunidade de aumentar ganhos é oferecida e os desafios mudam de tom. Após realizar um depósito de R$ 800 reais ou mais, o desafio passa a ser: perder os R$ 800 reais ou depositar mais R$ 500 reais para fazer um curso sobre como lucrar mais. Como uma pessoa já ganhou algum dinheiro, no grupo só existem comentários positivos e ela não quer perder seus R$ 800 reais, ela realiza o investimento. É nesse momento que ela é o restauração do grupo e todas as suas mensagens passam a ser ignoradas ou bloqueadas. Lá se foram suas economias.
É importante registrar queixa para que outras pessoas não caiam no mesmo golpe . Porém tente correr atrás desse prejuízo ser inútil, pois a empresa não tem indicação de CNPJ e o domínio do site parece alterado periodicamente.
Dinheiro rápido e fácil atrai qualquer um, é quase irresistível. Mas este tipo de golpe em específico chama ainda mais atenção de dois perfis de pessoas:
Individuais: a situação de individualização traz muita ansiedade de modo que as pessoas ficam mais tendenciosas a acreditar que existe uma solução simples, fácil e acessível. Além disso, pequenos valores podem representar uma facilidade para esse perfil que acaba sendo iludido facilmente.
Avarentos: pessoas muito apegadas ao dinheiro que estão sempre negando pequenas compras às mesmas podem perder o autocontrole rapidamente diante de uma oportunidade de ganho rápido e fácil.
As emoções são sempre o motor dos golpes financeiros. Por isso, veja algumas dicas que podem te ajudar a verificar uma eventual “grande oportunidade”.
O direito de propriedade sobre uma frase é obrigatoriamente compartilhado. As palavras são metade de quem as pronúncia, metade de quem as escuta. Não há trajetória entre o emissor e o receptor, o significado de uma fala por vezes se altera. Na origem da conversão de Mauro Cid em delator é um comentário de Bolsonaro.
Familiarizado com o drama do ex-ajudante de ordens, um amigo contou à coluna que a fala que acendeu o pavio de Cid foi pronunciada por Bolsonaro em 18 de maio, na saída de uma visita surpresa ao primogênito Flávio, no Senado. Avesso a repórteres, naquele dia o capitão buscou os microfones.
Em meio às menções elogiosas à carreira militar de Mauro Cid, Bolsonaro disse aos repórteres: “Ele fez o melhor de si. Peço a Deus que ele não tenha errado. E cada um siga a sua vida”. Filtrando os elogios, Cid interpretou o comentário como um risco no chão. Bolsonaro demarcou uma fronteira. De um lado, a suspeita de que levou o ex-faz-tudo à prisão. Do outro, um ex-presidente com pose de limpinho.
Preso numa sala do Quartel-Geral de Brasília há 15 dias, Cid exibia uma serenidade que destoava da restrições de sua condição penal. Havia sinalização nos blocos que não implicariam o ex-chefe. Silenciara no primeiro interrogatório da Polícia Federal sobre a falsificação de cartões de vacina, entre eles o de Bolsonaro e de sua filha.
Cid tornar-se-á um ávido consumidor de notícias. Sua cela especial dispunha de televisão. Aborrecera-se dias antes com o fragmento de uma entrevista concedida pelo advogado Rodrigo Roca, que havia contratado logo que foi preso. Ligado à família Bolsonaro, Roca soara como defensor do alheio. Em tom categórico, dissera que não houve “qualquer intervenção por parte do presidente Bolsonaro” no caso da fraude dos cartões de vacina.
Nas pegadas do comentário enviado de Roca, foi substituído pela defesa de Cid o advogado Bernardo Fenelon, um especialista em delação. A troca ocorreu uma semana antes de Bolsonaro declarar que cada um deveria seguir sua vida. Com a prudência embaçada pelo instinto de sobrevivência, o capitão ignorou o recado embutido na troca de advogado. Os humores do tenente-coronel foram azedados.
Restava saber a que temperatura ferveria ou o sangue frio do preso. O ponto de ebulição foi atingido em 11 de agosto, quando os rapazes da Polícia Federal acordaram o pai de Cid, o general Mauro Lourena Cid, munidos de um mandato de busca e apreensão emitida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Quando se imaginou que Bernardo Fenelon administraria seu preço por delações para promover uma guinada na estratégia do Cid, o doutor abdicou da defesa. Retire-se da causa em silêncio. Nos bastidores, divulgamos a versão segundo a qual Fenelon se esforçou na evolução das investigações uma quebra de confiança, pois desconhecia as novas descobertas da PF sobre o envolvimento de seu cliente e do pai dele na venda e recompra de presentes de luxo que Bolsonaro recebeua quando era presidente.
A discussão sobre gastos previdenciários ficou esquecida após uma grande reforma em 2019. Houve redução nas despesas da União nos primeiros anos . No entanto, os défices ainda são pesados, pois as contribuições são insuficientes para pagar todas as retiradas, especialmente entre os militares, alertam os especialistas.
O economista Paulo Tafner , um dos maiores especialistas em Previdência, conta que o gasto com inativos no serviço público ainda permanece alto. Em vários estados e municípios, ele já superou a despesa com ativos, por exemplo.
“Muita gente no serviço público que começou antes de 1998, quando ocorreu a reforma, tem direito à integralidade e ainda vai se aposentar”, afirma. “Acredito que, em algum momento, o gasto com inativos até vá impedir o aumento salarial para os ativos.”
No caso dos militares, ele lembra que as mudanças foram feitas em 2019 por meio de projeto de lei, pois o tema não é matéria constitucional. Foi implementado um mesmo regramento para Forças Armadas em nível federal, PM e bombeiros nos estados. Os seus efeitos, porém, não se mostram tão eficazes quanto o da reforma dos civis .
“A situação melhorou em relação ao que era, mas as medidas para os militares foram modestas em relação ao que poderiam e deveriam ser”, afirma Tafner.
Logo após a reforma, o então Ministério da Economia estimou que a União teria uma economia de R$ 10,45 bilhões em dez anos com a reforma dos militares.
A diferença entre o que é desembolsado para cobrir os benefícios e o que é efetivamente gasto para pagar mensalmente, reservistas e pensionistas é uma demonstração do descompasso financeiro , explica o economista Felipe Drumond, consultor da República.org, entidade que atua para ampliar as discussões sobre o funcionalismo público no Brasil.
Drumond paralelo fez com base nos dados do Anuário Estatístico da Previdência, o Aeps 2021, publicado em novembro de 2022, que consolida as informações mais recentes.
No caso da União, a receita anual para a Previdência dos militares cobre cerca de 15,5% do total das despesas com benefícios. A diferença cai na conta do Tesouro Nacional. Como o dinheiro vem dos impostos, Drumond explica que é como se todos os brasileiros arcassem com a despesa para cobrir o que falta.
Considerando o total do déficit anual, na casa de R$ 47,7 bilhões, e o número de beneficiários, que chega a 396 mil, os brasileiros desembolsam, todos os meses, cerca de R$ 9.603 para cada militar na reserva e seus pensionistas.
Os servidores civis da União cobrem 46% dos gastos com benefícios. O déficit é quase igual ao dos militares, R$ 48 bilhões, mas o número de beneficiários é muito maior. São cerca de 784,6 mil aposentados e pensionistas civis, o que cria um custo extra per capita mensal de R$ 5.111 para o bolso dos brasileiros.
O peso dos militares é muito desproporcional, diz Drumond. Os miliares e seus pensionistas somados equivalem a praticamente metade do número de servidores civis, mas custam quase o dobro, explica ele.
Estudioso sobre a Previdência, o economista Fabio Giambiagi avalia que o Brasil tem dificuldade de lidar com qualquer tema associado às Forças Armadas desde o fim da ditadura, o que inclui o discutido Previdência e o impacto da categoria nos gastos.
“Para quem se aposentava no INSS, a gente foi lá e disse: ‘Vocês vão ter de empurrar a aposentadoria para a frente. Vamos protelar uns sete a oito anos’. Tinha de ser feito, foi o coração da reforma e, no fim , todo o mundo aceito”, lembra Giambiagi.
“No caso dos militares, empurraram um pouquinho o prazo de aposentadoria, mas, para compensar, alteraram a estrutura de carreira, o que elevou as investimentos na ativa e teve o impacto de também elevar a aposentadoria lá na frente.”
Segundo ele, a fotografia do gasto com servidores deixa claro o peso já desproporcional da categoria.
Segundo dados do Tesouro Nacional e do Ministério do Planejamento e Orçamento referentes a 2022, a União gastou o equivalente a 1,77% do PIB com funcionários ativos, incluindo militares, mais 1,53% com inativos. O total de gastos com servidores foi obtido em 3,3% do PIB.
Fracionando cada gasto entre civis e militares do Executivo, Legislativo e Judiciário, os militares representam a primeira despesa no grupo de pensionistas e a segunda entre ativos e aposentados, superando o Judiciário, cujas vitórias costumam ser destacadas pelo alto valor. Dos 3,3% do gasto total, 0,95% já é do militar.
“A sociedade brasileira, em algum momento, vai precisar discutir o que ela quer dos seus militares ”, diz Giambiagi.
A situação também é complicada nos estados e no Distrito Federal. Os civis conseguem custear um pouco mais de metade do déficit e, mesmo com as reformas realizadas em muitas unidades da Federação, ainda geram um rombo na casa de R$ 74 bilhões por ano.
Mensalmente, os Tesouros estaduais gastaram, em média, quase R$ 3.000 per capita para cobrir aposentadorias e pensões de 2 milhões de servidores e pensionistas.
Os militares, por sua vez, cobrem 20% do gasto previdenciário, o que gera um rombo anual de R$ 38 bilhões. Os Tesouros, na média, desembolsam mensalmente R$ 6.700 per capita para completar os benefícios de 472 mil PMs na reserva e pensionistas.
A PM afirma que deu a sua contribuição após intensa negociação com a categoria.
“Tivermos a nossa reforma, e ela não foi pequena, não”, diz Marlon Jorge Teza, coronel da reserva da PM de Santa Catarina e presidente da Feneme (Federação Nacional das Entidades de Oficiais Militares Estaduais).
Teza lembra que houve uma discussão sobre a permanência da Polícia Militar nos estados e como tratá-la quando veio o debate da reforma da Previdência.
“Houve um entendimento sobre o que representava a PM e a necessidade de que fosse mantida, mas avisaram: ‘Vai ter uma reforma da Previdência para os civis e precisamos fazer mudanças no sistema de proteção social da PM, porque como está não pode ficar’. Aceitamos o esforço de negociar com a corporação”, afirma Teza.
Segundo ele, o militar não tem como ser tratado igual ao civil, porque a dinâmica da função é muito diferente.
“No mundo, a força militar segue normas diferentes, está submetida a uma legislação mais forte e tem direitos limitados, inclusive os direitos civis, porque ela fica à disposição da nação para momentos de crise e deve cumprir as normas sem titubear. Militares perdem direitos , se arriscam e esperam uma retribuição no fim da vida, e essa é uma retribuição”, afirma o coronel.
“Se querem que a gente seja igual aos civis, ok, nos tornem civis, com os mesmos direitos também, e seja lá o que Deus quiser.”
A reportagem interna ao Ministério da Defesa e fez contato com segmentos militares para falarem sobre a reforma. Não houve posicionamento até a publicação deste texto.
ALGUNS PONTOS DA REFORMA DOS MILITARES
Elevou o tempo mínimo de serviço para ter direito a entrar na reserva remunerada (militar não se aposenta) de 30 para 35 anos, inclusive para mulheres, que em muitos estados puderam se aposentar com 25 anos de serviço; não há idade mínima Anterior reajustes anuais para militares até 2023 Para as Forças Armadas, criou-se o adicional de compensação de disponibilidade militar, que varia, de acordo com a patente, de 5% a 32%; para oficiais-gerais, o percentual vai de 35% a 41% Elevou uma alíquota de contribuição de ativos e inativos, para pensões militares, de 7,5% para 10,5%, e para os pensionistas o recolhimento também passou a ser de 10,5% (não possui faixa de liberdade nos descontos, como ocorre com civis); a alíquota pode chegar a 13,5% para filhas pensionistas vitalícias não inválidas (modalidade das Forças Armadas que não existe na PM)
Advogado-Geral da União (AGU) no governo Lula, Jorge Messias acionou Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia, na noite deste domingo (10/9), contra o jornalista Alexandre Garcia, da revista Oeste. A ação foi motivada por um comentário sobre a tragédia que deixou ao menos 46 mortos no Sul.
“Determinei à Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia a imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação promovida pelo jornalista [Alexandre Garcia]. É inaceitável que, nesse momento de profunda dor, tenhamos que lidar com informações falsas”, afirmou Messias.
O AGU se referiu a um comentário de Alexandre Garcia sugerindo possível culpa do governo federal na tragédia que matou mais de 46 pessoas no Sul. Disse o comentarista:
“É preciso investigar, porque não foi só a chuva. A chuva foi a causa original. Mas no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, três represas pequenas que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada parecida com aquelas que acontecem aqui perto de Brasília, na Chapada dos Veadeiros, e que levam as pessoas e que matam pessoas porque a água vem de repente”.
A fala de Alexandre Garcia ganhou grande repercussão na internet e gerou revolta em aliados de Lula.
A última fase (SST) do eSocial (Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas), criado pelo governo federal, entrou em vigor no mês de janeiro de 2022. Contudo, somente em janeiro de 2023 os envios digitais das informações relacionadas à saúde e segurança do trabalho (SST) passaram ser a única forma legal de comunicação com a Previdência Social.
O foco da Receita Federal nesse momento é o recolhimento da contribuição adicional ao RAT (Riscos Ambientais do Trabalho), visto que, desde janeiro de 2022, as empresas precisam esclarecer, através do sistema pelo evento S-2240, se o colaborador esteve exposto a agentes nocivos e se essa exposição viabiliza a necessidade de recolhimento de um valor extra para financiar a aposentadoria especial.
Muitos empresários ainda não se atualizaram e nem cumpriram com os prazos e eventos de 2023 exigidos pela plataforma, e agora correm o risco de sofrerem com a fiscalização automática da Receita Federal.
Diante do fato alarmante, surge a necessidade de contar com uma empresa que cuide de todas as demandas regulamentarias dos estabelecimentos, evitando danos e prejuízos futuros.
No lobby do hotel The Leonardo, em Johanesburgo, na África do Sul, a língua mais falada por ali na terceira semana de agosto era português e não inglês, um dos idiomas oficiais do país.
Quem subisse as escadas rolantes para chegar ao local daria de cara com dezenas de brasileiros — jornalistas e integrantes da equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estava no país para participar da 15ª Cúpula do Brics.
A cena se repetiu praticamente de forma idêntica em todos os outros países que Lula visitou nos primeiros oito meses de seu terceiro governo.
Nesse período, Lula viajou para 19 países. O número iguala o recorde também registrado pelo petista no primeiro ano de seu segundo mandato, em 2007 (veja dados abaixo).
E agora, assim como naquela época, a quantidade de viagens feitas por Lula virou alvo de críticas tanto de integrantes da oposição quanto dentro do governo e levanta a seguinte questão: por que Lula tem viajado tanto?
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que a quantidade de viagens de Lula ao exterior nesses primeiros oito meses é resultado de uma soma de fatores que incluem: uma espécie de demanda reprimida em relação à atuação do Brasil na esfera internacional durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o perfil pessoal de Lula, que demonstraria mais interesse no assunto.
Eles ponderam, no entanto, que se de um lado as viagens do presidente podem “abrir portas” e gerar oportunidades no exterior, por outro elas podem dar margem a críticas internas e externas.
Recorde
Levantamento feito com base na agenda pública de Lula mostra que, entre janeiro e o fim de agosto, ele visitou 19 países. Entre eles, estão nações como Argentina, Estados Unidos, China e países do continente africano como Angola e África do Sul.
Com base em dados da Presidência da República, a BBC News Brasil verificou que esse é o maior número de países visitados por um presidente nos oito meses do seu primeiro ano de mandato desde a redemocratização do país, em 1985.
Ainda de acordo com o levantamento, o número foi o mesmo registrado para o período no primeiro ano do segundo mandato, em 2007.
Em 2003, quando assumiu o governo pela primeira vez, Lula visitou 13 países no período.
Entre os presidentes que mais viajaram nos primeiros oito meses de seus primeiros anos de mandato estão Dilma Rousseff (PT), que presidiu o Brasil entre 2011 e 2016, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que comandou o país entre 1995 e 2002. Nenhum dos dois, no entanto, atingiu as marcas de Lula.
Entre janeiro e agosto de 1995, Fernando Henrique Cardoso viajou a nove países. No mesmo período de 1999, já em seu segundo mandato, o então presidente viajou para oito países.
Dilma Rousseff, por sua vez, foi a menos destinos que Lula e Fernando Henrique Cardoso. Entre janeiro e agosto de 2011, ela viajou para seis países. Em 2015, ela foi a nove.
Demanda reprimida e ‘diplomacia presidencial’ Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que o volume de compromissos internacionais de Lula pode ser explicado por dois fatores principais:
A necessidade, segundo alguns analistas, de reposicionar o Brasil no cenário internacional após a gestão de Bolsonaro; O perfil do presidente Lula, que demonstra mais interesse na política externa que alguns de seus antecessores. “Uma das razões para que ele (Lula) faça tantas viagens está relacionada à necessidade de recolocar o Brasil no mapa do mundo após quatro anos de uma política externa errática e com algumas questões problemáticas como a de Bolsonaro”, diz Fernanda Magnotta, professora de Relações Internacionais na FAAP.
A política externa de Bolsonaro foi marcada por fatos como o fechamento do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, em 2019, um alinhamento político intenso com a administração do agora ex-presidente norte-americano Donald Trump e por polêmicas na relação do presidente com países como a França e a China.
“Qualquer outra liderança sem ser Lula teria que ir nessa direção porque era uma necessidade do Brasil”, afirma Magnotta.
O diplomata Rubens Barbosa segue a mesma linha de Magnotta e diz que as viagens de Lula nos primeiros meses de seu mandato precisa ser colocada em contexto.
“É preciso contextualizar e ver que Bolsonaro, por exemplo, fez o caminho inverso. Ele não viajou, não se inseriu internacionalmente. Vejo esse movimento de Lula como normal, especialmente nesse início de governo”, afirmou.
Diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil em caráter reservado apontam ainda que haveria uma espécie de “demanda reprimida” entre os países da comunidade internacional interessados em se aproximar do Brasil que não havia sido atendida nos últimos anos.
Um dos dados que corroboraria essa tese é a quantidade de líderes internacionais com quem Lula se encontrou nos primeiros oito meses de seu novo mandato.
Até agosto, Lula já teve reuniões bilaterais com 48 chefes de Estado ou de governo, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Segundo um levantamento feito pelo jornal O Globo publicado em maio, Bolsonaro se reuniu com 31 em seus quatro anos de governo.
Diplomacia presidencial O outro ponto citado pelos especialistas ouvidos pela BBC News Brasil para explicar a quantidade de viagens de Lula nos primeiros meses de seu novo governo é o que os estudiosos de política externa chamam de diplomacia presidencial.
“A diplomacia presidencial é aquela marcada pela pretensão do líder em se envolver diretamente em negociações internacionais com outras lideranças sem utilizar, necessariamente, o intermédio de ministros e diplomatas”, explica Fernanda Magnotta.
Cientistas políticos e acadêmicos do campo das relações internacionais também ponderam que o exercício da diplomacia presidencial pode refletir de forma mais ou menos acentuada características ou interesses pessoais do governante.
Dessa forma, líderes mais interessados em política externa tenderiam a ter uma atuação mais forte em fóruns multilaterais, enquanto outros, mais preocupados com questões domésticas, adotariam um perfil diferente.
Os acadêmicos avaliam também que a diplomacia presidencial pode, em alguma medida, gerar descontinuidade de projetos ou mudanças abruptas de prioridade a cada mudança de governo, especialmente em países nos quais os poderes do governante são maiores, como normalmente acontece nos regimes presidenciais.
“Isso (relações internacionais) é visto por líderes, e Lula é um deles, como uma forma de aumentar a visibilidade do país e do seu governo no cenário internacional para defender os interesses da nação com a máxima efetividade simbólica”, diz Magnotta.
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que Lula já havia demonstrado interesse em política externa nos seus dois primeiros mandatos (2003 a 2006 e 2007 a 2010). Por isso, o foco de Lula em uma agenda repleta de compromissos internacionais não chegou a surpreender os analistas ouvidos.
“Lula já havia feito isso no passado. Essas viagens todas são uma decorrência da forma como o presidente vê qual é o papel que o país deve desempenhar. Ele está aproveitando a visibilidade internacional que tem”, afirmou o diplomata Rubens Barbosa.
Segundo Fernanda Magnotta, a intensidade das viagens de Lula também têm relação com a sua visão de mundo.
“Lula parece acreditar que é do interesse do Brasil se colocar como um ator global e não apenas uma potência média ou regional. Um ator global interessado em rever a ordem internacional”, diz a professora.
Em entrevista à BBC News Brasil em agosto, o professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV) Oliver Stuenkel disse ver que há um esforço em curso do governo brasileiro para aumentar a influência global do país.
“Há um esforço claro de querer ampliar a visibilidade e influência do Brasil sobretudo depois de 10 anos que inviabilizaram uma atuação do Brasil na arena internacional”, disse Stuenkel.
Com esse objetivo em mente, as viagens de Lula ao exterior seriam uma forma de atingir essa meta.
Oportunidades, críticas e riscos Fernanda Magnotta aponta que a presença de Lula em tantos eventos internacionais pode representar algumas oportunidades ao Brasil.
“A principal vantagem de uma agenda tão intensa é o aumento da visibilidade global. Quando temos um presidente ativo internacionalmente, isso pode atrair investimentos, oportunidades e aumentar as chances de haver articulações políticas com outros países”, disse a professora.
A quantidade de viagens de Lula, no entanto, passou a ser alvo de críticas de oposicionistas poucos meses após ele iniciar o seu mandato.
Uma das críticas é de que Lula estaria supostamente mais interessado em temas internacionais como a guerra na Ucrânia (suas intervenções sobre o assunto geraram polêmica) do que em questões domésticas, como a dificuldade do governo de montar uma base parlamentar sólida ou a política econômica.
“Um foco excessivo na política externa traz consigo alguns riscos. Muita gente vai dizer, por exemplo, que a agenda externa gera uma desatenção para as questões internas do país”, explica Fernanda Magnotta.
E Rubens Barbosa diz: “Até agora, o governo conseguiu aprovar seus projetos, mas se alguma reforma importante empacar, o presidente poderá ser alvo de críticas mais pesadas por conta dessa agenda internacional”.
Um dos problemas mais recorrentes do atual governo é sua sustentação parlamentar no Congresso Nacional.
Apesar de o governo vir conseguindo aprovar a maior parte dos seus projetos como o novo arcabouço fiscal e a primeira parte da reforma tributária, analistas políticos avaliam que Lula ainda não tem uma base sólida e que depende de negociações pontuais para conseguir fazer avançar a sua agenda.
Na tentativa de ampliar sua base, o governo vem promovendo mudanças no comando de ministérios. Nos últimos meses, o deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA) assumiu a pasta do Turismo após a saída de Daniela Carneiro.
Há ainda a expectativa de uma reforma ministerial nos próximos dias, mas que vem sendo adiada e parte desse atraso vem sendo atribuído à agenda internacional de Lula nos últimos meses.
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG), um dos vice-líderes do governo na Câmara dos Deputados, admitiu à BBC News Brasil que houve, nos primeiros meses do governo, certa preocupação com relação a como as viagens de Lula poderiam afetar a capacidade de articulação política da atual administração.
Ele diz que um ponto de atenção foi a tramitação da medida provisória que determinou a atual organização dos ministérios do governo Lula.
Em maio, a tramitação da MP começou a preocupar o governo depois que membros do chamado Centrão, que lideravam esse processo, inseriram mudanças como a retirada de poderes dos ministérios dos Povos Indígenas (MPI) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Em meio ao impasse, os dias foram se passando sem que o governo conseguisse chegar a um acordo. O risco era que, se a MP não fosse votada e convertida em lei até os primeiros dias de junho, ela perderia validade e a estrutura dos ministérios do governo Lula teria que ser a mesma herdade do governo Bolsonaro.
O problema é que em maio, enquanto as negociações no Congresso Nacional iam a todo vapor e o governo encontrava resistências, Lula cumpria uma intensa agenda internacional visitando o Reino Unido, Japão, Itália e Vaticano.
Nos bastidores, até mesmo integrantes do governo reclamaram da dificuldade em alinhar os termos da negociação com o Centrão enquanto o presidente estava fora do país.
A MP acabou sendo aprovada no último dia antes de perder a validade e com a perda de atribuições do MPI e do MMA.
“Ali, a gente ficou um pouco preocupado”, lembra o deputado. “O problema não eram as viagens, mas a qualidade do tempo que se dedicava à articulação. Mas isso já foi resolvido. Quando está em Brasília, o presidente tem se dedicado mais à articulação. E quando está fora, os temas domésticos também são repassados a ele diretamente”, diz o parlamentar.
Fernanda Magnotta diz que outro ponto de tensão quando um governo assume uma política externa tão movimentada é com relação à expectativa do seu resultado e o potencial de polarização política.
“Na medida em que há um aumento desses compromissos, também aumentam as expectativas e, por consequência, as cobranças e as frustrações. O risco dessa diplomacia intensiva está ligado às entregas que ela será capaz de fazer e da possibilidade de uso político de tudo o que é decidido como elemento que incentive a polarização política que já existe no país”, diz a professora.
O senador e líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), critica, por exemplo, a condução da política externa de Lula.
“Durante o governo Bolsonaro, nós fechamos o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia e, agora, o acordo está parado. Além disso, o presidente Lula vem dando declarações equivocadas sobre a guerra na Ucrânia”, diz Marinho.
Freio Integrantes do governo apontam que o ritmo de viagens de Lula nos próximos meses deverá diminuir. Após as idas à Índia para a reunião do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, Cuba e Estados Unidos (para a Assembleia Geral da ONU), Lula fará uma pausa para se submeter a uma cirurgia no quadril.
Há meses, o presidente vem sofrendo com dores crônicas na região. A cirurgia está prevista para acontecer no final de setembro ou início de outubro e deverá lhe obrigar a ficar em recuperação por algumas semanas.
A possível próxima viagem internacional de Lula em 2023 é a ida para a COP-28 (Conferência das Nações Unidas para o Clima), entre novembro e dezembro, nos Emirados Árabes Unidos.
Disponíveis nas farmácias desde os anos 1960, os benzodiazepínicos — classe de drogas da qual fazem parte o clonazepam, o diazepam e o lorazepam, por exemplo — surgiram como uma esperança de tratar ansiedade, fobia social, epilepsia, entre outros quadros psiquiátricos, com menos risco de efeitos colaterais graves.
Passadas algumas décadas, porém, a prática mostrou que o uso dessas medicações, das quais o Rivotril é a marca comercial mais famosa, requer alguns cuidados básicos.
O principal deles está em limitar o consumo desses comprimidos a períodos mais curtos, de poucos dias, ou apenas em situações de emergência, segundo especialistas.
“Em suma, os benzodiazepínicos não são nem venenos, nem panaceias universais”, resume o psiquiatra Márcio Bernik, coordenador do Programa de Transtornos de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq-FMUSP).
A atenção extra na hora de prescrever e orientar o uso adequado desses remédios tem a ver com o risco de abuso, tolerância e dependência, apontam os entrevistados.
Se Rivotril e outros remédios do grupo são tomados de forma contínua, por várias semanas, meses ou até anos, o paciente precisará de doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito — além de criar um perigoso vínculo emocional entre a melhora dos sintomas e a necessidade de se medicar com frequência.
Procurada pela reportagem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que mais de 65 milhões de unidades de clonazepam (Rivotril) foram vendidas no Brasil em 2022.
A seguir, você entende como essas substâncias agem no corpo e produzem uma sensação de calmaria — e quais são as situações em que elas realmente estão indicadas, segundo especialistas e bula do medicamento.
Neurônios excitados e inibidos
Bernik lembra que, ao longo da História, a humanidade sempre buscou e usou substâncias com efeito sedativo.
“Desde o tempo de xamãs e curandeiros, as pessoas têm uma demanda por produtos que aliviam a dor, auxiliem na interação social, facilitem o sono ou aplaquem a ansiedade.”
Durante boa parte dos séculos 19 e 20, os principais ansiolíticos disponíveis eram os barbitúricos — o antigo gardenal talvez seja o representante mais conhecido dessa classe.
“Esses medicamentos eram consumidos em excesso, mesmo numa época em que já se sabia que eles estavam relacionados a envenenamento e alto risco de morte”, lembra o psiquiatra.
Uma das vítimas do abuso de barbitúricos foi a atriz e modelo americana Marilyn Monroe (1926-1962).
O desenvolvimento e a popularização dos benzodiazepínicos a partir dos anos 1960, então, representou um grande alívio. “O principal aspecto positivo desses remédios é a segurança, ainda mais quando os resultados deles são comparados aos barbitúricos”, diz Bernik.
Mas como essa classe de ansiolíticos funciona? O farmacêutico André Bacchi, professor da Universidade Federal de Rondonópolis, no Mato Grosso, explica que os neurônios funcionam por meio de impulsos elétricos — e é justamente na brecha entre uma célula nervosa e outra que esses fármacos agem.
“Nesse espaço entre os neurônios, conhecido como fenda sináptica, os sinais elétricos são transformados em sinais químicos, mediados por neurotransmissores”, aponta ele.
De forma geral, essas substâncias produzidas pelo organismo têm dois efeitos principais: algumas geram excitação e estímulo, enquanto outras funcionam como inibidores e redutores da atividade cerebral.
Vamos focar na parte inibitória desse sistema, pois é aqui que os benzodiazepínicos atuam.
O principal neurotransmissor responsável por “frear” o sistema nervoso é o ácido gama-aminobutírico, ou Gaba na sigla em inglês.
“O Gaba se liga a receptores dos neurônios, que funcionam como um portão na membrana celular. Essa conexão permite a entrada de íons de cloro, que têm carga elétrica negativa e vão diminuir a atividade da célula”, detalha Bacchi.
Mas o que Rivotril e companhia têm a ver com esse sistema? Quando uma pessoa está numa crise de ansiedade ou de epilepsia, por exemplo, o sistema nervoso está excitado além da conta — é por isso que surgem sintomas como o nervosismo exacerbado, a crise emocional ou até o descontrole dos músculos (no caso de uma convulsão).
“Os benzodiazepínicos se ligam nas células nervosas e aumentam a afinidade dos receptores pelo Gaba”, aponta o farmacêutico.
Com isso, a ação inibitória desse neurotransmissor é reforçada — e o sistema nervoso tende a entrar nos eixos novamente.
Outra coisa que chama a atenção nessa classe farmacêutica é a rapidez. Os efeitos sedativos podem ser sentidos poucos minutos depois que o comprimido é ingerido (ou colocado debaixo da língua).
Ação generalizada Bernik destaca que o sistema Gaba responde por 40% de todos os neurônios do cérebro. Na prática, isso significa que a ação dos benzodiazepínicos acontece praticamente em todos os cantos da massa cinzenta.
“Isso leva a uma miríade de efeitos, que vão dos esperados aos indesejados”, aponta o psiquiatra.
Ou seja, a pessoa se sente mais calma, mas também vai ter sono, reage menos aos estímulos externos, fica com os músculos muito relaxados, perde uma parte da memória daquele período… Afinal, falamos de remédios com um efeito sedativo de amplo espectro.
E isso já demanda um cuidado: como descrito em bula, benzodiazepínicos lentificam as reações, então o paciente não deve dirigir ou operar máquinas pesadas durante o tratamento.
O álcool também é contraindicado, pois as bebidas podem intensificar o efeito sedativo — sob risco até de parada cardiovascular ou respiratória, coma e morte.
Outro alerta relacionado aos remédios desta classe tem a ver com o risco de tolerância e dependência. “O uso contínuo dos benzodiazepínicos leva à perda do efeito terapêutico. Com isso, é necessário aumentar a dose necessária com relativa rapidez”, diz Bacchi.
De acordo com o farmacêutico, é possível notar sintomas de abstinência em paciente que utiliza Rivotril e outros medicamentos do grupo por mais de quatro semanas consecutivas.
“Trata-se de uma questão química do cérebro. Quando tomado de forma constante, o remédio gera uma espécie de deformação nos receptores dos neurônios, que ficam menos sensíveis à ação dele”, detalha Bernik.
Ponderações feitas, quais são as situações em que os benzodiazepínicos podem ser usados com eficácia e segurança?
Casos de emergência Na bula do clonazepam, não há menção específica ao tempo limite de uso. Para cada doença (como crises epilépticas, espasmos infantis, transtornos de ansiedade e de humor, síndromes psicóticas, entre outros), há uma indicação específica, e os fabricantes dizem que o uso contínuo, ou a prescrição de uma “dose de manutenção” depende do “critério médico”.
Bernik diz que essa classe de sedativos não aparece mais como a linha inicial de cuidados contra diversas doenças psiquiátricas.
“O principal erro é prescrevê-lo como tratamento único ou como a primeira opção terapêutica”, diz o médico.
“Para as fobias, é preciso testar a terapia cognitivo comportamental antes. Para o transtorno de pânico, dá para tentar um antidepressivo em baixa dose mais a psicoterapia. Mesmo para a ansiedade, é possível recorrer aos antidepressivos de baixa dosagem”, exemplifica ele.
O psiquiatra aponta que, neste contexto, os benzodiazepínicos trazem um alívio inicial e momentâneo. “Eles podem ajudar no período de duas a três semanas em que os antidepressivos demoram para começar a fazer efeito.”
“Mas o paciente precisa entender que, depois disso, esse medicamento será retirado”, pontua Bernik.
O psiquiatra relata ter atendido vários pacientes que consomem esses comprimidos há anos e nunca receberam a orientação adequada de quando e como abandoná-los.
“Certa vez, uma paciente me contou que tomava diazepam porque teve uma discussão muito pesada com o marido, e logo depois eles se separaram. Daí ela foi a um posto de saúde e recebeu a prescrição desse medicamento”, relata.
“Só que isso aconteceu em 1968 e ela continuou a tomar o remédio por décadas.”
Em casos como o dessa paciente, porém, não é indicado fazer a retirada repentina da medicação, segundo os especialistas.
O ideal é buscar um médico para prescrever uma espécie de “desmame”, em que as doses são diminuídas aos poucos, ao longo do tempo, para que os sintomas de abstinência não sejam tão bruscos.
Bacchi reforça a ideia de que os benzodiazepínicos são um recurso de emergência.
“Falamos aqui de medicamentos para uso pontual. Eles não tratam o transtorno em si, apenas aliviam os sintomas de uma crise”, diferencia ele.
“Agora, se as crises acontecem o tempo todo e você precisa recorrer às drogas de emergência todos os dias, há algo de errado e é necessário buscar uma avaliação de um especialista”, pondera Bernik.
O que dizem as farmacêuticas A BBC News Brasil procurou as farmacêuticas responsáveis pelas marcas citadas ao longo da reportagem para perguntar sobre as ações do medicamento, indicações de uso e efeitos colaterais.
Em nota, a Roche disse que o Rivotril, que foi desenvolvido pela farmacêutica, é “indicado para tratar crises epilépticas, espasmos infantis (síndrome de West), transtornos de ansiedade e de humor, síndromes psicóticas, das pernas inquietas, do equilíbrio e da boca ardente e vertigem, conforme previsto em bula”.
Em janeiro de 2021, a empresa “iniciou o processo de transferência dos direitos relacionados ao clonazepam (Rivotril) globalmente”. Segundo a famarcêutica, no Brasil, esta ação foi concluída em julho do mesmo ano, com a transferência realizada para a empresa Blanver Farmoquímica e Farmacêutica S.A.
“Em tempo, esclarecemos que, devido à validade dos últimos lotes do medicamento produzidos pela Roche, é possível encontrar unidades remanescentes de clonazepam com a embalagem da farmacêutica suíça em alguns pontos de venda”, conclui o texto.
Até a publicação desta reportagem, a Blanver não havia respondido os contatos feitos pelo site oficial da empresa.
Bernik lembra que o tratamento da ansiedade, da depressão e de outras condições psiquiátricas ainda é muito afetado pela forma como esses quadros — e os tratamentos para amenizá-los — são estigmatizados.
“A sociedade precisa aceitar de uma vez por todas que as doenças mentais são reais. Não se trata de ‘mimimi’ ou frescura”, diz ele.
“O estresse psicossocial tem um efeito na saúde e precisamos encontrar formas de lidar com isso”, conclui o especialista.
Cientistas desenvolveram um organismo que se assemelha a um embrião humano em fase inicial, sem usar espermatozoides, óvulos ou um útero.
A equipe do Instituto Weizmann, em Israel, afirma que seu “modelo de embrião”, feito a partir de células-tronco, parece um exemplo perfeito de um embrião real de 14 dias de idade.
Ele até liberou hormônios que deram positivo para gravidez em um teste no laboratório.
A ambição dos modelos embrionários é fornecer uma forma ética de compreender os primeiros momentos das nossas vidas.
As primeiras semanas após um espermatozoide fertilizar um óvulo é um período de mudanças dramáticas – de uma coleção de células indistintas para algo que eventualmente se torna reconhecível em um ultrassom.
Este momento é crucial para a ocorrência de muitos dos abortos espontâneos e defeitos congênitos, mas é pouco compreendido.
“É uma caixa-preta e isso não é um clichê. Nosso conhecimento é muito limitado”, diz o professor Jacob Hanna, do Instituto Weizmann de Ciência, por videochamada.
Material inicial A pesquisa com embriões é legal, ética e tecnicamente complicada. Mas existe agora um campo em rápido desenvolvimento que imita o desenvolvimento natural do embrião.
Esta pesquisa, publicada na revista Nature, é descrita pela equipe israelense como o primeiro modelo de embrião “completo” que imita todas as estruturas-chave que surgem no embrião em fase inicial.
“Esta é realmente uma imagem perfeita de um embrião humano de 14 dias”, diz Hanna, o que “nunca foi feito antes”.
Em vez de espermatozoide e óvulo, o material inicial foram células-tronco imaturas que foram reprogramadas para ganhar o potencial de se tornarem qualquer tipo de tecido no corpo.
Produtos químicos foram então usados para estimular essas células-tronco a se tornarem quatro tipos de células encontradas nos estágios iniciais do embrião humano:
células epiblásticas, que se tornam o embrião propriamente dito (ou feto); células trofoblásticas, que se tornam a placenta; células hipoblásticas, que se tornam o saco vitelino de suporte; células extraembrionárias do mesoderma Depois, 120 destas células foram misturadas numa proporção precisa. Em seguida, os cientistas param e observam.
Cerca de 1% da mistura iniciou a jornada de espontaneamente se transformar em uma estrutura que se assemelha, mas não é idêntica, a um embrião humano.
“Dou grande crédito às células – é preciso trazer a mistura certa e ter o ambiente certo e tudo acontece”, diz Hanna. “É um fenômeno incrível.”
Os modelos de embriões puderam crescer e se desenvolver até serem comparáveis a um embrião de 14 dias após a fertilização. Em muitos países, este é o limite legal para a pesquisa normal em embriões.
Na entrevista por videochamada, tarde da noite, é possível ouvir a paixão na voz do professor Jacob Hanna, enquanto ele faz um tour em 3D pela “arquitetura requintada” do modelo de embrião.
Pode-se ver o trofoblasto, que normalmente se tornaria a placenta, envolvendo o embrião. E isso inclui as cavidades – chamadas lacunas – que se enchem de sangue da mãe para transferir nutrientes ao bebê.
Existe um saco vitelino, que desempenha algumas das funções do fígado e dos rins, e um disco embrionário bilaminar – uma das principais características desta fase do desenvolvimento embrionário.
‘Tudo faz sentido’ A expectativa é que modelos de embriões possam ajudar os cientistas a explicar como são criados diferentes tipos de células, além de observar os primeiros passos na construção dos órgãos do corpo e compreender o desenvolvimento de doenças hereditárias ou genéticas.
Este estudo já mostra que outras partes do embrião não se formarão a menos que as primeiras células da placenta possam cercá-lo.
Fala-se até em melhorar as taxas de sucesso da fertilização in vitro (FIV), ajudando a compreender porque alguns embriões não se desenvolvem ou usar modelos para testar se medicamentos são seguros durante a gravidez.
O professor Robin Lovell Badge, que pesquisa o desenvolvimento de embriões no Instituto Francis Crick, diz que estes modelos de embriões “parecem muito bons” e aparentam ser “bastante normais”.
“Acho que é bom, acho que foi muito bem feito, tudo faz sentido e estou bem impressionado”, diz ele.
Mas o atual índice de acerto de apenas 1% precisaria ser melhorada, acrescenta. Fica difícil entender o que acontece de errado no aborto espontâneo ou na infertilidade se o modelo não conseguir se formar na maior parte do tempo.
Legalmente distinto O trabalho também levanta a questão se o desenvolvimento do embrião poderia ser imitado após a fase de 14 dias.
Isto não seria ilegal, pelo menos no Reino Unido, uma vez que os modelos de embriões são legalmente distintos dos embriões.
“Alguns irão ver isso com bons olhos, mas outros não vão gostar”, diz Lovell-Badge.
Alfonso Martinez Arias, professor do departamento de ciências experimentais e da saúde da Universidade Pompeu Fabra (Espanha), diz que se trata de “uma pesquisa muito importante”.
“O trabalho conseguiu, pela primeira vez, uma construção fiel da estrutura completa [de um embrião humano] a partir de células-tronco” em laboratório, “abrindo assim a porta para estudos dos eventos que levam à formação do projeto corporal humano”, diz ele.
Os pesquisadores destacam que seria antiético, ilegal e, na verdade, impossível conseguir uma gravidez utilizando estes modelos de embriões. Formar as 120 células estaria além do ponto em que um embrião poderia implantar-se com sucesso no colo do útero.
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu nesta quinta-feira (7) estado de calamidade pública de 79 cidades do Rio Grande do Sul. Segundo a pasta, a medida visa agilizar o atendimento da Defesa Civil Nacional e dos órgãos competentes à população do Rio Grande do Sul afetada pela passagem de um ciclone extratropical nesta semana. Segundo a Defesa Civil estadual, 79 municípios foram atingidos, com mais de 1,6 mil pessoas desabrigadas, 3 mil desalojadas e mais de 52 mil afetadas de alguma forma. O número de mortos já chega a 39.
Com o estado de calamidade, os municípios poderão solicitar recursos para o atendimento de primeira hora à população afetada. Eles também poderão apresentar planos de trabalho para reconstrução das áreas atingidas. Os recursos servem para socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução de infraestrutura destruída ou danificada, como estradas.
O ministério informou que a solicitação deve ser feita por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD) Com base nas informações enviadas, a Defesa Civil Nacional avalia as metas e os valores solicitados. Com a aprovação, é publicada portaria no DOU com o valor a ser liberado.
De acordo com a pasta, equipes da Defesa Civil Nacional estão no Rio Grande do Sul desde segunda-feira (4), dando apoio às prefeituras das cidades atingidas na elaboração dos pedidos de reconhecimento de situação de emergência e de repasse de recursos para assistência humanitária e restabelecimento dos serviços essenciais.
As cidades que tiveram o estado de calamidade reconhecido são: Água Santa; André da Rocha; Arroio do Meio; Bento Gonçalves; Boa Vista das Missões; Boa Vista do Buricá; Bom Jesus; Bom Retiro do Sul; Cachoeira do Sul; Cachoeirinha; Camargo; Campestre da Serra; Candelária; Carlos Barbosa; Casca; Caxias do Sul; Chapada; Charqueadas; Ciríaco; Colinas; Coqueiros do Sul; Cotiporã; Coxilha; Cruz Alta; Cruzeiro do Sul; David Canabarro; Encantado; Erechim; Espumoso; Estação; Estrela; Eugênio de Castro; Farroupilha; Getúlio Vargas; Ibiraiaras; Imigrantes; Ipê; Itapuca; Jacuizinho; Jaguarí; Lagoão; Lajeado; Lajeado do Bugre; Mato Castelhano; Marau, Montauri; Montenegro; Muçum; Muliterno; Nova Araçá; Nova Bassano; Nova Roma do Sul; Novo Hamburgo; Palmeiras das Missões; Panambi; Paraí; Passo Fundo; Protásio Alves; Roca Sales; Sagrada Família; Santa Maria; Santa Tereza; Santo Ângelo; Santo Antônio do Palma; Santo Cristo; Santo Expedito do Sul; São Domingos do Sul; São Jerônimo; São Jorge; São Nicolau; São Sebastião do Caí; Sapiranga; Sarandi; Sede Nova; Serafina Corrêa; Sertão; Taquari; Vacaria e Vanini.
“A imigração destruirá Nova York”, alertou o prefeito democrata Eric Adams, cuja cidade recebe mensalmente mais de 10.000 solicitantes de asilo.
“Nunca na minha vida tive um problema para o qual não visse o fim. Não vejo um fim para isso”, disse ele em um debate público na quarta-feira (6) à noite, respondendo a perguntas de nova-iorquinos, junto com sua equipe de governo.
Mais de 110.000 pessoas chegaram à capital financeira e turística, que tem 8,5 milhões de habitantes, em busca de asilo nos últimos 18 meses, muitas delas enviadas por governadores republicanos de estados fronteiriços, em protesto contra a política de imigração do governo federal do democrata Joe Biden.
Até agora, a maioria vinha de vários países, especialmente da Venezuela, e nas últimas semanas se somaram imigrantes do Equador e da África Ocidental. Também estão chegando imigrantes de língua russa, que entram pelo México, disse o prefeito. Sua cidade é obrigada por lei a fornecer abrigo, comida e assistência médica a todos que solicitam.
Este ex-policial afro-americano vem pedindo com insistência ajuda do governo federal para enfrentar essa crise migratória, que custará aos cofres da cidade US$ 12 bilhões (R$ 60 bilhões, na cotação atual) em três anos, anunciou Adams no início de agosto.
Atualmente, mais de 60.000 solicitantes de asilo dependem dos cuidados do município para dormir, comer, vestir-se e escolarizar seus filhos. As autoridades de Nova York estão tentando que o governo federal assuma a responsabilidade pela crise.
Enquanto isso, Adams está pedindo a Washington que acelere as autorizações de trabalho para os solicitantes de asilo, para que eles possam trabalhar e deixar de depender da assistência municipal.
“Estamos prestes a perder a cidade que conhecemos, e estamos todos juntos nisso”, disse ele, pedindo aos diferentes condados que compõem a metrópole que colaborem para enfrentar essa crise juntos. “Não é esse o jogo (de passar a bola uns para os outros) que podemos jogar”, disse.