O procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestou sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli de anular provas de delações da empreiteira Odebrecht no caso e considerar a prisão de Lula um “erro histórico”. Segundo Aras, a sociedade enxerga hoje o “verdadeiro legado maldito” da operação Lava Jato.
A declaração foi dada nesta quinta-feira (7/9), no X (ex-Twitter).
O PGR também críticou o “modus operandi” da operação e acusou o grupo de “ceifar vidas, a política, a economia e afronta a soberania nacional”.
Anulação de provas A fala de Aras ecoa um dia depois de Toffoli anular as provas da operação Lava Jato. A determinação ocorreu por um um pedido da defesa do presidente Lula. Além disso, Toffoli mandou a Polícia Federal (PF) compartilhar as mensagens hackeadas da Operação Spoofing em até 10 dias.
Com a decisão, a 13ª Vara Federal de Curitiba e o Ministério Público Federal do Paraná têm 10 dias para compartilhar todo o conteúdo relacionado ao Acordo de Leniência da Odebrecht com a defesa de Lula. Caso não o façam, a pena é de cometimento do crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal.
O acordo anulado por Toffoli havia feito a empreiteira pagar ao Ministério Público Federal (MPF), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América (EUA) e procuradoria-geral da Suíça o valor de R$ 3,8 bilhões.
O ministro ainda disse, na decisão, que a prisão de Lula é considerada um “erro histórico” do Judiciário. Pontuou também que “determinados agentes públicos” que visavam “a conquista do Estado” agiram por meio de desvio de função e conluio para atingir instituições, autoridades e empresas específicas do país.
Uma estátua em homenagem ao lateral-direito Daniel Alves, ex-Barcelona e Seleção Brasileira, foi vandalizada, nesta quinta-feira (7), em Juazeiro, no interior da Bahia. Fitas adesivas e uma sacola de lixo foram colocadas sobre a cabeça da escultura.
Em 31 de julho, a Justiça espanhola processou o jogador por agressão sexual. O Juizado de Instrução de Barcelona concluiu que há indícios de que ele abusou uma jovem de 23 anos na casa noturna Sutton, em 30 de dezembro de 2022.
O atleta, que defendeu a Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria trancado, agredido e estuprado a jovem em um banheiro da área VIP da boate. Ela procurou as amigas e os seguranças da balada depois do episódio.
Pelas redes sociais, o irmão do jogador, Ney Alves, lamentou a ação dos vândalos em Juazeiro do Norte. “Passando somente para lembrar que o meu irmão está aguardando o julgamento. A pergunta é: e se ele provar inocência? Se ele for absolvido? Como faremos?”, questionou.
Dani Alves em campo Daniel Alves é profissional desde 2001 e um dos jogadores com a maior quantidade de títulos na história do futebol. Além de Barcelona e Seleção Brasileira, o lateral-direito já defendeu Bahia, Sevilla-ESP, Juventus-ITA, Paris Saint-Germain-FRA, São Paulo e Pumas, do México.
Entre os principais troféus levantados estão a Liga dos Campeões (3), Mundial de Clubes, Liga Europa (2), Liga Espanhola (6), Campeonato Francês, Campeonato Italiano e Olimpíada.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes recebeu em seu gabinete uma proposta de delação premiada feita pelo tenente-coronel Mauro Cid , ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A audiência em que foi relatada a vontade do militar ocorreu nesta quarta-feira (6) e contou com a presença de Cid e de seu advogado, Cezar Bittencourt.
O acordo, para ter validade, ainda precisa ser aceito e homologado por Moraes. Segundo pessoas próximas às investigações, para que isso seja feito, resta saber o que Cid vai apresentar de novo em relação às investigações e quais provas vai oferecer.
De acordo com o blog da jornalista Andréia Sadi no G1, a PF ( Polícia Federal ) já aceitou o fechamento do acordo de delação. O tenente-coronel prestou depoimentos ao órgão nos últimos 20 dias. A proposta também deverá ser avaliada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
O advogado Cezar Bittencourt disse anteriormente que o ex-ajudante de ordens “assumiu tudo” e não incriminou Bolsonaro à Polícia Federal no caso das joias trazidas do exterior.
A Folha não conseguiu contato com Bittencourt nesta quinta-feira (7).
Cid está preso desde 3 de maio no Batalhão do Exército de Brasília, sob suspeita de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid na carteira de imunização do ex-presidente.
Sua cela possui 20 metros quadrados. O militar só costuma sair do local duas horas por dia, para um período de banho de sol no grande pátio disponível para realizar corridas e musculação.
Após mudar seu advogado de defesa, atualizou uma postura de maior cooperação com autoridades policiais e teve longos depoimentos.
Cezar Bittencourt afirmou em agosto que seu cliente apenas cumpriu ordens de Bolsonaro – recuou e depois reafirmou, num vaivém confuso desde que assumiu o caso.
Ele também afirmou que Cid confessaria ter negociado nos Estados Unidos, a mando do ex-presidente, as joias recebidas pelo governo brasileiro e que são alvo de investigação da PF.
Bittencourt é antigo crítico da delação premiada, especialmente pelo uso do instituto durante a Operação Lava Jato e havia descartado essa possibilidade no caso do Cid. Em agosto, ele chegou a afirmar que não pensava em delação.
“Não tem nem por quê. Possibilidade zero. Vou fazer a defesa do Cid, não tem por que delatar ninguém. Eu sou contra isso”, disse.
A delação é um meio de obtenção de prova, que não pode, isoladamente, fundamentar sentenças sem que outras informações corroborem as afirmações feitas. Os relatos devem ser investigados, assim como os materiais apresentados em acordo.
O advogado do tenente-coronel já havia sido encontrado, no último dia 24, com Moraes. Esta reunião durou pouco mais de cinco minutos no Salão Branco da corte, durante o intervalo da sessão plenária.
Na ocasião, Bittencourt disse ao ministro que ainda estava se inteirando dos casos em que o militar é investigado e que tinha interesse em esclarecer os fatos relacionados às joias e suspeitas de falsificação da carteira de vacinação na defesa técnica.
Moraes teria agradecido pela provisão e deu as instruções para que o advogado tivesse acesso à integralidade dos autos dos casos em que Bittencourt defendeu Mauro Cid.
No último dia 28, Cid falou por dez horas com pesquisador sobre o caso do hacker Walter Delgatti Neto, que está preso e é suspeito de tramar contra Moraes a mando da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Três dias depois, Cid prestou depoimento de dez horas na quinta-feira (31) sobre a investigação que trata dos presentes recebidos de países árabes pelo ex-mandatário.
Além de Cid, o pai dele, o general Lourena Cid, o assessor Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef também deram declarações à PF, diferentemente de Bolsonaro, Michelle e outros dois assessores, que foram intimidados, mas decidiram silenciar.
“Estão colocando palavras que não tem no Cid. Acusações ao Bolsonaro que não existem. E mais, esse problema se falou das joias, da recompra das joias, o Cid roubou tudo”, disse Cezar Bittencourt, em áudio enviado à GloboNews e ao qual a Folha teve acesso.
Na ocasião, o advogado disse que a defesa “não está jogando Cid contra Bolsonaro”. “Não coloque Bolsonaro em nada. Não tem nenhuma acusação de corrupção, envolvimento, suspeita de Bolsonaro”, completou o advogado.
Para a PF, Bolsonaro utilizou uma estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor e isso resultou em enriquecimento ilícito.
As investigações identificaram que Bolsonaro e auxiliares retiraram do país, no avião presidencial , pelo menos quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-presidente em viagens internacionais, na condição de chefe de Estado.
A viagem ocorreu em 30 de dezembro, véspera do último dia do mandato de Bolsonaro, para assim evitar seguir o rito democrático de passar a faixa ao seu sucessor eleito, o hoje presidente Lula (PT ) .
A purificação da PF a respeito das joias é, até o momento, a mais preocupante para o entorno do ex-presidente, por aproximá-lo de um suposto esquema de desvio de dinheiro público .
As investigações também apontaram que Mauro Cid tinha um documento com uma espécie de plano de golpe para reverter a eleição de Lula (PT) no ano passado.
Também foram identificadas mensagens de que um oficial das Forças Armadas pede que Cid convença Bolsonaro a ordenar uma intervenção militar — o que configuraria um golpe de Estado.
O tenente-coronel foi convocado para depor na CPI de 8 de janeiro no Congresso e em comissão da Câmara Legislativa do DF. Nas duas graças, não respondeu às perguntas. Em julho, no Congresso, ele apenas leu uma mensagem sobre qual exaltou sua trajetória nas Forças Armadas e relativizou as atribuições de seu posto no governo. O oficial tentou reduzir o papel do ajudante de ordens ao de um secretário.
Em meio à reforma ministerial que ampliou o espaço do Centrão no governo, deputados do PT passaram a reclamar, nos bastidores, da “falta de atenção” do presidente Lula com a bancada petista do Congresso Nacional.
O recado enviado por parlamentares do PT ao Palácio do Planalto foi de que Lula precisa ouvir mais as demandas dos petistas, e não apenas atender os pedidos do grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Nas últimas semanas, Lula concentrou seu tempo em negociações para acomodar os deputados federais Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) no primeiro escalão ministerial.
Além disso, o presidente da República tem conversado frequentemente com Lira e atendido as demandas do Centrão, especialmente pela alocação de emendas parlamentares.
Lula promete reunião Diante das reclamações, Lula prometeu marcar uma reunião com os deputados petistas quando retornar da série de viagens internacionais que fará em setembro.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi aconselhado por auxiliares a ignorar a provocação feita por Márcio França (PSB) nas redes sociais após a reforma ministerial do governo Lula.
Depois de ser obrigado a ceder o Ministério dos Portos e Aeroportos para o deputado Silvio Costa Filho, filiado ao partido de Tarcísio, França postou uma foto do governador com Lula, acompanhada de uma frase provocativa.
“Amigos, posso garantir que o Silvio Costa Filho é um grande político, muito preparado e filho de um grande amigo meu. Nos ajudará na tarefa de promover a união e reconstrução que o Brasil tanto precisa. Saúdo o Lula por trazer para o governador Tarcísio de Freitas e seu partido para nos apoiar. O Brasil voltou!”, escreveu o ministro.
Segundo aliados, o governador paulista não se incomodou com a postagem nem pretende respondê-la. “É isso que o Márcio França quer”, comentou à coluna um auxiliar de Tarcísio.
Embora seu partido tenha ganhado um ministério na gestão de Lula, o governador promete manter o discurso de oposição ao petista. Tarcísio é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu padrinho político.
Nas eleições de 2022, Tarcísio e França estiveram em lados opostos. O ministro foi candidato ao senado na chapa de Fernando Haddad (PT), mas ambos foram derrotados. Em 2026, França quer tentar o governo paulista.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares mais próximos dizem, nos bastidores, estarem no escuro sobre a proposta de delação premiada feita pelo tenente-coronel Mauro Cid.
Conforme o blog da jornalista Andreia Sadi revelou e o Metrópoles confirmou, a Polícia Federal aceitou um acordo de delação com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Ainda não foi divulgado, porém, sobre que temas Cid estaria disposto a falar. O militar é investigado em uma série de temas, entre eles, os casos das joias e da falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19.
Nos bastidores, Bolsonaro e auxiliares dizem não saber detalhes. A principal suspeita de bolsonaristas é de que a delação do militar estaria relacionada ao inquérito sobre a falsificação dos certificados de vacina.
Ao longo da tarde de quinta-feira (7/9), aliados e auxiliares do ex-presidente da República tentaram insistentemente contato com a defesa e com diferentes familiares de Mauro Cid, mas não tiveram retorno.
Apesar de admitirem não terem informações concretas sobre a delação, Bolsonaro e seus auxiliares combinaram de reforçar o discurso publicamente de que “não há o que Cid delatar”.
O ex-ministro e atual deputado Ricardo Salles (PL-SP) resolveu aproveitar o recente estranhamento entre bolsonaristas e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para tentar voltar ao jogo eleitoral de 2024.
Três meses após anunciar ter desistido de disputar a prefeitura da capital paulista no próximo ano, Salles procurou Jair Bolsonaro nos últimos dias e se colocou novamente como opção para o bolsonarismo na disputa.
A coluna apurou que o ex-ministro ligou para o ex-presidente da República na quarta-feira (6/9) e pediu apoio para ser candidato a prefeito de São Paulo. Bolsonaro, porém, não avalizou movimentos públicos agora.
De acordo com aliados, o ex-chefe do Palácio do Planalto voltou a cogitar uma chapa pura do PL em São Paulo. A opção preferida, porém, seria lançar o senador e astronauta Marcos Pontes (PL-SP) como candidato a prefeito.
Bolsonaro irritado Segundo integrantes do clã Bolsonaro, o ex-presidente está “muito irritado” com Ricardo Nunes. O estopim foi uma declaração dada pelo prefeito na terça-feira (5/9), negando proximidade com o ex-presidente.
Ao ser perguntado a respeito de sua relação com o ex-mandatário por uma aluna de uma faculdade de São Paulo, o emedebista afirmou: “Eu, do lado do Bolsonaro?”. Ele disse não ter proximidade nem com Bolsonaro, nem com Lula.
Pelas contas de bolsonaristas, foi pelo menos sexta fala truncada de Nunes se esquivando do ex-presidente. A avaliação é de que o prefeito quer o apoio formal de Bolsonaro, mas teme expor a aliança publicamente.
“Ninguém, repito, ninguém se apropriará de votos BOLSONARISTAS (sic) e deixará Bolsonaro distante. A era dos gafanhotos acabou. Fica a dica”, reagiu nas redes sociais Fabio Wajngarten, assessor do ex-presidente.
Prefeito nega Após a repercussão negativa, o prefeito negou ter se esquivado de Bolsonaro. A negativa ocorreu durante entrevista à imprensa após o desfile do 7 de Setembro na quinta-feira (7/9), na capital paulista.
“Chamei ele para almoçar outro dia. Não tenho a intimidade ou a proximidade que tenho com o Tarcísio (de Freitas) no dia a dia, mas estou buscando sua proximidade e aguardando que ele possa anunciar apoio a mim e ter a união da centro-direita contra a extrema esquerda”, afirmou Nunes, referindo-se às eleições municipais do ano que vem.
Pela reforma ministerial anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (6), o ministro Márcio França deixou o Ministério dos Portos e Aeroportos, que será comandado por Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), e vai chefiar uma pasta que cuidará de micros e pequenas empresas e que ainda não tem nome definido.
O ministério que será comandado por França foi anunciado por Lula no fim de agosto. Na época, o Palácio do Planalto informou que a pasta se chamaria Pequena e Média Empresa, das Cooperativas e dos Empreendedores Individuais e tinha como objetivo buscar incentivar o setor com a concessão de crédito e oportunidades.
Durante as negociações, França teria resistido inicialmente a assumir a pasta que ainda vai ser criada. Para destravar a reforma ministerial, Lula jogou o problema para o vice-presidente, Geraldo Alckmin, que conversou com o aliado.
França queria a nova pasta mais robusta, com trabalhos relacionados ao empreendedorismo. No entanto, a questão continua indefinida. Atualmente, as atribuições desse ministério estão sob o guarda-chuva de Alckmin, à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A nova pasta será a de número 38 do governo Lula. A mudança precisa da aprovação do Congresso Nacional, e ainda não há data de envio da matéria com a sugestão para a criação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (6) a o 7 de Setembro não será um dia “nem de ódio, nem de medo, e sim de união”. Lula defendeu, ainda, que a celebração da Independência do Brasil deverá lembrar que o Brasil é “um só”.
A declaração ocorreu em pronunciamento, na véspera da celebração, em cadeia nacional de rádio e televisão.
“Amanhã não será um dia nem de ódio, nem de medo, e sim de união. O dia de lembrarmos que o Brasil é um só. Que sonhamos os mesmos sonhos. Que podemos ter sotaques diferentes, torcer para times diferentes, seguir religiões diferentes, ter preferência por este ou por aquele candidato, mas que somos uma mesma grande nação, um único e extraordinário povo.”
O tom de Lula repete o esforço do Planalto em dar nova cara ao desfile do 7 de Setembro, em Brasília. O slogan da cerimônia deste ano estampa o empenho: “Democracia, soberania e união”.
Na primeira celebração do terceiro mandato do petista, o governo tenta afastar os registros antidemocráticos observados nos últimos dois anos e nos atos golpistas de 8 de janeiro.
O Sete de Setembro celebra a Independência do Brasil, que completará 201 anos. Os desfiles tiveram início, segundo o Arquivo Histórico do Exército, a partir da proclamação da República, em 1989.
Nos últimos dois anos, porém, o evento cívico-militar ganhou repercussões que ultrapassaram o caráter oficial.
Em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o espaço para disparar ataques a autoridades do Judiciário, e manifestações paralelas convocadas junto a apoiadores exibiram faixas e discursos antidemocráticos, com pedidos de intervenção militar.
Um ano depois, o então candidato à reeleição usou o palanque para pedir votos. O ambiente de polarização e incitação ao golpismo levou, já em 2023, apoiadores do ex-presidente a invadir e depredar as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Reforçando a defesa da democracia, no pronunciamento, Lula também afirmou que a “independência do Brasil ainda não está terminada”.
Segundo o petista, a democracia é a “matéria-prima para a realização dos nossos sonhos” e a “ferramenta para torná-los realidade”.
O presidente disse que é preciso construir a emancipação nacional a cada dia sobre três alicerces: democracia, soberania e união — justamente o slogan escolhido para a celebração deste ano.
“Soberania é mais do que cumprir a importante missão de resguardar nossas fronteiras terrestres e marítimas e nosso espaço aéreo. É também defender nossas empresas estratégicas, nossos bancos públicos, nossas riquezas minerais, é fortalecer nossa agricultura e nossa indústria”, disse Lula. Íntegra do pronunciamento Leia abaixo a íntegra do pronunciamento de Lula na noite desta quarta:
“Minhas amigas e meus amigos. Amanhã é dia de comemorar a independência do Brasil. O Brasil voltou a sorrir.
Nosso país voltou a crescer com inclusão social, distribuindo renda e combatendo as desigualdades. No passado, quando o Brasil crescia, quem ganhava era apenas uma minoria já muito rica. Agora, quando a economia cresce, a vida melhora para todo mundo.
O PIB, que é a soma de toda a riqueza que o país produz, está crescendo – e não crescia tanto assim desde 2010. A melhora do cenário econômico se traduz em mais oferta de emprego e melhores salários para todas as profissões e classes sociais.
No primeiro semestre deste ano, foram criados mais de 1 milhão de novos postos de trabalho com carteira assinada. itenta por cento das negociações salariais, das mais diversas categorias profissionais, garantiram reajustes acima da inflação.
Aprovamos no Congresso a lei de igualdade salarial entre homens e mulheres. Trabalho igual, salário igual. Os servidores públicos federais tiveram reajuste, depois de seis anos com os salários congelados.
O salário mínimo voltou a crescer acima da inflação. Aumentamos o valor destinado à alimentação escolar, após seis anos sem reajuste. O arroz, o feijão, o óleo de cozinha, o botijão de gás… tudo ficou mais acessível.
Milhões de famílias endividadas estão negociando suas dívidas em condições favoráveis e vão ficar novamente com o nome limpo na praça. Mais empregos, melhores salários, menos dívidas, mais poder de compra. Comércio e indústria vendendo mais e contratando mais e mais trabalhadores.
Meus amigos e minha amigas. A Independência do Brasil ainda não está terminada. Ela precisa ser construída a cada dia, por todos nós, sobre três grandes alicerces: democracia, soberania e união.
Democracia é a matéria-prima para a realização dos nossos sonhos.
Se sonhamos com um bom emprego e um bom salário; se sonhamos com a casa própria; se sonhamos com nossos filhos e filhas na universidade; se sonhamos com uma alimentação de qualidade para todo o povo brasileiro; se sonhamos com um país melhor: é a democracia que vai dizer se teremos ou não as oportunidades para realizar nossos sonhos.
Democracia é o direito de participar das discussões que impactam as vidas das pessoas. Por isso, nós criamos os conselhos sociais e trouxemos de volta as conferências nacionais, para que a sociedade nos ajude a desenhar as políticas públicas. Por isso, nós fizemos o Plano Plurianual mais Participativo da história, para traçar as principais metas do governo para os próximos quatro anos.
Democracia é não apenas a matéria-prima dos nossos sonhos. É também a ferramenta para torná-los realidade.
Meus amigos e minhas amigas. O segundo alicerce da Independência é a Soberania.
Soberania é mais do que cumprir a importante missão de resguardar nossas fronteiras terrestres e marítimas e nosso espaço aéreo. É também defender nossas empresas estratégicas, nossos bancos públicos, nossas riquezas minerais, é fortalecer nossa agricultura e nossa indústria. É preservar a Amazônia e os demais biomas. Nossos rios, nosso mar, nossa biodiversidade.
É falar de igual para igual com qualquer país, e se fazer ouvir nos principais fóruns internacionais, seja sobre o enfrentamento da crise climática; a busca pela paz na Terra; o combate à fome e às desigualdades ao redor do mundo; ou a luta pelo trabalho decente para todos os seres humanos.
Soberania é, antes de tudo, combater todas as formas de desigualdade – seja de renda, de gênero ou de raça. É tornar igualitário o acesso à saúde, à educação, à segurança e aos bens culturais. É criar oportunidades para todos e todas.
Soberania é garantir a soberania do povo brasileiro. Um povo soberano é um povo sem fome, com emprego decente, com acesso à saúde e à educação, e com esperança.
Por isso, trouxemos de volta mais de 40 programas que fizeram do Brasil referência mundial em inclusão social. Por isso, lançamos na semana passada o Brasil sem Fome, um conjunto de 80 ações e programas, para tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome, como havíamos tirado em 2014. Por isso aprovamos o novo Marco Fiscal, com a ajuda do Congresso, para dar ao Brasil a oportunidade de voltar a crescer com responsabilidade.
Por isso, lançamos no mês passado o Novo PAC, o maior programa de investimentos da nossa história. Com o novo PAC, que vai gerar 4 milhões de novos postos de trabalho, o Brasil volta a fazer as obras necessárias para a construção de seu futuro.
E o futuro será verde. Os investimentos do Novo PAC serão as alavancas que conciliarão o enfrentamento da crise climática, a reindustrialização do país, a transição energética e a redução das desigualdades sociais e regionais. Vamos investir no Minha Casa Minha Vida, em mobilidade urbana, urbanização de favelas, saneamento básico e prevenção a desastres.
Vamos investir em novas Unidades Básicas de Saúde, maternidades, hospitais e centros de medicina especializada. Vamos também investir fortemente na preparação do Brasil para enfrentar o risco de novas pandemias.
Com o Novo PAC, a educação voltará a ser prioridade, com investimentos da creche à pós-graduação – passando pelas escolas em tempo integral e a expansão da rede de Institutos e Universidades Federais.
Vamos alavancar a produção científica no país, e dar as oportunidades de um futuro melhor para as nossas crianças. O Brasil será um lugar melhor para se viver.
Minhas amigas e meus amigos. O terceiro alicerce da independência é a União. E união só se faz sem ódio. O entendimento voltou a ser palavra de ordem. Investimos no diálogo com o Congresso Nacional, os governos estaduais, as prefeituras, o Poder Judiciário, os partidos políticos, os sindicatos e a sociedade organizada.
Por isso, amanhã não será um dia nem de ódio, nem de medo, e sim de união. O dia de lembrarmos que o Brasil é um só. Que sonhamos os mesmos sonhos. Que podemos ter sotaques diferentes, torcer para times diferentes, seguir religiões diferentes, ter preferência por este ou por aquele candidato, mas que somos uma mesma grande nação, um único e extraordinário povo.
Em apenas oito meses, recolocamos o Brasil no rumo da democracia, da soberania e da união. Do desenvolvimento econômico com inclusão social. Vamos todos trabalhar juntos para, a cada dia, transformar em realidade nosso sonho de um Brasil mais desenvolvido, mais justo, mais solidário e mais independente.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, na tarde desta quarta-feira (6), com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e com os deputados federais André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que foram convidados para assumir, respectivamente, os ministérios do Esporte e dos Portos e Aeroportos.
Em nota, o Planalto afirmou que os dois aceitaram os convites e que a nomeação e posse de ambos serão realizadas no retorno do presidente da reunião do G20.
Ainda segundo o comunicado do Palácio do Planalto, o ministro Márcio França, atualmente no comando de Portos e Aeroportos, assumirá a nova pasta das Micro e Pequenas Empresas.
O desenho final da nova Esplanada foi fechado na terça-feira (5), segundo informações antecipadas pela CNN.
De acordo com informações da repórter da CNN Tainá Falcão, a ministra do Esporte, Ana Moser, que será exonerada, poderá assumir um cargo menor, em alguma secretaria vinculada à pasta.
Outros cargos em negociação entre o Centrão e o governo são: a presidência e a estrutura da Caixa Econômica Federal e a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), que foi recriada.
A nomeação de indicações do Centrão para esses órgãos deverá ser feita em outra reforma, no final do ano, em dezembro.
O Google e sua controladora, a Alphabet, estão diante de seu maior desafio jurídico: na próxima semana, enfrentam em um tribunal federal dos Estados Unidos o Departamento de Justiça e vários estados, que afirmam que a gigante da tecnologia abusou ilegalmente de seu poder de mercado para manter seu mecanismo de busca como padrão em diferentes dispositivos e, assim, minar a concorrência.
Será o julgamento mais importante sobre práticas de monopólio digital desde o caso antitruste aberto contra a Microsoft há 25 anos. Na ocasião, o Departamento da Justiça acusou a Microsoft de exigir que todos os computadores pessoais vendidos com o sistema operacional Windows fossem equipados exclusivamente com o navegador Internet Explorer.
Um juiz então determinou que a empresa acabasse com essa restrição e com qualquer retaliação a fabricantes de computadores que usassem softwares de suas rivais – e essa decisão abriu espaço para o sucesso de navegadores concorrentes, inclusive o Google.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que passou os últimos três anos construindo o caso, argumenta que o Google usou ilegalmente acordos com fabricantes de celulares como Apple e Samsung, bem como navegadores de internet como Mozilla, para ser o mecanismo de busca padrão para seus usuários, impedindo que rivais menores tivessem acesso a esse negócio.
Na próxima terça-feira, dia 12, um juiz da Corte Distrital do Distrito de Columbia começa a analisar os argumentos apresentados pelas partes em um julgamento que vai ao cerne de uma questão que há muito tempo vem sendo discutida: os gigantes da tecnologia de hoje se tornaram dominantes infringindo a lei?
O caso – Estados Unidos e outros vs. Google – é o primeiro julgamento do governo federal sobre monopólio da era moderna da internet, em que uma geração de empresas de tecnologia passou a exercer imensa influência sobre comércio, informação, debate público, entretenimento e trabalho. O julgamento leva a batalha antitruste contra essas empresas a uma nova fase, deixando de desafiar suas fusões e aquisições para examinar mais profundamente os negócios que as levaram ao poder.
Mais importante caso antitruste em 25 anos A disputa judicial – o mais importante caso antitruste desde que o Departamento de Justiça entrou com uma ação contra a Microsoft em 1998 – atinge o coração do império de US$ 1,7 trilhão da Alphabet e pode retirar poder e influência da empresa de internet mais bem-sucedida do mundo. O governo afirma, na ação, querer que o Google altere as suas práticas comerciais monopolistas, possivelmente pague indenizações e se reestruture.
Assim, qualquer decisão desse julgamento poderá ter amplos efeitos em cascata, desacelerando ou potencialmente desmantelando big techs como Apple, Amazon e Meta, proprietária do Facebook e do Instagram, após décadas de crescimento desenfreado.
Este é um caso crucial e um momento para criar precedentes para essas novas plataformas que se prestam a um poder de mercado real e durável – disse Laura Phillips-Sawyer, professora de direito antitruste na Faculdade de Direito da Universidade da Geórgia.
Nos registros legais, o Departamento de Justiça argumenta que o Google manteve um monopólio por meio dos acordos com as fabricantes de celular, tornando mais difícil para os consumidores usarem outros motores de busca. O Google,por sua vez, diz que seus acordos com a Apple e outros não eram exclusivos e que os consumidores poderiam alterar as configurações padrão de seus dispositivos para escolher outros mecanismos de busca.
De acordo com a Similarweb, uma empresa de análise de dados, o Google acumulou 90% do mercado de busca nos Estados Unidos e 91% globalmente.
Disputa acirrada Fortes emoções são esperadas no julgamento, que está previsto para durar 10 semanas. O CEO do Google, Sundar Pichai, bem como executivos da Apple e de outras empresas de tecnologia, provavelmente serão chamados como testemunhas.
O juiz Amit P. Mehta preside o julgamento, que não terá júri, e emitirá a decisão final. Kenneth Dintzer, há 30 anos no Departamento de Justiça, vai liderar os argumentos do governo no tribunal, enquanto John E. Schmidtlein, sócio do escritório de advocacia Williams & Connolly, fará o mesmo pelo Google.
No início de agosto, o Google obteve uma vitória parcial na briga judicial, depois que o juiz Mehta disse que os procuradores não conseguiram demonstrar que os resultados de pesquisa da gigante da internet prejudicaram rivais como Yelp e Expedia Group.
A disputa pelo julgamento tem sido intensa. O Departamento de Justiça e o Google convocaram mais de 150 pessoas para depor no caso e produziram mais de cinco milhões de páginas de documentos. Para se defender, o Google recrutou centenas de funcionários e três poderosos escritórios de advocacia e gastou milhões de dólares em honorários advocatícios e lobistas.
O Google argumentou que Jonathan Kanter, chefe de antitruste do Departamento de Justiça, é tendencioso por causa de seu trabalho anterior como advogado particular representando a Microsoft e a News Corp. O Departamento de Justiça acusou o Google de destruir mensagens instantâneas de funcionários que poderiam conter informações relevantes para o caso.
Kent Walker, presidente de assuntos globais do Google, disse no mês passado que as táticas da empresa eram “completamente legais” e que seu sucesso “se resume à qualidade de nossos produtos”.
É frustrante – talvez irônico – que estejamos vendo esse caso retrospectivo e uma inovação realmente sem precedentes e voltada para o futuro – disse Walker.
Procurado pelo NYT, o Departamento de Justiça não quis comentar.
O mecanismo de busca do Google foi criado por Sergey Brin e Larry Page quando eram estudantes na Universidade de Stanford, na década de 1990. Sua tecnologia foi amplamente elogiada por fornecer resultados mais relevantes do que outras ferramentas de pesquisa na web. O Google acabou aproveitando esse sucesso em novas linhas de negócios, incluindo publicidade on-line, streaming de vídeo, mapas, aplicativos de escritório, carros sem motorista e inteligência artificial.
O terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é considerado ótimo ou bom por 40% dos brasileiros acima de 16 anos, segundo pesquisa Ipec divulgada nesta quarta-feira (6).
Para 32% dos entrevistados, a administração é regular; 25% consideram-na ruim ou péssima. Não sabem ou não responderam são 3%. O levantamento foi realizado entre os dias 1º e 5 de setembro, presencialmente, com 2.000 eleitores, em 127 municípios. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.
A avaliação ótima ou boa do governo Lula é mais expressiva entre:
Os eleitores que declararam ter votado no presidente em 2022: 70% Os menos instruídos: 54% Quem possui renda familiar mensal de até 1 salário mínimo: 49% Eleitores com 60 anos ou mais: 48% Moradores da região Nordeste: 48% A avaliação ruim ou péssima é maior entre:
Eleitores que declararam ter votado em Jair Bolsonaro na eleição de 2022: 53% Quem possui renda mensal familiar superior a 5 salários mínimos: 39% Moradores da região Sul: 35%
Maneira que Lula está governando A maneira como o presidente Lula está governando é aprovada por 56% dos brasileiros e desaprovada entre 39%. Não sabem ou não responderam são 6%.
Entre os que consideram a administração do petista como regular, 52% aprovam a maneira de governar, 38% desaprovam e 10% não opinam.
A aprovação da maneira de governar do presidente Lula se destaca entre:
Quem considera ótima ou boa sua gestão: 96% Os que declararam ter votado em Lula na eleição de 2022: 89% Os menos instruídos: 68% Aqueles que vivem na região Nordeste: 67% Eleitores com 60 anos ou mais: 65% Quem possui renda familiar mensal de até 1 salário mínimo: 65% A desaprovação é mais acentuada entre:
Os que avaliam negativamente a sua administração: 98% Quem afirma ter votado em Jair Bolsonaro na eleição de 2022: 74% Moradores da região Sul: 51% Quem possui renda mensal familiar superior a 5 salários mínimos: 49% Os evangélicos: 46% Eleitores com ensino médio: 46% Confiança em Lula Pergunta: O (a) sr (a) confia ou não confia no presidente Lula? (Estimulada – %)
Confia: 50% Não confia: 47% Não sabe/não respondeu: 4% A confiança em Lula é maior entre:
Os que consideram ótima ou boa sua gestão: 91% Aqueles que declaram ter votado em Lula na eleição de 2022: 86% Quem vive na região Nordeste: 62% Os menos instruídos: 66% Aqueles com renda familiar de até 1 salário mínimo: 61% Eleitores com 60 anos ou mais: 60% Os católicos: 56% A desconfiança em Lula é maior entre:
Os que avaliam como ruim ou péssima a sua administração: 98% Os que afirmam ter votado em Jair Bolsonaro na eleição de 2022: 85% Quem possui renda mensal familiar superior a 5 salários mínimos: 60% Moradores da região Sul: 57% Os evangélicos: 55% Eleitores com ensino médio: 55% Aqueles que avaliam como regular a sua administração: 54% Expectativas em relação ao governo Lula Pergunta: De modo geral, o governo do presidente Lula está sendo melhor, igual ou pior do que o(a) sr(a) esperava? (Estimulada – %)
Melhor: 35% Pior: 31% Igual: 31% Não sabe/não respondeu: 3% Situação econômica do país Pergunta: Pensando na situação econômica do Brasil neste momento, o(a) sr(a) diria que ela está melhor, igual ou pior do que estava a seis meses atrás? (Estimulada – %)
Melhor: 42% Pior: 29% Igual: 27% Não sabe/não respondeu: 2% Expectativa sobre a situação econômica Pergunta: E daqui a seis meses, o(a) sr(a) acredita que a situação econômica do Brasil estará melhor, igual ou pior do que hoje? (Estimulada – %)
Melhor: 51% Pior: 27% Igual: 18% Não sabe/não respondeu: 4%
A Suprema Corte do México decidiu descriminalizar o aborto a nível federal, nesta quarta-feira (6), concluindo que a atual proibição do procedimento é inconstitucional.
“A Primeira Câmara do Tribunal decidiu que o sistema jurídico que penaliza o aborto no Código Penal Federal é inconstitucional, uma vez que viola os direitos humanos das mulheres e das pessoas com capacidade de gestar”, afirmou o Supremo Tribunal nas redes sociais.
O aborto já foi descriminalizado em 12 estados do México, e a decisão mais recente ocorreu há dias.
O Supremo Tribunal disse pela primeira vez que era inconstitucional criminalizar o aborto em 2021, decidindo contra uma lei no estado de Coahuila, que ameaçava as mulheres que abortassem com até três anos de prisão e multa.
O Programa Mais Médicos para o Brasil (PMM), do governo federal, atingiu a marca de 18,5 mil profissionais que atuam na rede de atenção primária à saúde no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde , o número é um recorde histórico desde que a iniciativa foi criada, em 2013.
Antes, o programa havia progresso o maior quantitativo de médicos poucos anos após sua criação, em 2015, com 18,2 mil profissionais durante o governo de Dilma Rousseff.
De acordo com a pasta da Saúde, na época, mais de 60% do Mais Médicos era formado por profissionais cubanos. Porém, agora, a maior parcela é de brasileiros formados no país. Em seguida, de brasileiros que realizaram a graduação no exterior.
Continuam a poder se inscrever nos editais do PMM, tanto médicos brasileiros ou estrangeiros formados no Brasil, como no exterior – neste caso, atuando com Registro do Ministério da Saúde (RMS). No entanto, aqueles com registro no país passaram a ter preferência na seleção.
No primeiro edital deste ano, que abriu 5.970 vagas, o Mais Médicos já havia batido recorde de inscrições: mais de 34 mil. 19,6 mil deles foram de brasileiros com registro profissional no país, e apenas 3,9 mil de estrangeiros formados no exterior.
Em março, o governo anunciou a retomada do programa com um investimento de R$ 712 milhões e a abertura de 15 mil novas vagas. A expectativa é chegar a 28 mil profissionais até o final de 2023. Dos 18,5 mil trabalhadores em atuação no momento, cerca de 13 mil foram incorporados ao PMM neste ano.
Segundo o Ministério, hoje são mais de quatro mil municípios atendidos pela iniciativa, com maior concentração de trabalhadores nas periferias, no interior do país e nas regiões mais pobres.
Há cerca de quatro anos, em Boston, nos Estados Unidos, o oncologista americano William Kaelin recebeu uma ligação no meio da madrugada, às 4h40, de Estocolmo, capital da Suécia, contando que ele havia sido laureado com o Nobel de Medicina. “Realmente foi como um sonho”, disse o professor da Universidade de Harvard sobre o momento.
As lembranças foram rápidas para sua esposa, Carolyn Scerbo, que havia falecido em 2015 justamente devido a um câncer cerebral, conta. O prêmio, em conjunto com outros dois médicos, foi graças a um trabalho que mostra como as células sintomáticas e se adaptam à oxigênio – no caso das cancerígenas, como utilizam esse mecanismo para crescer.
Na próxima década, porém, Kaelin espera que os conhecimentos de nível genético sobre o câncer levem a tratamentos que representem uma nova fronteira para tumores agressivos, como o de Carolyn. O médico conversou com O GLOBO em Bio-Manguinhos – Fiocruz , no Rio, durante sua visita ao Brasil na última semana.
O oncologista também esteve em Brasília e São Paulo e concedeu uma série de palestras como parte do Nobel Prize Inspiration Initiative, programa global que busca incentivos jovens pesquisadores, financiado pela farmacêutica AstraZeneca . Na entrevista, conto sobre a experiência de ter ganho um Nobel, sobre o futuro da doença e o que pode motivar o crescimento dos diagnósticos.
Ganhar um Nobel é algo que sempre esteve na sua imaginação?
Desde pequeno eu já tinha ouvido falar do Prêmio Nobel, então por um lado sim. Mas minha experiência inicial com a ciência foi bastante negativa, então durante um tempo pensei que nem mesmo seria um cientista, muito menos ganharia um prêmio. Só depois tive uma espécie de aprendizado com David Livingstone (então professor) em Harvard, que me treinou para ser um verdadeiro cientista.
Mais tarde, quando consegui identificar o mecanismo que permitia às células sentir e responder às alterações no oxigênio, pensei: “este é o tipo de resultado que um dia poderá ganhar um prêmio”, mas tentei isso manter afastado na periferia da minha imaginação.
Há muitos exemplos de cientistas que ficaram amargurados e infelizes porque passaram muito tempo sonhando em ganhar um Nobel. Então acho que fiz um trabalho razoavelmente bom, mantendo o foco no meu trabalho. Mas é claro que fiquei emocionado, encantado e grato por ter ganho.
Como foi o momento em que recebi a notícia?
Por causa das diferenças de fuso horário, as ligações são bem precoces. Na noite anterior ao anúncio, fui dormir com o som do telefone ligado, na mesa de cabeceira. Como eu gosto de dizer, sabia que tinha uma chance “diferente de zero” de ganhar o Prêmio Nobel. E ele de fato tocou, às 4h40.
Nesse horário, você está meio dormindo ainda, mas pude ver que a chamada tinha muitos dígitos para ser doméstico. Quando que era de Estocolmo foi realmente como se fosse um sonho. Fui imediatamente inundado de pensamentos sobre minha esposa falecida, que era minha companheira de vida e infelizmente não estava lá para compartilhar isso comigo. Pensei em muitas outras maneiras pelas quais tive muita sorte na vida para chegar a este ponto.
Por que você decidiu pesquisar sobre o câncer? A morte de sua esposa influenciou o caminho?
Ironicamente, o desenvolvimento do câncer da minha esposa ocorreu anos depois de eu já ter me formado como oncologista. Algo que sempre me intriga no câncer é a ideia de que ele é uma espécie de inimigo interno, em que uma de suas próprias células se torna “rebelde” e começa a atacar você.
Com o tempo, outra coisa que me fascinou foi como praticamente qualquer órgão pode ser afetado. Nunca quis ser focado em um órgão específico, como um cardiologista ou um pneumologista, gosto de pensar no paciente como um todo. E o câncer pode afetar qualquer parte do corpo.
Você foi premiado por seu trabalho sobre como as células perceberam e se adaptaram à disponibilidade de oxigênio. Como explicaria a descoberta para um leigo público?
Todos carregamos cerca de 20 mil genes, e algumas centenas são capazes de ajudá-lo a se adaptar se você não estiver recebendo oxigênio suficiente. São como músicos de uma orquestra. Portanto, precisam ser coordenados e, para isso, são controlados por uma proteína chamada HIF.
Quando as células não recebem oxigênio suficiente, o HIF diz ‘é hora de tocar’, e esses genes se tornam ativos. Mas a questão era: como o HIF sabe se o oxigênio está ou não está disponível? O que foi descoberto foi que, quando o oxigênio está disponível, um pequeno aviso químico marca o HIF para ser destruído, por isso ele não envelhece. Já quando os níveis de oxigênio são baixos, isso não acontece, então ele continua ativando esses genes. É um mecanismo simples, mas presente em todos os animais do planeta.
Como esse mecanismo envolve o câncer e outras doenças?
Existem certos tipos de câncer que sequestram o HIF porque o câncer também gosta de receber oxigênio para crescer. E agora que entendemos esse detalhe bioquímico, passamos a existir oportunidades para desenvolver medicamentos que impeçam isso.
Um outro exemplo são doenças em que há um problema com o suprimento de oxigênio e é necessário ativar esses genes. Agora, existem medicamentos para anemia que farão o corpo pensar que não está recebendo oxigênio suficiente, porque ativaram o HIF. Como resultado, o corpo produz mais glóbulos vermelhos.
Essas descobertas a nível genético levarão a avanços avançados na medicina nos próximos anos?
O primeiro rascunho do genoma humano foi lançado apenas no ano 2000, há pouco tempo. Estamos vendo agora um número crescente de medicamentos sendo desenvolvidos com base nesse conhecimento. Por exemplo, há 20 anos, para criar um medicamento para baixar o colesterol havia muita incerteza sobre quais os melhores alvos. Agora sabemos que existem indivíduos raros no mundo que têm uma mutação num gene chamado PCSK9, e que essas pessoas têm colesterol baixo.
Isso indica o papel da proteína produzida por esse gene no controle do colesterol. Então, veremos um aumento no ritmo da descoberta farmacêutica em diversas áreas terapêuticas porque temos cada vez mais exemplos de alvos que são informados pela genética.
E como é com o câncer?
No câncer, sabemos que os mais comuns são danos por alterações genéticas e, na maioria dos casos, adquiridos após o nascimento. Felizmente, para a maioria, a mutação de apenas um único gene não é suficiente para causar o câncer, você precisa ter três, quatro, cinco genes críticos alterados.
Nos últimos 10, 20 anos, a nossa capacidade de sequenciar rapidamente o DNA melhorou dramaticamente e o custo caiu também. Então o objetivo será, a longo prazo, conseguir identificar todas as mutações que causam aquele tumor e combinar essas informações com medicamentos específicos que foram concebidos para eles.
Acreditamos que teremos novidades na próxima década que poderão levar à cura de alguns tipos de câncer, ou estender a vida de pacientes com tumores mais agressivos?
A expectativa é que sim, e ficarei muito decepcionado se for diferente. Estamos entrando em um período em que temos muito mais informações sobre as alterações genéticas que causam certos tipos de câncer. Mas não é só isso, também sabemos mais sobre os genes que regulam a resposta imune e isso cria oportunidades para tornar o sistema imunológico mais ou menos ativo.
Um dos desafios no desenvolvimento de medicamentos para o câncer é ainda que gostaríamos de poder dizer ‘compreendemos todas as regras’, mas não compreendemos. Porém, se esperarmos por esse dia, vai demorar e muitos pacientes vão sofrer. Então temos que fazer o melhor que pudermos com o conhecimento que temos.
Mas espero que nos próximos 10 anos alguém descubra algo que nem consigo imaginar no momento, e que mude completamente o jogo. Talvez leve a uma terapia contra o câncer altamente eficaz, que engloba muitos tipos diferentes de tumores e alterações genéticas. Quando se faz ciência, quanto mais investirmos em conhecimento, mais rápido será o progresso.
Hoje temos muitos estudos clínicos com vacinas terapêuticas para o câncer, induzindo o sistema imune da pessoa a atacar o tumor. Qual a expectativa?
Claramente a imunoterapia veio para ficar. Isso não é apenas com drogas que estimulam o sistema imunológico, mas também temos as chamadas CAR-T Cell, onde podemos agora, pela primeira vez, basicamente reprojetar células imunológicas fora do corpo para enfrentar os combatentes do câncer mais eficazes e devolvê-las ao paciente.
Estudos indicam que os casos de câncer têm aumentado especialmente entre jovens. Na sua opinião, por que isso está acontecendo?
Não sou especialista nesta área, mas temo que seja provavelmente uma combinação de fatores. Receio que parte seja ambiental, relacionado com produtos químicos do nosso ambiente. Também estou preocupado com a dieta, acredito que não há dúvida de que ela afeta o nosso risco de câncer. Não apenas os efeitos da alimentação em si, mas também o impacto no microbioma, a população de bactérias que vive no nosso intestino.
Estamos num momento de muitos avanços científicos, mas também temos uma onda de negacionismo crescendo em todo o mundo. Como você vê esse cenário?
Penso que até os fundadores dos Estados Unidos entenderam que as democracias desativariam um certo nível de educação compartilhada, de valorização do método científico e do pensamento lógico. Foi o método científico que nos ajudou a tirar a idade das trevas.
Uma das minhas grandes decepções foi durante a pandemia Vendo o quão bem e rapidamente a comunidade científica respondeu na produção de vacinas, Pensei que a resposta seria o mesmo tipo de celebração da ciência que vi quando era quando criança aterrissamos na lua.
Mas em vez disso, em muitos países, incluindo no Brasil e nos Estados Unidos, houve essa polarização onde algumas pessoas encontraram uma razão para criticar. Acredito que seja algo em que precisamos trabalhar.