Valéria Veras, médica veterinária e tesoureira do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Norte, fez parte da equipe de pesquisadores que idealizaram aplicativo gratuito para ajudar a calcular o nível de dor e mal-estar dos animais.
Desenvolvido na cidade de Botucatu (SP), o VetPain, como foi batizado, trabalha com escalas para avaliar o sofrimento de pets e de animais de produção, como bovinos, equinos, ovinos e suínos.
De acordo com dra. Valéria, o aplicativo pode ser utilizado tanto por profissionais da área, como por tutores que estarão aptos para avaliar a condição geral do bicho e fazer um encaminhamento mais correto. “Ao calcular a pontuação, o tutor também saberá identificar se existe a necessidade de tratamento com analgésico ou se o caso exige uma consulta médica”, afirma.
A tesoureira do CRMV-RN ressalta ainda que a dor aguda são os veterinários que avaliam pela gravidade, porém a dor crônica quem avalia é o tutor por conviver com o animal e pelas alterações serem sutis.
O aplicativo possui uma série de vídeos, que ajudam o usuário a classificar as reações e o comportamento dos bichos. Com base nesses dados, é possível entender, por exemplo, se um cachorro está agitado, com dor ou medo.
De acordo com os pesquisadores, o programa acerta 80% dos casos, taxa ainda inferior aos mais de 90% alcançados com algumas escalas. A meta nos próximos anos é ampliar a precisão aumentando o banco de dados.
O app está disponível para sistema Android no Play Store.
A base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem intensificado as articulações na busca por postos-chave em superintendências e companhias no Nordeste com orçamentos anuais que chegam a superar R$ 2 bilhões.
Mais de dois meses após a posse de Lula, o Palácio do Planalto não efetivou os novos indicados para os comandos da Codevasf (de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). A situação está mais encaminhada para o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas).
Os três órgãos contam, juntos, com R$ 3,2 bilhões no Orçamento anual de 2023 e são mais disputados do que parte dos ministérios da Esplanada. Além disso, têm alcance expressivo em redutos eleitorais do Nordeste, sob influência de deputados federais e senadores.
Impulsionada por emendas parlamentares, a Codevasf terá um orçamento de R$ 2.266.788.098 em 2023. O órgão é responsável por operacionalizar estruturas prontas na região dos rios São Francisco e Parnaíba, como saneamento, recursos hídricos, irrigação e promoção da agropecuária.
Sob o governo Bolsonaro, a companhia recebeu aportes de recursos das emendas de relator, mecanismo do Congresso Nacional que foi declarado inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O grupo que controla atualmente a companhia é ligado ao deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), um dos principais aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Esse grupo tem o favoritismo, no momento, para seguir à frente da companhia. Inicialmente, Elmar Nascimento era cotado para assumir o Ministério do Desenvolvimento Regional, mas, em dezembro, teve o nome vetado após virem à tona vídeos no qual o parlamentar xingava Lula no período da campanha eleitoral.
A União Brasil possui três ministérios no governo Lula, mas o grupo de Elmar e de parte da bancada do partido na Câmara não foi contemplado. O Palácio do Planalto espera acenar a essa ala com a manutenção do posto de chefe da Codevasf.
O desafio dentro do partido é a construção da unidade partidária em torno de um nome após a indicação. O presidente nacional da União Brasil, deputado federal Luciano Bivar (PE), tem dito a interlocutores que acredita que o partido ficará com a Codevasf, mas que precisa ter um consenso na indicação, a fim de não perder força junto ao governo Lula na hora do pleito.
Governadores do Nordeste esperam que as chefias estaduais possam ficar com indicados de aliados mais próximos, pois a União Brasil é oposição ao PT em estados como Ceará, Piauí e Bahia. A Codevasf possui 14 superintendências estaduais.
Entre outros argumentos, o núcleo político do governo alega a deputados que a falta de celeridade nas nomeações se deve ao mapeamento dos ocupantes de cargos federais a fim de realizar uma “desbolsonarização”.
A lentidão nas nomeações tem desagradado as bancadas do PT na Câmara e no Senado. Os parlamentares petistas apontam risco de demora na execução de ações, o que poderia afetar o desempenho do governo numa região que é reduto eleitoral de Lula.
Uma exceção é o caso do Dnocs, no qual o atual superintendente Fernando Marcondes Leão deve seguir na função. Indicado pelo Avante no governo Bolsonaro, ele também tem o aval de Arthur Lira, um dos fiadores da sua indicação na gestão anterior.
A relação com o Avante, entretanto, ainda não está pacificada porque o partido tem exigido outros cargos, argumentando que, como sigla do deputado federal André Janones (MG), teve papel central na campanha de Lula.
Apesar de ter tido aceno do Planalto, a bancada do Avante acredita que o governo usará votações nas próximas semanas no Congresso para testar a lealdade de deputados federais.
As nove superintendências estaduais do departamento de obras contra a seca também estão na mira. Parlamentares afirmam, sob reserva, que o governo orientou os deputados e senadores da base aliada a se reunirem em conjunto e alinhar indicações para parte do terceiro escalão.
O Dnocs tem um orçamento de R$ 905 milhões em 2023 e é responsável por executar políticas de amenização dos efeitos da seca, desde fornecimento e construção de caixas d’água a irrigação e assistência à população.
Para a Sudene, o favoritismo é para a indicação do PT de Pernambuco. O senador Humberto Costa (PE) indicou ao Planalto o seu ex-assessor Diego Pessoa, atualmente coordenador do Consórcio Nordeste.
A superintendência tem R$ 78 milhões no Orçamento de 2023. Seu conselho deliberativo define prioridades para destinação dos recursos do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste), que, para este ano, beiram R$ 35 bilhões.
A ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade), derrotada no segundo turno para o Governo de Pernambuco, também pleiteou o posto. Por causa do estágio avançado da gravidez, ela deixou de ir a Brasília com frequência para tentar se articular.
Uma ala do PSB tentou emplacar o nome do ex-deputado federal Danilo Cabral (PSB) para a Sudene, mas o PT de Pernambuco não cedeu. O ex-parlamentar está insatisfeito com o seu partido após as eleições. A legenda acredita que é em razão de não ter tido espaço no governo federal.
Já o Banco do Nordeste tem uma disputa menos tensa. O ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara, que deixou o PSB, foi convidado por Lula, a despeito do desejo do PT do Ceará.
Paulo Câmara, no entanto, não pode ser nomeado. Ele aguarda uma mudança na Lei das Estatais que poderá ser feita em votação no Senado, reduzindo a quarentena, atualmente em 36 meses, para ex-dirigentes partidários.
O PT do Ceará acredita que, caso não avance a articulação do Senado, possa ficar com a função. Entretanto, os petistas defendem que parte das diretorias fique com o grupo político, que tem três deputados federais no estado, além do senador e ministro da Educação, Camilo Santana, e do governador Elmano de Freitas.
Assim como nos ministérios, o governo não deve entregar de porteira fechada uma estatal do segundo escalão ao mesmo partido ou grupo político. As bancadas nem sempre chegam a consenso para apresentação de seus indicados.
Em Minas, por exemplo, senadores e deputados defendem a permanência do comando da Codevasf. Mas a bancada petista rejeita a proposta. Em casos assim, a Presidência da República é chamada a arbitrar, o que tem atrasado o processo de nomeações.
Segundo aliados, essa demora está levando à inquietação na base, também à espera de liberação de recursos para atendimento de suas emendas. Integrantes do governo temem que parlamentes apresentem suas faturas em votações de interesse do Palácio do Planalto.
RAIO-X CODEVASF
É responsável por operacionalizar estruturas prontas na região dos rios São Francisco e Parnaíba, como saneamento, recursos hídricos, irrigação e promoção da agropecuária.
Orçamento de 2023: R$ 2,27 bilhões
2.450 servidores em exercício, sendo 790 comissionados entre efetivos e sem vínculo com a administração pública.
DNOCS
Tem como função executar políticas de amenização dos efeitos da seca, desde fornecimento e construção de caixas dágua a irrigação e assistência à população.
Orçamento de 2023: R$ 905,01 milhões
910 servidores em exercício, sendo 210 comissionados entre efetivos e sem vínculo com a administração pública.
SUDENE
Tem como objetivo promover o desenvolvimento e integração por meio de planos de investimentos públicos e privados nas áreas de infraestrutura econômica e social, capacitação de recursos humanos, inovação e difusão tecnológica, além da proteção do semiárido.
Orçamento de 2023: R$ 78,01 milhões
260 servidores em exercício, sendo 85 comissionados entre efetivos e sem vínculo com a administração pública.
Fontes: Portal da Transparência e Lei Orçamentária Anual de 2023 e Agora RN
O sócio do haras onde o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, cria seus cavalos, é funcionário fantasma no Senado. O próprio ministro seria o verdadeiro dono desse haras. As informações foram reveladas por uma reportagem do Estadão publicada nesta segunda-feira (6/3).
Gustavo Gaspar é sócio do Parque & Haras Luanna, em Vitorino Freire (MA). A irmã de Juscelino, Luanna Rezende, também é sócia desse haras e prefeita da cidade. Gaspar é funcionário lotado na liderança do PDT no Senado há dois anos, com salário de R$ 17,1 mil.
Acontece que nenhum funcionário da liderança do PDT sabia quem era Gustavo Gaspar. Além disso, dois dias depois da reportagem procurar o funcionário, ele foi realocado para a segunda secretaria do Senado, comandada pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA), compadre de Juscelino.
Segundo a reportagem do Estadão, Gustavo Gaspar foi dispensado de assinar o ponto de frequência. Assim, era a chefia que atestava o trabalho dele.
Família Outros integrantes da família Gaspar já foram empregados por Juscelino. Tatiana Gaspar, irmã de Gustavo, é assessora especial do Ministério das Comunicações com salário de R$ 13,2 mil. O pai de Gaspar, de 80 anos, foi empregado com salário de R$ 15,7 mil na Câmara, quando Juscelino era deputado.
O caso de Gustavo Gaspar se junta a outros escândalos envolvendo Juscelino Filho. Outra matéria do Estadão mostrou que Juscelino usou avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar até um leilão de cavalos.
A coluna do Rodrigo Rangel, do Metrópoles, revelou que Juscelino fez viagem ao Maranhão com o objetivo de defender a contratação de uma empresa específica para receber milhões de emendas que ele próprio destinou ao estado.
Juscelino Filho deve se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde desta segunda-feira (6/3). Na semana passada, Lula comentou sobre o caso e disse que se Juscelino “não conseguir provar a sua inocência, ele não pode ficar no governo”.
Geraldo Melo morreu em Natal, aos 86 anos de idade. Ele lutava há alguns anos contra um câncer e havia se submetido e cirurgias para retirada de tumores na cabeça.
Ele nasceu no município de Campo Grande, em 1935, mas construiu boa parte de sua vida empresarial e pública no município de Ceará-Mirim, onde sua esposa Edinólia Melo, foi prefeita por duas vezes(2001-2008). Colaborou com o governo de Aluísio Alves (1961-1966), tendo trabalhado na SUDENE.
Em 1978 foi indicado vice-governador do Rio Grande do Norte na chapa de Lavoisier Maia.
Em 1986 foi eleito governador pelo PMDB, com o célebre slogan ´Novos Tempos, Novos Ventos. Geraldo venceu com 464.559 votos (50,11%), derrotando o então deputado federal João Faustino, candidato ao Governo pelo PDS. Nesta época Geraldo ganhou o apelido de ´Tamborete que lhe acompanhou pela vida pública. Ocupou o cargo de governador de março de 1987 a março de 1991.
Em 1994 se elegeu senador da República, pelo PSDB, sendo o mais votado com 441.707 votos numa eleição com duas vagas. Foi vice-presidente do Senado Federal de 1997 a 2001.
Em 2002 numa disputa com Garibaldi Alves Filho(PMDB) e José Agripino(DEM) acabou ficando em terceiro lugar e não conseguiu se reeleger. Na época, ele obteve 479.723 votos.
Geraldo voltou a disputar o Senado em 2006, e termina o pleito novamente em 3°lugar, com 155.608 votos, atrás da eleita Rosalba Ciarlini (na época no DEM) e do 2° colocado Fernando Bezerra(PTB).
Geraldo só voltaria a disputar eleições em 2018. Ele ficou em terceiro lugar para o Senado recebendo 382.249 votos,atrás dos eleitos Styvenson Valentim(Rede) e Zenaide Maia(PHS).
Depois de disputar a última eleição Geraldo se dedicou a literatura escrevendo “Luzes e sombras do Casarão”, durante a pandemia, em 2020. Seu último ato na vida pública foi ser para a Academia Norte-rio-grandense de Letras(ANL) para a cadeira 32 que era ocupada pelo jornalista João Batista Machado.
Geraldo era irmão da ex-prefeita de Ceará-Mirim Terezinha Melo(gestão 1993-1996); e do ex-deputado estadual Pedro Melo(eleito em 98).
O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) criticou a política econômica adotada pelo Presidente da República, Lula da Silva (PT). Desde a posse, o chefe do Executivo Federal entrou em debate público com o Banco Central. Lula se declara contrário a independência da instituição financeira, que estabelece a taxa básica de juros no país.
“Esse embate com o Banco Central é inteiramente desnecessário. Em relação ao presidente do Banco Central, chegou a ser feito um ataque pessoal. Isso é profundamente prejudicial à economia do País. Por outro lado, o Fernando Haddad, ministro da Fazenda, traz alguma moderação. Mas o conjunto traz uma linha agressiva que volta atrás em conquistas de outros governos, do Michel Temer e até do Lula”, afirmou em entrevista ao Estadão.
Para Tasso Jereissati, a forma como Lula julga a política monetária conduzida pelo órgão é “agressiva” e “radical”.
“Estou muito surpreso. Eu não esperava que o Lula e sua equipe viessem nessa linha radical de política econômica. Não é radical só pelo fato de ser de esquerda, que tem propostas boas, mas pelas ideias ultrapassadas, vencidas e que já foram testadas. É radical também pelo tom da agressividade”, avaliou.
Embora tenha apoiado publicamente Lula durante o segundo turno da eleição presidencial de 2022, e seja um dos nomes mais importantes para o diálogo entre o PT e o PSDB, Tasso Jereissati não reconhece as duas gestões anteriores de Lula neste atual mandato.
“Esperava que não só o governo, mas o próprio Lula fosse mais amplo, porque ele já foi. O Lula 1 era muito aberto. Ouvia de um lado, do outro e distinguia. Na maioria das vezes tomava o rumo correto na área econômica. Lula tinha uma abertura para uma visão mais ortodoxa da economia maior do que tem hoje”, comentou.
Lula foi eleito com o apoio da frente ampla, que se desenhou para frear a extrema direita no Brasil. O ex-senador esperava um governo mais participativo.
“Estamos vendo um Lula até raivoso em determinados momentos. Ele mesmo falou que era preciso acabar com o nós contra eles. Não veio um Lula Mandela, veio um Lula anti-Bolsonaro”, declarou.
Um engenheiro contratado pelo Flamengo para fazer um laudo independente acusa o clube de adulterar a cena do incêndio no Ninho do Urubu.
Em entrevista exclusiva ao site UOL, José Augusto Bezerra diz que o CEO do Flamengo, Reinaldo Belotti, mandou um funcionário arrancar partes de uma instalação elétrica problemática enquanto a apuração das causas do acidente ainda acontecia.
“Compromete o resultado da perícia da polícia. É decisivo”, afirma Bezerra.
O incêndio em um conjunto de contêineres-dormitórios no CT do Flamengo matou dez meninos da base do clube, em 8 de fevereiro de 2019.
O resultado final da perícia da polícia culpou um defeito no ar-condicionado e o material inflamável das paredes dos contêineres pela tragédia.
O UOL teve acesso ao laudo de Bezerra, que, além do ar, aponta a “má instalação elétrica” do alojamento como uma das causas do incêndio.
O Flamengo trata o laudo como “documentação elaborada unilateralmente pela empresa”. E afirma que Bezerra vazou informações “cobertas por sigilo contratual” para influenciar a disputa que trava com o clube na Justiça por outro motivo.
Em março de 2020, o engenheiro processou o Flamengo por quebra de contrato de um serviço posterior ao laudo. Na ação, ele alega que o clube rescindiu com sua empresa depois que ela se negou a pagar uma “mesada” a um dirigente.
O Rubro-negro diz que o serviço não foi feito e pede de volta o dinheiro que pagou. Além disso, interpelou Bezerra criminalmente para apontar quem lhe pediu propina -o que até hoje não foi revelado.
O engenheiro elétrico, sócio da Anexa Energia, Bezerra diz que foi chamado pelo Flamengo para fazer um laudo independente sobre o incêndio no Ninho do Urubu ainda no dia 8 de fevereiro, data da tragédia.
Ele conta que começou a trabalhar no local no dia seguinte e que foi em 10 de fevereiro que viu o CEO do clube dar a ordem para arrancar fios e um disjuntor que implicariam o Flamengo na investigação por negligência com a segurança do CT.
O Flamengo nega as acusações. Em comunicado enviado ao UOL, afirma:
Jamais o Senhor Reinaldo Belotti pediu a quem quer que fosse para adulterar a cena do local do incêndio, o que seria inútil haja vista a consumação imediata da perícia, logo após ao incêndio, bem antes dessa empresa e seu sócio surgirem no cenário.”
O clube também sustenta que “não há, em toda a vasta documentação produzida pelas autoridades públicas, qualquer elemento de prova que indique ou confirme a acusação leviana e caluniosa feita por esse senhor [Bezerra]”.
a Polícia Civil corrobora a informação do Flamengo. Diz que iniciou às 9h30 do dia do incêndio a coleta de provas periciais e concluiu-a no mesmo dia. A remoção de fios e disjuntor, em data posterior, não teria atrapalhado o trabalho dos peritos.
Bezerra insiste que, nos dias em que esteve lá, viu policiais trabalhando na cena.
Em depoimento à CPI do incêndio no Ninho, na Alerj, Victor Satiro de Medeiros, um dos peritos que assina o laudo final da polícia, também dá uma versão destoante:
“A gente ficou uns 15 a 20 dias trabalhando no local, em seis pessoas.”
O UOL recorreu ao perito Nelson Massini para analisar as denúncias. Diz o perito:
Causa muita estranheza a velocidade com que essa perícia foi realizada. Trata-se de um ambiente muito complexo, com uma série de itens para serem examinados. E a perícia foi realizada em apenas 8 horas. Pode-se dizer que foi de maneira muito apressada.
Para Massini, a remoção de fios relatada por Bezerra é “fato grave, que pode ter alterado o local dos fatos e levado a possível erro na apuração da polícia técnica científica”.
O delegado Márcio Petra, responsável pela condução do inquérito do caso à época, mostrou-se surpreso ao ser informado pelo UOL do relato de Bezerra.
“Esses fatos (…) traduzem, em tese, a prática de um crime, que deve ser apurado, caso a testemunha citada declare, desta forma, em sede policial, ministerial ou judicial. Somente o perito poderia avaliar essa hipótese em cotejo com os demais elementos colacionados aos autos”, declarou Petra em mensagem à reportagem.
Desde as primeiras horas, a versão preliminar para o incêndio —classificado ainda naquela manhã como “a maior tragédia da história do Flamengo” pelo presidente do clube, Rodolfo Landim— era a de que ele havia sido provocado pelo mau funcionamento de um ar-condicionado instalado em um dos contêineres.
O motivo coincide com o apontado na conclusão do laudo dos peritos da Polícia Civil, que embasou o indiciamento de oito pessoas, entre dirigentes do Flamengo, executivos da empresa que fornecia os contêineres-dormitórios para o clube e um técnico de refrigeração.
“Arranca isso tudo”. O que o engenheiro diz que viu e ouviu: José Augusto Bezerra teve diversas conversas com a reportagem do UOL ao longo dos últimos meses para explicar suas denúncias.
O engenheiro relata que, na tarde de 8 de fevereiro de 2019, ainda digeria as notícias sobre o incêndio no Ninho quando seu celular tocou.
Era Reinaldo Belloti, CEO do Flamengo. Rubro-negro daqueles que carregam o escudo do clube na capinha do celular, Bezerra se surpreendeu.
“Ele sabia o meu nome, conhecia a minha empresa e falou: ‘Olha, você foi indicado para vir aqui no Flamengo fazer o laudo do acidente. A gente precisa de um laudo particular’.”
O CEO tinha urgência. Recebeu o engenheiro no Ninho do Urubu já na manhã seguinte, ainda diante dos escombros do que tinha restado do alojamento após o incêndio.
“Cara, conforme você for vendo, o que achar de muito grave você me chama”, disse Belotti, ainda segundo Bezerra.
O engenheiro conta que passou a manhã e a tarde vistoriando o local. Tirou centenas de fotos e fez anotações. No dia seguinte, voltou para tentar esclarecer algumas dúvidas sobre as imagens que tirou atrás do alojamento.
“Tinha uma caixa de alvenaria, a caixa de distribuição de energia. Tinha um disjuntor ali que estava completamente mal dimensionado, completamente errado.”
Na sequência, Bezerra notou uma fiação que saía desse disjuntor e levava energia para os contêineres pelo forro do alojamento.
Os fios estavam fora do padrão, desprotegidos e com emendas aparentes, denuncia:
“O cabo era errado. O disjuntor era errado. Estava tudo errado. Aí eu chamei o Reinaldo e falei: ‘Isso aqui é uma coisa muito grave’.”
A reação de Belotti foi imediata, conta o engenheiro:
Ele chamou um cara lá, um funcionário. Mostrei onde estava o disjuntor, inclusive com os fios ainda estavam todos queimados entrando dentro do alojamento. E aí ele [Belotti] falou: ‘Arranca isso tudo’.”
Bezerra diz que viu os fios que ligavam a caixa de distribuição ao contêiner sendo arrancados, mas que não fez nada. “Eu não coloquei a mão em nada. Não comentei nada também porque ali eu sou a parte mais fraca.”
“Tipo, óbvio, tenho 41 anos de idade, não sou bobo. Ele quis apagar alguns coisas.”
O laudo de Bezerra, concluído em 20 de março de 2019, aponta que o ar-condicionado com defeito e as paredes dos contêineres não foram as únicas causas do incêndio.
A análise do engenheiro menciona problemas nas instalações elétricas do CT, detectados pelo menos um ano antes da tragédia.
Em sua apuração interna, Bezerra soube que, em maio de 2018, ainda durante a gestão de Eduardo Bandeira de Mello na presidência, o Flamengo contratou uma empresa chamada CBI para fazer a manutenção. Esse serviço incluía troca de disjuntores e eliminação de “gambiarras” —o termo consta no orçamento do reparo.
A proposta da CBI foi aprovada e paga pelo clube, como demonstram notas fiscais obtidas pela reportagem. Mas o trabalho não foi realizado.
O Flamengo, em resposta a esta reportagem, classifica Bezerra como uma pessoa que “não possui qualquer credibilidade”, “que foi descartada pelo clube, diante da incapacidade técnica de sua empresa na realização do serviço para o qual foi contratada”.
Quando afirma isso, o clube não se refere ao laudo particular, que foi encomendado e pago em duas parcelas de R$ 6 mil, ainda em março de 2019, como indicam notas fiscais apresentadas por Bezerra à reportagem.
A briga judicial entre o Flamengo e a Anexa Energia, empresa de José Augusto Bezerra, começa um ano depois, em março de 2020.
Após a realização do laudo sobre o incêndio, em junho de 2019, o Flamengo contratou a Anexa para realizar serviços de revisão e adequação da parte elétrica de todo o CT do Ninho, por R$ 106,3 mil, em 4 parcelas. O prazo para conclusão era de 4 meses.
No final de julho, houve a proposta de um aditivo no valor de R$ 443,7 mil e a extensão do prazo dos serviços para 12 meses.
O UOL teve acesso a e-mails, cópias do contrato e a proposta de aditivo que estão anexados aos autos do processo, na 6ª Vara Cível, do Rio de Janeiro.
Há também a ata de uma reunião, realizada em 24 de setembro de 2019, que aponta que alguns dos serviços mencionados no contrato inicial ainda não haviam sido cumpridos.
O que acontece depois dessa reunião é o que motiva a disputa entre as partes até hoje.
Em 5 de dezembro daquele ano, o Flamengo enviou uma notificação judicial à Anexa comunicando a rescisão do contrato com a empresa de Bezerra, alegando que ela “sequer iniciou a prestação do serviço” e pedindo a devolução de 3 de 4 parcelas pagas.
A Anexa reagiu com a abertura de um processo contra o Flamengo acusando o clube de “desligamento sem justa causa”. No processo, o advogado da empresa sugere que a rescisão se deu porque Bezerra recusou uma “mesada” supostamente pedida por uma pessoa ligada à diretoria do Flamengo.
Embora o processo da Anexa corra na esfera cível, o Flamengo respondeu à acusação de pedido de propina no âmbito criminal, interpelando José Augusto Bezerra para que apresentasse provas e o nome da pessoa que teria solicitado a tal mesada.
A deputada estadual Abigail Cunha (PL), que acabou de ser nomeada como secretária da Mulher no Maranhão pelo governador Carlos Brandão (PSB), postou uma foto na internet com suas empregas domésticas para dizer que gosta de mulheres negras. A publicação que já saiu do ar foi criticada nas redes sociais.
“Para quem anda dizendo que não gosto das mulheres negras. Puro preconceito, as donas da minha casa são negras e são mulheres de batalha e verdadeiras”, escreveu Abigail junto a foto em que está no meio de suas funcionárias.
Internautas enxergaram um teor racista na publicação e criticaram a secretária. “Dos criadores de ‘não sou racista’ vem aí ‘tenho até empregadas que são’, estrelando Abigail Cunha, Deputada Estadual pelo PL do Maranhão”, escreveu um seguidor.
Abigail foi anunciada na última quinta-feira como nova integrante do governo de Carlos Brandão. O atual chefe do Executivo do Maranhão foi reeleito no ano passado após ser vice de Flávio Dino (PSB), atual ministro da Justiça e Segurança Pública.
As bancadas do União Brasil do Congresso reagiram às declarações da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), que defendeu a saída temporária do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, depois que vieram à tonas as denúncias de que ele usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para acompanhar um leilão de cavalos em São Paulo e e recebeu diárias pela viagem. O texto é assinado pelos líderes do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), e no Senado, Efraim Filho (PB).
O União comanda três ministérios na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além das Comunicações, o partido indicou Daniella Carneiro para comandar o Turismo e Waldez Góes a Integração Nacional. Embora integre a base aliada, a sigla ainda não entregou a adesão ao governo esperada pelo Palácio do Planalto. Parlamentares do União assinaram, por exemplo, o pedido de instalação da CPMI para investigar os atos golpistas do dia 8 de janeiro, contrariando o PT.
Em nota, o partido repudiou as declarações de Gleisi. “Lamentamos que Gleisi utilize dois pesos e duas medidas para tratar de assuntos inerentes à vida pública. Quando atitudes dos seus aliados são contestadas – e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do país – a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos”, diz a nota, que termina frisando que o direito de defesa e presunção de inocência valem tanto para Gleisi quanto para Juscelino Filho.
A situação do ministro do União se deteriorou após a publicação de uma série de reportagens do “Estado de S. Paulo”. Juscelino Filho utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar a São Paulo, onde participou de leilões de cavalo — ele também recebeu diárias relativas ao período, embora só tenha cumprido duas horas de agendas relativas ao cargo no estado. Juscelino também foi beneficiado de obra de asfaltamento, financiada pelo orçamento secreto, para pavimentar estrada que dá acesso a uma propriedade sua no Maranhão.
O ministro vai se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira, para prestar esclarecimentos sobre o desvio de conduta. Ao GLOBO, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pregou cautela e lembrou que já houve casos “injustos” de pré-julgamento, inclusive com integrantes do Partido dos Trabalhadores.
— Como disse o presidente Lula, todos os ministros e ministras, independentemente do partido, têm direito a presunção de inocência. O que se espera de todos eles é que tenha espaço para sua defesa. E tenho certeza que o farão, sem pré-julgamentos. Já vi muita gente ser afastada por pré-julgamentos injustos, inclusive companheiros do PT — disse Padilha ao GLOBO.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá conversar, na próxima segunda-feira (6), com o rei Charles III, por telefone. O monarca britânico formalizará a presença do petista, enquanto chefe de Estado, à coroação do filho da falecida rainha Elizabeth II, marcada para maio deste ano.
Fontes ligadas ao Palácio do Planalto confirmaram a informação ao repórter Túlio Amâncio, da Band Brasília. Ainda não se sabe, porém, o horário da conversa entre líderes.
Em 1º de janeiro, dia da posse de Lula para o terceiro mandato, Charles III enviou uma carta ao presidente para desejar felicitações pelo novo governo. O documento foi divulgado por Stephanie Al-Qaq, embaixadora do Reino Unido no Brasil.
“Senti-me encorajado ao ouvir-lhe enfatizar a necessidade urgente de abordar a crise climática durante vosso discurso de vitória e na COP27”, escreveu o rei.
O ex-árbitro de futebol Romualdo Arppi Filho morreu, no sábado (4), em Santos, no litoral de São Paulo. Arppi Filho tinha 84 anos e estava internado no Hospital Ana Costa, onde fazia tratamento renal e, segundo seus familiares, não resistiu.
Ao g1, um dos filhos de Arppi Filho, Ricardo de Oliveira Arppi, afirmou que o pai foi uma das figuras mais importantes da história do futebol nacional. “Meu pai foi e sempre será referência. Que ele seja lembrado pelo destaque no esporte e como um ser humano incrível”, disse.
No auge de sua carreira, o ex-árbitro apitou a final da Copa do Mundo de 1986, no México, onde a Argentina conquistou o bicampeonato mundial ao vencer a Alemanha por 3 a 2. Na ocasião, os gols dos hermanos foram marcados por Brown, Burruchaga e Valdano.
Arppi Filho nasceu em Santos no dia 7 de Janeiro de 1939. Na Copa de 1986, ele se tornou o segundo árbitro brasileiro a apitar uma partida final de Copa, antecedido por Arnaldo Cézar Coelho. No torneio, também apitou França 1 x 1 URSS e México 2 x 0 Bulgária.
O ex-árbitro iniciou a carreira aos 14 anos e, profissionalmente, aos 20. Chegou a apitar as decisões do Campeonato Brasileiro de 1984 e 1985, uma final do Mundial Interclubes em 1984 e participou de três olimpíadas: Cidade do México (1968), Moscou (1980) e Los Angeles (1984).
Nos últimos anos, Arppi Filho passou a viver em São Vicente, também no litoral de São Paulo, onde atuava como corretor de imóveis. Foi pai de três filhos e avô de três netos e, até hoje, é considerado por colegas e ex-jogadores um dos melhores árbitros da história do futebol brasileiro.
Um recibo de novembro de 2022 indica que sauditas enviaram um relógio e outras joias ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os itens são de uma marca de luxo suíça, entregues para a composição do acervo pessoal do Palácio do Planalto.
Na caixa envaida a Bolsonaro, havia um objeto similar a um rosário, um relógio com pulseira de couro, um par de abotoaduras, uma caneta e um anel.
Os objetos apontados pelo recibo do ano passado não fazem parte das joias, supostamente dadas pelos sauditas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e a Bolsonaro, avaliadas em R$ 16 milhões. Estes últimos foram retidos pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em outubro de 2021.
Band teve acesso a documento O caso das joias de R$ 16 milhões foi revelado pelo jornal O Estado de São Paulo. A Band teve acesso a um documento que mostra que, no dia 26 de outubro de 2021, um assessor do então ministro Bento Albuquerque, na época à frente da pasta de Minas e Energia, voltou de uma viagem oficial à Doha com as joias dentro da mala. O servidor é André Soeiro.
Em entrevista ao Estadão, Bento Albuquerque confirmou que tentou liberar os diamantes na alfândega, mas não conseguiu.
“A comitiva não sabia o que que tinha dentro daquelas caixas. Eram presentes oficiais do governo da Arábia Saudita e veio, assim, como presente oficial”, disse o ex-ministro.
Uso de ministros e militares? Bolsonaro também teria tentado recuperar as pedras preciosas pelo menos quatro vezes. Segundo a reportagem do Estadão, o ex-presidente envolveu o próprio gabinete, que enviou um ofício à Receita Federal.
Bolsonaro também teria acionado militares e os ministérios da Economia e Relações Exteriores. A última tentativa foi em 29 de dezembro, a três dias para o fim do mandato dele.
O ex-ministro Fabio Wajngarten publicou documentos que mostram que a presidência pediu à Receita que entregasse as joias para analisar se seriam incorporadas ao acervo pessoal de Bolsonaro ou ao acervo público da presidência. Pela lei, todo presente recebido por chefes de Estado brasileiros é propriedade da União.
O que dizem Michelle e Bolsonaro Pela internet, a ex-primeira-dama Michelle ironizou as acusações, de maneira a negar que tivesse conhecimento das joias.
“Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu deus! Vocês vão longe mesmo hein?!”, disse Michelle.
Deputados que conversaram com Bolsonaro disseram que ele nega qualquer ilegalidade. Para a CNN, o ex-presidente afirmou não pediu nem recebeu o presente e que as joias seriam inseridas no acervo público da presidência da República.
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump afirmou, no sábado (4), que encerraria a guerra entre Rússia e Ucrânia “em um dia” caso retornasse à Casa Branca nas eleições de 2024.
Trump, que já se colocou como pré-candidato republicano para a disputa do ano que vem, fez a declaração durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), no estado de Maryland, evento que também teve o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro como participante.
“Antes mesmo de eu chegar ao Salão Oval [na Casa Branca], eu terei acertado rapidamente o guerra desastrosa entre Rússia e Ucrânia. Farei com que os problemas sejam resolvidos rapidamente. Não demoraria mais que um dia”, disse Trump.
O republicano também disse que tem um bom relacionamento tanto com o líder russo, Vladimir Putin, quanto com o ucraniano, Volodymir Zelensky. “Sei exatamente o que dizer a cada um. Me dou muito bem com os dois”, acrescentou.
Segundo ele, o mundo enfrentará uma Terceira Guerra Mundial “se algo não acontecer logo”. “Eu sou o único candidato que pode fazer essa promessa: eu vou prevenir, facilmente, a Terceira Guerra Mundial [de acontecer].”
O governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite pediu desculpas ao cantor baiano Gilberto Gil pelas falas do vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, em referência aos baianos encontrados em situação de escravidão em Bento Gonçalves, na Serra. Mais de 200 trabalhadores foram resgatados.
O cantor se apresentou em Porto Alegre, na noite de sábado (4).
“O Rio Grande do Sul teve um episódio triste na semana passada, um vereador que falou dos baianos. A gente lamenta muito isso, e como você é um representante muito mais da Bahia, do Brasil todo, mas a baianidade que você tem, vim aqui para em seu nome poder pedir desculpas por esse absurdo que ele falou. Não representa o povo gaúcho”, disse o governador a Gil.
Em seguida, Leite pediu para dar um abraço no cantor. “Abrace a Bahia por mim também”. Gil agradeceu e destacou que abraça o Rio Grande do Sul inteiro.
O caso Na terça-feira da última semana (28), Fantinel usou a tribuna da Câmara de Vereadores para pedir que os produtores da região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, se referindo a trabalhadores vindos da Bahia. Além disso, disse que “a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor”.
O vereador se referia aos homens encontrados em situação semelhante à escravidão em um alojamento de Bento Gonçalves. A maioria deles, contratados para a colheita da uva, veio do estado nordestino.
O caso de situação semelhante à escravidão veio à tona quando três trabalhadores procuraram a polícia após fugirem de um alojamento em que eram mantidos contra sua vontade. Uma operação realizada no mesmo dia resgatou mais de 200 pessoas que eram submetidas a trabalho análogo à escravidão durante a colheita da uva.
Os trabalhadores foram contratados pela Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, que oferecia a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região. Eles afirmam que eram extorquidos, ameaçados, agredidos e torturados com choques elétricos e spray de pimenta.
O administrador da empresa chegou a ser preso pela polícia, mas pagou fiança e foi solto. As vinícolas que faziam uso da mão de obra análoga à escravidão devem ser responsabilizadas, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A maioria dos trabalhadores resgatados chegou à Bahia nesta segunda-feira (27). Os demais optaram por permanecer no RS. Quase todos já receberam as verbas rescisórias a que tinham direito, em um valor que, somado, ultrapassou R$ 1 milhão.
Nesta terça-feira (28), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) suspendeu a participação das vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton de suas atividades. A ApexBrasil é um serviço social autônomo vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que promove os produtos brasileiros no exterior.
O governo Lula decidiu não aderir a uma declaração conjunta da ONU para denunciar os crimes do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega. Segundo o UOL, o Itamaraty participou da negociação do texto final durante reunião no Conselho de Direitos Humanos, na sexta-feira, mas optou por não aderir ao documento assinado por 55 países.
De acordo com a reportagem, o governo brasileiro quis suavizar a declaração, propondo espaço para diálogo com a ditadura. A proposta não foi aceita.
Enquanto até governos de esquerda na América Latina se dispuseram a conceder cidadania aos apátridas nicaraguenses, entre eles Argentina, Colômbia e Chile, a gestão petista continua sem se posicionar.
Na cruzada de Daniel Ortega contra a Igreja Católica, 11 padres foram presos. Em fevereiro, o regime libertou 222 presos políticos, incluindo políticos da oposição e líderes empresariais, que foram deportados para os Estados Unidos depois de perderem a cidadania nicaraguense por “traição á Pátria”.
Na sexta, um grupo de especialistas da ONU acusou o regime de Ortega de cometer violações sistemáticas dos direitos humanos, que constituem “crimes contra a humanidade”. A manifestação consta em documento divulgado em Genebra que pede sanções internacionais contra o país.
Criado em 2018, o Grupo de Especialistas em Direitos Humanos sobre a Nicarágua cita execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tortura e privação arbitrária da nacionalidade e do direito de permanecer no próprio país.
O ator Lima Duarte se envolveu em um acidente com uma motociclista última sexta, 3, em São Paulo (SP). Ele bateu seu carro numa moto enquanto trafegava na Avenida Antarctica, e a mulher que conduzia o veículo sofreu ferimentos nas pernas e nos braços.
Após imagens dela no hospital circularem nas redes sociais, o veterano ator de 92 anos emitiu um comunicado à imprensa, dizendo que imediatamente prestou os devidos socorros à mulher. “Enquanto dirigia meu carro, fui envolvido em um acidente com uma motocicleta. Após a colisão, imediatamente prestei os devidos socorros à motociclista e aguardei a chegada da polícia”, explicou.
O artista acrescentou que sua prioridade foi garantir que a motociclista recebesse a assistência necessária e “que a situação fosse tratada com a maior seriedade possível”.
“Gostaria de destacar que sou um motorista consciente e responsável, como foi o caso! Sempre procuro respeitar as leis de trânsito e priorizar a segurança no tráfego. Lamento profundamente pelo ocorrido e estou disponível para ajudar nas apurações e prestar esclarecimentos adicionais, caso necessário”, encerrou.
Já de acordo com a vítima, identificada como Simone, o ator a atingiu com um carro preto e a arrastou pelo asfalto. Em entrevista ao jornal O Dia, ela disse que Lima Duarte contou uma história completamente diferente para os policiais a fim de não se responsabilizar pela batida.
“Eu caída no chão ouvi ele contar uma história completamente contrária falando que eu tinha ido com a moto para cima dele, sendo que qualquer laudo prova que ele bateu na minha moto e saiu arrastando. Muitas pessoas viram, mas só que todos foram embora, porque estavam no ponto de ônibus e seguiram seus caminhos. Não tinha ninguém do meu lado para me ajudar. Até as pessoas próximas estavam mais preocupadas em tirar foto com ele”, contou.
Simone quebrou cinco ossos da bacia na colisão e espera para fazer uma cirurgia. “Só não que eu não sei quando vou fazer. Não tem nada marcado”, finalizou.