PL do Aborto: 25 mil meninas de até 14 anos são mães anualmente

Cerca de 25 mil meninas de 14 anos são mães anualmente no Brasil, segundo o levantamento Aborto no Brasil, do Instituto AzMina, divulgado em 2023. De acordo com o Código Penal brasileiro, toda e qualquer conjunção carnal com um menor de 14 anos é considerada estupro de vulnerável.
A Câmara dos Deputados aprovou, em 23 segundos, na última semana, a tramitação em urgência de um projeto de lei que qualifica como homicídio o aborto a partir de 22 semanas de gestação, mesmo em casos de estupro.

O levantamento feito pelo Instituto AzMina, com base em dados do Ministério da Saúde, mostra que o Sistema Único de Saúde (SUS) fez, em média, 1.800 abortos legais por ano entre 2015 e 2022.

A análise dos dados da pesquisa aponta que o número de abortos legais feito por ano se mostra “irrisório” se comparado à quantidade de crianças de até 14 anos que são mães no Brasil.

O Código Penal brasileiro classifica como estupro de vulnerável “ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de 14 anos”. Ou seja, todas as 25 mil crianças que engravidam anualmente no Brasil teriam direito ao aborto legal pelo SUS.

O estudo mostra também que 17.459 mulheres foram internadas, entre 2015 e 2023, em hospitais públicos para a realização de procedimentos relacionados ao aborto: a curetagem e a aspiração manual intrauterina (Amiu). Ambos são métodos de “esvaziamento uterino” adotados para situações de abortamento feito de forma legal ou ilegal.

A pesquisa revela que, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 1.296 mulheres foram processadas, entre 2015 e 2023, por terem provocado aborto em si mesmas. O recorde de ações dessa natureza no período histórico analisado foi em 2022, época em que foram abertos 464 processos contra mulheres que abortaram.

Metropoles

Postado em 18 de junho de 2024

Cientistas descobrem a origem da gagueira no cérebro; entenda

A gagueira, caracterizada pela fala repetida ou arrastada na cadência das palavras, é um distúrbio neurobiológico presente em pelo menos 1% da população adulta. Um novo estudo multidisciplinar publicado na revista científica Brain mostrou a partir de qual local do cérebro o distúrbio se origina.

Inicialmente relacionada a causas de origem psicológica, agora se sabe que os dois diferentes tipos de gagueira, a do desenvolvimento (que surge ainda na infância) e a adquirida (associada a problemas neurológicos ou acidente vascular), são condições neurológicas que afetam a fala.

“Embora a maioria das pesquisas trate esses diferentes tipos de gagueira como condições separadas, este estudo adota uma abordagem única, combinando conjuntos de dados para ver se pudermos identificar um link comum”, explica coautora e professora associada na Universidade de Canterbury (UC), em comunicado.

Neste contexto, a equipe, que também contou com pesquisadores da Universidade de Turku, na Finlândia, da Universidade de Toronto, no Canadá, da Universidade de Boston, e do Brigham and Women’s Hospital da Harvard Medical School, nos EUA, analisaram um conjunto de dados para compreender se existem conexões entre ambos os tipos de gagueira.

Desta maneira, foi descoberto que a origem em comum está em uma parte específica do putâmen esquerdo, parte do telencéfalo. Assim como o claustro, fina camada de substância cinzenta, no telencéfalo, e a área de transição amigdaloestriatal foram considerados “duas áreas adicionais de interesse”.

“[As duas últimas citadas] São áreas minúsculas do cérebro — com apenas alguns milímetros de largura — e é por isso que normalmente podem não ter sido identificadas em estudos anteriores”, afirma Theys.

De acordo com a especialista, os achados são uma ótima notícia para a pesquisa sobre o distúrbio, pois a partir disso novas opções de tratamento mais eficazes poderão ser desenvolvidas.

“As pessoas sempre olharam para a gagueira adquirida e de desenvolvimento como duas coisas distintas, mas conseguimos mostrar que, além das semelhanças no nível comportamental, também existem semelhanças no nível neural”, diz Catherine Theys, coautora e professora associada na Universidade de Canterbury (UC).

Folha de Pernambuco

Postado em 18 de junho de 2024

Deputada evangélica pede para tirar assinatura como autor de PL Antiaborto por Estupro

A deputada federal Renilce Nicodemos (MDB-PA) apresentou um requerimento à Mesa Diretora da Câmara para que sua assinatura fosse retirada do projeto de lei Antiaborto por Estupro . De autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ex-presidente da bancada evangélica, a proposição foi assinada por 32 parlamentares, dos quais 12 são mulheres .

Renilce é evangélica e integra a bancada evangélica da Câmara. Ela diz à Folha que é contra o aborto , exceto nos casos previstos na lei. A deputada afirma que após analisar o projeto em questão, veja que ele não está “de acordo com o meu pensar e a forma com a qual eu defendo crianças e mulheres”.

“Antes eu tinha entendido que era um projeto que daria benefícios e proteção às mulheres. Mas fui me aprofundar e vi que no texto tem uns parágrafos que diz que a mulher terá pena maior do que o próprio estuprador. Preferi fazer a retirada da assinatura porque Tenho certeza absoluta de que esse projeto não irá favorecer nem as mulheres nem as nossas crianças, somente esses agressores e estupradores. Sou contra o projeto”, diz ela.

A deputada foi sondada para ser relatora do texto, mas não aceita. O documento, disponibilizado no sistema da Câmara nesta segunda-feira (17), foi protocolado pela deputada na semana passada.

Na quarta (12), os deputados aprovaram em votação-relâmpago um requisito de urgência de projeto que altera o Código Penal para aumentar a pena imposta que fazem em abortos quando há previsões fetais, presumidas após 22 semanas de gestação. A ideia é equiparar a proteção ao homicídio simples.

O projeto foi incluído na pauta do plenário pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a pedido da bancada evangélica. Um líder da esquerda e um do centrão dizem que havia compromisso dos partidos para votarem a urgência do projeto, mas não o seu conteúdo.

Cabe ao presidente da Câmara pautar um projeto a ser votado em plenário. Na semana passada, os deputados aprovaram o regime de urgência, que acelera a tramitação da proposta na Casa, já que ela não passa pela análise das comissões temáticas e segue diretamente ao plenário.

Diante da repercussão negativa do projeto, parlamentares do centrão admitiram nos bastidores que a proposta não deverá avançar na Casa . Apesar disso, membros da oposição e da bancada evangélica querem que o projeto seja votado ainda neste semestre.

Cavalcante disse à Folha mais cedo nesta segunda que irá trabalhar para que a matéria seja apreciada até o recesso parlamentar. “Todos os deputados que são pró-vida, e a maior parte das pessoas do centro são pró-vida, vão apoiar o projeto com certeza. Temos que votar ele ainda neste semestre, sem dúvidas”, disse.

Ao ser questionado se o projeto perdeu apoio de parte do centro na Casa, o parlamentar disse que não pode falar por outros deputados, mas que acredita que “quem defende a vida com certeza não abrirá mão de um projeto como esse”.

Folha de São Paulo

Postado em 18 de junho de 2024

Prefeitura inaugura Centro de Educação Infantil “Tia Neta” no bairro Paizinho Maria

Após um grande esforço da atual gestão municipal, Currais Novos ganhou nesta segunda-feira (17) seu segundo Centro Municipal de Educação Infantil, que atenderá cerca de 120 crianças e está localizado no bairro Paizinho Maria. O novo CMEI homenageia “Tia Neta”, moradora que muito contribuiu com ações sociais e de educação na comunidade.

O Centro de Educação Infantil é do “Tipo C” e funcionará em dois turnos (manhã e tarde). De acordo com as normas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), sua estrutura conta com refeitório amplo, sala de professores e administrativo, banheiros adaptados, bloco de salas de aula com solários coletivos, pátio coberto, entre outros espaços. Em fevereiro, a Prefeitura inaugurou o primeiro CMEI, sendo do “Tipo B”, localizado no bairro “Dr. José Bezerra de Araújo” e homenageia Ir. Ananília.

Postado em 17 de junho de 2024

Defensoria Pública do RN realiza mutirão de mudança de nomes para pessoas trans em Currais Novos

No mês do Orgulho LGBTQIAPN+ o núcleo de Currais Novos da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte (DPERN) vai realizar o “Seu Nome TransForma”, um mutirão de atendimentos voltado para a população transgênero. O evento acontece no dia 21 de junho, no núcleo da cidade, a partir das 8h.
Com o objetivo de garantir cidadania e direitos, a ação vai oferecer serviços de orientação jurídica e retificação de registros, possibilitando a retificação de prenome e gênero.

Veja quais são os documento necessário aqui: https://www.defensoria.rn.def.br/documents/138/RETIFICA%C3%87%C3%83O_DE_REGISTRO_CIVIL__NOME_E_G%C3%8ANERO.pdf

Serviço:
Seu Nome TransForma – Mutirão de retificação de nomes

Data: 21/06/2024

Local: Núcleo da Defensoria Pública em Currais Novos – Rua Vereador Tomaz Pinheiro, 204, Currais Novos, 59.380-000

Hora: 8h

AGORA RN

Postado em 17 de junho de 2024

BRILHO MATUTO BRILHA NO FORRÓNOVOS 2024 E SE CONSAGRA CAMPEÃ

Currais Novos, RN – A cidade de Currais Novos foi palco da vigésima segunda edição do Forronovos, uma das mais tradicionais competições de quadrilhas juninas do Rio Grande do Norte. Este ano, a emoção tomou conta do evento, culminando com a consagração da quadrilha Brilho Matuto como grande campeã.

Com uma apresentação espetacular que rendeu 299,6 pontos, Brilho Matuto conquistou o primeiro lugar, encantando tanto o público quanto os jurados com sua coreografia vibrante e rica em detalhes culturais. O grupo mostrou um alto nível de dedicação e talento, destacando-se entre os concorrentes.

A disputa pelo título foi intensa. A quadrilha Zé Matuto alcançou a segunda colocação com 291,7 pontos, seguida de perto pela Junina Sertão Barcelona, que ficou em terceiro lugar com 291,6 pontos. Ambas as quadrilhas demonstraram um desempenho impressionante, refletindo o alto padrão da competição deste ano.

O Forronovos 2024, realizado em Currais Novos, reafirma sua importância cultural e social, celebrando a tradição das quadrilhas juninas e promovendo a cultura nordestina. A vigésima segunda edição do evento foi marcada por apresentações emocionantes, muita música, dança e um forte senso de comunidade.

Colocações Finais das Quadrilhas Tradicionais:
Brilho Matuto – 299,6 pontos
Zé Matuto – 291,7 pontos
Junina Sertão Barcelona – 291,6 pontos
Colocações finais das Quadrilhas Estilizadas:

Campeã:
Balão Dourado – 296,9 pontos

2° Lugar
Brejo de Ouro – 293,3 pontos

3° Lugar
Ferroviário – 288 pontos

A organização do Forronovos parabeniza todas as quadrilhas participantes e agradece a todos os envolvidos que contribuíram para o sucesso do evento. As expectativas para a próxima edição já são altas, com a promessa de mais celebrações da cultura junina e performances ainda mais impressionantes.

Geraldo Careiro Blog

Postado em 17 de junho de 2024

Chico Buarque chega aos 80 anos como um dos mais poéticos e contundentes cronistas do país

O ano era 1966 e, na contracapa de seu LP de estreia, “Chico Buarque de Hollanda”, o cantor e compositor de 22 anos de idade admitiu: “Pouco tenho a dizer além do que vai nesses sambas”. Ensanduichado entre a explosão da jovem guarda e a revolução tropicalista, Chico assinou seu compromisso com a música inaugurada no começo do século pelos negros Donga, Pixinguinha e João da Baiana.
No LP, que vinha com clássicos como “A banda” (vencedora de festival, na interpretação de Nara Leão), Chico era a encarnação do samba jovem, o garoto dos olhos magnéticos, de cor nunca identificado. Mais do que isso, o autor de versos como “se o samba quer que eu prossiga/ eu não contrario não” (de “Amanhã, ninguém sabe”), reiterados por ele em “Que tal um samba?” (2022), faixa mais recente desse artista que completa 80 anos na quarta-feira.

Entre um Chico e outro, está toda a História de um país, da qual é um dos mais poéticos e contundentes cronistas. Criado no seio da intelectualidade (seu pai era o historiador, sociólogo e escritor Sérgio Buarque de Hollanda, autor de “Raízes do Brasil”), o menino cresceu ligado ao futebol, aos clássicos da literatura e no melhor de uma época de ouro da música brasileira (Noel Rosa, Dorival Caymmi, Ary Barroso, entre outros). A audição do marco inicial da bossa nova, “Chega de saudade”, com João Gilberto, fez com que o violão virasse seu melhor amigo.

“Quis ser palhaço, bombeiro, intelectual, jogador de futebol, padre, deputado, ladrão de automóveis, galã e arquiteto. Nada deu certo, e apenas o mesmo tocando violão”, resumiu ele, em 1967, em “Fatos e Fotos”.

Nada à toa na vida
Num tempo em que tudo parecia ser possível, um talentoso contingente jovem batalhava para reorientar a canção brasileira. Enquanto os tropicalistas trilhavam o caminho do pop e da eletricidade, ele seguiu seus próprios designs, traçados pelo samba — certa vez, Caetano Veloso chegou a dizer que Chico “anda para a frente arrastando a tradição”.

ra um caminho que ele percorreu com grandes parceiros musicais, como Edu Lobo, Francis Hime, Gilberto Gil, Milton Nascimento, João Bosco e, nos últimos anos, o neto Chico Brown. Entre canções de qualidade cinematográfica e pérolas românticas (com um olhar feminino que o transformou no compositor mais desejado pelas grandes cantoras, de Maria Bethânia a Elza Soares), Chico conquistou popularidade e fez a trilha sonora do Brasil.

Um Brasil que mergulhou nos anos de chumbo da ditadura, a qual ele reagiu com um autoexílio em Roma mas também com sambas como “Apesar de você”, “Construção”, “Acorda amor” (assinado com pseudônimo para escapar à censura) e, à beira da redemocratização, com “Vai passar”, hino do movimento Diretas Já.

Compositor que transitou por vários estilos, sempre ao seu jeito, Chico fez música infantil (“Saltimbancos”) e até rock (“Jorge Maravilha”). Enveredou pelas trilhas de cinema, pelo teatro, pelos musicais e, a partir de “Estorvo” (1991), conquistou o reconhecimento como romancista. Se, depois de certo ponto, silenciou no plano das entrevistas, as obras começaram a falar por ele — como ele desejava desde aquela estreia em 1966.

Não se afobe, não
Num novo milênio em que a violência social se explicitou no limite do insuportável, Chico Buarque avançou sendo a chave para a compreensão do Brasil. Seja na releitura de sua “Cálice” pela ótica das quebradas do rapper Criolo, ou na incisiva revisão do histórico de escravidão da canção “Sinhá”, lançada em 2011.

Quando necessário, Chico bateu de frente, como quando se manifestou contra o racismo dos que falavam sobre seu neto, Chico Brown, filho de sua filha Helena com Carlinhos Brown. “As pessoas pensam que são brancas, pensam que eu sou branco. Só no Brasil é que eu sou branco ou que minha filha é branca”, disse ele ao diretor Roberto Oliveira em um documentário. No sábado (15) mesmo, em Paris, onde está com a família para comemorar seu aniversário, participou de manifestação contra o avanço da extrema direita na França.

Mas sua arma mais letal e sorrateira continuou mesmo sendo o samba, como reafirmaria em “Que tal um samba”, com o qual exorcizou uma das páginas infelizes de nossa História com um convite à dança e às celebrações: “Depois de tanta demência/ e uma dor filha da puta, que tal?/ puxa um samba/ que tal um samba?”

O GLOBO

Postado em 17 de junho de 2024

Após repercussão negativa, bancada evangélica admite adiar votação do PL do Aborto na Câmara

Alvo de protestos nas ruas e de forte reação contrária nas redes sociais, o projeto que equipara o aborto após a 22ª semana ao crime de homicídio deve ter sua votação postergada na Câmara. O autor do texto, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), da bancada evangélica, admite que a análise no plenário pode ser deixada para o fim do ano, após as eleições municipais.

O governo, que não se opôs à aprovação da urgência para a tramitação da proposta, na semana passada, agora afirma que vai atuar para barrar o avanço da iniciativa no Congresso.

A senha de que a proposta seria colocada na geladeira já havia sido dada pelo próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Após promover uma votação relâmpago — de apenas 25 segundos — para a urgência do projeto, ele disse que não havia previsão de quando será definido um relator nem quando o mérito do texto será colocado em pauta.

O deputado do PP foi um dos principais alvos dos protestos, desde a semana passada, por ser quem controla a pauta da Casa.

O Globo

Postado em 17 de junho de 2024

Casais recorrem a contratos de namoro para resguardar bens e separar até contas de TV; veja como funciona

A meta do relacionamento da professora Luciane Popadiuk, de 41 anos, e do engenheiro Leandro Corso, de 42, é ser eternos namorados, literalmente. Juntos há cinco anos e sem interesse em constituir uma família, o casal é um dos que aderiram ao contrato de namoro para deixar às claras pontos cruciais da união, como não morar na mesma casa e cada um arcar com as próprias despesas. Caso a relação não tenha “um feliz para sempre”, a dupla também já definiu que não haverá divisão de bens, mesmo das contas dos serviços de streaming que assinam na televisão.
A história de amor do casal paranaense, de Curitiba, começou no final de 2019. Após três meses juntos, a mãe de Luciane ficou doente, veio a pandemia e Leandro passou a frequentar quase todos os dias a casa da namorada. Como não queria que a relação configurasse uma união estável, após uma conversa com uma amiga, que é advogada, Luciane sugeriu ao amado o contrato de namoro. A ideia era preservar a individualidade, sem perder a parceria.

— Eu sempre sonhei em casar, mas quando meus pais morreram, esse sonho morreu junto. Como ele também não queria, o contrato era a melhor saída, já que uma união estável, quando não acordada, gera toda a questão de partilha de bens. Não temos muitos bens e não entramos na relação pensando em terminar, mas não somos mais jovens e temos que ser práticos na relação ao que estamos construindo — afirma a professora.

Leandro garante que não ficou constrangido ao receber a proposta do contrato. A única surpresa foi saber que no Brasil existia esse tipo de documento:

— Foi muito natural. Eu já fui casado com regime de comunhão parcial de bens e, agora, não tenho mais interesse em casar. Fazer esse contrato não muda nada entre as pessoas, apenas nos respalda.

Fuga da união estável
No país, os contratos de namoro cresceram nos últimos anos. De acordo com levantamento realizado pelo Colégio Notarial do Brasil (CNB), foram celebrados 126 acordos desse tipo em cartórios no ano passado, o que representa um aumento de 35% em relação a 2022. Apesar de ser legalmente válido desde a atualização do Código Civil , em 2003, as declarações passaram a ser realizadas com mais frequência a partir de 2016. Deste período até maio deste ano, 608 escrituras do tipo foram feitas.

A advogada Regina Beatriz Tavares, presidente da Associação de Direito de Família e das Sucessões (ADFAS), explica que o contrato de namoro é uma forma de o casal negar a existência ou mesmo a intenção de formar uma união estável, evitando a discussão sobre bens. O objetivo principal é constituir uma diferença entre os dois relacionamentos e estipular regras, que podem incluir o uso de plataformas de streaming e até com quem ficará a guarda do animal de estimação em caso de separação.

O acordo pode ser lavrado por qualquer pessoa acima de 18 anos. Os namorados deverão apresentar os documentos pessoais e comprovação dos bens que desejam deixar registrados. Um tabelião de notas confere todos os dados. O valor do serviço varia, já que é definido pela lei estadual. Em São Paulo, o custo é de R$ 575,95, já no Distrito Federal, R$ 267,50.

— Um contrato de namoro é válido porque hoje o Código Civil tem brechas que não determinam que, em uma união estável, o casal precisa morar junto e qual o prazo mínimo para tal. Sem respaldo, após o termo do namoro, seja por desentendimento ou morte, uma das pessoas pode alegar que era uma relação pública e rigorosa, e exigir direitos à pensão alimentícia ou bens — pontual.

Jogador do Palmeiras, Endrick Sousa surpreendeu recentemente ao contar que possui um “contrato” com a namorada, a influenciadora Gabriely Miranda. Sem qualquer amparo jurídico, o casal declarou que o documento serve para manter um relacionamento saudável. As cláusulas proíbem a traição e determinam que é obrigatório dizer “eu te amo” e andar de mãos dadas, mesmo que estejam brigados.

Esse tipo de regra afetiva, no entanto, não tem validade legal, de acordo com o presidente da ADFAS, visto que “o romantismo não faz parte do direito das obrigações”.

Prova de desinteresse
O advogado Rogério Urbano, de 57 anos, decidiu propor o contrato à sua namorada antes de embarcarem em um cruzeiro, em 2015. Ele assumiu que tomou a decisão como forma de proteger seu patrimônio. Uma escova já tinha dente na casa do outro e Rogério não queria que, caso terminassem — o que de fato aconteceu —, a mulher pudesse cobrá-lo judicialmente.

— No caminho, antes da viagem, eu disse a ela que iríamos passar no cartório para revisar um documento. Expliquei que, por conta do meu patrimônio, eu queria só a parte do amor. Ela assinou e provou que não era interessante — brinca.

A engenheira Samira Miranda, de 35 anos, concorda com o advogado. Um paulista de Jundiaí conta que após levar um golpe de cerca de R$ 80 mil do ex-marido, com quem foi casado em regime de comunhão parcial de bens por 10 anos, resolveu aderir ao acordo de namoro em um segundo relacionamento. No contrato, proposto em 2020 após três meses de relação, ela especificou que o apartamento que morava — e ele dormitório com frequência— era dela, assim como o carro e todos os móveis e eletrodomésticos.

Vítima de violência doméstica, Samira conseguiu pôr fim ao namoro dois anos depois e o salvou de perder seu carro para o ex foi o acordo firmado entre as partes.

— No início do relacionamento acho que ele não colocava muita fé no contrato. Então, disse que, se isso me deixa mais tranquilo, converseia. Mas depois comecei a ficar abusivo, tentei me dar golpes, e quando eu consegui terminar ele saiu de casa com o meu carro. Eu só consegui recuperar porque já havia deixado no contrato que o automóvel era meu — diz.

Segundo o presidente da ADFAS, a reforma do Código Civil, em debate no Senado, deve alterar o texto da união estável, a fim de que os casais tenham mais segurança jurídica.

— Embora não haja uma mudança efetiva no conceito de união estável, o que se recomenda é aos namorados que aderirem ao acordo obterem duas testemunhas para observar o documento, a fim de ter mais provas — defende Tavares.

Possíveis cláusulas para o contrato
A advogada especialista em direito da família Daiana Kosteski explica que as cláusulas que podem ser inseridas no contrato são vastas, e cabe ao contexto fático de cada casal estipular novas regras na medida das necessidades e expectativas de ambos. Confira algumas opções abaixo:

Declaração de que o relacionamento é namoro e não possui a intenção de constituir uma família, diminuindo a data de início.
Definir regime de bens como prevenção caso haja evolução do relacionamento para união estável.
Inexistência de compartilhamento de dívidas.
Manutenção do patrimônio individual, estabelecer que as partes poderão apresentar um ao outro livremente, bem como manter o compartilhamento de cartão de crédito, título de clube, perfil nas redes sociais, serviço de streaming, que não implicarão na constituição de patrimônio comum, tampouco dependência financeira do outro.
Animais de estimação (guarda e custódia de despesas).
Inexistência de paternidade socioafetiva, se já tiver filhos.
Termo de namoro, com estipulação de prazo para entrega de pertences e devolução de presentes.

O GLOBO

Postado em 17 de junho de 2024

Eleições EUA: Wall Street não vê ameaça à democracia e enche cofres de olho de Trump em menos impostos

O princípio tímido, o que já foi batizado por parte do jornalismo político americano como o “retorno dos endinheirados” começou em março, quando Donald Trump conquistou a maioria dos delegados nas primárias do Partido Republicano à Casa Branca. Se intensificou desde então e arqueou sobrancelhas mais distraídas na última quinta-feira, quando o ex-presidente se reuniu, às portas fechadas, em Washington, com cerca de 90 CEOs de corporações americanas, entre eles Jamie Dimon (JP Morgan Chase), Jane Fraser (Citigroup), Brian Moynihan (Bank of America), Doug McMilon (Walmart), Charles W. Shcarf (Wells Fargo) e Tim Cook (Apple), em evento da Business Roundtable, associação dedicada ao lobby empresarial. Convidado, o presidente e candidato à reeleição Joe Biden não poderia ir, pois viajaria para a Cúpula do G7, na Itália.

O canto de sereia de Trump foi retomado, reservadamente, por um dos participantes do encontro, como um “retorno aos anos dourados de 2017”. O editor de Opinião da Bloomberg, Robert Burgess, foi menos curto e propositadamente mais grosso: “Os bilionários têm memória seletiva. Basta olhar para a economia americana hoje para perceber que seu real objetivo é o retorno das esmolas dadas pelo ex-presidente aos ricos e o afrouxamento das regulamentações impostas por Biden.”

— Mas é natural a reaproximação com um dos prováveis ​​presidentes dos EUA a partir de janeiro. Além disso, falo com o setor produtivo o tempo todo, e há a percepção de que seus interesses nunca foram tão contrariados quanto nos anos Biden — diz Erik Gordon, especialista em corporações e regulamentações antitruste da Universidade de Michigan.

A viagem de Trump a Washington foi recheada de simbolismos. Além da “conversa informal” de uma hora e meia com os CEOs, ele também retornou ao Capitólio pela primeira vez desde a invasão do prédio por manifestantes trumpistas em janeiro de 2021, que levou a um dos processos de impeachment que aconteceram. Além da mensagem de um partido unificado, o ex-presidente buscou, em um tour de estadista, aparar as arestas com alguns dos nomes mais ricos do país.

Despesas na Justiça
Dólares e números importantes mais do que nunca na disputa acirrada, em que Biden e Trump aparecem em empate técnico na maioria das pesquisas e projeções — e em que o republicano usa fundos de campanha para pagar despesas na Justiça.

Até o fim de abril, Biden, detentor da caneta presidencial, comemorou uma folga frente de US$ 35 milhões em relação a Trump. Vantagem fundamental para garantir a compra de mais espaço em canais de TV locais nos estados decisivos, menos “tribalizados” do que as redes de notícias 24h. No mês passado, no entanto, os republicanos anunciaram US$ 141 milhões em doações, das quais pouco mais de US$ 53 milhões recebidos nas 24 horas após a notificação judicial de Trump, inédita para um ex-presidente.

Um júri em Nova York decidiu no dia 30 de maio que o então candidato falsificou os registros do pagamento de US$ 130 mil à ex-atriz pornô Stormy Daniels e assim encobriu o escândalo sexual com potencial de afetar sua corrida vitoriosa à Casa Branca em 2016. sentença sai mês que vem, um pouco antes da Convenção Republicana, mas não o impede de seguir na disputa. E, ao que tudo indica, com mais dinheiro no bolso.

A campanha trumpista não anunciou o acumulado. Os democratas, por sua vez, não informaram o consolidado de maio, mas em nenhum mês chegaram perto do recorde adversário. Tudo indica que Trump ultrapassou o adversário no cálculo total. E, se a mídia das pesquisas registrou crescimento de Biden (de 2 a 4 pontos percentuais) após as notícias de Trump, no ambiente das grandes corporações, atesta o professor Gordon, acendeu o sinal amarelo de uma indesejada judicialização da disputa.

Trump e Wall Street se distanciaram no final de 2020, quando o presidente então negou a aceitar a derrota nas urnas para Biden — separação que parecia ter se acimentado após a invasão do Capitólio. À época, um de seus hoje mais iluminados participantes no universo corporativo, o CEO do grupo Blackstone, Stephen Schwarzman, com patrimônio estimado em US$ 41 bilhões, reagiu publicamente contra a “afronta aos valores da democracia”. O investidor Bill Ackman clamou pela renúncia do republicano. E Kenneth Griffin classificou o político como “o perdedor em pessoa”.

Pois os dois bilionários, informa o site Politico, consideram anunciar seu apoio e retirar dinheiro na versão 2.4 de Trump. Também são esperados Bernie Marcus, da Home Depot, Larry Ellison, da Oracle, e Cantor Fitzgerald, da Howard Lutnick.

Em jantar realizado no fim do mês passado, em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump prometeu, revelou o Washington Post, a 20 líderes da indústria do petróleo que, se eleitos, apressarão processos de aquisições de empresas e derrubará medidas de proteção ambiental aprovadas por Biden. A moeda de troca seria o derramamento de US$ 1 bilhão na campanha republicana, que nega o toma lá dá cá.

Até mesmo em bastião tradicionalmente democrata, o Vale do Silício, a investida republicana rendeu frutos, ainda que Biden lidere com folga as contribuições anunciadas. Na semana passada, uma ação de campanha coordenada pelo investidor David Sachs em São Francisco rendeu pelo menos US$ 12 milhões a Trump. Uma das principais motivações seria a atuação de Lina Khan, comandante da poderosa Comissão Federal de Comércio, vocal defensora da aplicação de leis antitruste contra Google, Facebook, Apple e Amazon. Foi apelidada pela Big Tech de Darth Vader.

Segundo dia de julgamento de Donald Trump

O argumento público dos bilionários para reconsiderarem Trump é uma preocupação com os rumores da economia com Biden, apontados pela alta da inflação na primeira metade de seu governo, e o recebimento de aumento do gasto público. Mas analistas dos dois lados do espectro político concordam que o que se deseja mesmo é menos impostos e regulamentações para os negócios.

Mais especificamente: a manutenção da Lei de Redução de Impostos e Aumento de Empregos, aprovada por Trump no “ano dourado” de 2017, que expira justamente no ano que vem. Os democratas expressaram seu desejo de deixar a medida caducar. Para eles, ao diminuir a tributação sobre os lucros das empresas, beneficiou-se de forma desproporcional da parcela mais rica da população e aumentou-se o déficit fiscal do país. Trump prometeu mais cortes.

Lucros de 44%
Estudo do Instituto de Tributação e Política Econômica (ITEP) divulgado mês passado mostra que as 296 maiores empresas do país economizaram US$ 240 bilhões entre 2018 e 2021 por conta da alteração. Nesse período, lucraram 44% a mais e pagaram 16% a menos ao governo federal. Porém, com a pandemia de Covid-19 no meio, Trump deixou o governo com uma redução de 2,7 milhões de postos de trabalho, de acordo com o Banco Central americano. Algo somente registrado na Grande Depressão, em 1929.

Em encontros com empresários, os democratas são batidos em outras três questões: a de que os índices econômicos são especialmente positivos; de que o setor produtivo precisa parar de aumentar o preço dos produtos; e de que o pleito este ano não é sobre modelos distintos de direção da economia, mas da sobrevivência da democracia.

— Mas boa parte do setor produtivo vê a invasão do Capitólio como um protesto político que saiu dos trilhos. Não acredite que a democracia esteja ou foi ameaçada por Trump. Onde estavam os tanques, perguntam — diz Gordon.

Na rede NBC, Kathy Wylde, CEO da Parceria por Nova York, que reúne lideranças de negócios da cidade, deu a senha para o desafio de Biden: “A ameaça ao capitalismo por Biden para nós é mais preocupante do que o risco à democracia por Trunfo”.

O GLOBO

Postado em 17 de junho de 2024

Piores investimentos em 2024: bolsa brasileira e real lideram perdas

A crescente piora da situação fiscal do Brasil, aliada a incertezas externas, fez a Bolsa do país sair de um patamar recorde para o pior desempenho entre as principais economias do mundo em 2024. Neste ano, o Ibovespa acumula queda de mais de 10%, descolando-se dos índices globais, que, em sua maioria, registram valorização.

O mau desempenho também ocorre no câmbio: o real já acumula baixa de cerca de 10% em relação ao dólar em 2024, saindo de R$ 4,85 no fim do ano passado para R$ 5,38 na última sexta (14). O desempenho da moeda brasileira só não é pior que o do iene japonês.

A deterioração é resultado do aumento da percepção de risco do Brasil entre investidores, em especial após incertezas sobre a condução das políticas econômica e monetária. Desde o início do ano, o risco-país medido pelo CDS de cinco anos acumula alta de 18,67%, sendo um dos únicos, junto com China e Índia, dentre as principais economias a registrar alta no indicador.

CDBs
O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação às economias, especialmente as emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país.

Para compensar o risco, o mercado exige juros cada vez maiores, e as taxas de contratos para dez anos no país ultrapassaram a marca de 12% neste mês. No início do ano, estavam em 10,36%.

Com a persistência dos ruídos fiscais, as condições financeiras devem permanecer apertadas, e não há previsão de melhora no curto prazo, dizem analistas.

Incertezas externas
A sangria dos ativos brasileiros começou por incertezas externas. No fim do ano passado, uma onda de otimismo havia tomado conta do mercado, após dados fracos de inflação e emprego nos Estados Unidos terem aumentado apostas de que o Federal Reserve , o banco central americano, começaria a cortar os juros do país já em março de 2024.

As taxas americanas têm forte poder sobre o fluxo financeiro global. Quanto mais altos estiverem os juros dos EUA, maior a atratividade da renda fixa americana, uma das mais seguras do mundo. Com altos rendimentos num mercado de baixo risco, investidores ficam menos dispostos a investir em outros países, em especial os emergentes.

Com a perspectiva de queda nos juros dos EUA, os mercados de renda variável de todo o mundo registraram alta, e alguns deles —incluindo o brasileiro— terminaram 2023 em nível recorde.

Desconfiança do mercado
Em janeiro, no entanto, o mercado azedou. Novos dados mostraram força surpreendente da economia americana e esfriaram apostas sobre o tão esperado corte nos juros dos EUA. Até hoje as taxas do país seguem na faixa entre 5,25% e 5,50% —maior patamar em 23 anos—, e as previsões mais otimistas esperam que a redução ocorra apenas em setembro.

Com isso, a Bolsa brasileira terminou o mês de janeiro com queda de quase 5% e retirada de R$ 12 bilhões de recursos estrangeiros.

A partir de abril, no entanto, incertezas internas pesaram mais. Naquele mês, o governo decidiu diminuir de 0,50% do PIB (Produto Interno Bruto) para zero a meta de superávit primário para 2025, o que aumentou o ceticismo do mercado sobre o compromisso fiscal do governo.

“O mercado já vinha meio desconfiado, e esse foi um motivo forte para aumento da preocupação. Com isso, o BC também passou a adotar um tom mais duro, porque já percebia uma incerteza grande no cenário externo, mas também incertezas internas, que eram várias”, diz Sérgio Golgenstein, estrategista-chefe da Warren Rena.

Incertezas fiscais
As incertezas fiscais viraram uma bola de neve. O risco maior causou alta nos juros futuros e saída de recursos do Brasil, que também contribuiu para a desvalorização do real. Um câmbio depreciado, por sua vez, causa aumento nas expectativas de inflação, tornando o cenário mais apertado para o BC continuar reduzindo os juros —gerando, consequentemente, previsões de juros futuros mais altos.

Não ajudou, aliás, o resultado da mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que elevou o juro para 10,50%. Na ocasião, a maioria do comitê decidiu diminuir o ritmo de cortes da Selic , enquanto todos os indicados pelo governo votaram por um corte maior.

“A diferença mostrou que há uma divisão dentro do Copom e é um argumento muito negativo para o investidor estrangeiro sobre até que ponto o presidente da República consegue, através dos membros que ele indicou, influenciar a política monetária”, diz Eduardo Moutinho, analista da Ebury Bank.

O fator Selic
Goldestein, da Warren, também afirma que os temores de agentes de mercado foram ampliados após o racha no comitê. “E aí a gente entrou numa escalada bastante negativa, porque agentes de mercado passaram a considerar que o BC poderia estar mais suscetível a interferências políticas, e isso levou a um aumento nas expectativas de inflação.”

As previsões para a Selic, aliás, não param de subir. Se no início do ano o boletim Focus projetava a taxa a 9% no fim de 2024, agora a previsão foi para 10,25%, e há no mercado quem não vê mais espaço para cortes neste ano.

Juros em nível alto jogam contra a Bolsa brasileira, pois diminuem a atratividade da renda variável e aumentam os custos de capital para empresas do país.

“A Selic hoje em dia, pelos níveis de preço do mercado, provavelmente não cai mais como imaginávamos, e isso afeta o fluxo de caixa das empresas. Isso se mistura com demora de queda de fluxo de capital lá fora e muito ruído interno, o que não ajuda na segurança de investir em ativos de risco no país”, diz Victor Uébe, gestor de renda variável da EQI Asset.

Nesta semana, por exemplo, a Guide Investimentos reduziu de 155 mil para 140 mil pontos sua projeção para o Ibovespa no fim deste ano, citando a Selic mais alta e o aumento do endividamento e do risco fiscal no país. Mais sobre expectativas para a bolsa, leia Do sonho dos 150 mil pontos à realidade dos 120 mil: entenda a bolsa.

No câmbio, a Selic em alta deveria, em tese, beneficiar a moeda local, justamente por aumentar a atratividade do país. Os ruídos internos, no entanto, limitam o espaço para apreciação do real —e atingiram um novo patamar na última semana.

Dólar em alta
Na quarta (12), o dólar atingiu a marca de R$ 5,40, a maior desde janeiro de 2023, e a Bolsa brasileira renovou as mínimas do ano após uma nova derrota do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em sua tentativa de equilibrar as contas públicas. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o ajuste fiscal se dará através do aumento de arrecadação, sem mencionar cortes de gastos.

Para o mercado, o episódio reforçou que Haddad está enfraquecido dentro do governo e descredibilizou ainda mais o compromisso do Executivo com o ajuste fiscal.

“Essa falta de previsibilidade em relação a taxa de juros e fiscal acaba afastando investidores. Ninguém gosta de incerteza, e no momento o Brasil está cheio delas. Parece que enquanto a equipe econômica quer fazer uma coisa, o presidente quer fazer outra. Esse descasamento acaba sendo negativo para os mercados”, diz Moutinho, do Ebury.

Com o crescente pessimismo sobre o cenário fiscal do Brasil, a avaliação é que, mesmo que o Fed comece a cortar juros nos EUA, o país deve continuar sendo penalizado pelos ruídos internos.

inteligencia Financeira

Postado em 17 de junho de 2024

Brasil não assina declaração de cúpula de paz na Suíça

O Brasil foi um dos países que não negociaram, neste domingo (16.jun.2024), o comunicado final da Cúpula para a Paz na Ucrânia, documento que pede o envolvimento de todas as partes nas negociações para alcançar a paz e “reafirma a integridade territorial” ucraniana.

No sábado (15.jun), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse à presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd, que tomou a decisão de não ir ao encontro internacional deste domingo porque o Brasil só participaria da discussão sobre a paz quando os dois lados em conflito, Ucrânia e Rússia, estavam sentados à mesa. “Porque não é possível você ter uma briga entre 2 e achar que se reunindo só com um, resolva o problema”.

Diante do impasse dos 2 chefes de Estado, Lula afirmou que o Brasil já propôs, em parceria com a China, uma negociação eficaz para a solução do conflito. “Como ainda há muita resistência, tanto do Zelensky [Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia], quanto do Putin [Vladimir Putin, presidente da Rússia] , de conversar sobre paz, cada um tem a paz na sua cabeça, do jeito que quer, e nós estamos, depois de um documento assinado com a China, pelo Celso Amorim [assessor-Chefe da Assessoria Especial do Presidente da República do Brasil] e pelo representante do Xi Jinping [presidente da República Popular da China] , estamos propondo que haja uma negociação efetiva.”

“Que a gente coloque, definitivamente, a Rússia na mesa, o Zelensky na mesa, e vamos ver se é possível convencê-los de que a paz vai trazer o melhor resultado do que a guerra. Na paz, ninguém precisa morrer, não precisa destruir nada. Não precisa vitimar soldados inocentes, principalmente jovens, e pode haver um acordo. Quando os dois tiverem disposição, estamos prontos para discutir”, disse o presidente.

Ao encontro internacional deste domingo, o Brasil invejou a embaixadora do Brasil na Suíça, a diplomata Claudia Fonseca Buzzi. O presidente ucraniano também esteve na cúpula para obter apoio internacional para o seu plano de acabar com a guerra desencadeada pela invasão russa.

SEM UNANIMIDADE
Ao fim da Cúpula para a Paz na Ucrânia, na Suíça, não houve unanimidade entre as 101 delegações participantes. O documento, que pede que “todas as partes” do conflito armado estivessem envolvidos para alcançar a paz, foi assinado por 84 países, incluindo lideranças da União Europeia, dos Estados Unidos, do Japão, da Argentina e dos africanos Somália e Quênia.

De acordo com o comunicado final, os países signatários assumem que os princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados devem ser salvaguardados.

Quanto à energia nuclear, os países que ratificaram a declaração final estabeleceram que a segurança do uso de energia e instalações nucleares deve ser segura, protegida e ambientalmente correta. As instalações nucleares ucranianas, incluindo Zaporizhia, devem operar com segurança, sob total controle do país. O documento reforça que qualquer ameaça ou uso de armas nucleares no contexto da guerra em curso contra a Ucrânia é inadmissível.

Segundo a agência de notícias espanhola Efe , entre os países que não comunicaram o comunicado são os membros do Brics -bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, sendo que Rússia e China sequer enviaram representantes. Também não apoiaram o documento Armênia, Bahrein, Indonésia, Líbia, Arábia Saudita, Tailândia, Emirados Árabes Unidos e México.

CESAR-FOGO NÃO ACEITO
Na 6ª feira (14), o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu estabelecer imediatamente um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se o país começar a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscou, em 2022: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporíjia. Putin ainda conseguiu que a Ucrânia renunciasse aos planos de adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Desde fevereiro de 2022, a Ucrânia resiste à invasão russa com o objetivo de manter sua integridade territorial e exigir a saída de todas as tropas russas do território. Kiev (capital da Ucrânia) mantém a pretensão de aliança militar do Atlântico Norte.

As condições impostas pelo mandatário russo para um possível acordo de paz foram rejeitadas imediatamente pela Ucrânia, pelos Estados Unidos e pela Otan, após dois anos e quatro meses do início do conflito, com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Com informações da Agência Brasil.

Postado em 17 de junho de 2024

Atlas/CNN: 51% aprovam desempenho de Lula; 47% desaprovam

O desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é aprovado por 51% dos brasileiros, segundo pesquisa do instituto AtlasIntel produzida em parceria com a CNN Brasil e divulgada neste sábado (15), na estreia do GPS CNN. Já 47% reprovam a atuação do presidente.
O levantamento também mostra que 2% dos brasileiros não sabem como avaliar o desempenho de Lula à frente da Presidência da República.

Aprova o desempenho de Lula: 51%;
Desaprova o desempenho de Lula: 47%;
Não sabe como avaliar: 2%.
A pesquisa AtlasIntel ouviu 3.601 brasileiros entre os dias 7 e 11 de junho. O levantamento tem margem de erro de um ponto percentual para mais ou para menos e nível de confiança de 95%.

Comparação
A porcentagem de brasileiros que aprovam o desempenho de Lula em junho é igual à verificada na pesquisa AtlasIntel divulgada em maio. Já a dos que desaprovam, subiu dois pontos, de 45% para 47%.

Na série histórica, desde janeiro de 2023, quando Lula deu início ao seu terceiro mandato presidencial, a aprovação do mandatário já chegou a 53%, em seu pico (em julho do ano passado), e a 47%, em seu momento mais baixo (em novembro de 2023 e em junho deste ano).

Segmentação
Mulheres aprovam mais o desempenho de Lula na Presidência (53,6%) do que os homens (47,2%), segundo a pesquisa AtlasIntel.

Avaliação de Lula, por gênero:
Mulheres: aprovam (53,6%); desaprovam (43,6%); não sei (2,8%);
Homens: aprovam (47,2%); desaprovam (51,5%); não sei (1,3%).
Por nível educacional, a avaliação positiva de Lula é maior entre quem tem ensino superior (58,1%) e menor entre quem tem o ensino médio completo (45,1%).

Avaliação de Lula, por nível educacional:
Até o ensino fundamental: aprovam (51,8%); desaprovam (48,2%); não sei (0%);
Ensino médio: aprovam (45,1%); desaprovam (50,7%); não sei (4,1%);
Ensino superior: aprovam (58,1%); desaprovam (40,2%); não sei (1,8%).
No quesito idade, a aprovação de Lula supera a desaprovação em todos os segmentos (16 a 34 anos, 45 a 59 e mais de 60 anos), com exceção de um: no dos adultos entre 35 e 44 anos, no qual chega a 39%.

Avaliação de Lula, por idade:
De 16 a 34 anos: aprovam (54,1%); desaprovam (39,9%); não sei (6%);
De 35 a 44 anos: aprovam (39%); desaprovam (60,4%); não sei (0,6%);
De 45 a 59 anos: aprovam (53,1%); desaprovam (46,7%); não sei (0,2%);
Acima de 60 anos: aprovam (53,9%); desaprovam (45,8%); não sei (0,3%).
Na região Nordeste, a única a dar maioria de votos a Lula no segundo turno da eleição presidencial de 2022, a aprovação do mandatário é de 66,3%.

Avaliação de Lula, por região:
Nordeste: aprovam (66,3%); desaprovam (27,2%); não sei (6,5%);
Norte: aprovam (58,5%); desaprovam (41,3%); não sei (0,2%);
Sul: aprovam (46,7%); desaprovam (52,3%); não sei (0,9%);
Sudeste: aprovam (39%); desaprovam (60,8%); não sei (0,1%);
Centro-Oeste: aprovam (29,2%); desaprovam (70,7%); não sei (0,1%).
Por renda, Lula é mais bem avaliado por quem tem rendimentos acima de R$ 10 mil (61,7%) e menos por quem tem renda familiar entre R$ 3 mil e R$ 5 mil (43,4%).

Avaliação de Lula, por renda familiar:
Até R$ 2 mil: aprovam (48,5%): desaprovam (46,2%); não sei (5,3%);
Entre R$ 2 mil e R$ 3 mil: aprovam (56,8%); desaprovam (42,9%); não sei (0,3%);
Entre R$ 3 mil e R$ 5 mil: aprovam (43,4%); desaprovam (55,8%); não sei (0,8%);
Entre R$ 5 mil e R$ 10 mil: aprovam (50%); desaprovam (49,3%); não sei (0,8%);
Acima de R$ 10 mil: aprovam (61,7%); desaprovam (37,5%); não sei (0,8%).
E na esfera religiosa, o desempenho de Lula é mais bem avaliado entre católicos (55,4%) e menos entre evangélicos (29,5%).

Avaliação de Lula, por religião:
Católico: aprovam (55,4%); desaprovam (42,6%); não sei (2%);
Evangélico: aprovam (29,5%); desaprovam (69,3%); não sei (1,2%);
Outra religião: aprovam (56,3%); desaprovam (42,7%); não sei (1%);
Crente, mas não tem religião: aprovam (60,2%); desaprovam (32,5%); não sei (7,2%);
Agnóstico ou ateu: aprovam (66,8%); desaprovam (33%); não sei (0,3%).
Eleições 2022
Entre os que votaram em Lula no segundo turno da eleição de 2022, o presidente tem seu desempenho aprovado por 95,4%.

Já entre os que depositaram voto no então presidente Jair Bolsonaro (PL), o cenário se inverte: 96,4% desaprovam Lula.

Entre os que votaram em branco ou nulo naquela oportunidade, Lula é mais aprovado (51,4%) do que desaprovado (43,7%).

A balança se repete entre os que não votaram no segundo turno: Lula é aprovado por 53% desses brasileiros e desaprovado por 32,3%.

Avaliação de Lula, de acordo com voto no segundo turno na eleição de 2022:

Votou em Lula : aprovam (95,4%); reprovam (2,7%); não sei (1,9%);
Votou em Bolsonaro: aprovam (3%); reprovam (96,4%); não sei (0,6%).
Voto branco/nulo: aprovam (51,4%); reprovam (43,7%); não sei (4,9%);
Não votou: aprovam (53%); reprovam (32,3%); não sei (14,7%).
A soma de algumas porcentagens pode dar um valor diferente de 100% – 99% ou 101% – devido ao arredondamento dos números, sem comprometer a qualidade dos dados.

CNN

Postado em 17 de junho de 2024

Vírus da covid pode permanecer no espermatozoide, que ativa mecanismo de defesa

Pesquisadores USP mostraram, pela primeira vez, que o vírus sars-cov-2 pode estar presente nos espermatozoides de pacientes até 90 dias após a alta hospitalar e até 110 dias após a infecção inicial, reduzindo a qualidade do sêmen. Os resultados da pesquisa, publicados recentemente na revista Andrology, alertam para a necessidade de se considerar um período de “quarentena” após a doença para quem pretende ter filhos.

Mais de quatro anos após o início da pandemia de covid-19, já se sabe que o novo coronavírus é capaz de invadir e destruir uma série de células e tecidos humanos, entre eles os do sistema reprodutivo, dos quais os testículos funcionam como “porta de entrada”. Embora diversos estudos já tenham observado sua maior agressividade para o trato genital masculino em comparação a outros vírus e, até mesmo, detectado o sars-cov-2 na gônada masculina durante autópsias, o patógeno raramente é identificado em exames de PCR [teste molecular que detecta o material genético viral] do sêmen humano.

Para preencher essa lacuna de conhecimento científico, o estudo atual, financiado pela Fapesp, lançou mão das tecnologias de PCR em tempo real para detecção de RNA e de microscopia eletrônica de transmissão (TEM) para analisar espermatozoides ejaculados por homens convalescentes de covid-19.

Foram estudadas amostras de sêmen de 13 pacientes infectados e que desenvolveram covid-19 nas formas leve, moderada e grave atendidos no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com idade entre 21 e 50 anos, em um período de até 90 dias após a alta e 110 dias após o diagnóstico. Apesar de todos terem testado negativo para a presença do sars-cov-2 no teste de PCR do sêmen, o vírus foi identificado em espermatozoides de oito dos 11 (72,7%) pacientes com doença moderada a grave até 90 dias após a alta hospitalar, o que, segundo os autores, não quer dizer que não esteja presente por mais tempo.

O sars-cov-2 também foi identificado em um dos dois pacientes com covid-19 leve. Assim, entre os 13 infectados, nove (69,2%) tiveram sars-cov-2 detectado de forma intracelular nos espermatozoides ejaculados. Outros dois pacientes apresentaram desarranjos ultraestruturais nos gametas semelhantes aos observados nos pacientes em que o vírus foi diagnosticado. Desse modo, os pesquisadores consideram que, ao todo, foram 11 os participantes com a presença viral dentro do gameta masculino.

“Mais do que isso, observamos que os espermatozoides produzem ‘armadilhas extracelulares’ baseadas em DNA nuclear, ou seja, o material genético contido no núcleo se descondensa, as membranas celulares do espermatozoide se rompem e o DNA é expulso de forma extracelular, formando redes semelhantes às descritas anteriormente na resposta inflamatória sistêmica ao sars-cov-2”, relata Jorge Hallak, professor da FMUSP e coordenador do estudo.

Hallak refere-se a um mecanismo imunológico conhecido como NET [armadilha extracelular neutrofílica, na sigla em inglês], que, como o nome sugere, é uma estratégia de defesa usada principalmente pelo neutrófilo, um tipo de leucócito capaz de fagocitar bactérias, fungos e vírus e que compõe a linha de frente do sistema imune.

Quando esse mecanismo é ativado, os neutrófilos lançam “redes” para o meio extracelular de modo a isolar, prender, neutralizar e matar agentes invasores. Contudo, as NETs também são lesivas a outros tecidos do organismo, quando hiperativadas.

Os resultados da microscopia eletrônica revelaram que os espermatozoides produzem armadilhas extracelulares baseadas em DNA nuclear para neutralizar o agente agressor e se “suicidam” no processo. Ou seja, a célula se “sacrifica” para conter o patógeno – mecanismo conhecido em inglês como suicidal ETosis-like response.

“A descrição, inédita na literatura, de que os espermatozoides atuam como parte do sistema inato de defesa a invasores confere ao estudo uma grande importância. Pode ser considerada uma quebra de paradigma na ciência”, avalia Hallak.

Até então, explica o pesquisador, eram quatro as funções conhecidas dos espermatozoides: trazer o conteúdo genético do gameta masculino para as proximidades do gameta feminino, fertilizar o gameta feminino, promover o desenvolvimento embrionário adequado e crítico até a 12ª semana de gestação e ser codeterminante no desenvolvimento de diversas doenças crônicas na fase adulta, como infertilidade, hipogonadismo, diabetes, hipertensão, alguns tipos de câncer e doença cardiovascular, entre outras.

Agora, com esta descoberta, uma nova função foi adicionada à lista, além da reprodutiva.

“As possíveis implicações de nossas descobertas para o uso de espermatozoides em técnicas de reprodução assistida devem ser urgentemente consideradas e abordadas pelos médicos e órgãos regulatórios, particularmente na técnica utilizada em mais de 90% dos casos de infertilidade conjugal no Brasil, em laboratórios de micromanipulação de gametas, que é a injeção de um único espermatozoide dentro do óvulo – método conhecido como ICSI [do inglês, intracytoplasmic sperm injection]”, alerta Hallak, que defende adiamento da concepção natural e, particularmente, das técnicas de reprodução assistida por pelo menos seis meses após a infecção por covid-19, mesmo em casos leves

Descobertas anteriores
Um dos primeiros membros das comunidades científica e médica a sugerir mais cautela nos protocolos de reprodução durante a pandemia, Hallak estuda o impacto da covid-19 na saúde reprodutiva e sexual desde 2020, quando atuou como médico voluntário na linha de frente do pronto-socorro do HC FMUSP.

Seu grupo de pesquisa, que envolve colaboradores do Departamento de Patologia da FMUSP, já fez importantes descobertas sobre o tema, como o fato de o sexo masculino per se ser um fator de risco para maior mortalidade e gravidade da infecção pelo sars-cov-2. Uma das hipóteses está ligada ao fato de os testículos apresentarem uma grande quantidade de receptores ACE2 (proteína usada pelo vírus para invadir a célula humana) e da proteína TMPRSS2 (responsável pela ligação do vírus aos receptores ACE2), enquanto, nas mulheres, os ovários têm somente os receptores ACE2.

A equipe da USP descobriu ainda que os testículos são órgãos-alvo potenciais para a infecção pelo vírus, que causa epididimite subclínica (inflamação do epidídimo, túbulo de cinco a seis metros de comprimento, externo e em localização posterior aos testículos, essencial para o amadurecimento, aquisição de capacidade de fertilização do óvulo e armazenamento dos espermatozoides). E demonstrou, de forma inédita, a gravidade das lesões testiculares associadas à covid-19.

No momento, o grupo de médicos e cientistas do HC da FMUSP, sob a coordenação do professor Carlos Carvalho, avalia os efeitos tardios da infecção pelo sars-cov-2 no grupo de mais de 700 pacientes acometidos e que foram avaliados, inicialmente, por meio de um Projeto Temático financiado pela Fapesp.

O artigo Transmission electron microscopy reveals the presence of SARS-CoV-2 in human spermatozoa associated with an ETosis-like response foi divulgado neste link.

*Da Agência Fapesp

Postado em 17 de junho de 2024