Inflação na Argentina cai para um dígito, após chegar a 25% em dezembro

Esta é uma semana de desafios, mas também de boas notícias para o presidente Javier Milei. Ele não só ganhou elogios (não nominais) do FMI (Fundo Monetário Internacional), como também viu a inflação, o drama argentino, desacelerar pelo quarto mês seguido.
Os aguardados dados divulgados na tarde desta terça-feira (14) pelo instituto de estatísticas argentino, o Indec, colocam a inflação mensal de abril em 8,8%. É a primeira vez desde outubro passado que o índice fica em um dígito. E essa era uma das promessas de Milei.

O ultraliberal, que tem promovido um ajuste fiscal apelidado de “choque”, assumiu a Casa Rosada num mês de pico inflacionário: o dado mensal de dezembro passado ficou em 25,5%. A partir de então, a inflação foi a 20,6% (janeiro), a 13,2% (fevereiro) e a 11% (março). A tarefa de levá-la a um dígito era alardeada pelo governo.

Poucas horas após a divulgação dos dados, o banco central do país anunciou mais um corte na taxa de juros do país, de 50% para 40% ao ano.

A variação de preços neste primeiro quadrimestre do ano ficou em 65%. Já a variação dos últimos 12 meses subiu a 289,4% (em abril, era de igualmente preocupantes 287,9%). A maior variação do último mês foi registrada nas contas básicas de casa, como água e luz, com 35,6%.

A inflação de abril veio a público um dia após o FMI anunciar que a oitava rodada de negociação da dívida argentina vai muito bem. Com o argumento de que o governo apresentou resultados melhores do que os esperados, o organismo financeiro internacional deve em junho chancelar a liberação de US$ 800 milhões (R$ 4,1 bilhões).

O fundo também teceu elogios à atual rigidez fiscal, num discurso que, comedido, até lembra os argumentos dos ministros de Milei: “Ainda que tenha herdado uma situação econômica e social difícil e extremamente complexa, a firme implementação do plano de estabilização pelas autoridades permitiu avançar rápido no restabelecimento da estabilidade macroeconômica”.

Javier Milei goza de níveis de aprovação relativamente altos nestes primeiros cinco meses de seu governo. Sua imagem positiva vai de 39,5% nas províncias menos mileístas a 63% nas mais favoráveis, segundo um recente levantamento da consultoria CB com 18 mil pessoas (margem de erro de 3 a 4 pontos percentuais). Na capital, Buenos Aires, a imagem positiva do presidente é de 47,5%.

A despeito dos louros em dados macroeconômicos, a verdade é que seu governo assumiu (e até aqui tem legado) uma Argentina empobrecida e extenuada por décadas de fracassos econômicos em sequência – “uma sociedade cansada”, nos termos de alguns economistas.

Os últimos dados oficiais apontam que 41,7% estavam abaixo da linha da pobreza no segundo semestre do ano passado. Uma projeção mais atual do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica, um importante centro de pesquisa, aponta que seriam 57,4% de pobres em janeiro deste ano. E que agora essa cifra já estaria em mais de 60%.

Considera-se abaixo da linha de pobreza neste levantamento uma família que não possa pagar pela cesta básica total no país. Quando os ingressos são insuficientes até para garantir a alimentação, diz-se que essa parcela é “indigente”. Os dados oficiais do segundo semestre do ano passado dizem que nesta categoria eram 11,9%. Já as projeções do Observatório da Dívida Social falam em ao menos 15%.

Entre um dado e outro, há quem diga que o superajuste fiscal deste governo pavimenta o caminho para uma mudança. E há quem pleiteie que é insuficiente para mudar o quadro socioeconômico.

O economista Aldo Abram, diretor executivo do think tank Liberdade e Progresso, muito próximo ao governo, afirma que os argentinos não sofrem pelo ajuste fiscal, mas pela inflação que desidratava o poder de compra da moeda, o peso. “É preciso curar a febre primeiro para que depois sare a infecção”, diz sobre uma futura retomada do poder de compra da população argentina.
“Leva tempo até que se esgote a perda do poder de compra acumulada do passado”, segue, referindo-se aos governos peronistas.

“Agora, é preciso entender que ainda que tenham votado numa mudança de rumo total [referência às eleições de Milei], isso não tem sido cumprido no Congresso.”

Ele se refere à batata quente nas mãos de Milei: a aprovação (ou não) de seu pacotão liberal, a Lei Ônibus ou Lei de Bases, no Senado nesta semana. O governo tem minoria na Casa, e desregular a economia, como pretende, tornou-se uma tarefa mais difícil.

O think tank ao qual Abram pertence estimou a inflação mensal de abril em 8,4%. Em sua projeção para este corrente maio, diz que o índice cairia para 4,9%.

O acadêmico Eduardo Donza, pesquisador do Observatório da Dívida Social, ligado à Universidade Católica Argentina (UCA), diz que o problema real que complica a vida dos cidadãos, os níveis de produção e de trabalho, a geração de riqueza, não tem avançado.

No último março, por exemplo, o índice argentino de produção industrial manufatureira caiu 21,2% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. O Banco Central, em informe dos últimos dias, projetou que o PIB este ano deve cair ao menos 3,5%. O aumento relativo dos salários formais segue não acompanhando a inflação.

“Há mais de 20 anos vemos níveis de pobreza muito elevados”, diz Donza. Diferentes governos anteriores não puderam solucionar. A verdade é que não é apenas um governo com uma política neoliberal que piorou a situação.”

Desde o início dos anos 2000, não houve uma vez em que os dados do observatório da UCA apontassem índices de pobreza abaixo de um quarto da população.

“Isso nos leva a uma sociedade com pessoas que em toda a sua vida trabalhista tiveram um emprego de má qualidade, um trabalho não registrado e mal pago, na precariedade; é a terceira geração dos que vivem em situação similar, é uma sociedade que vive com cicatrizes.”

Em contrapartida, ele não vê na liberalização do governo uma medida eficiente para a produtividade.

“Não depende de um esquema econômico, mas de desenvolver políticas de Estado que aumentem a produção e o trabalho. Do contrário, sem aumentar a riqueza que geramos, vamos seguir iguais, independentemente da medida econômica que se aplique.”

Ele menciona como possíveis cartas na manga argentinas a região de Vaca Muerta, onde a instalação do gasoduto Néstor Kirchner promete alavancar os níveis de exportação de gás da Argentina. Mas lembra as tremendas dificuldades de exportar o produto, inclusive para países como o Brasil, que levam a um horizonte bem longo até que os lucros comecem a ser recebidos pelo Estado e sentidos pela população.

E lembra ainda a exploração do lítio no norte argentino, onde está o chamado “triângulo do lítio”, produto fundamental para a indústria de tecnologia. “Mas essas explorações ainda são pequenas. Enquanto o Chile já avança com isso, seguimos nanicos.”

(MAYARA PAIXÃO/FOLHAPRESS)

Postado em 15 de maio de 2024

Não sabia que existia espécie tão canalha, diz Lula sobre onda de fake news na tragédia do RS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a onda de desinformação envolvendo a tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul. O tema está entre as principais preocupações do chefe do Executivo, que escalou auxiliares para discutir formas de responsabilizar quem dissemina conteúdo falso.

“Não sabia que existia uma espécie de ser humano tão canalha como a dos caras que fazem fake news”, afirmou Lula em entrevista ao jornal O Globo.

O presidente condenou a facilidade com que as informações falsas se disseminam pelas redes sociais.

“É mais fácil falar a mentira e falar mal do que falar a verdade”, disse Lula.

Em ofício encaminhado ao Ministério da Justiça no último dia 7, Pimenta listou perfis que supostamente divulgaram conteúdo falso sobre o trabalho de ajuda aos atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul e citou o “impacto dessas narrativas na credibilidade das instituições”. A Polícia Federal, subordinada à pasta comandada por Ricardo Lewandowski, abriu um inquérito para apurar o caso.

Nesta quarta-feira (15), Lula viajará a São Leopoldo, uma das cidades mais atingidas pelas enchentes que já deixaram 149 mortos no estado gaúcho. Ele anunciará um que pacote incluirá um voucher de R$ 5 mil para cada família atingida pelas enchentes.

O Globo.

Postado em 15 de maio de 2024

Saiba quem são os dois deputados que votaram contra a suspensão da dívida do RS

Dois deputados foram contra a suspensão da dívida do Rio Grande do Sul durante votação na Câmara nesta quarta-feira (14).
Stélio Dener (Republicanos-RR) e Eros Biondini (PL-MG) divergiram dos 404 votos a favor do texto-base.

A medida foi anunciada pelo Palácio do Planalto na segunda-feira (13), em razão das fortes chuvas e enchentes na região. Centenas de municípios foram destruídos e mais de 140 pessoas morreram.

A proposta do governo não se limita ao Rio Grande do Sul. Pelo texto, a União poderá adiar o pagamento de dívidas de um estado, desde que o Congresso Nacional, após iniciativa do Executivo, reconheça calamidade pública em determinada unidade federativa.

A CNN tenta contato com os parlamentares.

Quem é Stélio Dener
Nascido em 16 de novembro de 1973, em Boa Vista, Stélio Dener de Souza Cruz é bacharel em Direito pela Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Stélio está em seu primeiro mandato como deputado, sendo eleito com 14.193 mil votos no pleito de 2022.

Antes, o parlamentar atuava como defensor público em Roraima, ingressando no serviço em 2004. Posteriormente, foi presidente da Associação dos Defensores Públicos do Estado de Roraima (ADPER), de 2005 a 2007.

Foi juiz eleitoral no Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) de 2008 a 2010 e de 2011 a 2013 e foi vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Roraima (OAB-RR), de 2006 a 2009 e de 2009 a 2013.

Ainda esteve nos cargos de defensor público-geral entre 2011 e 2015 e, posteriormente, entre 2019 e 2021, e subdefensor público-geral entre 2016 e 2019.

Quem é Eros Biondini
Formado em Medicina Veterinária e pós-graduado em Poder Legislativo, Eros Biondini está em quarto mandado de deputado consecutivo.

Em 2022, recebeu 77.900 votos.

Ainda ocupou os cargos de secretário de Esportes e da Juventude de Minas Gerais entre 2012 e 2013.

Biondini nasceu em Belo Horizonte em 20 de maio de 1971 e atua há 30 anos em movimentos católicos, também é cantor religioso.

Foi fundador da Comunidade Mundo Novo e é membro da Renovação Carismática Católica.

CNN

Postado em 15 de maio de 2024

Com previsão de geada, Região Sul pode ter temperatura abaixo de 0ºC

Após o enfraquecimento parcial do bloqueio atmosférico que atua sobre o país, em razão do avanço de uma frente fria, ao menos cinco capitais devem registrar a menor temperatura do ano nesta quarta-feira (15/5). O Sul é a região em que os termômetros devem ter os menores registros.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Porto Alegre (RS) deve ter mínima de 7°C nesta quarta. Em Florianópolis (SC), a previsão é de mínima de 12°C. As baixas temperaturas previstas para esta quarta também aumentam o risco de geada no Sul do país.

Perigo

Os avisos de perigo abrangem o sul do Rio Grande do Sul e a Serra Gaúcha, além da divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina;
Alertam para a o risco de perda de plantações, com temperatura mínima que deve variar entre 3ºC e 0ºC.
Perigo potencial

Inclui todo o estado do Rio Grande do Sul e a parte sul de Santa Catarina;
Nesses locais, há risco de perda das plantações, com temperatura mínima na casa dos 3ºC.
A forte atuação da massa polar no Sul deve fazer com que o dia seja de Sol, com poucas nuvens. Não há previsão de chuva para esta quarta na região.

Recorde de temperaturas
De acordo com o meteorologista da Climatempo, Vinícius Lucyrio, capitais do Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro, devem ter quedas expressivas nas temperaturas, mas não são esperadas as menores marcas do ano. A capital paulista deve ter mínima de 16°C, enquanto na capital fluminense a mínima deve ficar na casa dos 18°C.

Vinícius destaca que em alguns pontos do sul do Rio Grande do Sul, além das serras gaúcha e catarinense, os termômetros podem registrar marcas abaixo de 0°C. Segundo ele, as capitais que devem ter recorde de menores temperaturas são: Porto Alegre, Florianópolis, Campo Grande, Cuiabá e Rio Branco.

Retorno das chuvas
Com a passagem da frente fria, que tem gerado um alívio rápido do calor e a diminuição das chuvas no Rio Grande do Sul, a previsão é de que as temperaturas voltem a subir no Sudeste e no Centro-Oeste a partir desta quinta-feira (16/5).

Segundo o Climatempo, a chuva também volta a acontecer no Sul do país. Vinicius Lucyrio explica que a chuva retorna ao estado na quinta, mas a condição não deve ser tão extrema quanto a observada nos últimos dias. Os maiores acumulados devem ser registrados no norte do Rio Grande do Sul.

Os volumes de chuva devem ficar na média entre 60 e 100 milímetros no norte do estado. Na região de Porto Alegre, os acumulados devem ficar entre 30 e 50 milímetros.

Metrópoles

Postado em 15 de maio de 2024

Professor Ronni Moura participa do jantar de Nossa Senhora de Fátima com o vice-prefeito Iranildo.

Na última quinta-feira 09/05, o professor Ronni Moura, muito atuante nas redes sociais, participou do jantar de Nossa Senhora de Fátima, padroeira da comunidade do Assentamento Serrano, zona rural de Lagoa Nova ao lado do atual vice-prefeito e pré-candidato a prefeito daquele município Iranildo Aciole.
Ronni, não participará da disputa do pleito em 2024, mas é entusiasta quando o assunto é política.

Postado em 14 de maio de 2024

Acusado do crime que ocorreu durante a festa de Sant’ana irá a Júri popular nessa quarta-feira.

Dia 15 de maio de 2024 às 8h da manhã, na Câmara Municipal de Currais Novos, vai a Júri Popular um dos acusados do homicídio que ocorreu na Cidade de Currais Novos/RN, durante a tradicional festa de Sant’Ana.

O crime ocorreu em Julho de 2023 e em menos de um ano o acusado vai a julgamento .
Dra. Vívia Eleutério, Dr. Gustavo Eleutério e Dra. Sayonara Geórgia serão os advogados do acusado .

Postado em 14 de maio de 2024

Petrobras registra lucro de R$ 23,7 bi no 1º trimestre, queda de 38%

A Petrobras informou na noite desta segunda-feira, 13, que registrou lucro líquido de 23,7 bilhões de reais no primeiro trimestre, queda de 37,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Em comparação com o trimestre anterior, o quarto de 2023, o recuo foi de 23,7%.

A companhia anunciou que o Conselho de Administração aprovou o pagamento de 13,45 bilhões de reais em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas.

Em comunicado, a Petrobras atribuiu o resultado à desvalorização do real em relação ao dólar e ao volume menor de vendas de petróleo e lucros.

“A desvalorização cambial do real em relação ao dólar, entre outros fatores como menores volumes de venda de petróleo e derivadas, preço do petróleo e margem do diesel, trouxe impacto. Quando ocorre a desvalorização cambial, há flutuação no demonstrativo financeiro pela variação do câmbio que regularamos por regra contábil. Contudo, isso não afeta a caixa da companhia”, afirmou o diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Sergio Leite.

O fluxo de caixa operacional (FCO) foi de 46,5 bilhões de reais e o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado foi de 60 bilhões de reais. A receita da empresa foi de 117,7 bilhões de reais, queda de 15,4%.

“Seguimos comprometidos e empenhados em executar e financiar os investimentos previstos, com disciplina de capital e geração de valor para os acionistas e para a sociedade”, afirmou o presidente da companhia, Jean Paul Prates. “Os dados financeiros e operacionais da Petrobras no 1º trimestre de 2024 são consistentes com a rota da companhia em cumprir seu Plano Estratégico (2024-28) de forma eficiente e sustentável.”

Nos três primeiros meses do ano, a Petrobras produziu, em média, 2.776 milhões de barris de petróleo e gás, um aumento de 3,7% em comparação com o mesmo período no ano anterior.

Dividendos
De acordo com a empresa, o Conselho aprovou o pagamento equivalente a R$ 1,04161205 por ação ordinária e preferencial em circulação como antecipação aos acionistas relativos ao exercício de 2024.

Os valores serão pagos em duas parcelas, nos meses de agosto e setembro. A primeira parcela, no valor de R$ 0,52080603 por ação ordinária e preferencial, será paga em 20 de agosto sob a forma de juros sobre capital próprio. A segunda, no valor de R$ 0,52080602 por ação ordinária e preferencial, será paga em 20 de setembro de 2024, sendo R$ 0,44736651 sob a forma de dividendos e R$ 0,07343951 sob a forma de juros sobre capital próprio.

VEJA

Postado em 14 de maio de 2024

Onda de calor no México já matou 27 pessoas em uma semana

O México enfrenta sua segunda onda de calor em 2024, e as altas temperaturas já resultaram em pelo menos 27 mortes em apenas uma semana. As informações foram divulgadas pelo respeitado jornal El Universal, com base em dados das autoridades locais.

A situação é especialmente preocupante na cidade de San Luis Potosí, onde 15 pessoas perderam a vida devido ao calor intenso. O estado onde a cidade está localizada é um dos mais afetados pela onda de calor, registrando temperaturas de até 48°C e sensação térmica superior a 50°C. Muitas das mortes foram atribuídas a insolação e desidratação, mas todas estão sendo investigadas pelas autoridades de saúde.

Além dos humanos, os animais também estão sofrendo com as altas temperaturas. Residentes de Huasteca de Potosí compartilharam fotos de aves mortas devido ao calor extremo, incluindo papagaios, tucanos e corujas. Esses incidentes também estão sob investigação.

Noticias o minuto

Postado em 14 de maio de 2024

Saiba o que motivou garçom a matar vereador degolado no Ceará

No último dia 28, durante um almoço, o vereador César Veras, de 51 anos, foi degolado por um garçom dentro de um restaurante em Camocim, no interior do Ceará. Além do político, outras três pessoas foram esfaqueadas. A motivação do crime foi revelada com exclusividade ao Metrópoles.
Segundo o delegado Eduardo Rocha, responsável pela investigação do caso, o autor do crime, identificado como Antônio Charlan Rocha Souza, não tinha antecedentes criminais e era conhecido na cidade por ser uma pessoa pacata e religiosa.

A motivação do assassinato teria sido o assédio moral que o garçom sofria no trabalho. As vítimas esfaqueadas não foram escolhidas ao acaso: todas eram amigas de Euclides Oliveira Neto, dono do estabelecimento onde o crime ocorreu e chefe de Charlan. O empresário foi o terceiro a ser esfaqueado.

O vereador César Veras não tinha ligação com o criminoso. Segundo o delegado, para atingir o patrão, o garçom atacou pessoas ligadas a ele. Todos os feridos e o assassinado iam ao local com frequência.

“Ele [o garçom] pegou revolta pelas pessoas que frequentavam ali. Ele queria atingir o dono do estabelecimento e, para isso, atacou os frequentadores que mais tinham relação com ele [o proprietário do restaurante]”, contou o delegado responsável pela investigação do caso.

Histórico no celular
De acordo com o delegado Eduardo Rocha, foi solicitado à Justiça que a investigação tivesse acesso ao celular de Antônio Charlan.

“Não tinha nada de criminoso no celular, ligação política, nenhum sinal de mandante, nada”, disse Rocha.

Contudo, algo específico chamou a atenção do delegado: no aparelho, o histórico da internet apontou que o assassino havia pesquisado muito sobre assédio moral no trabalho.

Depoimento do garçom
Em depoimento, Antônio Charlan declarou que viu a arma do crime, uma faca, enquanto bebia água. Depois, pegou o objeto, se dirigiu até as vítimas e praticou o crime. O garçom afirmou que só se lembrou do que havia feito quando foi parado pela polícia.

A defesa de Charlan pediu a instauração de um incidente de insanidade mental. Contudo, o delegado afirma que “ele [garçom] sabia o que estava fazendo”.

Antônio Charlan está preso preventivamente no presídio de Sobral, no Ceará.

Metrópoles

Postado em 14 de maio de 2024

Governo suspende dívida do Rio Grande do Sul por três anos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um Projeto de Lei Complementar (PLC) autorizando o adiamento, por três anos, do pagamento da dívida do Rio Grande do Sul à União. Com isso, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a previsão é de que o estado — impactado pelas fortes chuvas nos últimos dias — tenha uma folga de R$ 11 bilhões exclusivos para ações de reconstrução. O projeto foi enviado, nesta segunda-feira, ao Congresso.
De acordo com Haddad, as medidas já anunciadas pelo governo para socorro ao Rio Grande do Sul somam R$ 23 bilhões, sendo R$ 12 bilhões de investimento primário do Orçamento da União e R$ 11 bilhões de recursos financeiros que deixarão de ser recolhidos pela União, caso o projeto seja aprovado.

O anúncio foi feito por Lula, em videoconferência com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), vários ministros e os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Haddad disse que os parlamentares garantiram que vão dar celeridade para aprovação do PLC.

Na reunião, Haddad destacou que o presidente concordou em perdoar 4% de juros sobre o estoque total da dívida do RS junto à União, que soma R$ 100 bilhões. Durante os 36 meses, o governo federal perdoará R$ 4 bilhões por ano, acima do valor do fluxo da dívida que será postergado. “O estado deixará de pagar os juros, e a renúncia de juros será da ordem de R$ 12 bilhões ao final dos 36 meses”, frisou. “O governo do RS vai, em vez de mandar dinheiro para cá, vai ficar com o dinheiro, em uma conta separada, para as obras de reconstrução, escolas, infraestrutura, hospitais, aquilo que ele entender. E o contrato prevê juros de 4%. Durante esse período, todos os juros vão ser zerados”, reforçou.

Ele destacou que o governo continuará na mesa de negociação em busca de novos instrumentos e soluções para a reconstrução do estado. Contudo, reconheceu que, durante os três anos em que a dívida do RS for suspensa, o estoque será corrigido pela inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Insuficiente
O governador do Rio Grande do Sul classificou a suspensão do pagamento da dívida do estado com a União por três anos como “um passo muito importante” para liberar recursos destinados às ações emergenciais no estado.

Leite disse, porém, que a dívida com a União virou um “torniquete insuportável”, que trouxe dificuldades orçamentárias mesmo antes da calamidade causada pelas fortes chuvas e enchentes que atingiram dois terços do território gaúcho. Ele frisou, ainda, que a suspensão do pagamento trará recursos imediatos para financiar medidas emergenciais, mas que o valor não é suficiente.

“Claro que ainda vamos querer discutir mais. Infelizmente, não posso dizer que será suficiente essa medida, e o presidente e o ministro (Haddad) têm consciência disso”, pontuou. “Nossa demanda incluiu um pedido de quitação desses valores, o que até aqui não se viabilizou, mas é um passo.”

Após a reunião, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, Haddad contou que técnicos da pasta estão fazendo as considerações sobre as necessidades do Rio Grande do Sul.

O titular da Fazenda reconheceu que ainda é difícil estimar o valor das perdas no estado, pois os números variam de R$ 19 bilhões a quase R$ 100 bilhões, em algumas estimativas.

Correio Braziliense

Postado em 14 de maio de 2024

Tragédia: RS agora se prepara para surtos de leptospirose e hepatite

Um dos efeitos esperados pós-enchente é a chegada de novas doenças e a intensificação de outras que já circulavam no território local. Nas próximas semanas, a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul prevê aumento expressivo de casos de leptospirose e hepatite A. Essas são algumas das situações mapeadas como as mais prevalentes e que ainda estão em período de incubação, segundo publicação do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
Divulgado na semana passada, o guia para a população e profissionais de saúde sobre os riscos e cuidados neste período atenta para questões como doenças transmitidas pelo contato com a água, relacionadas ao consumo de água ou alimentos contaminados, e risco de contato com animais peçonhentos, por exemplo.

Com água parada há 10 dias e sem perspectiva de escoamento, outra preocupação é com o risco do aumento da dengue, que já começa a ter reflexo entre os socorristas. Após dois dias retirando pessoas das casas, debaixo de chuva, com um barco amarrado no próprio corpo, o biólogo e professor Jerônimo Loureiro, que atuou nos resgates em Porto Alegre, contraiu o vírus.

Ele começou a sentir dor no corpo e um mal-estar que veio acompanhado de febre e náuseas. No último final de semana, foi diagnosticado com a doença. “A pessoa na clínica, que fez meu teste, disse que tem muita gente com dengue em função das enchentes”, afirmou.

Vômito, prurido e abalo emocional
A veterinária Ísis Kolberg de Souza passou o sábado na água ajudando a resgatar as pessoas e os animais nos bairros Harmonia e Mathias Velho, em Canoas (RS). Os resgates tiveram efeito direto sobre a sua saúde.

“Fiquei um dia bem ruim, passei a noite inteira vomitando. Não sei exatamente o que foi a causa do vômito, se foi pelo fato de estar na água ou se por tudo o que vimos, pelo lado emocional”, diz. Após um dia inteiro com o corpo submerso até a altura do pescoço, a pele de Ísis passou a apresentar áreas avermelhadas e bastante prurido.

“No final do dia, quando saímos da água, comecei a sentir bastante dor no estômago e dor de cabeça, passei a madrugada inteira vomitando muito, sem saber se era algum motivo ligado à água, ou se algo ligado ao emocional pelo que estamos vivenciando”, desabafa. Com medicação, dieta leve e repouso, ela começou a se sentir um pouco melhor no aspecto físico. Emocionalmente, ainda sente o abalo.

Somatizar problemas emocionais no corpo, segundo a psicóloga Karine Menuzzi Fernandes, é comum em situações como estas. A tensão e ansiedade trazidas pelo imaginário da catástrofe causam insegurança.

“Não temos memórias de comparação de ter vivido nada semelhante a isso”, diz. Segundo ela, a enchente mexe com a ausência de segurança para projetar nosso senso de futuro. “As pessoas tentam se imaginar lá para a frente, mas não conseguem, ninguém sabe o que vai ser. E isso nos torna mais inseguros. Alguns se movem para ajudar, uns ficam paralisados, outros somatizam”, explica a psicóloga.

Força-tarefa para apoiar no combate às doenças
Para as equipes de saúde que atuam no enfrentamento às enchentes, a prioridade é salvar vidas, explica Sérgio Beltrão, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará. Vice-presidente da Associação Brasileira de Epidemiologia de Campo, ele conta que equipes de sanitaristas do Brasil já começam a se mobilizar para auxiliar as autoridades no enfrentamento aos eventuais surtos que irão aparecer.

“Entendemos que neste momento a prioridade é salvar vidas. Na recuperação, queremos ajudar a sociedade a reagir rapidamente às possíveis doenças e a reestabelecer a atenção à saúde. Temos vacinas atrasadas, preventivos de câncer de colo de útero… tudo atrasado. Infelizmente essa situação favorece agravos que nem se consegue mensurar agora”, explica Beltrão.

A Secretaria Municipal de Porto Alegre informou que ainda é cedo para divulgar dados de boletim epidemiológico. O que se sabe até o momento é que foram notificados dois casos de pacientes em pronto-atendimentos com suspeita de leptospirose, ainda não confirmados.

Professor da UnB e sanitarista, Jonas Brant explica que é importante combater as doenças ligadas ao saneamento, decorrentes da mistura de lixo, esgoto e água da chuva. Ele alerta para dois fatores principais, que são o consumo de alimentos de baixa qualidade e o cuidado com água parada, que causam diarreias.

Com a chegada do frio, outro ponto de atenção são as doenças respiratórias. “Com a queda da temperatura, as doenças encontram pessoas com imunidade baixa, grande estresse e pouca ventilação nos abrigos. Isso já é alvo da vigilância. É importante que cada ginásio tenha sua estratégia local de monitoramento de síndromes assim como recomende a vacinação dos acolhidos, para evitar doenças como o tétano, por exemplo”, afirma.

Além de procurar a unidade de saúde para revisar o calendário de vacinas, a recomendação de Brant é organizar processos para que a água e a comida estejam em boa qualidade, ferver e filtrar água para que não se tenha consumo inadequado e cozinhar bem os alimentos. Tentar, ainda, garantir ventilação nos ambientes para evitar a transmissão de doenças respiratórias, é um caminho para a prevenção.

Metrópoles

Postado em 14 de maio de 2024

País teve ‘sorte’ de ser presidido por Bolsonaro durante pandemia, diz Eduardo ao criticar Lula

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse nesta segunda-feira, 13, que o Brasil teve “sorte” durante a pandemia de coronavírus, quando Jair Bolsonaro (PL) era presidente da República. “Imagina o que seria do Brasil e dos brasileiros com Lula presidindo-o na pandemia”, escreveu no X (antigo Twitter) o parlamentar ao criticar a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul.

Afirmando que “alguns falam com tristeza” que Bolsonaro deu “azar” de passar por uma pandemia, o deputado disse que, para ele, depois de ver “a resposta do Lula” à situação causada pelas enchentes no Estado gaúcho, acredita que “demos foi sorte”.

O desastre no Rio Grande do Sul, que afetou mais de 2,1 milhões de gaúchos e já deixou 147 mortos e 127 desaparecidos, tem provocado discussões entre opositores e governistas que buscam acusar os supostos culpados pela calamidade. Enquanto apoiadores de Lula fazem comparações entre a postura de Bolsonaro frente às enchentes que atingiram a Bahia em 2021, aliados do ex-presidente reclamam da falta de ação do governo federal.

Desde o último dia 5, quando o estado de calamidade pública foi reconhecido em dois terços do Estado, Lula precisou garantir um clima político favorável entre os Três Poderes para a aprovação de medidas extraordinárias ajudar a região, como mostrou a Coluna do Estadão. Dois dias depois, o Senado aprovou o projeto de decreto legislativo que permite que os gastos com o socorro ao Estado fiquem fora da meta fiscal.

Com a medida, o governo fica liberado para estruturar um pacote de ajuda ao Rio Grande do Sul articulando orçamento, renegociação da dívida gaúcha e concessão de benefícios. Em entrevista ao Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), concedida na última terça-feira, 7, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que a União gastará “o que for necessário”, mas com transparência e controle, para não repetir erros da pandemia de covid-19.

De acordo com dados do Banco Central (BC), devido às medidas fiscais adotadas no início da pandemia de covid-19, a dívida bruta do País atingiu 87,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em dezembro de 2020, porcentagem que representa o pico da série da dívida bruta. Apesar do aumento dos gastos para conter o vírus, do total de mortes causadas pela doença no mundo, 10% delas foram registradas no Brasil, conforme dados oficiais de 2023 da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Parte dessas mortes, no entanto, poderiam ter sido evitadas, segundo pesquisadores ouvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid se o governo passado tivesse adotado as medidas adequadas para o combate ao coronavírus. O ex-presidente foi, na visão dos especialistas, responsável por parte dos óbitos por ter minimizado a doença, feito afirmações falsas sobre vacinas contra o covid-19 e criticado o isolamento social.

Terra

Postado em 14 de maio de 2024

Anitta perde 200 mil seguidores após homenagear o candomblé: “Assustada”

A cantora Anitta já perdeu mais de 200 mil seguidores no Instagram em poucas horas após publicar fotos de um novo videoclipe, onde ela vai homenagear a religião dela, o candomblé. Em transmissão ao vivo feita nesta segunda-feira (13/5), a cantora disse estar “assustada” com a repercussão da postagem e com a intolerância religiosa. “Mais de 200 mil seguidores que eu perdi desde que anunciei meu novo clipe, que vai sair agora nessa quarta-feira. É um clipe que mostro a minha religião. Não só a minha, mas eu mostro a religião de todos os envolvidos nessa produção. (…) Tem várias religiões no clipe”, começou.
Na manhã desta segunda-feira, Anitta anunciou o lançamento do clipe da música Aceita. A artista compartilhou imagens em que mostra a vivência em um terreiro de candomblé e anunciou que o clipe, a ser lançado na quarta-feira (15/5), seguirá a temática religiosa. “Eu ainda fico um pouco assustada com a falta de evolução do ser humano nos dias de hoje. Ainda há um retrocesso tão grande nesse sentido, de aceitar, entender, respeitar os caminhos das pessoas. Como vai passando o tempo e o ser humano está mais intolerante ao invés de estar se respeitando e se aceitando mais?”, questionou.

Anitta disse que não vai apagar os comentários com intolerância religiosa feitas na postagem. “Eu acho importante manter lá para as pessoas verem que existe, que tá aí (a intolerância), e que precisa ser combatido”, diz. “Ninguém é obrigado a me seguir ou a gostar de mim. Mas se você gostava, se você seguia, mas agora você para de seguir porque eu sou macumbeira? Para mim é intolerância. Intolerância é você ‘não tolerar’. É você não querer ver, você excluir”, completa.

A cantora disse não se importa com a perda de seguidores. Ela revelou que é filha de Logun Edé, divindade de matriz africana ligada às águas e às florestas. Logun é filho de Oxum, deusa das águas doces, e Oxóssi, caçador das florestas. “Quando tenho uma opinião de algo forte, acabo cortando um grande grupo. Mas ficam os bons, ficam ao seu lado quem você verdadeiramente quer. Nesse momento da minha vida estou escolhendo qualidade em vez de quantidade. Hoje procuro relevância e me orgulhar do que estou fazendo, independentemente se vai ser sucesso ou não”, garantiu.

“Se isso significar que em vez de fazer show para 20 mil pessoas, vou fazer para 5 mil, está tudo bem, faço feliz. Com exatamente o tipo de música e o estilo que quero fazer. Acho que são fases da vida. Houve uma fase em que valorizei muito o material, a quantidade, o tamanho, ser a mais bombada, a mais falada, a número um. Hoje estou valorizando estar em paz dentro de mim e ter tempo de praticar a minha espiritualidade. Antigamente vivia com a casa cheia, agora conto nos dedos quem eu chamo e o mesmo faço pra minha carreira neste momento”, comentou.

A cantora também afirmou estar com cabeça aberta para quem a rejeitar por sua fé. “Não consigo ter raiva, o que quero é continuar fazendo coisas que acredito que possam influenciar as pessoas a buscarem serem melhores. Buscar uma evolução”.

Correio Braziliense

Postado em 14 de maio de 2024

Moraes propõe freio em ofensiva contra o bolsonarismo e reduz tom em decisões

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes impôs um freio nos últimos meses na pior das decisões que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.

O movimento, de segunda pessoa com interlocução com o Supremo, reduz o risco de ampliação dos atritos de corte com o Congresso e também dos ataques de apoiadores de Bolsonaro contra o Judiciário.

Diminui também a possibilidade de que uma opinião pública passe a enxergar o ex-presidente como vítima de perseguição pelo STF.

A adoção de maior cautela sobre esses casos iniciados não apenas pelo próprio Moraes, mas também de outras autoridades com atuação em tribunais superiores que são próximos ao magistrado, como o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Floriano de Azevedo Marques e o procurador-geral da República, Paulo Gonet .

No ano passado, os senadores chegaram a aprovar uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que limita as decisões individuais de ministros do STF, em consequência das pautas votadas pela corte.

Além disso, desde seu período à frente do Executivo, Bolsonaro se apresenta como alguém que é perseguido pelos membros do Supremo.

Em fevereiro deste ano, Bolsonaro teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal por ordem de Moraes na operação Tempus Veritatis, que mirou o ex-presidente, ex-assessores e aliados, incluindo militares de alta patente.

Depois dessa operação, etapa da investigação sobre a tentativa de um golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro para Lula ( PT ) em 2022, não houve medidas mais drásticas contra o ex-presidente.

O episódio que anunciou a possibilidade de que Moraes determinou a prisão de Bolsonaro foi a revelação em 25 de março, pelo jornal The New York Times , de que o ex-presidente passou dois dias na embaixada da Hungria logo após a apreensão do passaporte.

Na ocasião, os deputados da oposição chegaram a acionar o Supremo e a PGR com pedidos de prisão preventiva (sem tempo determinado).

Já Moraes foi rápido em abrir um procedimento no STF e pedir que o ex-presidente explicasse por que se hospedou na embaixada.

Não houve, porém, consequências mais drásticas contra ele. No dia 9 de abril, Gonet se manifestou contra a imposição de medidas mais duras a Bolsonaro pelo episódio.

Ao Supremo o PGR disse que a estadia não infringe as medidas que ele já cumpre e que a suposta tentativa de busca de refúgio esbarraria “na evidente falta de pressupostos do instituto de asilo diplomático dadas as características do evento”.

Moraes decidiu sobre o caso apenas no dia 24 de abril, quase um mês depois da reportagem do jornal americano. Ele argumentou que não ficou comprovada a intenção de evasão do país por Bolsonaro.

O ministro afirmou que “não há elementos concretos que indiquem —efetivamente— que o investigado pretendia a obtenção de asilo diplomático para evadir-se do país e, consequentemente, prejudicar a investigação criminal em andamento”.

Disse ainda que, embora os locais das missões diplomáticas tenham proteção especial, “eles não são considerados extensão de território estrangeiro” e que, por isso, Bolsonaro não cometeu “qualquer violação a medida cautelar de ‘proibição de se ausentar do país'”.

No início de maio, Moraes soltou o tenente-coronel Mauro Cid , ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que estava preso desde 22 de março, um dia após a revista Veja revelar áudios em que ele atacava o ministro e colocava em xeque a lisura do seu acordo de colaboração premiada e a investigação da Polícia Federal.

Além de soltar Cid, o ministro também manteve integralmente o acordo de colaboração do tenente-coronel. Segundo ele, “foram reafirmadas a regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade”.

Moraes aceitou o pedido da defesa do militar após a PF analisar material apreendido durante a prisão e ouvir o próprio Cid. A Procuradoria-Geral da República foi favorável à solução e à manutenção do acordo.

No TSE, tribunal presidido por Moraes, os bolsonaristas também tiveram uma situação, por agora, favorável, com a suspensão do julgamento sobre o senador Jorge Seif (PL-SC), que corriia o risco de perder o mandato.

Na sessão do TSE no último dia 30, o relator do caso, Floriano de Azevedo Marques, pediu a produção de mais provas no processo e suspendeu o julgamento.

A maioria do tribunal competente com o relator. Só o ministro Raul Araújo, que é visto como mais simpático aos bolsonaristas, divergiu. Araújo afirmou que o corte estaria reinaugurando a instrução processual no caso, algo que já foi feito por instâncias inferiores.

Como a Folha demonstrou, a decisão foi uma forma de Moraes evitar mais atrito com o Congresso e ganhar tempo antes de dar andamento ao caso .

Com isso, o TSE poderia conseguir mais prazo para construir uma espécie de acordo nos bastidores com bolsonaristas para que eles parem de atacar o tribunal.

O próprio Bolsonaro continua na mira de inquéritos que tramitam no Supremo sob a relatoria de Moraes, como o das milícias digitais e o dos incitadores e autores dos ataques de 8 de janeiro. Ambos os inquéritos foram recentemente prorrogados pelo ministro até o segundo semestre deste ano.

CASOS DE BOLSONARISTAS COM MORAES
Milícias digitais 
envolvem a Operação Tempus Veritatis em fevereiro, que apreendeu o passaporte de Jair Bolsonaro (PL); não houve outra ação após retenção do documento

Embaixada da Hungria 
Episódio chamado possibilidade de prisão do ex-presidente por Moraes; apesar do pedido de explicação, não houve outras consequências

Mauro Cid 
Tenente-coronel foi preso após áudios em que atacava o ministro e minava a própria delação premiada; em maio, foi solto e acordo foi mantido

Jorge Seif no TSE 
Maioria da corte decidiu pela produção de mais provas e suspendeu julgamento

Outros casos 
Bolsonaro ainda está envolvido em investigações de fraude de cartão de vacinação e do 8 de janeiro

Folha de São Paulo

Postado em 14 de maio de 2024

Ipea estima que número de beneficiários da Previdência pode dobrar até 2060, alcançando 66 milhões

O total de beneficiários de aposentadoria, pensão por morte ou Benefícios de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (BPC/Loas) cresceria do patamar de 31,4 milhões, em 2022, para 66,4 milhões, em 2060, mais do que dobrando ao longo de quase quatro décadas. Essa estimativa é apresentada no estudo “Evolução e projeção de longo prazo de contribuintes e beneficiários e implicações para o financiamento da previdência social”, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Seguindo essa projeção, 2060 poderá ter mais beneficiários do que contribuintes no país.

O estudo revela que a projeção para a quantidade total de contribuintes para a previdência social, considerando pessoas com 16 anos ou mais de idade, indica uma redução significativa ao longo do período analisado. Esse número diminui de 61,8 milhões em 2022 para uma projeção de 57,2 milhões em 2060, um patamar inferior ao atual. Como resultado, a relação entre contribuintes e beneficiários também sofreria alterações. Estima-se que a proporção de 1,97 contribuinte para cada beneficiário, observada em 2022, diminuiria para 0,86 em 2060. Essa queda sugere que, no último ano projetado, poderia haver mais beneficiários do que contribuintes, mantendo-se os demais fatores constantes.

O total de benefícios do Regime de Geral de Previdência Social (RGPS) tende a superar o total da população idosa, devido à possibilidade de acumulação de benefícios (aposentadoria e pensão por morte, por exemplo) e à concessão de benefícios para pessoas não idosas por motivos de incapacidade temporária ou permanente (auxílio-doença e aposentadoria por invalidez), reclusão ou detenção de segurados com dependentes e licença maternidade.

“A mensagem é mostrar a tendência estrutural de queda da relação de contribuintes por beneficiário da previdência social em função do rápido e intenso processo de envelhecimento populacional que o Brasil vem passando. Essa piora da referida relação pode e deve ser atenuada com políticas que reduzam a informalidade, o desemprego estimule o crescimento da taxa de participação, em especial, das mulheres”, comenta Rogério Nagamine, especialista em políticas públicas e gestão governamental Ipea e autor do estudo, em conjunto com a especialista em políticas públicas e gestão governamental, Graziela Ansiliero.

Os quantitativos projetados foram aplicados ao cálculo do chamado custo do sistema de repartição, que pode ser entendido como uma estimativa da alíquota necessária ao custeio integral do regime previdenciário. O resultado, em função da piora da relação de contribuintes por beneficiário, é uma tendência de expressivo incremento do custo do sistema de repartição, cuja alíquota necessária aumenta de um patamar atual de 32,2%, em 2022, para 73,6%, em 2060.

O estudo também destaca o processo de envelhecimento da força de trabalho no Brasil. A participação das pessoas com 40 anos ou mais de idade na força de trabalho total (com 16 anos ou mais) aumentou de 39,5% para 45,1% entre o quarto trimestre de 2012 e o mesmo período de 2022. As projeções indicam que essa proporção deve atingir 54,4% em 2060, representando mais da metade da força de trabalho total do país. Além disso, espera-se um crescimento na participação de pessoas com 50 anos ou mais na força de trabalho economicamente ativa (com 16 anos ou mais), que aumentou de 18,6% para 22,4% entre o quarto trimestre de 2012 e o mesmo período de 2022. Estima-se que em 2060 essa parcela alcance cerca de 32%, aproximando-se de um terço da força de trabalho.

“Essa tendência estrutural, do ponto de vista demográfico, precisa ser levada em consideração em necessários e, atualmente, insuficientes debates sobre o financiamento a médio e longo prazo da previdência e seguridade social, tendo em vista que a discussão política costuma ser mais focado no curto prazo. Essa consideração é importante no atual contexto de reforma tributária”, finaliza Nagamine.

GOV BR

Postado em 14 de maio de 2024