MP vai investigar municípios do RS que decretaram calamidade pública sem serem atingidos pelas enchentes

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) anunciou, nesta quinta-feira, a abertura de investigações aos municípios gaúchos que emitiram decretos de calamidade pública sem serem, de fato, atingidos pelas enchentes. A informação foi divulgada nas redes sociais do órgão, cujo site está fora do ar por conta da “interrupção do fornecimento de energia elétrica na sede”. Em vídeo, o procurador-geral de Justiça Alexandre Saltz afirmou que a determinação deu com o intuito de verificar se as informações repassadas pelas prefeituras são verdadeiras.

“Chegou ao conhecimento do Ministério Público que alguns municípios gaúchos estão decretando situação de calamidade pública, sem que tenham sido atingidos diretamente pelas chuvas e pelas enchentes. Diante disso, eu determinei que fosse instaurada uma investigação no âmbito do Ministério Público para que nós saibamos e repassemos para a sociedade se realmente esses municípios vivem a situação de calamidade”, declarou o procurador-geral de Justiça em postagem feita no perfil do Instagram do MPRS.

Na mesma gravação, o promotor de Justiça Fábio Costa Pereira afirmou que o MP vai solicitar os documentos apresentados pelos governos municipais para deliberar situação emergencial.

“Dois membros do Ministério Público, promotores de Justiça, já foram nomeados para conduzir as investigações. Faremos as requisições dos termos dos decretos, principalmente dos procedimentos que levaram a esses decretos, para verificar se essas motivações ocorreram, ou não, desvio de especificamente para adoção das medidas entendermos cabíveis”, complementou o promotor.

A situação chamou a atenção das autoridades depois que Imbé, no Litoral Norte do RS, decretou estado de calamidade nesta quarta-feira. O município, no entanto, não foi impactado pela chuva que assola a região nos últimos dias. Segundo o prefeito da cidade, Ique Vedovato, a decisão foi tomada por conta da quantidade de desabrigados de locais vizinhos que migraram para Imbé à procura de abrigo.

O GLOBO

Postado em 10 de maio de 2024

Chuvas: Maranhão tem 30 cidades em situação de emergência

A Defesa Civil do Maranhão informou nesta quinta-feira (9) que chega a 30 o número de municípios no estado em situação de emergência em razão das chuvas. Ao todo, 1.031 famílias estão desabrigadas e 2.909, desalojadas. Uma pessoa morreu.

Até o momento, segundo a Defesa Civil, o município de Santa Inês é o único em estado de calamidade pública.

As fortes chuvas que atingem todo o Maranhão desde o mês de abril têm provocado cheia em rios do estado. Segundo a Defesa Civil, as famílias atingidas estão recebendo apoio das defesas civis nos municípios.

O órgão disse ainda que está trabalhando para a retirada das pessoas que estão em áreas de risco e que o governo do Maranhão tem fornecido refeições, por meio da rede de restaurantes populares.

Municípios em situação de emergência:

Formosa da Serra Negra

São Roberto

São João do Sóter

Tuntum

Monção

Pindaré-Mirim

Conceição do Lago Açu

Lago da Pedra

Lagoa Grande do Maranhão

Carutapera

Governador Nunes Freire

Boa Vista do Gurupi

Trizidela do Vale

Cantanhede

Palmeirândia

Bacabal

Jenipapo dos Vieiras

Cachoeira Grande

Buriticupu

Arari

Satubinha

Anapurus

Grajaú

Colinas

Matões do Norte

Pedro do Rosário

Peri Mirim

Tufilândia

Barra do Corda

Barreirinhas

Agrolink

Postado em 10 de maio de 2024

Eventos climáticos extremos se tornarão mais frequentes no Brasil, alertam especialistas

Enchentes históricas, incêndios florestais recordes, ondas de calor sem precedentes, secas: os eventos extremos se multiplicam e se tornarão mais frequentes no Brasil, alertam os especialistas.

O pior desastre climático da história do Rio Grande do Sul deixou mais de 100 mortos e devastou a economia desse estado agrícola, que levará meses ou inclusive anos para se recuperar, segundo as autoridades, que falam da necessidade de um “plano Marshall” de reconstrução.

Outras tragédias atingiram o Brasil recentemente
No ano passado, o país registrou 1.161 desastres naturais, mais de três por dia, em média. É um recorde desde que os registros começaram em 2011, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

A própria geografia brasileira explica em parte esta vulnerabilidade, com regiões que inundam no sul e outras que sofrem repetidos períodos de seca, como a região semiárida no leste. O fenômeno natural do El Niño também tem impacto.

Mas devido ao aquecimento progressivo do planeta, os eventos extremos ou raros “estão cada vez mais frequentes e mais extremos e é de esperar que isto continue”, disse à AFP José Marengo, coordenador de pesquisa do Cemaden.

Previsões “ignoradas”
“As mudanças climáticas não estão mais sob discussão em uma pesquisa científica. Elas saíram dos livros e viraram realidade”, disse à AFP Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, que é composto por mais de uma centena de organizações ambientalistas e de pesquisa.

As chuvas extremas no Brasil no ano passado causaram pelo menos 132 mortes e mais de 9 mil feridos, enquanto cerca de 74 mil pessoas perderam suas casas, segundo o Cemaden. Os danos materiais foram estimados em mais de 5 bilhões de reais.

No Rio Grande do Sul, o balanço provavelmente será pior do que em todo o ano de 2023: o saldo preliminar das enchentes informa 107 mortos e 136 desaparecidos. O número de afetados e os prejuízos econômicos ainda são incalculáveis.

Nos últimos anos, as enchentes atingiram também a cidade de Recife (Pernambuco) e os estados de Minas Gerais e Bahia.

Essas chuvas extremas no sul da América do Sul têm sido uma previsão recorrente dos modelos climáticos há décadas, segundo o Observatório, e esta informação é “ignorada pelos sucessivos governos estaduais”, lamentou Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas da plataforma.

“Enquanto não se entender a relevância da adaptação, essas tragédias vão continuar acontecendo, cada vez piores e mais frequentes”, frisou Araújo.

Incêndios e desmatamento
As emissões de dióxido de carbono para o meio ambiente são as principais responsáveis pelo aquecimento global.

A redução das florestas devido ao desmatamento para expansão das atividades agrícolas reduz a capacidade de absorção desses gases de efeito estufa.

Mas o fogo continua gerando estragos.

Entre janeiro e abril, foram registrados mais de 17 mil incêndios florestais, mais da metade deles na região amazônica, onde aumentaram 153% em um ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, também sofreu uma seca histórica no ano passado.

Um dado positivo: em seu primeiro ano de mandato, em 2023, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reduziu pela metade o desmatamento na Amazônia, depois de ter disparado durante a gestão de seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Trabalhar todo o tempo
Marengo acredita que para evitar novas tragédias como a do Rio Grande do Sul, a população e os governos devem primeiro levar a sério os alertas.

“Como não temos como parar as chuvas, devemos nos preparar antecipando os desastres associados, para que as populações não construam cenários de risco e para que os governos trabalhem o tempo todo, porque devemos estar sempre preparados para os desastres, não apenas quando eles acontecem”, explicou.

Astrini defendeu a implementação de um plano de resposta antecipada para as áreas mais vulneráveis do país, mas considerou que “estamos muito longe disso”.

Ele mencionou a falta de orçamento para políticas de prevenção, a aprovação de leis que incentivam a crescente ocupação de áreas de risco pela população e o desmatamento.

As mudanças climáticas “trazem prejuízos tanto sociais, as pessoas que morrem e que perdem tudo, quanto prejuízos econômicos”, lamentou Astrini.

Folha de Pernambuco

Postado em 10 de maio de 2024

Oceanos quebraram recorde de temperatura todos os dias em um ano, indica levantamento

Turbinados pelas alterações climáticas, os oceanos do mundo superaram os recordes de temperatura todos os dias durante 12 meses, revela uma análise feita pela BBC.

Quase 50 dias superaram as temperaturas máximas registradas para a mesma época de anos anteriores, segundo dados de satélites.

Os gases que aquecem o planeta são os principais culpados pelo fenômeno, mas o evento climático natural El Niño também ajudou a aquecer ainda mais os oceanos.

O superaquecimento dos oceanos atinge duramente a vida marinha e provoca uma nova onda de branqueamento de corais.

O Copernicus também confirmou que o mês passado foi o abril mais quente já registrado em termos de temperaturas do ar. Esses recordes também foram batidos nos 11 meses anteriores.

Durante muitas décadas, os oceanos do mundo foram vistos como a “válvula de escape” da Terra em termos de alterações climáticas.

Eles não só retêm cerca de um quarto do dióxido de carbono produzido pelos humanos, como também absorvem cerca de 90% do excesso de calor.

Porém, durante o ano passado, os oceanos apresentaram as evidências mais preocupantes de que enfrentam dificuldades para lidar com a situação — a superfície do mar sente particularmente.

A partir de março de 2023, a temperatura média da superfície dos oceanos começou a subir cada vez mais acima da média de longo prazo, e atingiu um novo recorde máximo em agosto do ano passado.

Os meses subsequentes não representaram trégua alguma: a superfície do mar atingiu um novo máximo diário médio 21,09 ºC em fevereiro e março de 2024, de acordo com dados do Copernicus.

Como é possível ver no gráfico abaixo, não apenas todos os dias desde 4 de maio de 2023 estão acima dos recordes anteriores de temperatura — mas em alguns dias a margem em relação aos registros passados foi enorme.

Em cerca de 47 dias nesse período, o recorde de temperatura foi superado em pelo menos 0,3°C, segundo a análise da BBC a partir de dados do Copernicus.

Nunca antes, na era dos satélites, foi observada uma diferença tão grande.

Os dias com maior recorde foram 23 de agosto de 2023, 3 de janeiro de 2024 e 5 de janeiro de 2024, quando o recorde anterior foi batido em cerca de 0,34ºC.

“O fato de todo esse calor ir para o oceano e gerar um aquecimento com uma rapidez maior do que pensávamos é motivo de grande preocupação”, afirma Mike Meredith, do grupo de pesquisa British Antarctic Survey.

“Esses são sinais reais de que as alterações no ambiente movem-se para áreas onde realmente não queremos que elas estejam. Se continuarmos nessa direção, as consequências serão graves”, alertou ele.

Enorme impacto na vida marinha
O aquecimento dos oceanos provocado pelo homem tem impactos consideráveis na vida marinha global — e pode até alterar o ciclo sazonal das temperaturas do mar, de acordo com um estudo recente.

Talvez a consequência mais significativa do calor recente tenha sido o branqueamento em massa dos corais em todo o mundo.

Essas estruturas, que são os principais viveiros oceânicos, ficam brancas e morrem porque as águas ficam muito quentes. Elas são um elemento crítico do ecossistema oceânico, onde vivem cerca de um quarto de todas as espécies marinhas.

Mares excepcionalmente quentes também podem afetar diretamente uma das criaturas oceânicas mais queridas do continente mais frio: o pinguim-imperador.

“Há exemplos de colapso do gelo marinho antes dos filhotes imperadores terem emplumado adequadamente, com episódios de afogamento em massa”, diz Meredith.

“O pinguim-imperador é uma espécie ameaçada devido às alterações climáticas, e o gelo marinho e as temperaturas do oceano estão fortemente implicados nesse processo”, complementa ele.

No Reino Unido, o aumento da temperatura do mar faz com que uma série de criaturas desapareçam completamente das zonas costeiras. É o caso de algumas espécies de cracas, por exemplo.

“O problema das alterações climáticas é que elas acontecem muito rápido para que a evolução as acompanhe”, explica a bióloga marinha Nova Mieszkowska, da Universidade de Liverpool, na Inglaterra.

Na costa do País de Gales, uma equipe da Universidade de Aberystwyth utiliza a mesma tecnologia da polícia para rastrear mudanças na população marinha.

Ao coletar vestígios de DNA em amostras de água, os cientistas descobriram que algumas espécies invasoras estão prosperando, incluindo uma criatura chamada ascídia, que parece ter vindo do Japão e cresce como um tapete no fundo do mar.

“Eles impedem o crescimento de organismos nativos”, resume o professor Iain Barber, chefe de Ciências da Vida na Universidade de Aberystwyth.

“As ascídias se dão tão bem no nosso ambiente que podem potencialmente ocupar grandes áreas do fundo do mar.”

As espécies invasivas parecem responder com mais intensidade ao aquecimento global e ao aumento da temperatura da água, observa o professor Barber.

O El Niño
Um fator importante que tornou o último ano ainda mais impactante para os mares de todo o mundo foi o fenômeno climático El Niño, que se soma às emissões de gases que aquecem o planeta.

O El Niño faz com que águas mais quentes cheguem à superfície do Oceano Pacífico.

Como resultado, há uma tendência de elevação da média global de temperatura.

O El Niño entrou em ação em junho de 2023 — após um período prolongado de condições mais frias de La Niña — e atingiu um pico em dezembro, embora desde então tenha perdido força.

Mas outras bacias oceânicas que normalmente não são afetadas pelo El Niño também experimentaram ondas de calor marinhas acima da média — o que deixa cientistas intrigados sobre o que realmente está acontecendo.

“O Oceano Atlântico está mais quente do que o habitual e este não é um padrão que normalmente associamos ao El Niño — portanto, é algo de alguma forma diferente”, avalia Carlo Buontempo, diretor do Copernicus.

Esse calor ainda persiste em muitas bacias oceânicas, incluindo a região tropical do Atlântico.

Os mares mais quentes fornecem energia extra às tempestades tropicais, o que poderia ajudar a alimentar uma temporada de furacões potencialmente danosa.

“Ainda existe uma grande área de água mais quente do que o normal no Atlântico tropical e esta é a principal região de desenvolvimento de ciclones tropicais”, explica Buontempo.

“Estamos quase um mês adiantados na temperatura da superfície do mar no Atlântico em relação ao ciclo anual. Portanto, esta é uma área que precisa ser vigiada”, antevê ele.

Além dos impactos imediatos, os investigadores alertam que haverá consequências a longo prazo às quais a sociedade terá de se adaptar.

É provável, por exemplo, que o derretimento das camadas de gelo e o aquecimento das profundezas dos oceanos continuem a alimentar a subida do nível do mar nos próximos séculos.

“Quando falamos de alterações climáticas, tendemos a reduzi-las às mudanças na superfície porque vivemos lá”, diz Angélique Melet, investigadora da ong Mercator Ocean International.

“No entanto, as profundezas do oceano são um dos aspectos [do aquecimento global] que nos comprometem com séculos e milénios de alterações [climáticas].”

Mas Melet sublinha que isso não é motivo para desistir da redução das emissões.

“A depender das nossas ações, podemos reduzir a velocidade desse aquecimento e diminuir a amplitude geral desse aumento de calor e da subida do nível do mar”, conclui ele.

Gráficos de Erwan Rivault, Muskeen Liddar e Mark Poynting

Postado em 10 de maio de 2024

A terapia genética inovadora que fez menina nascida surda escutar pela primeira vez

Uma menina britânica que nasceu surda agora consegue ouvir sem qualquer auxílio, após ser submetida a um tratamento inovador de terapia genética.

Opal Sandy recebeu o tratamento pouco antes de seu primeiro aniversário. Seis meses depois, ela consegue ouvir sons tão suaves quanto um sussurro — e está começando a falar, dizendo palavras como “mamãe” e “papai”.

Aplicada como uma infusão no ouvido, a terapia substitui o DNA defeituoso que causa seu tipo de surdez hereditária.

Opal participa de um ensaio clínico que recruta pacientes no Reino Unido, nos EUA e na Espanha. O tratamento é desenvolvido pela empresa de biotecnologia Regeneron.

Médicos de outros países, incluindo a China, também estão explorando tratamentos semelhantes para a mutação no gene da otoferlina (OTOF), com a qual Opal nasceu.

Seus pais, Jo e James, de Oxfordshire, no sudeste da Inglaterra, dizem que os resultados foram impressionantes.

Ao mesmo tempo, permitir que Opal fosse a primeira a testar este tratamento foi uma decisão extremamente difícil, eles relatam.

“Foi muito assustador, mas acho que tivemos uma oportunidade única”, afirma Jo.

A irmã de Opal, Nora, de cinco anos, tem o mesmo tipo de surdez e lida bem com um implante coclear.

Em vez de tornar o som mais alto, como um aparelho auditivo, ele dá a “sensação” de escutar.

O implante estimula diretamente o nervo auditivo que se comunica com o cérebro, contornando as células ciliadas, sensíveis ao som e danificadas, em uma parte do ouvido interno conhecida como cóclea.

Já a terapia genética utiliza um vírus modificado e inofensivo para entregar uma cópia funcional do gene OTOF a estas células.

Opal foi submetida à terapia no ouvido direito, sob anestesia geral, e um implante coclear foi colocado em seu ouvido esquerdo.

Apenas algumas semanas depois, ela conseguia ouvir sons altos, como palmas, no ouvido direito.

E depois de seis meses, seus médicos, do Hospital Addenbrooke, em Cambridge, confirmaram que seu ouvido tinha uma audição praticamente normal para sons suaves — incluindo sussurros baixinhos.

“É maravilhoso vê-la responder ao som”, diz o cirurgião auditivo Manohar Bance, o pesquisador-chefe do ensaio clínico, à BBC News.

“É um momento de muita alegria.”

Os especialistas esperam que a terapia também funcione para outros tipos de perda auditiva profunda.

Mais da metade dos casos de perda auditiva em crianças tem causa genética.

A expectativa de Bance é que o ensaio clínico possa levar ao uso da terapia genética para tipos mais comuns de perda auditiva.

“O que espero é que possamos começar a usar a terapia genética em crianças pequenas… Em que, de fato, recuperemos a audição e elas não precisem ter implantes cocleares e outras tecnologias que necessitem ser substituídas”, afirma.

A perda auditiva causada por uma variação no gene OTOF não é comumente detectada até que as crianças tenham dois ou três anos de idade, quando é provável haver um atraso na fala.

Os testes genéticos para famílias que apresentam risco estão disponíveis no NHS (sistema de saúde público do Reino Unido). A BBC News Brasil está averiguando se o tratamento está disponível no sistema brasileiro também.

“Quanto mais cedo pudermos restaurar a audição, melhor para todas as crianças, porque o cérebro começa a reduzir sua plasticidade [adaptabilidade] após três anos de idade mais ou menos”, diz Bance.

A experiência de Opal está sendo apresentada, junto a outros dados científicos do ensaio clínico, na Sociedade Americana de Terapia Genética e Celular (ASGCT, na sigla em inglês), em Baltimore, nos EUA.

Martin McLean, da Sociedade Nacional de Crianças Surdas do Reino Unido, afirma que mais opções seriam bem-vindas.

“Com o apoio certo desde o início, a surdez nunca deverá ser uma barreira à felicidade ou à realização”, diz ele.

“Como uma instituição beneficente, apoiamos as famílias a fazerem escolhas informadas sobre tecnologias médicas, para que possam dar aos seus filhos surdos o melhor começo de vida possível.”

  • Reportagem adicional de Nicki Stiastny e James Anderson
Postado em 10 de maio de 2024

Governo Federal defende paralisação do Campeonato Brasileiro

O governo, por meio do ministro do esporte André Fufuca, pediu à Confederação Brasileira de Futebol a interrupção do Campeonato Brasileiro devido às enchentes no Rio Grande do Sul.

Em entrevista à ESPN Brasil, Fufuca destacou a urgência diante da calamidade pública e das sérias repercussões das enchentes para a população gaúcha.

Clubes como Internacional, Grêmio e Juventude já formalizaram solicitações à CBF para a suspensão do campeonato, e há possibilidade de recorrer à Justiça Desportiva caso necessário.

96FM

Postado em 10 de maio de 2024

Papa Francisco anuncia doação de mais de R$500 mil para o Rio Grande do Sul

O papa Francisco decidiu doar cerca de 100 mil euros (aproximadamente 556 mil reais) para ajudar as vítimas das enchentes que já mataram pelo menos 107 pessoas no Rio Grande do Sul, disse nesta quinta-feira o arcebispo de Porto Alegre e presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler.

“Fomos informados através da Nunciatura Apostólica de que o Santo Padre destinou um valor substancial, através da Esmolaria Apostólica, para auxílio dos desabrigados”, disse o arcebispo, segundo a Vatican News, a agência de notícias da Santa Sé.

“Este valor foi em torno de 100 mil euros e será repassado para o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o regional que abrange todo o Rio Grande do Sul, para ajudar no que for possível”, acrescentou.

No domingo, em fala a uma multidão na Praça de São Pedro, Francisco prometeu rezar pela população do Rio Grande do Sul, Estado atingido pela pior tragédia climática de sua história, que afetou quase 1,5 milhão de pessoas em 428 de seus 497 municípios e deixou centenas de milhares de desabrigados.

O arcebispo disse ainda que a região sul do Estado, próximo à fronteira com o Uruguai, começa a enfrentar as consequências do desastre com a chegada das águas que inundaram outras regiões gaúchas.

Terra

Postado em 10 de maio de 2024

Governo autoriza restauração de mais 300 quilômetros de rodovias estaduais

A governadora Fátima Bezerra (PT) assinou nesta quinta-feira (09) a ordem de serviço para restauração de mais um lote de rodovias estaduais, totalizando 301,5 quilômetros nas regiões Seridó e Central e investimento de R$ 132 milhões.

São dez trechos, entre eles, 53 quilômetros da RN-288, de Acari a Caicó, passando por Cruzeta e São José do Seridó.

Também estão neste lote, dois trechos da RN-118, que integram as rotas alternativas em função da interdição da BR-304, entre Lajes e Caiçara do Rio do Vento. São eles: Ipanguaçu-Alto do Rodrigues (rota pela BR-406), e o que vai do entroncamento da BR-304, em Itajá, até São Rafael (Rota pela BR-226).

O lote 2 contempla ainda 38 quilômetros da RN-086, entre Parelhas e Equador. Nesse trecho, o governo do Estado investiu cerca de R$ 1,6 milhão para reforço da estrutura e alargamento da ponte sobre o Rio Caldeirão. Construída há mais de 90 anos, a ponte recebeu reforço estrutural, além de ganhar nova faixa para permitir a passagem simultânea de dois veículos.

“Este lote é o maior em extensão e fica numa região importante para o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte. Quero dizer que já estamos preparando a ordem de serviço para as estradas do Lote 3 que ficam no Agreste e na região litorânea. Outra boa notícia é que amanhã (10) estaremos lançando o edital da Estrada da Produção, para o trecho São Tomé/Cerro Corá. Nos já fizemos Lagoa Nova/Cerro Corá e agora vamos fazer esse novo trecho”, disse a governadora. São 13,5 quilômetros de implantação de rodovia em trecho de terra batida, e recapeamento de outros 9,9 quilômetros, que estão em situação precária.

A obra conta com recursos oriundos de emenda parlamentar da bancada do Rio Grande do Norte no Congresso Nacional. Além de interligar o Agreste ao Seridó, fomentando o turismo e o acesso ao Seridó Geoparque Mundial da Unesco, a RN-203 vai facilitar o escoamento da safra agrícola.

Esta foi a segunda ordem de serviço para recuperação de estradas. A primeira, totalizando 210 quilômetros, nos distritos de Mossoró e Pau dos Ferros, foi assinada na semana passada. O terceiro lote tem 242,9 quilômetros. O governo do RN está investindo R$ 428 milhões no programa de restauração de rodovias estaduais.

Saulo Vale

Postado em 9 de maio de 2024

Nível do Guaíba cai 10 cm em 24 horas

O nível da água do lago Guaíba, no Rio Grande do Sul, caiu 10 centímetros nas 24 horas entre a manhã de quarta (8) e de quinta-feira (9). Às 6h desta quinta, segundo informações da ANA (Agência Nacional de Águas), a altura estava em 5,04 metros.

Esse é o menor nível desde o último sábado (4) mas, ao mesmo tempo, segue acima do limite. Ruas e avenidas da capital gaúcha continuam alagadas na manhã desta quinta.

No sábado, o lago chegou a 5,30 metros, segundo informações do Ceic (Centro Integrado de Coordenação de Serviços). O lado é considerado inundado quando atinge 3 metros de altura. Há um alerta que é emitido quando o nível da água está em 2,5 metros.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O nível da água do lago Guaíba, no Rio Grande do Sul, caiu 10 centímetros nas 24 horas entre a manhã de quarta (8) e de quinta-feira (9). Às 6h desta quinta, segundo informações da ANA (Agência Nacional de Águas), a altura estava em 5,04 metros.

Esse é o menor nível desde o último sábado (4) mas, ao mesmo tempo, segue acima do limite. Ruas e avenidas da capital gaúcha continuam alagadas na manhã desta quinta.

No sábado, o lago chegou a 5,30 metros, segundo informações do Ceic (Centro Integrado de Coordenação de Serviços). O lado é considerado inundado quando atinge 3 metros de altura. Há um alerta que é emitido quando o nível da água está em 2,5 metros.

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Inundações deixam mais de 1.300 pessoas desabrigadas no Uruguai
Na quarta, enquanto o nível do Guaíba já estava caindo, o da lagoa dos Patos estava aumentando. A região desta lagoa, que comporta as cidades de Rio Grande e Pelotas, tem previsão de chuva para os próximos dias.

O Rio Grande do Sul chegou nesta quarta (8) à marca de 100 pessoas mortas em decorrência das chuvas que atingem o estado.

A data foi marcada também pelo temor de novas tempestades nos próximos dias e de uma onda de frio, prevista para começar já nesta quinta (9). Em meio ao caos causado pelas inundações, o desabastecimento segue cada vez mais presente na rotina dos moradores das áreas afetadas, com relatos de falta de comida e de água se multiplicando tanto no interior quanto na região de Porto Alegre.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Postado em 9 de maio de 2024

Anvisa suspende lotes de detergente Ypê por risco de contaminação biológica

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu a comercialização, distribuição e uso de alguns lotes de todas as versões do detergente Ypê, da empresa Química Amparo, pela razão do “risco potencial de contaminação microbiológica”. Em nota, a empresa disse que não o lote não apresenta risco à saúde ou à segurança, mas que pode ter alterações sem cheiro.

O que aconteceu
Medida foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) de terça-feira (7). A resolução foi assinada por Marcus Aurélio Miranda de Araújo, gerente-geral de inspeção e fiscalização sanitária da Anvisa. A Resolução está em vigor desde terça após a publicação da medida no DOU.

A empresa comunicou o recebimento voluntário de todas as versões do produto à agência reguladora. A resolução aponta que foi identificado um “desvio” no resultado da análise de monitoramento da produção, o que pode provocar um “risco potencial de contaminação microbiológica”.

O UOL procurou a Anvisa para saber quais ações o consumidor pode tomar, caso tenha alguma unidade dos detergentes suspensos. Ainda não houve retorno.

O que disse a empresa
Em nota, a companhia disse que alguns lotes podem apresentar mudança sem cheiro, mas que não há risco à segurança ou à saúde. Veja a nota completa abaixo:

“A Química Amparo informa que os lotes de louças de lava, objeto de ação voluntária de recolhimento informada pela Anvisa, foram rastreados pelo controle de qualidade da empresa, que iniciou o recolhimento dos itens há mais de um mês, conforme plano previamente enviado à agência reguladora.

Após uma análise rigorosa das disposições internas, em alguns lotes específicos, existe a possibilidade de descaracterização do seu odor tradicional, sem risco à saúde ou à segurança do consumidor, porém, em alguns casos específicos ao olfato.

Importante ressaltar que não há exclusão de negociação do produto e sim o bloqueio e recolhimento exclusivamente dos lotes específicos indicados na ação voluntária proposta pela própria empresa.

Além disso, a empresa reforça que a segurança, a qualidade de seus produtos e a atenção aos clientes e consumidores são prioridades desde sua fundação, há mais de 70 anos.

Confira a lista dos lotes atingidos pela suspensão
Versão Ypê Clear Care. Lotes atingidos: 172051, 179054, 184054, 185054, 186054, 228054, 233011, 234011, 235011, 236011, 242054, 253011, 255011, 267051, 1, 270051, 278011, 279011, 280011, 281011, 282011, 283011, 302051, 303051 , 304051, 314011, 315011, 316011 e 318011.

Versão Ypê Coco. Lotes atingidos: 029016, 030016, 036016, 038016, 057016, 058016, 148051, 149051, 151051, 212044, 213051, 215051, 216051, 217051, 1, 219051, 220051, 221051, 228054, 232051, 233051, 236051, 238051, 243044 , 248051, 249051, 256051, 257051, 258051, 272051, 273051, 274051, 275051, 276051, 277051, 284051, 286051, 288051, 289051, 290051, 291051, 298051, 299051, 300051, 301051, 317016, 331051, 333051, 33405 , 031016, 188031, 225081, 226081, 227081, 239081, 270031, 281031, 282031, 283031, 295031, 323016, 324016, 327031, 328031, 329031 e 330031.

Versão Ypê Capim Limão. Lotes atingidos: 225031, 226031, 242081, 314031, 323081, 325081, 060016, 173081, 174081, 175081, 176081, 177081, 178081, 223011, 1, 239051, 240051, 242051, 271081, 272081, 273081, 299011, 300011, 302011 , 303011, 326051, 327051, 336016, 337016, 338016, 346016 e 347016.

Versão Ypê Limão. Lotes atingidos: 031016, 040016, 041016, 042016, 043016, 127011, 129011, 130011, 134081, 135081, 136081, 137081, 138081, 148011, 1, 150011, 218011, 219011, 310011, 311011, 319016, 332016, 339016, 347016 , 053016, 054016, 141031, 221081, 222081, 223081, 227081, 228081, 229081, 279081, 280081, 288031, 315031 e 325016.

Versão Ypê Maçã. Lotes atingidos: 010016, 011016, 012016, 026016, 028016, 029016, 054016, 131011, 132011, 134011, 142011, 173011, 174011, 187011, 1, 189011, 193011, 194011, 195011, 200051, 213011, 220011, 221011, 228011 , 229011, 230011, 241011, 242011, 248081, 249081, 256011, 257011, 262011, 263011, 264011, 265011, 266011, 278061, 279061, 280061, 281061, 282061, 283051, 292011, 293011, 295011, 311011, 312011, 313011 , 313061, 327011, 327016, 328011, 328016, 329011, 330011, 357016, 046016, 047016, 185081, 186081, 191081, 192081, 204101, 223081, 224081, 232081, 234081, 268031, 269031, 309031 e 310031.

Versão Ypê Neutro. Lotes atingidos:019056, 020056, 037056, 038056, 039056, 054056, 055056, 173001, 174001, 186064, 188001, 211001, 212001, 225001, 226001, 8001, 228064, 237001, 239001, 272056, 320001, 321001, 322001, 324056, 325001, 325056, 326001, 326056, 327001, 331056, 336056, 338056, 356056, 236001, 016016, 017016, 024016, 025016, 026016, 038016, 9016, 040016, 172081, 172151, 173151, 174151, 175151, 176151, 177151, 178151, 188151, 207151, 208151, 209151, 210151, 211081, 212081, 225011, 226011, 227011, 228151, 229151, 230151, 232151, 233151, 4051, 234151, 235051.,235151, 236151, 239011, 241151, 279151, 282151, 283151 , 317151, 318016, 318151, 321011, 322011, 325151, 326151, 327151, 328151, 333016, 342016, 346016, 349016, 048016, 049016, 050016, 051016, 176031, 177031, 207031, 208031, 227031, 229031, 236031, 237031 , 238031, 282081, 316031, 317031, 318031, 319031, 323031, 325031, 326016, 327031, 353016, 355016, 052016, 171031, 173031, 174031, 209031, 230031, 232031, 233031, 234031, 235031, 239031 e 327016.

uol

Postado em 9 de maio de 2024

Nutricionista Revela 3 Frutas Que Ajudam A Ganhar Massa Muscular

Muitas pessoas acreditam que o difícil não é atingir o shape impecável, mas manter o seu corpo nessa condição. Estado físico em que envolve uma série de renúncias, por exemplo: alimentação saudável, hidratação correta e o cumprimento de uma rotina de treinos. Nesse sentido, a nutricionista Renata Branco indicou um trio de frutas para reforçar os músculos em entrevista exclusiva para o Sport Life.
Conheça o trio de frutas para reforçar os músculos
Melancia
“Rica em vitaminas e minerais A, C e B6, zinco, ferro, cálcio, potássio e magnésio. No pós-treino, a melancia ajuda na completa hidratação, como um isotônico natural devido a sua alta concentração de água e eletrólitos. Também é rica em óxido nítrico, o que melhora a recuperação ao aumentar a circulação de oxigênio para sangue e músculos. Além disso, ela tem um aminoácido chamado citrulina, que ajuda na formação dos músculos e diminuição da fadiga”, disse Renata.

Banana
É uma fruta popular e querida entre a maioria dos praticantes de exercícios físicos, principalmente pela quantidade de carboidratos, que garante energia e aumenta o desempenho nos treinos. Opções não faltam para várias formas de adaptações dessa fruta nas suas refeições.

“É uma excelente opção no pré-treino ou pós-treino. A banana também é fonte de potássio, que perdemos no suor é essencial para regular a contração muscular e prevenir cãibras”, complementou Branco.

Abacate
“Há menor quantidade de carboidratos, é rico em gorduras saudáveis, ajuda na saciedade e importante para função intestinal. A fruta é rica em fibras, potássio, sódio, magnésio, vitamina A, C, E, K 1, fitoesteróis e glutationa, que é um poderoso antioxidante. Além da vitamina E, que aumenta a ação anti-inflamatória das gorduras, o abacate também é abundante em potássio, o que regula a atividade muscular”, concluiu a nutricionista Renata Branco.

SportLife

Postado em 9 de maio de 2024

Calor recorde faz nível do litoral brasileiro subir acima da média global, aponta relatório internacional

Em 2023, o nível dos oceanos subiu em todo o planeta, mas o litoral brasileiro foi um dos lugares que registrou uma das maiores elevações. O registro de calor foi o principal motivo. Os oceanos são avançados por expansão térmica — porque a água quente se dilata. E os mares do mundo nunca foram transmitidos tão quentes, com impactos sobre o clima, os rios e as cidades.
A elevação do mar na costa brasileira é um dos destaques do relatório “O Estado do Clima na América Latina e no Caribe em 2023”, da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), apresentado nesta quarta-feira. Mais do que apenas um retrato do ano que passou, o estudo analisa a suscetibilidade da região às mudanças climáticas. O ano, dizem os cientistas, foi marcado por calor excepcional e anomalias não explicáveis ​​por personagens conhecidos, como o El Niño.

A taxa de elevação do nível dos oceanos mais do que dobrou desde a década de 1990. Ela aumentou a cada ano desde 1993 e 2023 teve uma maior elevação, registrada a média global de 3,42 mm/ano. Porém, na costa atlântica da América do Sul ela chegou a 3,96 mm. Parece um pouco, mas é suficiente para afetar a vida das pessoas nas áreas costeiras.

A elevação do mar tem diversas consequências. Ela erode o litoral, contamina o lençol freático com água salgada, mina as fundações de construções, causa afundamentos de terreno, agrava inundações provocadas por tempestades, faz ressacas se tornadas maiores e avançam mais longe terra adentro.

— Quando se fala em elevação do nível do mar, as pessoas costumam imaginar um cenário de filme-catástrofe, com ondas gigantescas e cidades alagadas de uma só vez. Não é o que ocorre. Essa é uma tragédia lenta, o mar vai ano a ano tomando a terra. E não apenas na superfície, mas no subsolo, com intrusão marinha — explica o climatologista José Marengo, pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas e Desastres Naturais (Cemaden), um dos líderes da elaboração do trabalho, que reuniu mais de 70 especialistas, quatro agências das Nações Unidas e 30 serviços meteorológicos nacionais.

Marengo diz que não surpreende num ano tão quente quanto 2023 que os oceanos avançaram por expansão térmica. O aumento do nível maior na América do Sul reflete o aquecimento do Atlântico, explica ele.

— Todo o Atlântico está muito quente. Isso se manifesta no clima, com chuvas intensas e ondas de calor, mas também no nível do mar — frisa.

Um dos lugares onde o avanço do mar se torna mais evidente é na Amazônia. Lá ocorre uma batalha de titãs, entre o Atlântico e o Amazonas, o rio mais volumoso da Terra. Gigante no continente, o Amazonas é um ano não frente ao oceano, cujas águas salgadas a cada ano vão mais longe.

— São milhões de litros de água, um volume gigante do oceano enviado à terra — diz Marengo.

No litoral do Amapá, na foz do Rio Amazonas, a erosão devido ao avanço do mar é visível. A derrota do poderoso Amazonas, que tem suas águas doces invadidas pelo sal, se nota no açaí. Palmeiras e outras plantas das margens morrem devido à contaminação pela água salgada do mar.

— O mar avança bem mais do que se pode ver na superfície. É um processo lento, sem subsolo. Mas devemos pensar também, por exemplo, na água de poços litorâneos, que vai se tornar salobra, ou no fundamento gradual de construções — alerta o climatologista.

Na superfície, o impacto mais visível é nas ressacas, que podem chegar a áreas antes não atingidas. Em diferentes graus, é um processo global. Países como Estados Unidos, China e Holanda, todas têm cidades afetadas. No Brasil, Marengo destaca Rio de Janeiro e Santos como cidades que sofrem os impactos da elevação do nível do mar.

O estudo destaca ainda as chuvas extremas. Chamou a atenção dos especialistas em especial a chuva do carnaval de 2023 no litoral de São Paulo, a mais intensa da já registrada no Brasil. Entre 18 e 19 de fevereiro, foram despejados 683 mm de chuva em apenas 15 horas, em São Sebastião, matando 65 pessoas e danos e alagamentos.

— Esse evento não teve precedente e até agora não foi superado em intensidade, em volume acumulado em tão pouco tempo. Foi um público atípico, que ainda está sendo treinado, e reuniu as condições possíveis no mesmo local — enfatize.

A seca acompanhada por calor extremo na Amazônia foi outro destaque e começou antes do período de influência do El Niño, que agravou a situação. Os símbolos da seca foram o Rio Negro maiores e a mortandade de botos-cor-de-rosa.

Em 28 de setembro, as águas do Lago Tefé chegaram a 39,1 graus Celsius. Especialistas dizem que mais de 150 botos morreram devido ao calor. Os animais foram literalmente cozidos vivos em setembro e outubro.

A falta de chuva combinada ao calor (que aumenta a evaporação) reduz significativamente o nível dos rios da Bacia Amazônica. Em 26 de outubro, o Negro, um dos maiores rios do mundo, chegou ao menor nível (12,70 metros, em Manaus) desde o início da profundidade, há 122 anos.

— Relatórios como esse oferecem dados e orientações sobre vulnerabilidades na saúde, na agricultura, na prevenção de desastres — diz Marengo.

O calendário avançadou, mas as condições climáticas seguem extremos em 2024.

— O clima é muito assustador. A princípio, teremos uma La Niña, que está evoluindo muito depressiva. Mas como ela se comportará, não sabemos. O Atlântico segue quente e já deveria ter esfriado. Talvez ele esteja mesmo se tornando mais quente. Há muita incerteza — frisa o climatologista.

O ano de 2024 começou com ondas de calor e tragédias climáticas, principalmente no Sul do Brasil, e será decisivo para o clima. A bola está com os oceanos, enfatiza Regina Rodrigues, professora de oceanografia e clima da Universidade Federal de Santa Catarina e coordenadora do grupo que estuda o Atlântico e suas ondas de calor da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

O clima da América do Sul é fortemente influenciado pelas condições oceânicas, destaca o pesquisador do Laboratório de Estudos do Oceano e da Atmosfera do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (LOA/Inpe), Luciano Pezzi.

— O Atlântico chama muito a atenção. Alguma coisa está acontecendo e é alarmante. O Atlântico está mais quente, o ar no continente também e o gelo antártico está em retração, tudo ao mesmo tempo. Isso tem impacto no clima, na pesca, na agricultura — frisa Pezzi.

A estranheza do Atlântico fica evidente quando se compara os El Niños, caracterizados pela elevação da temperatura da água no Pacífico Equatorial, cujas águas ficam muito mais quentes do que as demais mares. Pezzi diz que no poderoso El Niño de 1997 a temperatura do Atlântico estava normal, toda a anomalia, como o esperado, estava no Pacífico.

Mas no El Niño de 2023, o Atlântico já estava muito quente e segue assim até agora.

— Os mares são grandes reguladores climáticos. Parece que estamos entrando num regime de saturação das éguas. Há muita incerteza, mas o El Niño por si só não explica muitos dos extremos recentes. O Centro-Oeste e o Sudeste têm muito calor — diz Pezzi.

O oceano tão quente não absorverá todo o excesso de energia decorrente das emissões humanas e irá para a atmosfera e gerará mais calor. É um ciclo vicioso. Hoje se estima que os oceanos absorvam 87% do excesso de calor. Mas os cientistas suspeitam que, saturados, as éguas estão emitindo mais do que absorvem calorias.

— A percepção que temos é que o sistema climático está em transição para algo mais definitivo — sublinha Rodrigues.

O GLOBO

Postado em 9 de maio de 2024

Governo não paga emendas e pauta na ALRN é travada

A bancada de oposição surpreendeu o governo ao obstruir a votação de projetos do seu interesse, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, como forma de pressão para o Executivo iniciar pagamento de parte das emendas impositivas até o fim do primeiro semestre.

O deputado estadual José Dias (PSDB) anunciou a obstrução da pauta do governo, depois de o deputado estadual Francisco do PT ter defendido aprovação do projeto de lei 137/2024 para instituir a Política de Educação em Tempo Integral na rede estadual de ensino, porque “a matéria tramitou em todas as comissões e não recebeu nenhuma emenda”.

“Não vamos votar projetos do governo antes de resolver o problema das emendas”, avisou José Dias, que no decorrer da discussão pediu verificação de quorum (presenças de deputados em plenário), com a finalidade de confirmar a obstrução da pauta de votação, na sessão ordinária da quarta-feira (08).

O líder do governo, deputado Francisco do PT, reconheceu a legitimidade da decisão tomada pela posição – “é um direito de qualquer bancada, nós do governo já fizemos oposição, é regimental”, mas reforçou que esse projeto de lei tem um prazo até 10 de maio, “para que o Rio Grande do Norte se não receber recursos complementares do Fundeb, possa dizer à população porque o Estado foi prejudicado”.

Dias disse, ainda, que a obstrução da pauta é uma maneira “de demonstrar que a Casa é independente e tem responsabilidade com as emendas, se cumprirmos com a nossa palavra, o governo o peso do valor dessa Casa”.

Para o deputado tucano, não estava em debate o mérito do projeto, mas “o não cumprimento das obrigações do governo e só tem o caminho legal, regimental e constitucional e não traumático, mostrarmos que não somos culpados pelas emendas não serem liberadas”.

Segundo Dias, a obstrução da pauta governista “é uma vitória da Casa, que não se curvou ao comando do governo, mostramos que na realidade somos capazes e responsáveis pelas emendas”, que mesmo assim “não são liberadas até agora, porque estamos alimentando o “canto de sereia’, porque o que o governo não cumpre o que está escrito e registrado em cartório”

Também acompanharam José Dias os deputados estaduais Luiz Eduardo (Solidariedade) e Tomba Farias (PSDB), bem como o deputado estadual Adjuto Dias (PMDB), que questionou: “Fica muito claro a estratégia de que questões de interesse do governo, colocar responsabilidade na oposição, matérias que o governo tem interesse que seja aprovada às pressas”.

O deputado estadual Nelter Queiroz somou-se à obstrução da pauta e criticou o fato do Executivo ter enviado à votação na Casa, um projeto fracionado, a respeito de que questões que ainda estão sendo negociadas com a categoria dos professes, razão pela qual defendeu a retirada de pauta do PL 137/2024, que chegou em abril na Casa, para que o governo envie um projeto mais completo: “O governo tem essa estratégia, vamos votar e depois manda, e não manda, mas voto a favor na hora oportuna, depois que chegar o restante do projeto”.

Tribuna do Norte

Postado em 9 de maio de 2024