O cirurgião João Couto Neto, 46 anos, foi preso na quinta-feira, 14, em um hospital de Caçapava, no interior de São Paulo. Ele é suspeito de cometer erros médicos que teriam causado a morte de 42 pacientes, além de lesões em outros 114, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
No ano passado, quando o médico ainda mantinha as suas redes sociais no ar, ele contava com 15 mil seguidores no Instagram e outros 13 mil no Facebook. Em suas redes sociais, ele afirmava já ter realizado 25 mil cirurgias em 19 anos de profissão, segundo o jornal O Globo.
Nos comentários das publicações do médico, alguns pacientes elogiavam o cirurgião e diziam estar com o profissional há anos. Já outros questionavam a sua atuação e o acusavam de erro médico. Entre eles, está Daniel Fernandes, que contou ao jornal que sua mãe foi uma das vítimas de negligência e teve perfurações no estômago e bexiga.
Ainda conforme o jornal, o site de Couto Neto, que também está fora do ar atualmente, informava que ele é formado em Medicina pela Universidade Católica de Pelotas (UCPEL) e graduado em Cirurgia Geral, em 2003, pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Porto Alegre. A página também dizia que o médico tinha várias especializações em temas como cirurgia do aparelho digestivo e videocirurgia.
Entenda o caso João Batista de Couto Neto é investigado em vários inquéritos por ter cometido dezenas de negligências médicas em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. O médico teve a prisão preventiva decretada após ser acusado pela Polícia Civil de homicídio doloso (com intenção de matar) em três inquéritos, em novembro.
De acordo com a Polícia Civil, os três primeiros indiciamentos do profissional decorreram das mortes de dois homens e de uma mulher. Segundo a investigação, Couto realizava cirurgias de hérnia, vesícula e refluxo, mas vários procedimentos teriam sido realizados sem autorização dos pacientes.
Em um dos casos, uma paciente que se apresentou para a retirada de hérnia teria sido submetida a outro procedimento. Em outro caso, de endometriose, o médico teria deixado de retirar o útero da paciente, embora tivesse cobrado o plano de saúde pelo procedimento.
Mesmo estando sob investigação, em fevereiro deste ano, Couto Neto conseguiu registro no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). Segundo o órgão, o pedido de registro não poderia ser negado na ocasião, pois ele não estava totalmente impedido de exercer a Medicina, mas com restrição parcial. No Sul, o médico foi proibido de realizar cirurgias por 120 dias, mas o prazo já expirou. Mesmo assim, ele atuava em atendimentos não cirúrgicos.
Uma ação da polícia realizada em dezembro do ano passado apurou outros casos em que, supostamente, o médico teria sido responsável por falhas que resultaram em mortes ou sequelas em pacientes. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão no hospital em que ele atendia, em Novo Hamburgo, e no seu apartamento. Houve a apreensão de documentos, celulares e computadores. O material ainda é analisado pela investigação.
O outro lado O defensor do médico, o advogado Brunno de Lia Pires, disse que a prisão preventiva não tem base legal e informou que vai pedir um habeas corpus.
“Qualquer jurista vê que essa prisão não tem qualquer fundamento. Prisão preventiva é quando há risco de fuga ou ameaça a testemunhas, o que não existe. Ele sequer foi impedido de exercer a Medicina. Essa medida decretada tem claro caráter intimidatório contra o médico. Vamos entrar com habeas corpus o mais breve possível”, disse.
“Estamos aguardando que o inquérito seja concluído e apresentado ao Ministério Público para, então, havendo denúncia e sendo recebida pelo juiz, apresentarmos a defesa prévia do médico”, acrescentou.
O Brasil deve atrair em 2023 mais de 6 milhões de turistas estrangeiros e pode igualar ou superar a receita recorde de R$ 34 bilhões no setor em um ano, disseram nesta quinta-feira o ministro do Turismo, Celso Sabino, e o presidente da Embratur, Marcelo Freixo.
Os números representam altas significativas em relação ao ano passado, quando foram recebidos 3,6 milhões de turistas estrangeiros e a receita gerada com o setor foi de R$ 24 bilhões, de acordo com dados do governo federal.
No acumulado até setembro, a receita com turistas estrangeiros alcançou 25 bilhões de reais, e ainda faltam ser contabilizados os números do último trimestre.
“Esperamos mais de 106 milhões de brasileiros viajando pelo Brasil, mais de 6 milhões de estrangeiros e mais de R$ 30 bilhões gastos aqui este ano“, disse Sabino, destacando que as perspectivas para os próximos anos “são ainda melhores e citando a maior promoção internacional do Brasil como chamariz para atrair turistas.
Segundo o ministro, esforços estão sendo feitos para melhorar os indicadores. “Recebemos 6 milhões de turistas, mas é um consenso que é algo muito pequeno em relação ao mundo e às nossas potencialidades. Nosso esforço é grande para mudar esse cenário“, disse.
Segundo Freixo, da Embratur, a expectativa é chegar dentro de dois anos a 8 milhões de turistas estrangeiros por ano. “É possível que a gente iguale ou supere os 34 bilhões (de reais) de 2014“, disse ele, mencionando o ano em que o Brasil sediou a Copa do Mundo.
Sabino e Freixo inauguram nesta quinta o primeiro escritório da Organização Mundial do Turismo (OMT) para a região das Américas e Caribe, no Rio de Janeiro, cidade que tem enfrentado uma recente onda de casos de violência, inclusive em pontos turísticos, como a praia de Copacabana.
“Eventos de violência acontecem nas cidades turísticas do mundo… não quero tapar o sol com a peneira, mas esse é um problema do mundo todo e não temos problemas bélicos, climáticos. O cotidiano do Rio é de paz e não de quem vive assombrado ou com medo de ser assassinado”, disse Sabino.
Na sociedade atual, a sexualidade tornou-se onipresente. Nos cerca. É quase impossível escapar dela e, na realidade, isso não é novo. Sempre foi assim. Tradicionalmente, esse desejo avassalador — que leva muitas pessoas a cometerem loucuras, traições e tolices impulsionadas pela libido — tem sido canalizado através do casamento, do namoro, do sexo no leito conjugal com o parceiro para toda a vida.
No entanto, quando a paixão dos primeiros meses desaparece e os relacionamentos se tornam duradouros, a vontade de fazer sexo diminui consideravelmente.
Um estudo publicado pela Sociedade Internacional de Medicina Sexual conclui que 35% dos casais têm, em média, entre uma e três relações por mês. Em casos extremos, cerca de 5% das pessoas com parceiro não ultrapassavam um ou dois encontros sexuais por ano. Mas, o que acontece quando, por qualquer motivo, o casal deixa de se associar ao sexo? É possível continuar? É possível que tudo flua satisfatoriamente, quando o sexo sai da equação?
— As relações de casal em que não há atividade sexual são mais comuns do que muitas pessoas pensam. Principalmente se entendermos por atividade sexual a penetração associada ao orgasmo — afirma Laura Morán, psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar e de casal.
Laura acaba de publicar o livro “Perfeitamente Imperfeitos”, em que oferece chaves para que os relacionamentos funcionem.
— Para muitas pessoas, as relações sexuais podem ser consideradas importantes, mas não são urgentes. Se precisarmos riscar algo da lista, geralmente subtraímos horas de sono e de prazer. Devido ao nosso ritmo de vida frenético, renunciamos a coisas que são relevantes, mas não vitais — continua.
Segundo a sexóloga, em geral, ter ou não vontade de ter relações sexuais geralmente é consequência da combinação de vários elementos individuais e do próprio relacionamento.
— Um dos grandes problemas pode ser o estresse, que, em geral, dificulta nossa capacidade de experimentar prazer. Quando você está alerta, fica preparado para sobreviver, não para desfrutar. Além disso, as relações sexuais são as primeiras prejudicadas quando há desentendimentos, conflitos ou atritos não resolvidos no relacionamento. Muitas vezes, embora o problema apareça na cama, ele se originou fora dela — explica.
Ter filhos, com as mudanças de dinâmica que isso implica, e sofrer algum problema físico ou de saúde mental são outros fatores que podem arruinar o regime sexual de um relacionamento.
— Não há uma única regra que determine quanto sexo é normal em um casal. A frequência depende muito de cada relacionamento e das diferentes fases da vida. Além disso, é preciso assinalar que a falta de atividade sexual nem sempre significa que há um problema no relacionamento. Muitos casais têm uma conexão emocional muito boa e não têm uma atividade sexual muito frequente, enquanto outros têm uma paixão e uma intimidade física muito forte, que é a parte fundamental ou essencial do relacionamento, e depois não funcionam nas outras áreas do casal — defende a psicóloga e sexóloga Silvia Sanz, autora do livro “Sexamor”.
O desejo assimétrico insuportável Portanto, poderíamos dizer que a resposta curta à pergunta que colocávamos no início deste artigo, se é possível manter um relacionamento de casal praticamente sem sexo, é sim, certamente é possível. Especialmente se ambos os membros do casal estiverem na mesma sintonia e acharem que a cooperação, a comunicação, o compartilhamento de um projeto em comum (como uma família ou uma empresa) ou um hobby já é suficiente para continuar. No entanto, os problemas surgem quando o desejo é assimétrico.
— Se uma parte quer ter relações sexuais e a outra não, é quando os problemas surgem, porque é muito possível que a pessoa rejeitada não sinta que está sendo rejeitado apenas o ato físico de deitar-se, mas sinta uma rejeição contra sua própria pessoa. Por isso, é importante trabalhar nos matizes do não — explica Laura Morán.
Segundo a psicóloga e terapeuta de casais, dizer que não quer manter relações sexuais não significa uma rejeição. O problema é que, se a situação se prolongar no tempo, não for falada ou apenas discutida, um conflito insolúvel é criado.
— Nesses casos, a dinâmica do relacionamento se altera. O vínculo se tensiona. Às vezes, essa sensação de distância emocional faz com que você se incomode mais com as coisas, fique mais irritado, coloque-se menos no lugar do outro ou se sinta frustrado. A autoestima desaba: a pessoa que quer ter sexo se sente indesejada, pouco atraente. Daí podem derivar uma série de problemas como infidelidades e, em última instância, rupturas — acrescenta Silvia Sanz.
Os efeitos prejudiciais para nossa saúde mental dessas situações de abstinência sexual forçada dentro do relacionamento são agravados profundamente com a comparação. As pessoas que estão passando por esta situação tendem a pensar que são as únicas que têm esse problema, enquanto todos os outros aproveitam o sexo ao máximo.
Sem a intenção de cair na “desgraça de muitos, consolo de tolos”, isso não é verdade. De acordo com dados estatísticos dos Estados Unidos referenciados na revista Psychology Today, entre 14% e 15% dos casais fazem sexo com pouca frequência. No entanto, a mídia, os filmes e a publicidade nos vendem uma imagem muito diferente de tudo isso.
— Podemos sentir uma pressão social muito intensa em relação ao que se espera de um casal em relação à frequência da atividade sexual, o que nos gerará ainda mais ansiedade e estresse — detalha Sanz.
Laura Morán diz que a liberdade sexual parece exigir de nós o prazer constante. Segundo ela, antes o sexo era algo que se escondia. Agora, devemos expô-lo de alguma forma nas redes para sermos consideradas pessoas bem-sucedidas.
— No entanto, quando tentamos normalizar algo, tendemos a transformá-lo em normativo, e são duas coisas diferentes. É conveniente naturalizar a sexualidade humana, sozinha e em casal, mas não deve ser considerada uma obrigação ou uma imposição, porque isso é incompatível com ser verdadeiramente prazeroso — ressalta.
Como enfrentar a situação O sexo costuma ser mais importante pelo que implica do que pelos relacionamentos em si, já que beijar, abraçar, se despir e dar e receber prazer implica comunicação, satisfação e generosidade. É uma excelente forma de fortalecer o vínculo entre duas pessoas. Sua ausência torna tudo mais difícil, mas não impossível.
— É possível fortalecer a intimidade no casal melhorando a comunicação, criando uma base sólida para buscar outras formas de intimidade que não sejam apenas o sexo, como criar momentos, surpresas e atividades conjuntas. Em última análise, podemos focar muito nas coisas boas que compartilhamos, sentir essa conexão emocional — sugere Sanz.
Para Morán, o primeiro passo seria esclarecer que a atividade sexual vai além de nossos genitais e que carícias, beijos, abraços e o contato físico cúmplice e íntimo em um casal também deveriam contar como atividade sexual. Mas eles não são substitutos da experiência orgástica do sexo.
— Se em um casal ocorre esse desequilíbrio no desejo, acho que o melhor que podem fazer é aproveitar a oportunidade para revisar por que isso está acontecendo e o que podem fazer juntos. No entanto, eles têm que fazer isso como uma equipe, não como adversários — conclui.
“Meu filho está na altura certa para a idade dele?”. A dúvida, que já era comum entre os pais, tem se tornado ainda mais frequente com os relatos de cirurgias que dão centímetros a mais viralizando nas redes. O caso mais recente que ganhou popularidade foi o de um jovem influencer de 29 anos que gastou mais de R$ 857 mil para realizar uma cirurgia de alongamento de pernas, que pode aumentar a sua altura em até dez centímetros.
Mas, afinal, como saber se seu filho está crescendo adequadamente e, principalmente, o que fazer se houver de fato um distúrbio do crescimento? Primeiro, é preciso esclarecer que a altura de uma pessoa é resultado da combinação de vários genes herdados dos pais associada à influência do ambiente.
Em geral, cada um tem 50% de chance de ter uma altura semelhante à do pai ou da mãe. Irmãos têm 50% de chance de ficarem com alturas semelhantes e 25% de semelhança pode ser esperado em relação à altura de avós e tios. Ou seja, é bem improvável que filhos de pais medianos tenham 1,90 m.
— A expectativa dos pais é um ponto muito importante a ser abordado. Tem pais que nos procuram porque o filho quer ser jogador de basquete e quer ter 1,90 m, mas a família tem altura mediana. Isso não existe. Você não pode escolher a altura do seu filho — diz a endocrinologista Claudia Cozer, do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Hospital Sírio-Libanês.
Por outro lado, existem alguns fatores que podem de fato prejudicar o crescimento infantil como problemas nutricionais, doenças crônicas ou ainda distúrbios hormonais, como deficiência na produção do GH, conhecido como hormônio do crescimento. Em geral, o crescimento da criança é acompanhado pelo pediatra, com base em curvas de peso e altura que variam de acordo com a idade.
— Se a criança está abaixo da média, ela tem que ser investigada — afirma Cozer.
Uma forma de avaliar o crescimento da criança é por meio de um raio-x do punho. Esse exame avalia a idade óssea da criança e informa o médico se ela está crescendo de acordo com a sua idade cronológica. Como a genética tem grande influência na altura final da criança, também é possível fazer uma estimativa de sua altura final com base na estatura do pai e da mãe para ver se o crescimento está de acordo ou aquém dessa estimativa.
Se for constatado que a criança realmente está abaixo da curva de crescimento para sua idade ou que a altura estimada está muito aquém da dos pais, é recomendada a realização de exames adicionais. Alguns fatores que atrapalham o crescimento da criança são desnutrição, obesidade, doença celíaca, intolerância alimentar, hipotireoidismo, problemas de rim e de fígado e uso de medicamentos, como corticoides.
Se todos os fatores acima estiverem normais, é realizada a medição do GH, mais conhecido como “hormônio do crescimento”. Apesar do nome, não é o GH que faz a criança crescer, mas ele atua diretamente nesse processo ao estimular a produção de outra substância, chamada IGF. Essa sim é responsável pelo crescimento.
Existem três formas de avaliar os níveis de GH na criança. A menos usada hoje em dia consiste em pedir que a criança suba escadas no laboratório, em jejum, por um tempo determinado, porque o exercício estimula o GH.
A segunda, é realizar dosagens seriadas de hormônio de crescimento após estímulo com clonidina, um medicamento que baixa a pressão, e a terceira, consiste também em realizar dosagens seriadas do hormônio após a administração de glicose em jejum. Em geral, esses exames têm entre 1h30 e 2h de duração, pois envolvem medições sucessivas dos níveis hormonais.
Se constatada a deficiência de GH, é possível intervir. O tratamento envolve injeções diárias do hormônio, aplicadas ao deitar, por via subcutânea, por um longo prazo. Apesar de desconfortável, a picada da injeção é bem fina, semelhante à da caneta usada por pessoas com diabetes.
Em geral, o tratamento deve começar por volta dos 5 a 7 anos de idade e ser mantido até fechar a idade óssea, o que ocorre por volta dos 13 a 14 anos. A faixa etária de início do tratamento é fundamental para o seu sucesso, pois, uma vez que o crescimento natural está consolidado, não há terapia hormonal que permita continuá-lo.
— Se a criança entrou em puberdade, não adianta fazer nada, pois o crescimento já acabou — pontua a endocrinologista.
Também é preciso alertar que o tratamento só funciona em crianças com deficiência ou baixa secreção desse hormônio. Para aquelas com produção normal, a reposição não trará benefício algum.
— O GH só funciona para quem precisa. Para quem não tem deficiência do hormônio, não haverá resposta de crescimento — pontua a endocrinologista.
Além de não fazer efeito, o uso do hormônio sem indicação pode trazer efeitos colaterais, como dor de cabeça, aumento dos níveis de glicose, da resistência insulínica e do colesterol. Além de ser oneroso para a família — o tratamento de alto custo é fornecido pelo SUS ou coberto pelos planos de saúde apenas para casos comprovados de deficiência — e estresse psicológico para a criança.
Mesmo nas crianças com indicação para o tratamento, a reposição hormonal não é milagrosa. A melhora é em torno de 3 a 5 centímetros.
Cozer ressalta que a injeção é a única forma de administração do hormônio e o único tratamento disponível para estimular o crescimento na infância — exceto se a condição for causada por alguma síndrome ou doença específica.
— O GH é uma injeção subcutânea de uso diário. Qualquer outro tipo de proposta, como comprimido, spray ou gel, é enganação. Corticoide também não melhora crescimento — ressalta a especialista.
Uso de GH em meninas Muito se fala do uso do GH em meninos, mas meninas também podem se valer do hormônio quando há uma deficiência comprovada dele, afirma a ginecologista e obstetra Marianne Pinotti, doutora em Obstetrícia e Ginecologia pela Universidade de São Paulo (USP) e colunista do GLOBO. No entanto, o GH acaba adiando a primeira menstruação. Após a menarca, a velocidade do crescimento das meninas cai drasticamente.
Outra situação que pode comprometer o crescimento das meninas é a puberdade precoce — que acaba adiantando a primeira menstruação.
— Se a menina aos 7 ou 8 anos começar a apresentar desenvolvimento das mamas ou pelos pubianos, fazemos uma avaliação. Caso ela realmente esteja se encaminhando para uma puberdade precoce, usamos um remédio que bloqueia a produção hormonal dos ovários e atrasa a puberdade.
Assim, atrasa-se a primeira menstruação, dando às meninas uma janela maior de crescimento mais acelerado.
Sono, alimentação e exercício Como já era de se esperar, existem alguns fatores comportamentais que impactam diretamente no crescimento das crianças. São eles: alimentação, atividade física e sono. Além de garantir uma alimentação balanceada, com proteínas, carboidratos, fibras, vitaminas e minerais, é preciso acompanhar a curva de peso da criança. Isso porque tanto a desnutrição quanto o sobrepeso e a obesidade podem impactar negativamente no crescimento.
A prática de atividade física, em especial a aeróbica, é fundamental. Esse tipo de exercício estimula a secreção de GH, assim como sono.
— O GH é secretado nas primeiras horas de sono e para de ser secretado nas primeiras horas do dia. Quanto mais cedo a criança dormir, melhor porque mesmo que ela durma a quantidade de horas adequadas, se ela for dormir muito tarde, a secreção de GH será afetada. É como se tivesse um relógio na glândula e ela sabe que a criança está dormindo muito tarde. Então essas três coisas são importantes para o crescimento de qualquer criança — conclui Cozer.
Alongamento ósseo O alongamento ósseo em si é um procedimento bem estabelecido, desenvolvido para a correção de deformidades causadas por doenças congênitas ou traumas, por exemplo. Mas, nos últimos anos, a cirurgia ganhou apelo estético por ser a única forma de “crescer” na idade adulta.
A técnica envolve quebrar o fêmur ou a tíbia e, com a ajuda de uma armação de metal, chamado de fixador, afastar gradativamente as duas metades do osso, forçando-o a cicatrizar mais longo do que antes. O procedimento gera um alongamento de um milímetro por dia. Após chegar ao tamanho desejado, o fixador ainda precisa ser mantido por mais alguns meses, até o osso se consolidar. No total, um alongamento de 5 centímetros, por exemplo, demora cerca de seis meses.
Não há um limite de alongamento para o osso em si. Entretanto, outras estruturas ao seu redor, como músculos, tendões, cartilagens e nervos, não respondem tão bem a alongamentos muito grandes. Para ajudar na recuperação e no alongamento dessas estruturas, o paciente precisa passar por sessões diárias de fisioterapia durante e depois do procedimento.
Apesar do aumento no interesse por esse tipo de procedimento, especialistas afirmam que muitos pacientes desistem quando descobrem o valor e quando entendem como é a cirurgia, o quanto demora a recuperação e os riscos envolvidos.
Além da dor e do longo período de recuperação, o alongamento ósseo envolve muitos riscos, desde aqueles presentes em qualquer cirurgia, como infecção, até os específicos. As complicações incluem embolia pulmonar, problemas de regeneração óssea, lesões vasculares, neurológicas e funcionais (limitação da mobilidade). Pode haver ainda deformação e diferença de comprimento entre as pernas.
Pacientes obesos e com problemas de coagulação têm risco aumentado. Apesar disso, a única contraindicação absoluta para a realização desse procedimento para fins estéticos é o tabagismo, pois o uso contínuo do cigarro atrapalha a consolidação do osso.
Se você pretende ter filhos, é melhor suspender a bebida alcoólica pelo menos três meses antes de começar a tentar engravidar sua parceira. Em um artigo publicado este mês na revista científica Andrology, pesquisadores da Texas A&M University demonstraram que leva mais de um mês para que o esperma do futuro pai deixe de sofrer os efeitos do consumo de álcool.
Estudos anteriores feitos pelos cientistas dessa mesma instituição apontaram que os hábitos paternos de consumo de álcool antes da concepção podem ter um efeito negativo no desenvolvimento fetal, com o esperma de homens que consomem álcool regularmente afetando o desenvolvimento da placenta, defeitos cerebrais e faciais associados à síndrome alcoólica fetal (SAF) e até mesmo resultados de fertilização in vitro.
“Quando alguém consome álcool regularmente e depois para, seu corpo passa por abstinência, onde precisa aprender a funcionar sem a presença da substância química”, disse Michael Golding, professor do Departamento de Fisiologia Veterinária e Farmacologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas da Texas A&M University, em comunicado. “O que descobrimos é que o esperma do pai ainda é impactado negativamente pela bebida, mesmo durante o processo de abstinência, o que significa que leva muito mais tempo do que pensávamos anteriormente para o esperma voltar ao normal”.
Um dos principais riscos associados ao consumo de álcool antes e durante a gravidez é a SAF, que causa características faciais anormais, baixo peso ao nascer, problemas de atenção e hiperatividade e má coordenação. Para o diagnóstico de SAF, os médicos levam em consideração apenas o consumo de álcool da mãe.
“Durante anos, não houve qualquer consideração sobre o uso de álcool pelos homens. Nos últimos cinco a oito anos, começamos a notar que existem certas condições em que existe uma influência paterna muito forte no que diz respeito à exposição ao álcool e ao desenvolvimento fetal. Com este projeto, queríamos ver quanto tempo levaria para que os efeitos do álcool no esperma desaparecessem”, disse ele. “Achávamos que seria uma mudança relativamente rápida de volta ao normal, mas não foi. O processo de retirada demorou mais de um mês”.
Ao beber álcool, o fígado de um indivíduo sofre estresse oxidativo, levando o corpo a produzir em excesso certos produtos químicos, o que interrompe a atividade celular normal. A equipe de Golding descobriu que a abstinência causa o mesmo tipo de estresse oxidativo, prolongando efetivamente a duração dos efeitos do álcool no corpo além do que se pensava anteriormente.
“Durante a abstinência, o fígado sofre estresse oxidativo perpétuo e envia um sinal por todo o corpo masculino”, explica Golding. “O sistema reprodutivo interpreta esse sinal e diz: ‘Ah, estamos vivendo em um ambiente que contém um estressor oxidativo muito forte. Preciso programar a prole para ser capaz de se adaptar a esse tipo de ambiente'”.
Golding suspeita que essas “adaptações” do esperma não são benéficas e acabam gerando problemas como a SAF. O pesquisador também observou que não é necessário um consumo excessivo de álcool para que uma pessoa sofra abstinência: beber três a quatro cervejas depois do trabalho, vários dias por semana, pode induzir a abstinência quando você para de beber.
Embora Golding e sua equipe continuem investigando os efeitos do consumo paterno de álcool para ajudar os médicos a aconselhar os casais, ele sugere que os pais se abstenham de álcool pelo menos três meses antes da concepção, dada esta descoberta inovadora.
“Ainda há muito trabalho a ser feito para obter uma resposta difícil, mas sabemos que os espermatozoides são produzidos ao longo de 60 dias e o processo de renovação leva pelo menos um mês. Então, minha estimativa seria esperar pelo menos três meses”, orientou.
Os membros do Ministério Público da União (MPU), que incluem procuradores da República e também promotores do Distrito Federal, poderão receber até R$ 10 mil de auxílio moradia. Um ato assinado pela procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos, elevou o valor que hoje é de R$ 4.377,73 para 25% da remuneração dos integrantes do Ministério Público que solicitarem recebimento do benefício. Procurada, a Procuradoria-Geral da República diz que o benefício não é pago para todos os integrantes do MPU e é apenas temporário para quem exerce a função fora de seu domicílio.
Pela nova regra, os procuradores que recebem salários próximos do teto da profissão, o equivalente aos R$ 41,6 mil pagos ao procurador-geral, podem faturar mensalmente até R$ 10 mil. A média salarial de um procurador da República em início de carreira é de R$ 30 mil, de acordo com sites que monitoram as folhas de pagamento do Poder Público. Esse profissional iniciante poderá, portanto, receber R$ 7,5 mil por mês para custear sua moradia, sem tocar no seu salário.
A procuradora-geral interina modificou o artigo de uma portaria publicada em 2018 pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge. Foi a antecessora de Elizeta que fixou o auxílio moradia em R$ 4,3 mil. O documento autorizava revisões anuais do valor. A portaria editada pela atual PGR, porém, não justificou os motivos que tornou necessária a correção ainda neste ano.
Elizeta ocupa o cargo de procuradora-geral da República interinamente desde setembro deste ano, quando Augusto Aras deixou o cargo. Ele continuará no cargo até a próxima segunda-feira, 18, quando tomará posse Paulo Gonet. A assinatura da portaria que aumentou o auxílio moradia foi feita um dia antes da sabatina e aprovação de Gonet pelo Senado.
A procuradora-geral interina também assinou uma portaria de abertura de crédito suplementar de R$ 33 milhões. A verba extraordinária foi obtida por meio da anulação parcial de outras dotações orçamentárias, como os recursos previstos para publicidade institucional e comunicação. Entre os itens mencionados na portaria que serão saldados com o crédito extraordinário está a ajuda de custo para moradia.
O auxílio moradia é pago aos membros do MPU quando não há disponibilidade de imóvel funcional na cidade em que eles trabalham. Esse benefício só é disponibilizado aos promotores e procuradores que não possuem casa própria no local em que residem.
O preço médio do aluguel residencial no País no primeiro trimestre deste ano foi avaliado em R$ 38,35 por metro quadrado, de acordo o índice FipeZap+, que monitora as 25 principais cidades brasileiras. Isso significa que um procurador desembolsaria R$ 2,5 mil por mês para morar em um “imóvel padrão” de 65 metros quadrados, conforme os critérios definidos pelo índice.
O diretor do Sindicato dos Servidores do MPU (SindMPU), Adriel Gael, classificou a portaria como “uma manobra orçamentária” que “acontece todo fim de ano para criar penduricalhos para membros”. “Enquanto isso, os servidores continuam sem ter suas recomposições inflacionárias implementadas. Não há isonomia. No orçamento do MPU sempre vai a maior fatia para criar benesses para os membros”, afirmou.
A Procuradoria enviou nota ao Estadão informando que o crédito suplementar de R$ 33 milhões para o final deste ano não tem relação com o auxílio-moradia. E informou que a a mudança no auxílio moradia só entra em vigor em 2024, apesar de o texto da portaria registrar que as novas regras entram em vigor na data de publicação do ato.
A PGR sustenta ainda que o benefício não é pago a todos os integrantes do MPU, mas apenas “a membros da instituição que são deslocados para prestar trabalho fora dos locais de residência – em interesse da Administração”. Informa ainda que o pagamento é provisório. A procuradoria informou ainda que atualizou a regra de pagamento para seguir o patamar definido pelo Poder Executivo. No governo federal apenas ministros de Estado têm direito a auxílio moradia de 25% do salário.
“O valor é equivalente ao praticado pelo Poder Executivo, com base na legislação aplicável, ressaltando-se que o pagamento de auxílio-moradia se dá por meio de reembolso de despesas efetivas com moradia, ou seja, depende de comprovação de gasto efetivo”, diz a nota da PGR.
Após 30 anos de tentativas frustradas, a Câmara dos Deputados aprovou, em votação histórica, o texto final da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária. É a primeira grande mudança no sistema de tributos desde o fim da ditadura militar no País.
A última reforma tributária dessa magnitude ocorreu há 60 anos, quando foram criados o ICM e o ISS, tributos cobrados sobre mercadorias e serviços, considerados inovadores à época.
O texto foi aprovado em primeiro turno por 371 votos a favor, 12 contrários e 3 abstenções – eram necessários 308, por ser uma PEC. Os deputados analisam agora os destaques – sugestões de mudanças no texto. Para ser promulgada pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a reforma terá ainda de passar por mais uma votação em segundo turno.
A etapa final de votação da proposta pelos deputados altera em caráter definitivo mudanças introduzidas no texto pelos senadores. A votação desta sexta-feira ocorre num plenário esvaziado, depois que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), autorizou que os deputados votassem à distância para garantir a aprovação. Isso após uma série de acordos de última hora, que envolveram a derrubada de vetos do presidente Lula.
“Nós conseguimos vencer o que parecia impossível, que era aprovar uma reforma no Brasil no sistema de tributação. Foi a persistência de quem adotou esse tema com um sentimento de Brasil”, afirmou o relator da reforma na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), visivelmente emocionado, após a aprovação da PEC em primeiro turno.
Lira foi um dos principais patrocinadores da aprovação da reforma, após ter ajudado a enterrar, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o avanço da PEC em razão de disputas internas. Bolsonaro não deu apoio à proposta.
No governo Lula, a bandeira da reforma foi encampada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que criou uma secretaria extraordinária comandada pelo economista Bernard Appy para negociar tecnicamente o texto.
O presidente Lula, porém, teve uma participação discreta, com poucos falas públicas em defesa da PEC. A estratégia de Haddad e lideranças do Congresso foi carimbar a reforma com uma proposta de “pauta País, e não de governo”.
Nos governos anteriores, inclusive do PT, não houve ambiente e nem vontade política para aprovar a reforma. Haddad teve de ceder e abrir o caixa do Tesouro Nacional para bancar quatro fundos que serão criados para repassar recursos a Estados e municípios, com impacto no Orçamento e sem previsão de uma fonte de financiamento. Após a aprovação em primeiro turno, o ministro disse que se tratava de um “dia importante para o Brasil”.
Desde a primeira votação na Câmara, foram cinco meses de uma tramitação marcada por embates. De um lado, lobbies de setores e atividades que buscaram alíquota reduzida e tratamento diferenciado; de outro, a disputa entre Estados ricos e pobres por mais recursos e pela prorrogação de incentivos fiscais.
Entre eles, está a extensão até 2032 de benefícios concedidos pelos Estados do Nordeste e Centro-Oeste para montadoras. Na reta final da votação, a prorrogação desses benefícios também provocou um racha na indústria automobilística instalada no Brasil.
IVA: o novo imposto
A reforma institui o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual: um do governo federal e outro de Estados e municípios. O novo modelo de tributo tem por princípio a não cumulatividade plena, ou seja, impede a chamada “tributação em cascata”, que hoje onera consumidores e empresas.
“Finalmente, o cidadão vai saber quanto paga de imposto no Brasil. As empresas vão também ter mais segurança e simplicidade para pagar seus tributos, podendo gastar com o que realmente importa, com inovação e outros investimentos”, disse a tributarista e professora do Insper Vanessa Rahal Canado, que participou junto com Appy do proposta que serviu de embrião da PEC 45.
A atual reforma tributária começou a ser discutida no Congresso em 2019, quando o então presidente da Câmara Rodrigo Maia estimulou o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) a apresentar a proposta que ganhou o número de PEC 45. Nesta sexta, os dois conversavam nos bastidores da votação.
“Depois de 35 anos, desde a Constituinte, é o projeto mais importante para o futuro do País. Podemos ter o resultado que tivemos com o Plano Real, não vai resolver todos os problemas, mas vai garantir crescimento sustentável da nossa economia”, afirmou Baleia.
Apesar das exceções inseridas ao longo da tramitação e que não faziam parte do projeto original, ele diz que a espinha dorsal foi mantida. “Foi o possível politicamente”, disse.
A proposta também desonera os investimentos e promete acabar com a chamada guerra fiscal entre os Estados, uma anomalia brasileira. A expectativa é de que o Brasil entre num novo ciclo de aumento da produtividade, investimento e do Produto Interno Bruto (PIB). A mudança, no entanto, não será de uma hora para outra, porque a transição da reforma será longa.
O coordenador do grupo de trabalho da reforma na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), avaliou que a proposta criará um ecossistema para atração de investimentos em novas bases. “Fizemos a mais importante reforma estruturante para economia brasileira. Vai conectar o Brasil com o sistema tributário internacional e permitir ao Brasil voltar a ser competitivo com os importados”, disse.
Alíquota
O potencial de crescimento é considerado difícil de mensurar, mas a aposta é de que o avanço de se unificar a base de tributação entre bens e serviços será muito maior do que o prejuízo advindo das exceções aprovadas pelo Congresso e que podem levar a alíquota a um patamar da ordem de 27% – entre os maiores IVAs do mundo.
A depender da regulamentação dos regimes com tratamento específico, técnicos do governo avaliam que a alíquota pode cair para 26%.
A PEC cria três novos tributos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), substituindo o ICMS dos Estados e o ISS dos municípios; a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que substitui PIS, Cofins e o IPI, que são federais; e o Imposto Seletivo, que incidirá sobre produtos danosos à saúde e ao meio ambiente.
Os novos impostos começam a valer em 2026, com um período de teste, e passam a ter vigência integral em 2033. A proposta também muda a tributação da origem, onde a mercadoria é produzida, para o destino, onde é consumida.
“A principal mudança, a fusão do ICMS e do ISS, é de uma clareza meridiana sobre o quanto simplifica. São 5.700 legislações municipais e 27 estaduais. Agora, será apenas uma lei complementar. Já o número de exceções a gente conta nos dedos da mão”, afirma Nelson Machado, diretor do CCif (Centro de Cidadania Fiscal), onde a atual reforma começou a ser elaborada.
“A última grande transformação tributária foi a implantação do ICM e do ISS, em 1966. De lá para cá, nunca tivemos uma reforma. O que houve foram puxadinhos, como a mudança no PIS/Cofins em 2003. É uma mudança de porte”, diz Machado.
Novo texto
Na nova passagem da proposta pela Câmara, os deputados retiraram algumas das mudanças incluídas pelo Senado, após acordo costurado entre os relatores da Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e do Senado Eduardo Braga (MDB-AM), com os respectivos presidentes das Casas.
Na Câmara, deputados avaliaram que Braga piorou o texto e trabalharam para retirar dispositivos introduzidos pelos senadores. Para evitar um impasse, que poderia impedir a promulgação da emenda ainda neste ano, com a contagem dos prazos, a desidratação do texto acabou ficando menor do que a desejada pelos deputados.
Em seu último texto, Ribeiro derrubou a criação de uma Cide (Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico) para tributar produtos concorrentes aos produzidos na Zona Franca de Manaus, que dará lugar a um IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) preservado apenas para essa finalidade.
Ribeiro também retirou da proposta a cesta básica estendida, com produtos que não seriam atendidos com a isenção total de impostos prevista na cesta nacional, mais restrita. A estendida seria contemplada com alíquota reduzida, ou seja, com desconto de 60% sobre alíquota padrão do IVA.
Ele também retirou do regime específico – que terá regras próprias de tributação – cinco setores que haviam sido inseridos no Senado: saneamento, concessões rodoviárias, empresas de aviação, de telecomunicações, microgeradores de energia elétrica e o setor da reciclagem.
Ribeiro, por outro lado, decidiu manter uma tributação menor para profissionais liberais, como advogados e médicos, com desconto de 30% sobre a alíquota-padrão do IVA. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que essa foi a “única demanda” do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O relator também retirou o trecho que permitia a equiparação salarial de auditores fiscais estaduais com a remuneração de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), como mostrou o Estadão. O ponto era considerado um “jabuti” por Ribeiro na reforma. Na votação dos destaques, no entanto, a equiparação salarial foi reinserida pelos deputados em meio a forte lobby dos auditores.
Mudança
No início do ano, os opositores da reforma, como o setor de serviços, apostavam na repetição do que ocorreu nos últimos anos: grandes mobilizações com o discurso de aumento da carga tributária, que barraram as tentativas de mudança no sistema.
Com a avanço das negociações a partir do primeiro semestre, contudo, esses setores entraram nas negociações para ficar com uma alíquota menor, diante da constatação de que a proposta seria aprovada.
O amplo leque de exceções, costurado sob forte pressões empresariais, ficou na contramão de um dos pilares da reforma pretendida: uniformidade de alíquota e o menor número de regimes diferenciados e especiais. Se não houvesse nenhuma exceção, ou seja, se nenhum setor tivesse tratamento diferenciado, a alíquota padrão do IVA ficaria entre 20,7% e 22,2%, segundo cálculos da equipe econômica.
Para Sergio Gobetti, responsável por uma série de estudos que embasaram as negociações da proposta, a reforma aprovada pode estar longe do ideal dos livros-textos atuais; mas, ainda assim, representa um enorme avanço, não só na redução das ineficiências económicas do modelo atual, mas também na promoção de maior justiça tributária na distribuição de receitas dentro da federação.
“O Brasil pecou por ser excessivamente conservador nas décadas seguintes, ao retardar as reformas necessárias. Felizmente, estamos agora virando uma importante página na nossa história”, avaliou Gobetti, que é economista do Ipea.
“Será a maior reforma tributária do consumo desde os anos 60?, destacou o professor Isaias Coelho, coordenador do Núcleo de Estudos Fiscais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Coelho ressaltou que a introdução do IVA transfere o imposto do investimento e da produção para o consumo, da origem (local de produção) para o destino (local de consumo), tornando o País mais competitivo e trazendo muitos benefícios econômicos, que se revelarão ao longo do tempo.
Mais de 4,5 milhões de brasileiros vivem em países estrangeiros, segundo dados do Ministério de Relações Exteriores. O movimento da comunidade brasileira para outras regiões do mundo é o maior desde 2009. A corrente de atração acontece, principalmente por três motivos: aspecto cultural, clima e adaptação/comportamento.
“Não é todo mundo que quer enfrentar as barreiras culturais. Isso conta demais quando o assunto é recrutamento internacional, porque não são todos que se adaptam. Então quanto mais similaridade de cultura houver, mais facilidade vai existir”, avalia Octavio Pott, especialista em recrutamento internacional.
Segundo o profissional, nos últimos três anos, alguns países modificaram as normas na hora de contratar profissionais estrangeiros. Em Portugal, por exemplo, por causa do excesso de facilidades para a entrada de brasileiros o país começou a criar mais etapas burocráticas para que esse fluxo não se tornasse exorbitante.
Por outro lado, a Alemanha seguiu o sentido contrário. Com o objetivo de desburocratizar a inserção de estrangeiros, abriu algumas brechas para aumentar o número de imigrantes.
Atualmente, os cinco países com maior número de brasileiros são:
Estados Unidos: 1,9 milhão Portugal: 360 mil Paraguai: 254 mil Reino Unido: 220 mil Japão: 207 mil Os dados do Ministério de Relações Exteriores são referentes a 2022. Embora o contingente seja considerável, não significa que estes sejam os países que mais contratam brasileiros no atual cenário.
“Esses continuam recrutando brasileiros, mas a principal fonte de contratação são aqueles países que já têm uma similaridade maior. Por exemplo, a Irlanda”, ressalta o especialista.
Agora, outras nações entram na disputa pela mão de obra estrangeira.
Itália representa meio termo na contratação de brasileiros Cerca de 157 mil brasileiros trocaram o país de origem pela Itália. O país, segundo Octavio Pott, vem despertando o interesse de estrangeiros devido a alguns fatores do mercado, como a documentação para trabalhar. Profissionais da área de saúde, em especial enfermeiros e médicos, encontram mais facilidade na Itália do que em Portugal.
No entanto, os brasileiros não são os únicos a concorrerem a vagas no exterior. Trabalhadores de Albânia, Índia e Romênia também disputam espaço no mercado de trabalho.
Ainda assim, os profissionais detêm uma vantagem competitiva no que diz respeito ao aspecto cultural. “É muito mais difícil, culturalmente, o enfermeiro da Índia se adaptar e ficar na Europa do que o enfermeiro brasileiro”, afirma Pott.
Alemanha tenta atrair profissionais de outros países
Assim como a Itália, a Alemanha têm investido para atrair profissionais de diferentes áreas, em especial do setor de enfermagem. Hoje, para trabalhar legalmente no país, que abriga 160 mil brasileiros, é necessário ter pelo menos conhecimento básico do idioma alemão, três anos de experiência profissional e diploma universitário (para algumas vagas).
Em um passado não muito distante, cidadãos não europeus enfrentavam mais obstáculos para adentrar no território. Com a escassez da mão de obra, o país decidiu afrouxar as políticas de imigração para estrangeiros.
Para Octavio Pott, estes devem ser os destinos mais atrativos para brasileiros nos próximos anos:
Irlanda Itália Alemanha Estados Unidos Espanha Canadá Bélgica Luxemburgo Portugal No caso de Portugal, existe uma especificidade. “Talvez com o tempo, Portugal suba (de posição), se houver uma organização melhor para um recrutamento mais apurado. Além disso, Portugal e Brasil têm algumas questões não resolvidas com relação ao relacionamento: as duas culturas precisam se entender e se respeitar”, estima o recrutador internacional.
Antes de escolher se mudar definitivamente, o especialista chama atenção para algumas características do país estrangeiro. É preciso levar em consideração o idioma, a cultura da cidade e o estilo de vida da localidade.
“Quem é de São Paulo e tem uma vida noturna vai ter dificuldade de ir para uma cidade onde tudo fecha antes das 22h. Mas há gente que acha isso maravilhoso. Quem tem um comportamento mais agitado ou quem gosta mais da vida noturna pode se incomodar”, alerta.
Sobre a remuneração, Alemanha é a nação europeia que oferece a maior renda e pode ser uma boa opção para quem procura salários mais altos, apesar de os impostos serem maiores em comparação a outros países.
Os três principais partidos de centro no Congresso Nacional negociam discretamente a criação de uma “super-federação” que fará aumentar de maneira significativa a musculatura do chamado “centrão”.
A aliança está sendo costurada pelos dirigentes dos partidos Progressistas (PP), União Brasil e Republicanos e deve ser anunciada em breve. O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, é entusiasta da ideia e a mencionou por ocasião da gravação de entrevista ao podcast do Diário do Poder.
A super-federação nasce com 150 deputados (União, 59; PP, 50 e 41 do Republicanos) e 17 senadores (União, 7; PP, 6 e Republicanos, 4).
Os três pilotaram fundo eleitoral obeso de R$1,369 bilhão em 2022: PP teve R$344,7 milhões, União R$ 782,5 milhões e Rep R$242,2 milhões.
O instituto da federação, invenção recente, permite que partidos atuem juntos nas eleições e na legislatura seguinte, aliando-se no mínimo por 4 anos.
Partidos agrupados em federação devem agir como uma única bancada no parlamento, mas os partidos poderão manter autonomia financeira.
Uma explosão solar gerou problemas em relação às comunicações de rádio com aviões nesta semana, de acordo com a Agência Espacial Americana (Nasa). O fenômeno liberou grande quantidade de energia de radiação e é considerada a maior explosão deste tipo desde 10 de setembro de 2017.
A Nasa informou sobre o evento nessa quinta-feira (14/12), mas ele ocorreu entre o dia 8 e 9. Segundo o Centro de Previsão do Clima Espacial (SWPC), a explosão gerou blecautes de rádio de alta frequência na Terra.
O Sol tem passado pelo o que os cientistas chamam de Ciclo Solar. Em 2024, uma tempestade solar deve gerar problemas no planeta, como queda de internet e equipamentos de comunicação.
A explosão divulgada nessa quinta é classificada pelo SWPC como “um dos maiores eventos de radiação solar já registrados”.
Tempestade solar de 2024 O mundo se prepara para uma enorme tempestade solar que pode atingir o planeta em 2024 e gerar um verdadeiro “apocalipse da internet”. É o que revelou o professor Peter Becker, da Universidade George Mason (Virgínia, EUA), no início de novembro deste ano.
Conforme observações do estudioso, essa atividade solar de grande magnitude pode prejudicar a tecnologia mundial, incluindo a rede elétrica, sistema de navegação como GPS, satélites e equipamentos de comunicação. Os danos a esses sistemas podem não ser reparados por meses e a humanidade sofrerá um “apagão” da internet.
De acordo Becker, a “internet atingiu a maioridade numa época em que o sol estava relativamente calmo e, agora, está entrando numa época mais ativa”. Isso quer dizer que o ser humano ainda não conhece os impactos de uma tempestade solar em dispositivos tecnológicos mais recentes.
Segundo o cientista, esta é a primeira vez na história que houve uma convergência entre o aumento da atividade solar com a dependência da internet pelo ser humano.
Nos últimos dois anos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teve um trabalho incômodo em janeiro: escrever cartas a Paulo Guedes, ex-ministro da Economia, e a Fernando Haddad, o atual ministro da Fazenda, detalhando os motivos pelos quais a inflação fugiu da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional. A exigência, feita à autoridade monetária, tem como objetivo proteger o poder de compra da moeda. Para o começo de 2024, pelo visto, Campos Neto pode riscar a cartinha de sua lista de tarefas. Tudo indica que a inflação caminha para ficar dentro dos limites estabelecidos para 2023. As projeções do mercado financeiro apontam um índice oficial de preços de 4,51% ao fim do ano, ultrapassando a meta de 3,25%, mas ainda abaixo do teto de 4,75% (a tolerância é de 1,5 ponto para cima ou para baixo do alvo). Em doze meses encerrados em novembro, o IPCA, o índice que representa a inflação do país, foi de 4,68%, já dentro da tolerância. A desinflação é considerada uma grande conquista do BC conduzido por Campos Neto na batalha permanente contra a velha figura do dragão. A alta de preços é um fenômeno que foi disseminado globalmente devido, primeiro, aos impactos da pandemia e, depois, também realimentado pela guerra no Leste Europeu. “Encontrar uma inflação abaixo das expectativas para este ano é, sem dúvida, uma vitória surpreendente”, afirma Luiza Benamor, analista de inflação e contas públicas na Tendências Consultoria.
Em evento no início do mês, quando foi homenageado como personalidade econômica do ano pelo grupo empresarial Lide, Campos Neto comemorou a desaceleração da inflação, que chegara a 10,06% em 2021, mas considerou que a luta ainda não está ganha. “Apesar de todas as conquistas, estamos cientes de que temos muito trabalho pela frente”, disse.
A inflação desenfreada esteve durante muito tempo associada à vida brasileira. Segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), entre 1980 e 1989, os preços no país subiram, em média, 233% ao ano. Em 1989, no último ano do governo de José Sarney, o índice chegou a inacreditáveis 1 765%. O descontrole da remarcação de preços provocou danos imensos nas finanças públicas, das empresas e dos cidadãos, prejudicando ainda mais as pessoas pobres, já que a renda delas dificilmente acompanha a carestia. Diversos pacotes foram lançados, mas os preços em ascensão só seriam contidos pelo Plano Real, o processo de estabilização econômica instituído nos anos FHC, que acabaria quebrando a espinha dorsal da inflação e trazendo, pela primeira vez em muito tempo, tranquilidade ao país.
O BC chega ao fim de 2023 cumprindo a meta graças à aplicação de um remédio amargo, mas necessário: a elevação dos juros. A taxa básica Selic saiu do seu menor patamar histórico de 2%, em 2020, para 13,75%, em agosto de 2022 — nível em que ficou até agosto deste ano. A manutenção da taxa fez com que o presidente do BC recebesse uma enxurrada de críticas pela condução da política monetária. Umas mais sutis, como as do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o ano eleitoral, que desejava juros menores para estimular a economia e conseguir mais votos. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi — e continua a ser — ácido. Lula não deu trégua ao BC e a Roberto Campos Neto, pedindo celeridade nos cortes e questionando até mesmo a autonomia da instituição iniciada em 2021. A autoridade monetária não cedeu. Seguiu de forma técnica e independente seu plano de aguardar um processo contundente de desinflação para, aí sim, começar a reduzir as taxas.
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) realizou o quarto corte consecutivo na Selic, baixando a taxa para 11,75%, o menor número em quase dois anos. No mesmo dia, o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, manteve seus juros inalterados, na faixa de 5,25% a 5,50%, o maior nível desde 2001. Só depois de um ano e meio de aperto monetário é que o Fed indicou o início dos cortes, baseado em sinais de estabilização da inflação, apesar de haver ainda certo aquecimento na economia americana. Com isso, as bolsas mundo afora foram à euforia, e o Ibovespa, principal índice da B3, fechou perto de sua máxima histórica, a 129 000 pontos.
Como disse Campos Neto, a luta não está ganha e por isso a meta inflacionária será mais rigorosa em 2024, de 3% e com um limite de até 4,5%. Algumas pressões de preços bem claras no horizonte já mostram o desafio que será evitar escapadas do dragão da toca. Entre as pressões estão o aumento da alíquota básica do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) em seis estados do Sul e do Sudeste. Essa medida, já implementada pelos outros vinte estados no fim do ano passado, pode adicionar até 0,4 ponto porcentual à inflação do próximo ano, conforme cálculos da LCA Consultores. Considerando a projeção do Boletim Focus, um levantamento semanal feito com economistas, de uma inflação de 3,93% para 2024, com esse adicional o IPCA escalaria para 4,33%.
Os efeitos climáticos do El Niño também devem complicar a equação. Neste ano, o preço dos alimentos caiu graças à safra recorde colhida no campo. Mas isso não deve se repetir no próximo ano. “É importante reconhecer que o melhor momento dos alimentos ficou para trás. Esse parece ser o principal desafio para 2024”, diz o economista Igor Cadilhac, da carteira digital PicPay. Os efeitos climáticos são incontroláveis e, por isso, é preciso que as autoridades coloquem as rédeas nas variáveis que podem ser domadas, como o risco fiscal. Aí é que mora um grande perigo, especialmente considerando que 2024 é ano de eleições e, portanto, de impulsos por gastos no mundo político. O governo vai encerrar o ano com um déficit projetado de 177 bilhões de reais, equivalentes a 1,7% do PIB, e as promessas de zerar o déficit em 2024 estão cada vez mais distantes. Apesar dos esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a receita via aprovação no Parlamento de pautas arrecadatórias (na semana foram aprovadas as taxações de investimentos financeiros no exterior e de fundos exclusivos dos ricos), isso não deve ser suficiente. Haddad enfrenta constante fogo amigo a sua conduta da política econômica. A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, defendeu um déficit de 1% a 2% do PIB para impulsionar o crescimento econômico. Pior, o presidente Lula, por sua vez, bradou que o setor público deve ampliar sua dívida. “Por que este país não pode se endividar para crescer?”, disse. São receitas que já foram usadas nos governos petistas anteriores, com resultados funestos e, claro, inflacionários. “O desenho do novo arcabouço não permite que o ajuste seja feito apenas pela receita, eles terão que lidar com reajustes nas despesas”, diz Alexandre Manoel, economista-chefe da gestora de fundos AZ Quest e ex-secretário do Ministério da Economia. A ala política do governo reluta em realizar cortes, pois afetariam investimentos do PAC e emendas parlamentares não impositivas em ano de eleições municipais.
Recentemente, Haddad criticou a postura “durona” do BC quanto ao corte dos juros. Um indicador justifica, em parte, o apelo do ministro: o Brasil tem a segunda maior taxa real de juros do mundo — calculada pela diferença entre juros e inflação, essa taxa está agora em 6,1% ao ano. Haddad lançou até uma provocação a Campos Neto, dizendo que o Banco Central “precisa fazer seu trabalho” com o corte da Selic para estimular o crescimento. Segundo o ministro, o crescimento seria responsável por aumentar a arrecadação e acomodar a ambiciosa meta fiscal de 2024. Apesar da cobrança recorrente, na verdade, é Haddad quem precisa desempenhar o seu papel. Dos dois lados do barco da política econômica, o monetário rema, enquanto o fiscal — sob responsabilidade do ministro — não tem conseguido ajudar. “À medida que a dívida continua a aumentar, todas as incertezas relacionadas à sustentabilidade fiscal se refletem, notadamente, na taxa de câmbio. A taxa de câmbio desempenha um papel crucial na formação do cenário inflacionário”, diz Bráulio Borges, especialista em contas públicas do instituto FGV-Ibre e da LCA Consultores. Segundo ele, se não fossem os recentes ruídos em torno da meta fiscal do próximo ano, proferidos pelo próprio presidente Lula e sua “corriola” política, o câmbio brasileiro poderia estar em torno de 4,50 reais por dólar, refletindo potencialmente numa menor inflação para este e para o próximo ano. A moeda americana fechou a última quarta-feira cotada a 4,92 reais.
Infelizmente, o governo parece ignorar o impacto da política fiscal na trajetória da inflação, já que as expectativas de investidores e empresários com o cenário das contas públicas se refletem nos preços. Se a condução for negativa, por consequência, ela afeta o ritmo imprimido pelo BC aos cortes da taxa Selic. No limite, as desconfianças têm o potencial de interromper o ciclo de alívio dos juros, desviando a projeção atual de fechar o próximo ano com a taxa básica em 9,25% ao ano. Ou seja: um tiro no próprio pé. “Uma possível piora na área fiscal pode influenciar negativamente a Selic”, avalia Sergio Goldenstein, ex-diretor do Banco Central e estrategista-chefe da gestora Warren Investimentos. Mas há ainda mais um fator de imprevisibilidade: a troca de comando no Banco Central, com o fim do mandato de Roberto Campos Neto em dezembro de 2024. É uma soma de motivos que deveria levar o governo a procurar maneiras de gerar confiabilidade nos rumos — e não seguir na direção oposta. Ao não contribuir para o equilíbrio, acaba colhendo resultado contrário a seus objetivos para a economia brasileira, incluindo o desejo de um juro menor. Pior para o país, que pode usufruir do controle momentâneo da inflação, mas vive ainda — graças a discursos desnecessários, inoportunos e irresponsáveis — em meio à incerteza.
O prazo para se inscrever no concurso da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) está prestes a encerrar. Com um total de 33 vagas, distribuídas entre cinco cargos de nível superior e quatro cargos de nível técnico, as inscrições continuam disponíveis até o dia 20 de dezembro, por meio do site do Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional (Idecan). Os salários variam de R$ 4.198,11 a R$ 8.746,10.
Os cargos disponibilizados no concurso são de Advogado (1), Engenheiro Civil (2), Engenheiro Eletricista (2), Engenheiro Mecânico (2), Engenheiro Químico (2), Técnico de Controle Ambiental (6), Técnico de Edificações (6), Técnico de Mecânica (6), Técnico de Instrumentação (6). A taxa de inscrição é de R$120,00 para vagas de curso superior e de R$100,00 para técnico. Todas as vagas exigem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em categoria B.
O processo será realizado com quatro etapas: prova objetiva e discursiva (previsto para 25 de fevereiro de 2024), análise de títulos, procedimento de heteroidentificação e avaliação biopsicossocial. Das 33 vagas ofertadas, 21 são de ampla concorrência, oito para pessoas com deficiência (PcD) e quatro para candidatos negros.
De acordo com o edital, além do salário base, os aprovados no concurso podem ter os benefícios de vale-alimentação no valor de R$ 1.401,71, plano de saúde, auxílio creche, promoção por mérito, promoção por tempo de serviço e outras vantagens em Acordo Coletivo de Trabalho.
Com 31 anos, o português Bobi, morto em outubro passado, era o cachorro mais velho do mundo, segundo levantamento internacional avalizado por especialistas. Por mais que se tenha questionado sua idade e até mesmo sua linhagem, ninguém deixou de fazer a seguinte pergunta: qual a fórmula para um cão viver tanto tempo? Enquanto a ciência busca respostas, uma empresa de biotecnologia americana acaba de divulgar que está prestes a entregar ao mercado uma receita inédita para prolongar a longevidade animal. Fundada em 2019, a Loyal criou três drogas com o objetivo de desacelerar o envelhecimento canino. Nos testes funcionou. “É pouco provável que os animais cheguem aos 30 anos, mas nós queremos garantir pelo menos um ano a mais de vida saudável a eles”, disse a VEJA Celine Halioua, fundadora e CEO da companhia. Ainda que seja difícil comprovar que um bicho viveu exatamente mais ou menos do que se esperava, uma das medicações investigadas pela Loyal, batizada de LOY-001, demonstrou ser capaz de atenuar parâmetros fisiológicos ligados ao avançar da idade e melhorar o estado de saúde dos cachorros. Animados, os desenvolvedores submeteram um pedido especial à agência regulatória dos Estados Unidos, a FDA, para que possam iniciar a comercialização ao mesmo tempo em que dão sequência aos estudos clínicos — esquema semelhante ao que ocorreu com as vacinas contra a Covid-19.
Se tudo der certo, isso deve acontecer por volta de 2026, mas, de qualquer modo, o órgão americano já emitiu parecer favorável aos primeiros resultados compartilhados pela Loyal. “Os dados fornecidos são suficientes para mostrar que há uma expectativa razoável de eficácia”, afirmou um dos oficiais da agência governamental. Por enquanto, o medicamento serviria apenas a raças de grande porte, como golden retriever, são bernardo e rottweiler. Isso porque seu alvo é uma molécula do organismo encontrada em quantidades vinte vezes superiores nos cães parrudos em comparação com os pequenos. Trata-se do IGF-1, que promove o crescimento do animal na adolescência, mas, à medida que o cachorro amadurece, acelera o envelhecimento celular, fenômeno que abre caminho a doenças fatais. De acordo com a empresa, a droga deverá ser administrada mensalmente a partir da vida adulta (por volta dos 7 anos) por algumas dezenas de dólares a dose.
Enquanto ela não chega, a receita da longevidade não comporta milagres. “Se você quer prolongar a vida do seu pet, mantenha o animal fisicamente ativo, com estímulos e interação com outros cães”, diz a veterinária Maira Formenton, da USP. Afeto da família e uma boa dieta, à base de alimentos naturais ou rações de qualidade, bem como check-ups periódicos, também compõem a receita preconizada pelos experts.
Fato é que o remédio da Loyal atende a uma aflição dos tutores, preocupados com a baixa expectativa de vida dos companheiros peludos. E abre a perspectiva de que um produto similar venha expandir os anos pela frente de gente como a gente. “É mais desafiador, mas só uma questão de tempo até chegarmos lá”, prevê Halioua. Tomara.
Impulsionada pela perspectiva de queda de juros nos Estados Unidos e no Brasil, a bolsa de valores superou os 130 mil pontos e fechou no maior nível da história. O dólar não seguiu a euforia internacional e fechou o dia com pequena queda após o Congresso derrubar o veto à desoneração da folha de pagamentos.
O índice Ibovespa, da B3, encerrou esta quinta-feira (14) aos 130.842 pontos, com alta de 1,06%. O indicador chegou a perder fôlego durante a tarde, mas recuperou o ritmo perto do fim das negociações. A bolsa acumula alta de 2,76% em dezembro.
O mercado de câmbio teve um dia menos otimista. O dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 4,914, com queda de 0,07%. Ainda sob embalo do Federal Reserve, a moeda norte-americana chegou a cair para R$ 4,87 na mínima do dia, por volta das 11h50. No entanto, a derrubada do fim da desoneração da folha reduziu o entusiasmo durante a tarde, com os investidores temendo o impacto fiscal da medida.
Com o desempenho desta quinta, a moeda norte-americana está praticamente estável no acumulado de dezembro. Em 2023, a divisa cai 6,93%.
Em todo o planeta, o mercado financeiro teve um dia de euforia após o Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, não mexer nos juros da maior economia do planeta e indicar que pretende cortar 0,75 ponto percentual ao longo de 2024. Taxas mais baixas em economias avançadas estimulam a entrada de capitais externos em países emergentes, como o Brasil.
O corte de 0,5 ponto na taxa Selic, decidido ontem (13) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, não interferiu no mercado de câmbio, mas animou os investidores da bolsa de valores após a autoridade monetária brasileira anunciar a intenção de manter o ritmo das reduções nos primeiros meses de 2024.
O ponto negativo no mercado financeiro foi a derrubada do veto à desoneração da folha de pagamentos pelo Congresso. Mesmo com o anúncio pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o governo pretende questionar a constitucionalidade do projeto no Supremo Tribunal Federal (STF) e enviar uma proposta alternativa sem impacto fiscal, os investidores ficaram tensos.
Segundo o Ministério da Fazenda, a medida poderá fazer a Previdência Social deixar de arrecadar R$ 25 bilhões em 2024. Desse total, carca de R$ 14 bilhões correspondem à prorrogação da desoneração da folha de 17 setores da economia até o fim de 2027; e R$ 11 bilhões, à redução da alíquota da contribuição para a Previdência paga pelas prefeituras.